Quem É Você? escrita por Amanda Cunha


Capítulo 13
Eu Juro Que Tentei


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal!

Não! Eu não morri, caso vocês tenham pensado que sim! Hahaha...
Estou vivinha da silva, e a prova maior disso é que eu não paro de trabalhar, preparar aulas, dar aulas, assistir aulas (sim a minha vida é isso!) e, poxa, não estou tendo muito tempo para escrever!
Mas, sinceramente, isso tudo é um pouco desculpa da minha parte. Acho mesmo que o motivo principal é que as nossas histórias mexem demais com a gente. E todas essas questões do Draco e mudanças dele tocam profundamente alguma partes de mim. Acredito mesmo que estou mudando junto com ele e, convenhamos, mudanças não são muito fáceis, certo? Bom... Tenho demorado um pouco para colocar as coisas em ordem.
Por isso, peço desculpas a vocês. E, o que posso garantir é que a fic vai terminar. Sim, sim. Mas não posso garantir quando.
Ah, e senti falta de reviews! Poxa, sumi por mais de um mês! Quero reviews!
Ah, e desculpem por possíveis erros de português! Estou há tanto tempo sem postar que acabei não revisando algumas partes!

Beijos e boa leitura!

Amanda Cunha



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Eu Juro que Tentei

Duas palavras não saíam da minha cabeça.

Inocente.

Eu?

Ok, talvez eu tivesse tido alguns momentos de fraqueza, mas... Bom, eu não era inocente.

E Hogwarts.

Eu jamais imaginaria que voltaria. Ainda mais, que viveria lá...

“É o lugar mais seguro do mundo”, a Granger dissera. E ela estava certa ao dizer que eu poderia sair de Azkaban. Estava certa sobre a Gina me perdoar também.

Mas ela não contava com uma coisa: eu não sabia se conseguiria voltar para lá. Era um lugar cheio de lembranças.

Porém, eu não tinha muita opção. Era Hogwarts ou Azkaban. E entre os dois lugares, eu preferia Hogwarts. E eu juro que não era pela companhia; eu realmente preferia Dementadores a alunos e elfos domésticos. Mas, pelo menos, lá eu poderia usar as minhas roupas.

Sendo assim, estava decidido.

Agora, eu devia me preparar para o plano de transição.

“- Você vai tomar a Poção Polissuco, entrar no táxi e seguir direto para a estação de trem. Não deve falar com ninguém, mas nós estaremos por perto.

– Por nós, você quer dizer...? – perguntei.

– Eu, Rony, Carlinhos e alguns aurores.

– Não acho que tudo isso seja necessário. – comentei, fazendo drama. – Eles provavelmente vão me encontrar no Expresso.

– E quem foi que disse que você vai pegar o Expresso? – a Granger disse, orgulhosa de toda a sua perspicácia.”

A ideia era aparatar direto para Hogsmeade, e de lá seguir para Hogwarts.

Então, com tudo ajeitado, tomei a horrível Poção Polissuco e esperei.

Em poucos minutos, senti meu estômago revirar.

Eu não sabia que me tornar outra pessoa era uma sensação tão estranha. Mas fazia sentido. Transformar a minha beleza em qualquer outra coisa sem grandes luxos não devia ser fácil mesmo...

Granger e Liam abriram a porta e deram de cara com...

– Uau! – Granger comentou.

Arranquei um fio de cabelo e o analisei. Vermelho.

– Devo estar horrível.

– Está idêntico. – Liam comentou.

– É, com certeza estou horrível. – concluí.

– Está perfeito. – a Granger comentou, se aproximando.

Eu a encarei:

– Não é porque você é louca de gostar de caras como o Weasley que deve achar que eu vou dar bola pra você, Granger. Pode tirar cavalinho da chuva.

Ela fez uma careta.

– Acho melhor começar a falar como “alguém que não você”, ou então vai ser reconhecido rapidinho”. – ela disse.

E tinha razão. De novo.

– Como está se sentindo? – Liam perguntou.

– Apesar de estar no corpo do Weasley narigudo, acho que estou bem. Pelo menos, acho que o meu intelecto não foi afetado.

Liam riu.

– Estou me referindo ao resultado do julgamento, Draco. – ele disse. – Como você se sente?

Bem, talvez o meu intelecto estivesse afetado sim.

– Estou achando que vocês são todos uns loucos. – comentei. – Mas isso não é novidade...

Os dois riram.

Então, percebi que eu também.

Mas que sensação estranha, a da liberdade.

– Ainda me pergunto, - Granger começou, assim que pegamos as minhas malas, que ela trouxera, e outras coisas. – se você não gostaria de falar com a Gina antes de ir.

Era tudo o que eu mais queria. Na verdade, estava apenas esperando que ela fizesse essa proposta, ansiando por ver aqueles olhos escuros de novo. Mas...

– Não sei de onde vem essa ideia, Granger. – eu disse. – Você, às vezes, me impressiona com a sua ingenuidade.

Ela sorriu, zombativa.

– Ok, Malfoy. Cansei de você. – disse, abrindo as portas. – Vamos logo embora. O carro está esperando lá fora.

Durante o caminho, como Rony Weasley, até as portas do Ministério, eu olhei para todos os cantos a procura dela.

Mas não a vi.

Não, até alcançarmos a entrada do Ministério.

Gina estava ali. Parada. Acompanhada por Molly.

Em seus olhos, a promessa que eu fizera em seu aniversário estava refletida...

“- Me escuta, Gina. – eu puxei seu rosto de volta. – Eu nunca vou te deixar. Vou ficar para sempre com você.”

Eu não poderia ser mais mentiroso.

Eu a olhei por alguns instantes, tendo a certeza de que ela percebia a minha presença. Mesmo que eu não tivesse falado nada, mesmo que eu não tivesse a tocado.

– Eu vou quebrar a minha promessa, Gina. Eu vou embora. E não vou voltar.

Eu não disse isso, caso você tenha pensado.

Mas disse em minha cabeça, na esperança de que ela pudesse ouvir em seu coração.

Então, voltei a andar, fazendo meu caminho em direção a porta, passando ao lado dela, numa distância de menos de um metro...

E de repente, senti sua mão esbarrar na minha.

Ela sabia. Ela sentira. Porém não agarrara a minha mão. Apenas a tocara... Como uma despedida.

Em meio a essa constatação, uma parte realmente grande do meu coração se partiu.

~~~###~~~

Expeliarmus! – Riverdance gritou, mas o feitiço atingiu a parede de concreto.

Do outro lado da parede, estava Vivian Hall, tentando se esconder. Ela já havia corrido por quase uma hora, desviando dos feitiços de todos os outros.

Eu tinha que admitir, mas ela estava melhorando nisso.

Expeliarmus! – Riverdance tentou de novo, atingindo novamente a parede.

– Você não pode ficar aí para sempre, Hall, ou outros inimigos podem chegar e a sua chance será muito menor! – eu avisei. – Você pode aproveitar a sua barreira e fazer...

Mas, aproveitando que Riverdance se distraíra com a minha fala, ela colocou a cabeça para fora e apontou a varinha para a cabeça dele:

Estupefaça!

O feitiço o atingiu em cheio e ele caiu no chão, inconsciente.

Erguendo-se, Hall me mostrou um sorriso enorme.

– Obrigada pela distração. – ela disse.

Eu sorri. Tinha que concordar que ela mandara bem.

– Você está melhorando muito, Hall. – comentei e observei que ela tinha um corte na testa.

– Ah... – ela tocou na testa com uma careta e observou o sangue nos dedos.

– O que você vai fazer para resolver isso? – perguntei.

Ela pensou um pouco.

– Bom... Acho que o feitiço Sangria seria uma boa opção, mas vou pedir que você o faça para mim, pois sei que se eu o fizer, perderei muita energia.

Eu apenas sorri e observei enquanto o resto da turma – que acabara de acordar dos feitiços lançados por Hall ou de se recuperar de seus machucados – se aproximava de nós.

Com um movimento rápido, apontei a varinha para Riverdance, que ainda estava no chão.

Enervate!

Ele acordou, coçou a cabeça e se colocou de pé, vindo se juntar a todos.

– Podemos sentar? – Henry perguntou.

– Se vocês estivessem numa situação de risco, escolheriam se sentar? – perguntei.

– Mas não estamos...

– Bom, se vocês não notaram, Hall ainda está machucada. – todos olharam para ela. – E, vamos considerar que ainda estamos numa missão arriscada, e que inimigos podem aparecer a qualquer momento, certo?

– Ok. – Ships disse, abaixando a cabeça em sinal de resignação.

– Ótimo. – eu disse. – Então, Hall, vamos supor que ainda estejamos numa situação de risco. Se você fizer o feitiço, vai enfraquecer, mas se eu ou qualquer outro aqui fizer, também vamos enfraquecer.

– É uma escolha. – Jane disse. – Ficar sangrando é pior.

– Eu acho que, nessa situação aqui, o único que não está lutando é você, professor. – Hall argumentou. – Não sei como costuma acontecer, mas nas aulas com o professor Weasley, vimos situações de guerra em que havia medi-bruxos e enfermeiros. Se estamos numa situação assim, eu pediria para um deles fazer o feitiço, pois não teriam que lutar, já que os protegeríamos.

– Todos concordam? – perguntei.

Todos ficaram quietos.

– Gente, eu estou sangrando! Será que podemos decidir isso rápido?

Seria uma situação risível, mas estavam todos tão empenhados em resolver a questão e o riso nem foi uma possibilidade.

Sangria! – Fill lançou o feitiço.

Hall pareceu aliviada ao constatar a testa intacta, porém, todos o olhavam, querendo entender. Eu, inclusive, apesar de já fazer uma ideia do porquê da sua escolha.

– Gente, vamos admitir: a Hall é uma excelente feiticeira e todos concordam aqui que ela tem um futuro brilhante. Depois, eu não sou tão bom assim. Quem precisa prosseguir na missão é ela, não eu, pois teremos mais chances de sair vitoriosos.

– Mesmo que você acabe morrendo no meio de tudo, por estar mais fraco? – Jane perguntou.

– Bem, também não sou tão ruim assim, né? – ele disse e todos riram.

– Bom, dispensados. – eu disse e todos pegaram suas mochilas e saíram da sala.

Não. Eu não tinha virado professor de uma hora para a outra, se é isso que você está pensando.

Eu nem era professor, na verdade.

Fazia cinco meses que eu estava em Hogwarts, e, no início, eu realmente não fazia muita coisa por lá.

Porém, McGonagall assumira que eu deveria prestar serviços a Hogwarts e, após uma imensa conversa com o Weasley, ambos decidiram que utilizar a minha experiência de Comensal e estrategista seria uma boa opção.

É, a cada dia que se passava eu só conseguia constatar que todos eram realmente loucos.

De início, eu não quis aceitar a proposta.

Mas, depois, percebi que estava entre ajudar crianças de onze e doze anos a fazer o trabalho de Poções ou isso.

Então, acabei me tornando orientador das aulas de Estratégia e Simulação de Missões e Conflitos.

Eram aulas específicas para as turmas de futuros aurores do sexto e sétimo anos.

Sinceramente, eu achei que ficaria tão impaciente com eles que acabaria estuporando todos no primeiro dia.

Mas depois, percebi que era muito divertido.

Eu adorava estar no comando.

Mas naquele dia, eu estava ficando um pouco nervoso com toda aquela história altruísta e depreciativa do Fill.

Duas coisas me incomodavam:

A ideia de se sacrificar por outras pessoas e o fato de ele se achar pior que os outros.

A minha real vontade ao ouvi-lo falar tinha sido causar sangramentos muito piores neles e manda-lo fazer os feitiços de cura até desmaiar pela perda de energia.

Mas eu não era mais do tipo que fazia essas coisas.

Então, a minha melhor – e provavelmente a única opção – era correr.

E era assim que eu passava os dias em Hogwarts. Não muito diferentes de antigamente, admito, mas... Bom, algumas coisas eram diferentes.

Eu não saía pelo castelo arranjando planos de machucar alguém.

Eu também não planejava matar ninguém.

E não corria atrás de nenhuma garota que me desse sexo gratuito.

Em vez disso, eu corria todas as noites em volta do castelo. Eu gostava de sentir o vento frio. Eu gostava de esquecer tudo.

E só lembrar as noites de exercício que eu e Gina passávamos na Itália. Exercícios íntimos e não íntimos, aliás.

Porém, fazer isso estava cada vez mais difícil. Lembrar pode ser essencial quando se tem esperança. Mas também pode ser a sua ruína quando se está desistente.

~~~###~~~

As bandeiras da Grifinória e da Sonserina se agitaram no ar.

Os estudantes se agitavam como leões e serpentes na arquibancada.

E eu... Bem, eu era eu, sentado calmamente em minha cadeira especial de professor, esperando que o único resultado possível acontecesse.

– Esse é o meu lugar, você sabe. – John Paradise disse, sentando-se ao meu lado.

– Claro que sei. – concordei, e mal me mexi.

Ele riu.

– Já que se sente tão à vontade, pode aproveitar e pegar alguns biscoitos também. – ele disse, passando o prato para mim.

Eu peguei um punhado nas mãos e provei.

– Hum... Biscoitos amanteigados. Realmente, não poderia fazer mais sentido com uma partida de Quadribol.

– Você sabe que vamos ganhar. – ele disse, e com isso, ele se referia à Grifinória.

– Você sabe que é um ser iludido. – comentei.

E nesse instante, o artilheiro da Grifinória pontuou e todos aplaudiram.

– Viu? – ele disse. – Estamos na frente.

– O seu nome é Paradise. – eu disse. – Então, cala a boca.

Mas John não pensava que eu estava falando sério. Ele apenas gargalhava e voltava a comer. E, pelo jeito, realmente se divertia às minhas custas, pois não saía do meu lado.

John Paradise era o atual professor de Poções de Hogwarts e, nos últimos três meses, era uma das únicas pessoas em quem eu confiava.

E eu tinha que admitir. Ele era divertido. Um pouco.

A Sonserina empatou o placar, mas eu não precisei comemorar. Isso era óbvio.

Alguns minutos depois, um balaço atingiu em cheio o ombro de uma artilheira da Grifinória e o jogo parou.

E, para variar, os torcedores começaram a culpar o batedor da Sonserina.

Ai, ai... Bando de baderneiros.

Olhando para a grande arquibancada vermelho e dourada, pude jurar ter visto cabelos vermelhos reluzentes. Pude jurar que ela usava um cachecol amarelo também...

Gina não estava ali.

Mas eu a via em todos os cantos. Ela insistia em aparecer durante as refeições, no meio dos alunos nos corredores... Ou mesmo na biblioteca. Ela se sentava no parapeito de alguma janela e lia por horas.

John chegara a insinuar que eu estava ficando maluco.

E a minha única resposta para isso era que eu já era maluco há muito tempo.

Como previsto, Ferdinando Green, o melhor apanhador da Sonserina de todos os tempos (depois de mim, claro) pegou o pomo de ouro. Apesar do nome ridículo, ele merecia todas as gratificações.

– Como eu disse. – comentei, erguendo-me. – Vamos sair daqui antes que essa multidão nos mate. Até porque estou cansado de ficar aqui assistindo um jogo tão... Previsível.

John estava meio desanimado. Eu já tinha avisado que ele se acostumasse logo, pois a Grifinória era uma perdedora de carteirinha.

– E aí, Paradise? – alguns alunos o chamaram da arquibancada ao lado.

– Oi, pessoal! – ele acenou de volta.

– Teremos aula amanhã? – uma garota de óculos perguntou.

– A não ser que algum colapso atinja o mundo e todos nós desapareçamos, teremos sim. – ele disse, e eu tive certeza de que era louco.

A menina riu:

– Vou torcer para que nada disso aconteça, então! – ela disse e acenou.

A partir daí, John pareceu se esquecer da derrota completamente.

Assim que saímos do campo e entramos em Hogwarts, um mini “ser” da Corvinal de aproximou:

– Oi, tio Malfoy! – ele disse.

– Tio, uma ova, Brechinger! – eu reclamei. – Da próxima vez que você me chamar assim, vou fazer você engolir uma Poção do Amor e se apaixonar pela McGonaggal.

O garoto fez uma careta e depois prometeu, quase de joelhos, que jamais me chamaria de “tio” novamente.

É, eu sempre conseguia o que eu queria.

– Eles estão começando a se identificar. – John comentou. – Você daria um bom professor.

– Estou feliz com a minha atuação de coadjuvante. – eu disse, me referindo à assistência nas aulas de Defesa.

No Salão Principal, encontrei a Granger e o Weasley com caras de taxo.

Cautelosamente, eu me aproximei:

– Bom, nós sabemos quem é o melhor aqui, mas... Eu realmente não esperava tanta humilhação... 230 a 90 não é um placar lá muito equilibrado.

Os dois olharam para mim como se fossem me tacar muffins e então eu sorri.

– Ok... – comentei. – Já entendi que está na hora de ir embora. Curtam a derrota.

Eu estava prestes a sair quando a Granger me chamou:

– Ei, Malfoy...

Eu me virei, imaginando encontrar muffins em preparo para lançamento.

– Posso ajudar? – perguntei, ironicamente.

– Na verdade, vou fazer um favor para você. – ela disse.

– Mas eu não pedi para você...

– Toma! – ela esticou um cartão para mim.

Eu ergui uma sobrancelha.

– O que é isso?

– Pegue e verá.

– E se for um berrador?

– Não é.

– E você quer que eu acredite em você?

– Malfoy, para de enrolar e pega logo. – ela disse e jogou o cartão para mim.

Eu peguei com toda a minha habilidade.

Era um cartão com desenhos de doces e flores.

Tio Alex,

Você está convidado para a minha festa de aniversário de seis anos. Será no dia 21 de Junho, às 18 horas, n’A Toca.

Espero você!

Princesa Leah

OBS: A mamãe me contou que você não se chama mais tio Alex, mas eu quero chamar mesmo assim.”

– Do que está rindo? – Jane perguntou.

Merlin! Ela aparecera do nada! Estava ficando boa nos requisitos de camuflagem de um auror.

– Da sobrinha dele. – Granger respondeu por mim.

– Ela não é minha...

– É como se fosse. – ela disse. – E ela se considera assim, é bom você saber disso.

Por quê?

Eu não tinha feito nada para que aquela baixinha gostasse de mim!

Tudo bem, eu era irresistível.

Mas não era hora de fazer piadinhas idiotas.

Ignorando as duas mulheres que me encaravam, esperando por alguma resposta ou sei lá, eu saí do Salão Principal e me tranquei em meu quarto.

~~~###~~~

No dia da festa, resolvi que passaria a noite em função de dois objetivos:

1) Completar a leitura da primeira estante de livros do meu quarto.

2) Correr por uma ou duas horas.

Mas é o dia da festa da Leah? Você não vai? É isso que você deve estar se perguntando. E eu realmente não sei qual é o seu problema e o problema da Granger.

– Eu não posso ir. – eu tinha dito, e revirado os olhos. – Se eu pudesse sair de Hogwarts, pode ter certeza que eu não estaria aqui nesse momento. Estaria no Alasca passando frio, mas não aqui.

– Deixa de ser idiota, Malfoy. – ela dissera. – Sei que é pedir muito, mas... Ninguém vai imaginar que você saiu de Hogwarts e muito menos que está numa festinha de criança n’A Toca.

– Eu não ia estranhar muito se você e o Weasley tivessem cansado de bancar os bonzinhos e estivessem me arrastando para algum Comensal.

A Granger pareceu muito brava.

Ops, acho que passei do limite de novo.

– É disso que você tem medo, não é? De que as pessoas percebam que você não vale a pena e cansem de você! Pois fique sabendo... – ela colocou o dedo em riste quase atingindo o meu rosto. – Que nós não vamos. Mas, faça o que quiser!

Ela saiu da sala de aula batendo os pés e eu fiquei pensando se ela tinha ensinado isso à Gina ou vice-versa. Ou se era alguma atitude feminina comum...

De qualquer forma, logo após o jantar, eu me ajeitei na minha confortável poltrona e peguei os três livros que ainda faltavam.

– Você sabe que não vai conseguir ler isso aí, não sabe?

A voz dela entrou na minha cabeça. De repente, era como se estivesse à minha frente, parada, com as mãos apoiadas na estante, olhando fixamente para mim.

Eu apenas ri. Dizer o quê?

– Por que você acha que eu não vou conseguir? Já li todos os outros.

– É, mas eu não estava aqui. – ela sorriu, convencida.

– Estava sim. O tempo todo.

– Bom... – espremeu os lábios, pensativa, como sempre. – Ao menos você está falando comigo agora.

– É. Pelo jeito eu enlouqueci de vez. – comentei. – Eu realmente não sei por que me dou ao trabalho. Você vai desaparecer em alguns minutos...

Eu disse para mim mesmo... E não foi diferente.

Mas ela tinha razão. Eu não ia conseguir terminar de ler aquilo.

Então, fechei o livro e o devolvi à estante. Vesti minha capa e as botas e saí do castelo.

Era verão, é verdade. Mas o vento começava a aparecer e eu presumia que haveria chuva em poucos minutos. Quem sabe, uma tempestade...

O jardim estava escuro, iluminado apenas pela luz da lua. Ela insistia em desaparecer e reaparecer por trás das nuvens. Exatamente como a Gina.

Aparecia em meus sonhos e pensamentos.

Mas logo desaparecia dessa realidade louca criada em minha cabeça.

Só havia um lugar em mim que ela realmente permanecia. E a cada minuto que se passava, eu começava mais e mais a duvidar que ela poderia sair dali algum dia.

Uma trovoada ressoou e eu olhei para o céu, tendo certeza de que todas aquelas nuvens não estavam por ali há alguns minutos atrás. Talvez, eu tivesse caminhado bastante já.

Apertei a capa, pensando que era seguro voltar agora, mas então eu a vi.

Era um pequeno ser à distância, mas totalmente reconhecível pelos cabelos escandalosamente vermelhos.

Ah, não... Não outra vez...

Praguejei meu sentimento mentiroso.

Era óbvio que eu queria que ela aparecesse. Mas era horrível essa tortura incessante que a minha cabeça fazia comigo.

A medida que ela se aproximava, os cabelos tão ondulantes com o vento que eu chegava a pensar que ela poderia sair voando a qualquer instante, percebi que ela usava um vestido de classe por baixo do sobretudo, e botas de couro.

Uau... A minha imaginação estava conseguindo evoluir cada vez mais...

– Seu...! – ela gritou, a poucos metros de mim, e então, quando me alcançou, começou a bater em meu peito. – Idiota!

O quê?

Uma imensa onda de realidade me atingiu.

A Gina dos meus pensamentos não era capaz de me tocar... E eu... Não, eu definitivamente não estava sonhando.

E isso só podia significar uma coisa!

– Você é um idiota! Como pode fazer isso? Você não pensa?...

Ela continuava a me bater e, finalmente, consegui mover meus músculos e segurar seus braços para que parasse.

Ou bom, pelo menos eu tentei, porque o choque foi tão grande que eu logo os soltei novamente.

E ela voltou a me estapear.

Imediatamente, senti vontade de gritar e de rir ao mesmo tempo. Ah, e por Merlin, não me peça explicações sobre isso! Tente entender sozinho!

– Ei, você parar um minuto?! – eu disse, tentando me afastar das mãos violentas dela.

Ela inspirou fundo e me olhou, brava.

– Não! – disse, e me deus mais três tapas na barriga.

Eu me encolhi. Mas que droga!

– Isso dói, sabia? – eu gritei para ela.

Parecia um menino mimado, mas... Dane-se, também. O que você tem a ver com isso?

– Ah, é? – ela disse, e eu conhecia bem o seu olhar de ironia. – O que você sabe sobre dor?

Eu a olhei como se fosse louca. Depois, deixei um riso escapar.

– Você só pode estar brincando comigo... – comentei.

– Não, não estou! – ela disse. – Você só sabe sobre a sua dor! Não sobre a dor de mais ninguém!

É sério, isso?

Gina Weasley, a artista mais incrível, a mulher inteligente e encantadora, artilheira de Quadribol fantástica, a garota com os cabelos ruivos mais fascinantes, a mulher que eu tanto amava... Tinha finalmente aparecido.

Para me dar esporro?

Ok. Acho que eu ia ouvir isso. O que mais eu podia fazer? Mandá-la embora?

Não mesmo.

– Você pode me explicar o que está acontecendo? – perguntei, largando os braços ao lado do corpo.

– Você realmente precisa que eu faça isso?

– Sim, eu preciso.

Os dedos dela se fecharam, e eu sabia que estava contendo a raiva. Então, inspirando fundo, ela disse:

– Você não apareceu no aniversário da Leah. – ela parou por um minuto, e então olhou para longe. – Não deu notícia nenhuma, nenhum cartão, nenhum presente... Nem, talvez, um aviso de doença ou imprevisto... – seus olhos encontraram os meus novamente. – Você faz ideia de como ela está se sentindo?

Ah, então era isso.

Claro que era isso! Mas não! Era mais do que isso.

– Você sabe que eu não podia... – eu disse, e senti algo incômodo no estômago.

– Eu não sei de nada... – ela disse, e percebi que não estava mais com raiva. Agora, parecia chateada.

E tive medo dessa reação.

– Como assim não sabe? Os Comensais! Você sabe que não posso deixar Hogwarts!

– É essa a desculpa que você vai usar para o resto da sua vida? Para justificar tudo? Por acaso é por esse motivo que você está escondido aqui? É por esse motivo que você sumiu?

– Sim, é por esse motivo sim! E você sabe muito bem disso. Se eu sair daqui... Se os Comensais vierem atrás de mim, eu estou morto.

– Isso é uma mentira. – ela disse. – É. É uma mentira sim, Draco Malfoy. Porque você é um mentiroso.

Eu apenas abaixei a cabeça, enquanto o incômodo no estômago pareceu ridículo perto da dor no coração.

– Ah, que bom que você enfim percebeu...

– Não. – ela me cortou e seus olhos estavam marejados. – Você nunca foi um mentiroso como está sendo agora. Agora você está usando essa desculpa de desprotegido, de” não tem jeito” para se isolar nesse lugar e não entrar em contato com tudo o que você criou...

– O que eu criei?

– As pessoas, as relações que você fez...

– Do que você está falando, Gina?

– De mim! – ela disse, e duas lágrimas escorreram por seu rosto. E outra, e outra... – Você está usando toda essa história de Comensal para não encarar o que você sente por mim! E eu te odeio por isso, sabe porquê? Porque eu assumo o que eu sinto! Eu assumo para todo mundo que eu amo o Draco Malfoy! E, eu juro, eu tentei não amar, mas não...

E então ela parou de falar.

Mas não porque tinha mudado de ideia ou porque... Ah, dane-se!

Ela parou de falar porque eu a beijei.

E, eu juro, eu tentei não beijá-la, mas não... Consegui.


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