Chegou A Sua Vez Daniel Valencia escrita por Wanda Filocreao


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Estou postando o capítulo 8, espero que gostem e se possível comentem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/417140/chapter/8

Enquanto caminham em direção ao apartamento, Suzana se mostra calada e pensativa. Daniel estranha o comportamento dela, pois ela é sempre tão alegre e falante, então preocupado lhe pergunta:

-O que foi meu anjo? O que lhe preocupa? Não se sente bem?

Suzana olha para ele, bem dentro de seus olhos e fala:

- Daniel, há quanto tempo nós somos casados?

Daniel fica sem ação. Não estava pronto para aquela pergunta.

- Ah, meu anjo, nós somos casados há mais ou menos....dois anos. – mente ele, com um imenso remorso, pois não gostava nenhum pouco de continuar enganando-a.

- E por que não temos filhos? Você não deseja ser pai? – diz ela curiosa em saber a resposta dele.

-Bem meu amor, nós resolvemos esperar um pouco. - mente novamente.

- Pois eu gosto muito de crianças e hoje quando eu segurei a Camila em meus braços, senti um imenso desejo de ser mãe. – fala radiante.

Daniel fica sem rumo. Não tem como dizer a Suzana que eles não poderão ter filhos, que eles não são casados e que ela é casada com outro.

Seria um choque para ela. Provavelmente ela nunca o perdoaria!

- Meu amor, o que foi? De repente você ficou tão quieto. Você não gosta que eu toque nesse assunto? - pergunta ela ansiosa.

- Ah! Não é isso meu anjo, é que...eu acho que ainda não estou preparado para ser pai. - fala meio desconcertado.

- Mas Dani, você tem um bom emprego, nós moramos num bom apartamento, creio que temos condições de dar um ótimo futuro para uma criança, no caso nosso filho ou filha, eu não me importo que seja menino ou menina. - diz Suzana tentando convencê-lo.

Daniel notou que ela havia ficado triste quando falou que não se sentia preparado para ser pai, e querendo ver um sorriso em seus lábios e a alegria voltando aos seus olhos, sem pensar fala num impulso:

- Está bem meu anjo! Vamos ter nosso filho!

Suzana fica eufórica, o abraça com carinho e ternura e fica nas pontas dos pés, pois era bem baixinha em relação a Daniel, procurando seus lábios, o beija, um beijo com um misto de amor, paixão e gratidão.

Daniel não se contem e abraçando-a com força retribui ao seu beijo. Neste beijo de Daniel havia desejo, amor e sem dúvida remorso por estar enganado-a novamente e se atolando cada vez mais em mentiras.

Juntinhos assim, abraçadinhos sentem a necessidade de provarem o quanto se querem, o quanto necessitam um do outro e o quanto se amam. E naquele quarto um mundo de felicidade se abre para os dois.

Depois daqueles momentos mágicos, onde só o amor prevaleceu, permanecem deitados na cama, Daniel continua ainda abraçado a ela. Sente-se tão bem ao seu lado! Tem certeza que sem ela a sua vida não mais teria sentido.

- Meu amor, - fala de repente Suzana. - eu estou morrendo de fome. E o pior é que não preparei nada hoje! O que vamos comer?

Daniel acha graça com a preocupação dela e beijando-a na pontinha do seu nariz lhe diz:

-Não se preocupe meu anjo, hoje eu te convido para almoçar fora.

 Susana fica feliz e levantando-se rapidamente acrescenta:

- Então vou tomar um banho e me aprontar, pois já são duas horas da tarde! E meu estomago já está roncando!

“Só ela mesmo para me fazer sorrir, ela me traz alegria, paz e tranqüilidade.”- pensa Daniel enquanto a vê entrar rapidamente no banheiro da suíte.

Para ir mais depressa, Daniel resolve tomar banho no banheiro de hóspedes.

Assim que os dois ficam prontos, de mãos dadas, seguem para a garagem do prédio, onde está o carro de Daniel. Este todo gentil, abre a porta para que ela entre.

“Adoro esse jeito cavalheiro dele, - pensa Suzana toda feliz. - este meu marido é mesmo um homem especial.”

Durante o percurso até o restaurante, Suzana vai observando o caminho, para ver se lembra de algo, de alguma casa, de algum comércio, ou se já havia passado antes por lá. Tudo que possa reativar a sua memória. Mas foi em vão, para ela tudo era desconhecido, não se lembrava de nada.

Quando chegam ao restaurante, Suzana repara em como é chique aquele lugar. Todo iluminado por lustres de cristal, com várias mesas redondas com toalhas de linho bem branquinhas e com vasinhos de violetas decorando-as. Observa que há ainda muitas pessoas almoçando. Um maître uniformizado e bem educado, quando os vê, já vai indicando uma mesa para que o casal se sente e solícito afasta a cadeira para que Suzana se acomode. Em seguida traz o menu, para que eles escolham e façam os seus pedidos.

Daniel e Suzana de comum acordo escolhem uma salada mista, arroz a grega acompanhado de filé de peito de frango à dorê e para beber suco de laranja.

Enquanto esperam os pratos, ficam muito cúmplices, olhando um nos olhos do outro e de mãos dadas, Quem os observava, tem a plena certeza de que nunca havia visto um casal mais apaixonado que aquele!

- Dani, meu amor, de onde você conhece Armando e Betty?- pergunta de repente Suzana se mostrando curiosa.

- Bem, meu anjo, depois que meus pais faleceram em um trágico acidente de avião, eu e minhas irmãs mais novas fomos praticamente criados pelos pais de Armando Mendoza, Roberto e Margarita, – fala Daniel com a voz muito triste, parecendo que estas lembranças, o transportavam àquela época.

Suzana escuta atentamente, pois necessita saber cada vez mais sobre a vida deste homem que está a sua frente e que tanto ama.

- Pois bem Suzana, além dos pais de Armando serem amigos de meus pais, eles eram sócios na Ecomoda, uma importante empresa de confecção de moda aqui do nosso país.

E tanto eu, minhas irmãs, Armando e a irmã dele Camila, somos sócios nesta empresa.

- Você não parecia estar muito feliz ao encontrar Armando e Betty lá no parque, hoje de manhã, não é verdade? – fala Suzana sempre atenta às reações do marido.

- É verdade, meu amor. Eu não me dou muito bem com o Armando, tivemos muitas brigas, muitos desentendimentos no passado. – responde Daniel com um ar entristecido.

-Desde a infância, já brigávamos muito, havia muita competição entre nós. Um queria se sobrepor ao outro. Talvez por ciúme, disputa de atenção, não sei ao certo. E quando chegamos a idade adulta, as coisas parecem que pioraram.

- Mas os pais de Armando eram carinhosos com vocês? – pergunta Suzana curiosa em saber da sua vida.

- Bem, na medida do possível. Não eram como meus pais, que sempre nos amaram e foram carinhosos conosco. Os Mendoza se preocuparam mais em nos dar estudo, boas condições e preparo para enfrentarmos a vida. – explica-lhe Daniel.

- Bem, já entendi, meu amor. – fala Suzana compreendendo muitas coisas. “ Meu pobre amor! Por isso é que ele é tão frio e indiferente com as pessoas, parece que tem medo de se relacionar com elas e ter alguma decepção.” –segue ela analisando as confissões de Daniel.

Param um pouco de conversar, pois o garçom chega com os pratos que eles haviam pedido.

- Hum! Esta comida está com uma cara ótima! - diz Suzana, tentando desanuviar a tensão da conversa.

Daniel sorri para ela e concorda.

Comem em silêncio, saboreando a comida e o prazer que sentem de desfrutar da companhia um do outro.

Após a refeição, quando trazem o cafezinho, Daniel pede licença a Suzana e vai ao banheiro.

Quando fica só, Suzana tem uma idéia. Levanta-se também e pergunta ao garçom:

- Por favor, gostaria de conversar com o gerente. Onde posso encontrá-lo?

O garçom educadamente indica a ela um senhor de meia idade, alto e de cabelos brancos que se encontrava atrás de um pequeno balcão com as caixas registradoras, no fundo do restaurante.

Suzana se dirige a ele e se apresenta;

- Boa tarde, meu nome é Suzana.

- Boa tarde, minha senhora eu sou Fernando Garcia, a seu dispor.

- Bem, senhor Fernando, acontece que eu notei que no centro deste restaurante tem um imenso piano e que desde a hora que eu cheguei, ninguém apareceu para tocá-lo.

O gerente do estabelecimento fica admirado com o comentário dela. Pois para ele é uma surpresa que uma moça tão jovem, se interesse por um piano.

- Bem senhora, acontece que no momento, estamos sem um pianista, o último que tínhamos teve que se demitir, pois mudou-se para a Itália. E, portanto, estamos sem ninguém.

Suzana lhe sorri e pergunta:

- Olha, se o senhor me permitir, gostaria de tocar uma música ao piano e fazer uma surpresa ao meu marido.

O homem fica admirado e mais que depressa concorda e acompanha Suzana ao piano, dando-lhe total liberdade para que ela toque.

Ansiosa, Suzana senta-se no banquinho, abre a tampa do piano e começa a dedilhar no teclado a música preferida de Daniel: “Rapsódia sobre um tema de Paganini.”

Os clientes do restaurante ao escutarem a música, param de conversar e ficam olhando a linda jovem tocar com maestria e emoção a bela melodia.

Assim que volta a mesa, Daniel escuta a música preferida, e dando pela falta de Suzana, procura-a pelo imenso salão do restaurante. E qual não é a sua surpresa quando a vê tocando ao piano aquela música que marcou a sua vida!

Senta-se emocionado, um imenso carinho e ternura se apossa de seu coração por aquela mulher que já é tão indispensável em sua vida. Sente que lágrimas escorrem de seus olhos, mas o interessante é que são lágrimas de felicidade. Felicidade por ter alguém que se importa verdadeiramente com ele e com quem pode compartilhar os momentos tristes e alegres de sua vida. Suzana, sua amiga, mulher e companheira!

 Quando a música termina, todos aplaudem entusiasmados e Daniel timidamente vai até ela e abraça-a emocionado e beija-a com imenso amor e ternura.

Depois desta linda apresentação o senhor Fernando, entusiasmado com o sucesso de Suzana, vai conversar com ela.

- Senhora, fiquei encantado com a sua apresentação. Gostaria de ser contratada para que toque aqui no meu estabelecimento?- pergunta o senhor Fernando com ansiedade.

Suzana olha para Daniel, este faz um sinal negativo com a cabeça.

Daniel não queria que Suzana ficasse em evidência, todos a vendo alguém poderia reconhecê-la e levá-la embora.

-Olha seu Fernando, esse é o meu marido Daniel – fala Suzana apresentando-o para o seu Fernando.

-Muito prazer. – falam os dois ao mesmo tempo.

-Bem seu Fernando. – continua Suzana- por enquanto não posso aceitar a sua proposta. Mas muito obrigada mesmo assim.

- Que pena dona Suzana. – fala o dono do restaurante decepcionado.-Mas em todo caso, fique com o meu cartão e o meu telefone, qualquer coisa se mais tarde decidir é só me ligar.

Suzana agradece pegando o cartão do seu Fernando.

O casal se despede do dono do restaurante que faz questão de não cobrar o almoço deles.

Suzana e Daniel agradecem e saem do restaurante de mãos dadas, felizes por terem vivido aquele momento inesquecível.

Assim que entram no apartamento, escutam o telefone tocar. Daniel se apressa em atender.

É Armando Mendoza.

Daniel fica curioso com este telefonema de Armando.

- Olá Daniel com vai? E a Suzana está bem? – pergunta Armando.

- Tudo bem e você, a Betty e a nenê?- pergunta Daniel meio sem jeito, pois nunca foi íntimo dele, nunca foram amigos.

-Tudo bem Daniel. Olha eu estou te ligando para convidá-los para virem jantar conosco no próximo sábado, está confirmado?- fala Armando.

Daniel pergunta rapidamente a Suzana, esta toda feliz com o convite confirma que quer ir.

Daniel ainda surpreso com o convite de Armando, olha para Suzana que está entrando na cozinha.

- Tudo bem Armando, nós vamos sim. Mas olha....-fala em voz baixa- Preciso conversar com você antes deste jantar, só nos dois. Você já deve imaginar do que se trata, não?

-Está bem Daniel, venha aqui na Ecomoda na segunda- feira à tarde, pois nesse horário estarei disponível.Tudo bem?

-Então está combinado. Até segunda.

Daniel desliga o telefone ainda surpreso com o convite de Armando.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Aguardem os próximos capítulos.