Chegou A Sua Vez Daniel Valencia escrita por Wanda Filocreao


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Estou postando o capítulo 5 da fanfic, espero que gostem e se possível comentem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/417140/chapter/5

Ao entrar no apartamento Daniel sente um aroma irresistível.

“Parece que alguém andou cozinhando por aqui! Este cheiro me lembra as comidas que minha mãe fazia quando eu e minhas irmãs éramos pequenos!” - pensa Daniel enquanto se dirige para a cozinha.

Quando entra parece que por lá passou um terremoto! As panelas que ficavam sempre guardadas no armário, estavam sobre o fogão borbulhando, sobre a mesa da cozinha pacotes de farinha de trigo, açúcar, bandejas de ovos, leite, fermento, frutas, tudo decorando a mesa da cozinha que antes era tão vazia!

Mas o que mais chamou sua atenção foi a figura de Suzana: ela havia prendido os cabelos em um rabo de cavalo, parecia uma garotinha! Na sua testa e na pontinha do seu nariz resquícios de farinha de trigo! Estava adorável!

Suzana sovava com gosto uma massa e além disso cantarolava a sua música preferida! Nem se deu conta da presença dele!

Daniel se aproxima mais e fica observando-a encantado!

Quando ela o vê seu rosto se ilumina e abre um imenso e lindo sorriso:

- Olá meu amor, como foi o seu dia?- pergunta Suzana com sua voz carinhosa.

- Eu...eu...Ah! Foi tudo bem, tudo bem.- fala meio desconcertado. E o que aconteceu por aqui? Você está cozinhando?

- Meu amor, descobri que adoro cozinhar! Você não sabia disto? - pergunta ela intrigada.

-Ah! Você sempre gostou sim de cozinhar, mas de vez em quando! - Daniel mente mais que depressa.

- Pois então, Dani, hoje quando acordei, li o seu bilhete e me dei conta que aqui em casa não havia nada na geladeira e nem nos armários. Então resolvi ir ao supermercado. - fala Suzana.

Daniel olha para ela atentamente. Enquanto fala, Suzana vai modelando uns pãezinhos e colocando-os em uma assadeira.

- Você saiu sozinha? – pergunta Daniel.

- Ah! Não! Hoje cedo desci até a portaria e conversei com o seu Dito, perguntei onde era o supermercado mais próximo, e ele me disse que se esperasse mais uns minutinhos, sua esposa, iria passar por lá e ela poderia acompanhar-me até o supermercado. E eu aceitei de bom grado. E assim que ela chegou, nós fomos.

- Você foi ao supermercado com a esposa do porteiro? - pergunta Daniel admirado.

- Fui sim. O nome dela é Margarida. Ela é uma senhora muito simpática e prestativa. Nos tornamos boas amigas. Ela me ajudou a carregar as compras até aqui e me deu várias dicas de cozinha.  – enquanto falava Suzana coloca a assadeira com os pãezinhos no forno quente.

Depois mexendo as panelas continua:

- Sabe meu amor, comprei de tudo: verduras,legumes, frutas, carne, peixe, frango e vários ingredientes para cozinhar. Sabe que sai muito mais barato que comer fora de casa ou de pedir comidas em restaurantes?

- Sei...mas você não se importa de ter todo esse trabalho? - pergunta ele.

- Claro que não, descobri que cozinhar é uma terapia, uma distração. Ou eu não cozinhava antes de perder a memória?- pergunta Suzana curiosa.

- Claro que sim...você cozinhava...só que de vez em quando... - mente Daniel novamente.

Suzana desliga as panelas do fogão e diz para Daniel:

- Olha meu amor, vou tomar uma banho. Você olha os pãezinhos no forno para mim?

- Eu...o quê? - pergunta admirado.

- Daqui a uns 15 minutinhos, você abre o forno, se eles estiverem dourados pode desligar. Ok, meu amor?

Sem esperar resposta Suzana vai para o banheiro, sempre cantarolando.

Daniel fica com cara de bobo:

“Eu olhar o forno? O que ela está pensando? Não entendo nada disso!”

 Em todo caso, passados os 15 minutos, Daniel olha o forno e faz como ela mandou, vê que os pãezinhos estão dourados e o desliga.

“Isto está cheirando muito bem”- pensa abrindo as panelas- O que temos aqui: arroz, brócolis refogado, estrogonofe de frango. Hum, parece delicioso!”

Ver todas aquelas comidas abre o apetite de Daniel! Faz tempo que ele não comia uma comida caseira!

Logo após o banho Suzana volta para a cozinha. Ela está vestindo uma saia longa florida e uma blusa branca com babados. Quando a vê Daniel fica admirado. “Ela está linda! As roupas da Maria Beatriz estão servindo para ela, é claro que estão um pouco largas, pois ela é mais magrinha e miúda que a minha irmã. Mas mesmo assim ela ficou linda!”- pensa Daniel sem tirar os olhos dela.

- Pronto meu amor, pode ir tomar o seu banho enquanto eu preparo a mesa para o nosso jantar. – fala Suzana tranqüila e feliz.

-Ah! Tudo bem! – diz Daniel absorto em observá-la. Já vou indo.

Enquanto toma banho Daniel fica pensando:

“Parece que Suzana se sente feliz aqui. Ela acredita mesmo que sou o seu marido e que este é o seu lar. E se ela nunca recuperar a memória? O que eu farei? Continuarei com esta farsa? E o seu marido? O outro Daniel? Será que ele está procurando por ela? Estranho, não vi nenhum anúncio no jornal, ou no noticiário da TV de alguém que procurasse por ela.”

Após o banho, Daniel se veste. Intimamente, decide continuar a farsa. Não tinha outro jeito tinha que continuar!

Quando chega a sala fica admirado com o capricho com que Suzana tinha arrumado a mesa.

Ela colocou uma toalha de linho branca, que havia encontrado em uma gaveta da cozinha, pratos e talheres, copos e dois castiçais que ficavam sobre o piano.

Para Daniel foi uma surpresa. Já tinha dúvidas sobre a origem humilde de Suzana. Reparou que além de modos finos e delicados, tinha requinte e muito bom gosto. Agora pairava mais uma dúvida na mente de Daniel: Será que ela era de uma família de posses, apesar das roupas tão humildes que trajava no dia do acidente? Quanto mistério na vida desta moça!

Assim que Daniel chegou, Suzana pediu que ele acendesse as velas que estavam nos castiçais.

Daniel prontamente atendeu o seu pedido.

 E agora olhando com mais atenção, concordava com o que Suzana falava:

- Como ficou linda a mesa, toda iluminada pelos castiçais!

Suzana foi trazendo as travessas com os pratos que havia preparado com muito carinho, Daniel a ajudou.

Assim que estava tudo na mesa eles se sentaram.

Suzana falou inesperadamente:

- Meu amor me de suas mãos. Vamos agradecer a Deus pelo dia de hoje e pelo alimento que vamos comer.

Daniel ficou sem graça, pois há muito tempo, não orava, não agradecia a Deus. Mas pegou nas mãos dela e ficou escutando ela orar:

“Senhor Nosso Deus aqui estamos na sua presença, eu e meu marido Daniel agradecendo por ter nos abençoado neste dia e ter nos preparado este alimento. Pedimos que esteja sempre presente em nossas vidas. Amém!”

Sem muito jeito Daniel selou a oração com um “Amém” meio tímido.

Suzana muito prestativa, foi perguntando o que ele queria e foi servindo-o, só depois é que fez o seu prato e se sentou.

A comida estava mesmo deliciosa! Daniel ficou admirado dos dotes culinários de Suzana. Tudo foi feito com capricho e estava tudo no ponto certo. Ele comia com gosto e satisfação. Nem se lembrava dos restaurantes finos e elegantes a que estava acostumado a ir. Era tão bom comer em casa, uma comida tão deliciosa e em uma companhia tão agradável!

Quando terminam Daniel a ajuda a tirar a mesa. Suzana diz para ele:

- Agora eu já estou bem e posso arrumar a cozinha.

- Não Suzana, você já fez muito por hoje, pode ficar aí na sala ouvindo música que eu dou conta deste serviço. Não se esqueça das ordens do médico!

Quando ele entra na cozinha, olha para a imensa pilha, pratos e panelas, solta um profundo suspiro! Não estava acostumado a fazer serviços domésticos, mas não tinha outro jeito, já que se propôs a ajudá-la.

Enquanto Daniel lavava a louça e os talheres, ficava atento ao barulho que vinha da sala.

“Parece que Suzana, não quer mais ouvir música. Está tudo tão silencioso.”

Só foi acabar de ter este pensamento que Daniel ouve o som do piano que era de sua mãe.

Não acredita, a música que sua mãe sempre tocava para ele e seus irmãos! Sua música preferida!

Daniel vai chegando na sala devagar sem fazer qualquer barulho e a vê linda, sentada, toda ereta, tocando divinamente ao piano: “Rapsódia sobre um tema de Paganini”- a música tema do filme “Em algum lugar do passado”.

Sem perceber lágrimas de emoção teimam em rolar dos olhos de Daniel.

Ele senta-se no sofá e lá fica sem que Suzana se dê conta.

Quando termina de tocar ela vira-se e o vê, nota que as lágrimas escorrem pelo seu rosto.

- Daniel meu amor, o que foi? Por que você está chorando?- pergunta Suzana toda preocupada.

- Não foi nada Suzana. Eu...apenas me emocionei. Foi só isso. - diz Daniel enxugando rapidamente as lágrimas com as mãos.

-Meu amor - diz ela sentando-se ao seu lado e passando o braço por cima  do ombro dele - o que foi esta música lhe traz alguma recordação, alguma lembrança triste?

Daniel levanta-se bruscamente, procurando evitá-la. Fica quieto.

-Mas Dani, por favor me conta, meu amor o que está acontecendo, não suporto vê-lo assim tão triste. - fala Suzana também levantando-se e agora enlaçando-o com seus braços.

Daniel não agüentando a abraça forte e fica assim por um tempo. Suzana acarinha o seu rosto e o beija ternamente.

Ela não estava entendendo nada. Mas daria todo o apoio de que ele necessitava. Afinal era sua amiga, sua companheira e sua mulher.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Aguardem os próximos capítulos.