Chegou A Sua Vez Daniel Valencia escrita por Wanda Filocreao


Capítulo 19
Capítulo 19


Notas iniciais do capítulo

Estou postando um novo capítulo da fanfic. Espero que gostem e se possível comentem.



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Olhando para aquele papel que continha o número do telefone da casa de Anne, Betty fica por um momento indecisa, mas só por um instante, então mais confiante pega o aparelho de telefone e liga.

O telefone toca várias vezes e ninguém atende. Betty fica desapontada.

“Já passam das 9 horas da manhã, ela deve ter saído. Mais tarde eu volto a ligar.”- pensa sem perder a esperança.

Em Soacha, Anne teve uma noite terrível. Não conseguiu pregar o olho nem por um instante.

Sentia muita falta de Daniel Valencia.

E além do mais, aquela casa lhe trazia muitas recordações de Daniel Collacciopo.

Andando pelos cômodos da casa, Anne recordava-se de seu falecido marido.

Como era triste rever os seus pertences!

O piano na sala, onde ele tocara inúmeras vezes e por várias ocasiões pedia, insistentemente, que ela mesma tocasse para ver seu progresso.

Apesar de voltar cansado de seu trabalho na ONG, nunca deixava de ensiná-la, orientá-la e apoiá-la, sempre valorizando o seu talento musical.

Observando o quarto do casal, Anne abre o guarda- roupas e vê as muitas roupas de Daniel sempre bem arrumadas por ele, inclusive seus sapatos de couro legítimo colocados no lugar certo. Ele era muito metódico e organizado com seus pertences.

Seus livros lindamente encadernados, arrumados um a um na estante de madeira.

Muitos destes livros eram sobre músicos famosos. Daniel gostava de relê-los várias vezes, parecia que buscava cada vez mais inspiração neles.

Tudo ali lhe trazia muitas lembranças!

Era tão triste revê-las! E pensar que ele jamais voltaria!

Que triste fim para um músico e homem maravilhoso!

Cansada, Anne resolve deitar-se na cama e começa a pensar.

Agora sabia que Daniel Collacciopo fora um amigo verdadeiro, um companheiro, um homem em quem podia confiar por toda vida.

Já o outro Daniel... - Anne estremece só de pensar nele.

Nunca havia sentido pelo músico o que sentia por Daniel Valencia.

Tudo era novo para Anne em se tratando deste Daniel. Carinho, ternura, vontade de abraçar e beijar. Um desejo tão forte, que jamais sentira pelo seu marido!

Analisando friamente era assim mesmo como se sentia!

Sabia que devia muito a Daniel Collacciopo.

Tinha por ele uma imensa gratidão! Isso, mesmo era grata a ele por tudo!

Por ter lhe ensinado o amor pela música.

Por tê-la acolhido quando ficou sozinha após a morte de seus pais. Pela sua amizade tão forte e verdadeira!

Analisando friamente agora sabia a diferença.

O sentimento que nutria pelos dois era muito diverso.

Via agora claramente:

Não suspirava pelo pianista.

E nem se pegava sorrindo, como fazia quando estava com Daniel Valencia.

Sorria ao se lembrar da emoção que ele sentira ao lhe chamar pela primeira vez de “Meu amor” ou mesmo quando lhe chamava de “Dani”ou mais ainda quando ele tentou disfarçar quando fez aquela homenagem a ele tocando a sua música preferida naquele restaurante. Ficou tão emocionado!

Anne sorria com ternura ao se lembrar do homem que parecia tão sério e orgulhoso, se rendendo a estes acontecimentos!

Tantas e tão profundas recordações, que agora sentia que lhe marcaram muito e faziam sua alma jubilar quando as relembrava!

“Daniel, por que você me enganou?

Eu te amava tanto, tanto!”- pensa Anne com os olhos cheios de lágrimas.

E assim Anne passou revirando-se na cama recordando dos dois homens de sua vida que por coincidência tinham o mesmo nome.

Com o passar do tempo, vendo que não conseguiria mesmo dormir em meio a tantas lembranças, Anne resolve se levantar. Olha no relógio, são ainda cinco horas da manhã!

Abre a janela do quarto e vê que o céu ainda não clareou totalmente. Fica um tempo olhando aquele céu que começava a se tornar alaranjado, sinal de que vinham os primeiros raios de sol.

Por fim suspira!

Sabe que terá que enfrentar esse novo dia que se inicia.

Será um dia difícil, de muito trabalho e decisões a serem tomadas.

Terá que limpar a casa toda: tirar o pó de todos os móveis, varrer o chão, passar um pano úmido em todos os cômodos da casa.

Vai ser um trabalho árduo, mas ao mesmo tempo será bom, pois tiraria por algumas horas de sua mente as lembranças que insistem em atormentá-la.

Anne trabalha freneticamente e lá pelas 8 horas tudo está limpo e organizado.

Toma um banho bem demorado, lava os cabelos e sente-se bem mais leve.

Procura no guarda- roupas do seu quarto uma roupa bem esportiva e decide por uma saia jeans e uma camiseta branca com a estampa de delicadas flores azuis, e calça nos pés uma sapatilha azul. Prende os cabelos em um rabo de cavalo e vai até a cozinha procurar algo para comer.

Abre a geladeira e não encontra nada. Só garrafas de água. Também muitos meses se passaram e a casa ficou por esse tempo todo fechada.

E mesmo quando moravam lá, ela e Daniel nem tiveram tempo de abastecer a geladeira. Só comiam fora naquele quase um mês que moraram ali.

Pega a bolsa e decide tomar um café da manhã em uma padaria onde costumava ir sempre com o seu marido.

Fecha todas as janelas e por fim a porta e sai determinada a começar uma nova vida.

Quando chega a padaria, sente o delicioso aroma do café coado na hora, senta-se no balcão mesmo e pede um café com leite e um pãozinho com manteiga.

Os funcionários a cumprimentam surpresos em voltar a revê-la, mas são educados e discretos e não ficam interrogando-a.

Assim que chega o pedido, Anne bebe o leite com café e ao dar a primeira mordida no pão sente o estomago embrulhar e não consegue comer, tal o enjôo que sente.

“Deve ser porque eu não me alimentei bem ontem. - pensa Anne- Não tomei o café da manhã e nem almocei direito, o estomago vazio deve estar me provocando esse enjôo, é melhor eu não insistir e parar por aqui.”

Anne se levanta, paga a conta e sai do estabelecimento.

“E agora? Para onde irei?”- reflete olhando para a rua tranqüila e arborizada.

“Já sei! Vou até a ONG do Daniel, as crianças devem estar lá e estou com muitas saudades delas.”- pensa satisfeita enquanto caminha para a ONG “Crianças os pianistas do futuro”, criada por seu marido e que ficava a poucos quilômetros dali.

Anne vai andando e observando aquela cidade onde morou por tão pouco tempo.

As ruas arborizadas estão tranqüilas, neste horário, pois quase não há pessoas circulando por ali.

Depois de uns dez minutos de caminhada, Anne chega a ONG.

Era uma construção simples e ao mesmo tempo moderna. Um prédio amplo com dois andares, apenas. Circundado por várias árvores frondosas.

Um enorme portão de ferro protegia a construção.

Na entrada ficava uma pequena recepção e um corredor comprido que levava às salas de aula, eram oito no total, havia também vários banheiros separados para os meninos e meninas.

No andar de cima mais quatro salas bem amplas com os vários pianos de todos os modelos, dos pequenos aos mais elaborados com cauda. Embaixo uma grande cozinha toda equipada, com várias mesas e cadeiras, completando os cômodos daquele prédio.

Ainda ao fundo, havia uma edícula com um quarto, uma cozinha pequena e um banheiro, onde morava a caseira.

Daniel fez questão de mandar pintar as paredes dos muros da ONG de cor branca e escalas com a clave de sol e todas as notas musicais desenhadas na cor preta ao redor de uma bela pintura, representando um menino tocando um piano.

Tinha ficado lindo!

Todos que passavam por lá admiravam e valorizavam a dedicação do pintor, que havia feito o seu trabalho com muito capricho.

Anne toca a campainha do grande portão de ferro.

Espera alguns minutos e uma senhora muito simpática vem atender. Anne a conhecia muito bem era a dona Amélia, a caseira daquela ONG.

Quando a vê, dona Amélia nem acredita:

– Dona Anne! A senhora apareceu! Que bom! Por onde andava? Sentimos muitas saudades suas!

Anne abraça com carinho a velha senhora e lhe conta a mesma história que contou no distrito policial sobre o seu misterioso desaparecimento.

Dona Amélia se comove com a história e abraçadas vão caminhando até a cozinha.

As crianças estão todas ali tomando um lanche e descansando, pois é o intervalo das aulas.

Quando a vêem correm todas ao mesmo tempo, gritando o seu nome e abraçando-a.

Anne fica comovida com tanta demonstração de carinho.

Todas falam ao mesmo tempo querendo saber o porquê de sua ausência. E Anne vai explicando a todas com muito carinho e paciência.

Todas ficam muito felizes em vê-la e falam de seu progresso na música com o tocar dos pianos.

Anne escuta com muito interesse e atenção.

E fica muito feliz ao saber que o sonho de seu marido não morreu com ele.

Na ONG há muitos professores que foram treinados por Daniel Collacciopo e darão continuidade ao sonho do grande pianista.

Anne fica muito feliz ao conversar com eles e saber do progresso daquelas crianças.

De repente enquanto está conversando com uma professora, sente uma leve tontura e quase cai no chão, o que ocorreria se não fosse a professora ampará-la e colocá-la sentada em uma cadeira.

Anne fecha os olhos e respira fundo, tentando se recuperar. A professora pede que uma criança traga um copo de água e Anne bebe.

Quando melhora Anne quer se levantar de imediato. Mas a professora a impede e fala:

– Espere um pouco Anne, depois você se levanta. Espere para se recuperar mais um pouco.

A jovem obedece comovida pela preocupação da colega.

Passados alguns minutos ela se levanta e nota que ainda se sente fraca e com um pouco de tontura, mas não se queixa e não deixa a colega perceber.

Logo se despede.

Vai andando devagar até onde dona Amélia a espera, na cozinha da ONG,

Só de sentir o cheiro dos bolinhos de chuva e do cafezinho recém-coado, Anne sente o estomago embrulhar novamente.

“O que há comigo, meu Deus! Praticamente não comi nada hoje e me sinto assim, o que será que eu tenho?”- pensa preocupada.

Dá uma desculpa a dona Amélia que fica triste ao vê-la recusando seus quitutes.

– Me desculpe dona Amélia eu não estou muito bem do estomago. Amanhã eu comerei seus bolinhos de chuva, não se preocupe.

Anne se despede de todos e promete voltar no dia seguinte.

Quando sai na rua se sente melhor ao respirar o ar puro.

“Acho que estou assim devido a tudo o que se passou comigo. O emocional mexeu com o meu estado físico. Deve ser isso!”- pensa Anne tentando se tranqüilizar.

E segue andando devagar até chegar a sua casa.

Ela demorou o dobro do que levou na ida. Mas enfim, conseguiu chegar a sua casa!

Assim que abre a porta escuta o barulho do telefone tocando. Sem pensar em nada corre a atender.

– Alô! – fala ofegante.

– Alô! Quem está falando? É a Suz..., quer dizer, a Anne? – pergunta Betty ansiosa.

Anne fica surpresa e ao mesmo feliz ao escutar a voz da amiga tão querida.

– Olá Betty! Sou eu mesma a Anne, como você deve estar sabendo, meu verdadeiro nome é esse. Como vai você, o Armando e a Camilinha? – pergunta feliz por poder falar com ela.

– Aqui vai indo tudo bem minha amiga. E você? Como está? – fala Betty.

Anne não agüenta e começa a chorar.

– Eu estou mais ou menos amiga. Depois de tudo o que ocorreu, não consigo me conformar, por ter sido enganada. – fala entre lágrimas.

– Não chore minha querida, eu gostaria de te ver. Olha a dona Silvia, gosta muito de você e me deu seu endereço e telefone, pois estava muito preocupada em tê-la deixado sozinha nesta cidade. – diz Betty.

Anne fica um momento em silêncio pensativa e depois fala:

– Eu também gostaria de conversar com você Betty. Mas não gostaria de ver o Daniel, por favor, não fale o meu endereço pra ele.

– Tudo bem Anne, eu não falarei nada para ele. Eu e o Armando podemos ir aí hoje vê-la? – pergunta Betty na expectativa.

Anne reflete e depois de alguns segundos responde:

– Tudo bem Betty pode vir, eu não vou sair. A hora que vocês quiserem, podem vir.

Betty fica satisfeita com a resposta da amiga.

– Então iremos hoje mesmo, Anne pode esperar por nós. Um abraço amiga e se cuida viu? Nós gostamos muito de você. – fala Betty emocionada.

– Muito obrigada amiga. Vou esperá-los com muito prazer.

Ambas se despedem e desligam o telefone.

Assim que põe o fone no gancho, Betty corre até a sala de Armando.

– Meu amor, - fala Betty ao entrar e vê-lo entretido lendo alguns papéis e usando a calculadora – consegui conversar com a Anne e prometi que iremos hoje lá na sua casa.

Armando desvia os olhos dos papéis e da calculadora e olha para ela com um lindo sorriso nos lábios.

– Que bom meu amor! E ela como está? – pergunta Armando curioso.

– Bem ela me pareceu muito triste, chegou até a chorar enquanto nós estávamos conversando. – fala Betty recordando da tristeza da amiga.

– E ela perguntou do Daniel? –interroga Armando.

– Que nada, meu amor, ela está é muito magoada com ele e pediu que não déssemos o seu endereço pra ele. Ela não quer vê-lo e nem falar com ele de jeito nenhum. - diz Betty.

– Que pena! Coitado do Daniel. Vai ficar aflito ao saber que ela não quer que ele vá vê-la conosco. – fala Armando penalizado.

–A princípio a gente vai e conversa com ela, depois quem sabe fazemos com que ela mude de idéia. Mas por enquanto não contaremos nada ao Daniel. O que você acha, meu amor?
– Eu concordo plenamente com você minha querida. E quando nós vamos?

– Hoje mesmo Armando. Acho melhor, logo depois do almoço, quando tivermos adiantado o nosso trabalho. Tudo bem? – pergunta Betty mostrando entusiasmo.

Armando a olha com imenso carinho e responde:

– Como você quiser meu amor. Então tudo certo, iremos após o almoço.

Armando e Betty adiantam o mais rápido que podem os compromissos que tem na Ecomoda.

Deixam várias ordens as meninas do quartel, ao Nicolas e ao seu Gutierrez e saem rapidamente.

Betty ainda ligou para a sua mãe, pedindo que ficasse com a pequena Camila, pois talvez demorassem.

Depois de tudo organizado, Armando e Betty compram lanches para viagem, pois sua intenção é almoçar com Anne.

Enfim partem para Soacha, ansiosos pra rever a querida amiga.

A viagem foi tranqüila. Demorou mais ou menos uma hora e meia.

Quando chegam à cidade, Betty já pega o endereço na bolsa, procuram por certo tempo e por fim acham a linda casa em meio à árvores frondosas e param em frente.

Armando desce do carro e se estica todo dando a entender que suas costas doíam, Betty desce logo em seguida e faz uma massagem reconfortante em seu querido doutor.

Armando beija a sua esposinha querida e é correspondido com carinho.

Vão caminhando de mãos dadas até a porta de entrada e quando Betty ia apertar a campainha, a porta se abre de repente e vêem Anne que já os tinha visto pela janela, pois estava muito ansiosa em revê-los. Ela os recebe com um lindo sorriso.

Depois de se beijarem e se cumprimentarem efusivamente, Anne os conduz até o sofá eles se sentam.

– Anne você está bem minha amiga? Parece que não dormiu direito está pálida. - pergunta Betty preocupada olhando a amiga.

Anne conta tudo o que sentiu, a tontura, os enjôos e a falta de apetite.

Betty olha para Armando, mas não fala nada a ele. Está com uma leve suspeita.

– Anne, você está com fome? Nós trouxemos alguns lanches para comer com você. O que acha?

Anne sorri e assente, afinal estava faminta.

Betty ajuda sua amiga a arrumar a mesa, enquanto Armando vai buscar os lanches no carro.

No entanto assim que começou a sentir o cheiro dos sanduíches de presunto e mussarela, Anne sentiu um forte enjôo e assim se levanta correndo em direção ao banheiro.

Betty preocupada olha novamente para Armando e diz agora com convicção:

– Meu amor, não sei não, mas se for o que eu estou pensando, acho que nossa amiga está grávida.


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Notas finais do capítulo

Aguardem os próximos capítulos.