A Mãe Perfeita escrita por Williane Silva


Capítulo 13
Empertigado eu?


Notas iniciais do capítulo

gente mil desculpas pela demora mais ai estar mais dois capitulos para vocês.



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– Olhem para aquela.- mostrou Erik, entusiasmado- Parece com Belly!

Eu estreitei os olhos na direção indicada pelo garoto.

– Ah, estou vendo, sim. Tem razão, Erik. Parece mesmo com um morcego.

Amontoados sobre um colchão de ar tamanho casal, eu e os garotos estávamos deitados de costa no meio da piscina, observando o passar das nuvens e procurando nelas algumas formas familiares.

Passamos a tarde desfrutando o tempo bom que retornou, dourado e quente. Já tínhamos empinado papagaios perto do canal, fizemos um piquenique na casa da árvore e passamos as ultimas poucas horas brincando na piscina.

– Onde está a nuvem de Belly?- Mike insistiu em saber.- Não consigo vê-la.

– Bem ali, meu bem.- cuidando para não molhar ninguém, eu estende as mãos e move a cabeça da criança na direção correta.- Está vendo?

O menino franziu as sobrancelhas e então seus olhos se arregalaram.

– É sim. Estou vendo.- ele sorriu de orelha a orelha.- Queria que papai estivesse aqui para ver.

Eu também. A ausência de Edward era o único senão naquele dia esplêndido. Sem precisar me preocupar com casa e alimentação, com a volta da Sra. Rosenclay, ele devotara seus dias, desde o acidente de Ben, aos filhos e a mim. Jogava frescobol na beira do canal, velejamos e nadamos. Comemos churrasco, formos ao cinema e fizemos uma viagem de um dia, de balsa, até o Canadá.

Nesse dia, no entanto, houve um problema com um contrato, e ele teve que ir até o escritório para deixar tudo resolvido.

Eu olhei o relógio na porta da casa de máquinas, em que se via que faltavam quinze para as cinco.

– Ele já deve estar chegando.

– Legal!- festejou Erik.- Quero mostrar a ele como sei mergulhar na piscina como um torpedo, assim como você me ensinou.

– E eu quero que ele fique olhando as nuvens conosco.- disse Mike.- Estão vendo aquela?- ele apontou para uma forma indefinida à esquerda da nuvem de Belly.- Parece um pedaço de Pizza.

Erik bufou, com ar superior.

– Sem chance!

– Parece sim!- teimou.

A fim de terminar a discussão sem tomar partido, eu sugeri.

– Estou morrendo de sede. E vocês?

– É isso aí.- animou-se Erik.- Estou com muita, muita, muita sede.

– Eu também.- apoiou Mike.

– Podemos tomar um refrigerante?- Erik pediu, com um olhar de súplica.

– Não... mas podemos tomar uma limonada.

– Uau! Grande!

Depois de refrigerante, esta era a bebida favorita de Erik. Sem precisar de maior incentivo, os dois mais novos desceram do colchão, que já estava na parte rasa da piscina e nadaram até a escada.

– Não corram!- eu pedi depois de vê-los sair em disparada na direção do quiosque.

Atendendo-me, os dois diminuíram o passo.

Eu então me voltei para Ben, deitado ao meu lado, e me diverte muito com o que vi. Ele estava com os braços cruzados sob a cabeça, tinha os olhos fechados e sorria de satisfação. Andava muito quieto nos últimos dias, e eu ficaria muito preocupada se ele não parecesse tão feliz. Me acomodei e o cutuquei.

– Você está legal?

Ele abriu os olhos, e me fitou e sorriu ainda mais.

– Ótimo.

Uma brisa forte e morna soprou o colchão para o meio da piscina. Ele se aproximou ainda mais de mim, adorando estar deslizando sobre a água.

– Bella?

– Hum?

– Eu estava pensando. Será que vou ficar com uma cicatriz na perna?

– Ih, Ben, não sei. Você teria que ter se ferido mais para ficar com uma cicatriz.

Embora o acidente já tivesse acontecido havia dias, e no momento houvesse só uma pequena marca na perna, ele ainda estava fazendo o episódio render.

– Então isso quer dizer que não vou precisar de uma operação, vou?

– É o que me parece.- eu o fitei intrigada.- Tem algum motivo para querer ser operado?

Ele entrelaçou seus dedos nos meus.

– Bem, na TV sempre dão um monte de sorvete para as crianças.

Eu precisei morder o lábio para não rir.

– Ora, sorvetes são para crianças que operam as amídalas. Não servem para pernas operadas.

Ele meneou a cabeça, satisfeito, como se eu tivesse dito algo profundo.

– Que coisa mais legal!

– O quê?

– Todas essas coisas que você sabe. É simplesmente... perfeito.

– Ora, obrigada!

Eu só imaginei aonde aquela conversa iria parar e não demorou muito para eu saber. Ben cruzou as pernas e perguntou casualmente:

– Então, quando é que você e papai vão se casar?

Eu o fitei aturdida. Mas, afinal, por que eu estava tão surpresa? Já sabia quais eram as intenções do garoto?

– Eu nem sei se vamos nos casar, meu bem.

– Como?- ele protestou, fazendo o colchão agitar-se.- Porque não? Você não gosta mais do papai?

– É claro que gosto dele!

– E eu sei que ele gosta de você. Só pode ser. Se não fosse assim, ele não ficaria beijocando você como ontem na balsa, quando pensaram que ninguém estava olhando.

Eu senti o rubor subir pelo meu rosto, mas procurei manter o raciocínio claro.

– Só porque dois adultos se gostam, isso não significa que necessariamente irão se casar, Ben.

– Eu sei. Mas vocês não são somente adultos, você é você e papai é papai. E nós precisamos de vocês.

Ele fez a declaração como algo que fosse encerrar a questão. Eu apertei a mãos pequena, mas forte.

– Ouça, Ben. Acho que você está fazendo um grande trabalho com seu pai. Veja quanta coisa boa vocês têm feito juntos. Ele o adora. E eu espero que saiba que, não importa o que aconteça comigo e seu pai, você e eu seremos sempre amigos.

Ele balançou a cabeça.

– Não quero ser somente seu amigo.- ele persistiu, com o olhar excepcionalmente sério.- Quero que você seja minha mãe.

– Ah, Ben... essa foi a coisa mais linda que alguém já me disse. E acredite, se eu pudesse me casar somente com você, Erik e Mike, eu faria sem piscar. Mas, com adultos, as coisas são muito diferentes, meu bem.

– Em que sentido?

– Bem... eles têm que ser compatíveis.

– Como assim?

– Eles precisam se dar bem e gostar mais ou menos das mesmas coisas.

– Bem, você e papai gostam do Erik, do Mike e de mim. E gostam um do outro. Isso è o que importa.

Eu franzi o semblante. É difícil argumentar com a logica infantil.

– Bem... nós temos estilos diversos, diferentes modos de fazer as coisas.- eu tentei explicar.

– Por exemplo?

– Ora... seu pai adora estar sempre bem vestido, e eu prefiro roupas informais. E ele é muito sério, coisa que eu não sou. É muito empertigado a maior parte das vezes, enquanto costumo ficar mais relaxada.- eu meneei o ombro.- Além disso, ainda não nos conhecemos direito. Essas coisas levam tempo.

Finalmente os gritos de alegria de Mike e Erik deram um fim no assunto. Eu olhei para trás e vi que Edward finalmente chegou e se encontrava para sob o quiosque.

Estava magnífico, como sempre. Afrouxara a gravata e tirou o paletó de seu elegante terno azul-marinho. Quando eu o fitei, ele se aproximou com seus mocassins italianos e aparou Mike, que se atirou em seu colo. Enquanto Erik pulava, reclamando sua atenção, Edward atirou a garotinho no ar, para em seguida dar-lhe um forte abraço, apesar da roupa de banho molhada do garoto.

Eu senti meu coração aquecido, apesar da ansiedade causada pelas perguntas de Ben. Não sei exatamente em que pé ando com Edward, mas pelo menos o relacionamento dele com os garotos mudou muito, e para melhor, nos últimos dias. Parecia que a paixão que estávamos compartilhando liberou um novo Edward, alguém aberto e acessível para as pessoas de quem ele gostava. Não tenho mais reservas em demostrar todo o carinho e afeição pelos garotos.

Eu fiquei encantada contemplando a cena, observando como ele colocava Mike no chão e pegava Erik no colo, para então abraça-lo.

Ambos os garotos imediatamente pediram mais. Ele riu a balançou a cabeça.

– Sem chance rapazes. Vocês estão deixando minha camisa toda molhada.

Sorrindo olhou para a piscina, na minha direção.

– Está tudo bem?

– Estamos ótimos,- Ben respondeu por mim.

Edward ergueu a sobrancelha.

– Isso é verdade?- ele perguntou à mim.

Com uma silhueta perfeita envolvida num traje feito sob medida, Edward estava perfeito. O desejo juntou-se as demais sensações que aqueciam meu coração.

– Verdade.

Ele pareceu sentir também sentir o calor subir ao ouvir minha voz enrouquecida.

– Ótimo. Nosso compromisso para jantar ainda está de pé?

Eu tentei ignorar um repentino surto de nervosismo. Graças à Sra. Rosenclay, eu e Edward saímos pela primeira vez sem as crianças nessa noite. Sei que é ridículo, mas me senti excitada e insegura como uma adolescente.

– Bella, você não vai me decepcionar vai?

Eu afastei a insegurança injustificada e sorri.

– Não perderei isso por nada neste mundo.

– Graças a Deus!

Ele fingiu um olhar desesperado quando Erik o puxou pela camisa.

– Faz de novo, papai, por favor!

– Porque... – ele suspirou, pegou o garoto no colo, girou e o atirou na piscina.- Depois de passar o dia no escritório e de satisfazer os desejos dos meus filhos, estou louco por uma conversa civilizada!

– Ei! Isso parece divertido!- Exclamou Ben.- Faça comigo, papai!

Determinado a não ser deixado para trás, ele saltou do colchão e nadou para a borda. O colchão desequilibrou e eu tentei, estabiliza-lo inutilmente. Meu corpo escorregou e afundei na piscina, enquanto ouvia a gostosa gargalhada de Edward.

PV Edward

– Papai?

Eu parei no meio de uma escanhoada para encarar meu filho mais velho. Ben estava sentado sobre o balcão da pia do banheiro, balançando as pernas. Fazia companhia a mim enquanto eu me preparava para meu encontro.

– Sim, Ben?

– Você gosta de Bella?

Mas será que já não tínhamos conversado a respeito?

– Sim.- eu enxuguei o aparelho, ergue o queixo e comecei a fazer a parte de baixo do meu maxilar.

– Ela também gosta de você.

Eu virei a cabeça para o lado, para ter um ângulo melhor.

– Isso é muito bom.

– Só que... você tem que ser tão serio? Bella disse que preferia que não fosse tanto.

Eu congelei meu gesto.

– Como ficou sabendo disso?

– Ela me contou.

Eu franzi o cenho.

– Verdade?

– Sim. Sabe, estávamos conversando, antes de você chegar, e quando perguntei quando iriam se casar, ela disse...

Eu afastei imediatamente a lâmina do meu pescoço, dando graças a Deus por eu não ter se cortado. Em seguida, o fulminei com os olhar.

– Você perguntou a ela se iremos nos casar?

– Sim.

Eu o fitei com uma expressão grave.

– Dessa vez, você saiu da linha, rapaz.

– Eu só estava tentando ajudar.- Ben protestou.- Pensei...

– Não pense!- asseverei.- Toda vez que você pensa, algo dá errado. Se decidir me casar, eu vou fazer o pedido, entendeu?

– Mas...- Ben começou a argumentar, mas desistiu ao perceber meu olhar implacável.- Entendi. Desculpe.

– Eu desculpo, contanto que você não faça isso novamente.

Eu voltei a me barbear, sentindo que fiz bem em cortar a conversa naquele ponto. Porém, com o silêncio pesado e a expressão contida de Ben, decidi que manter o canal aberto era a melhor política. Suspirei.

– Então, o que mais Bella disse?

Ben continuou olhando para os pés.

– Sobre o quê?

Eu franzi as sobrancelhas.

– Sobre... casar-se.

– Bem, ela disse que queria casar-se comigo, com Erik e com Mike.

– E comigo?

– Sem chance.- o garoto respondeu, balançando a cabeça.

Sem chance?

– Por que não?- eu perguntei fleumaticamente.

– Não sei.

– Ela deve ter dito alguma coisa.- eu murmurei.

– Disse que você é muito serio.

– Você já mencionou isso.

– Bem... eu acho que ela não gosta de suas roupas.

– Não gosta?

– Sim.- ele confirmou, meneando a cabeça.

– Ela disse do que não gosta?

O garoto pegou a loção pós-barba, cheirou-a e fez uma careta.

– Bella acha você almofadinha.

– Ah...- eu contemplei amorosamente o meu terno Armani pendurado na porta, imaginando como alguém poderia não gostar de algo tão perfeito.- Ela disse algo mais?

– Nada. Ah... exceto aquela coisa de ela ser mais descontraída, enquanto você é mais... como foi mesmo que ela disse?... Ah, empertigado.

Eu o olhei surpreso.

– Ela disse isso?

– Sim.

– Isso é ridículo. Eu não sou empertigado. Você acha que sou empertigado?

– Que nada. Se eu fosse mulher, casaria com você, papai.- ele acrescentou, com um toque de lealdade.

– É isso aí. Eu também.- eu resmunguei. Com a expressão preocupada, escanhoei o rosto mais uma vez, levei o aparelho, tirei a toalha e fui tomar uma ducha.- Posso ser um monte de coisas, mas não sou empertigado.

PV Benjamin

Aguardei ouvir o barulho da água caindo para me voltar para o espelho. Com um olhar sóbrio, eu peguei a espuma de barba e passei pelo meu rosto. Em seguida, tirei a lâmina do aparelho e comecei a me barbear.

Enquanto isso, ouvia papai resmungar debaixo do chuveiro.

– Conservador? Talvez. Mas empertigado? Ora, faça-me o favor...


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Notas finais do capítulo

bom espero que gostem ah recomedem tah. bjus