Chegou A Sua Vez Daniel Valencia escrita por Wanda Filocreao


Capítulo 17
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

Estou postando o capítulo 17 da fanfic. Espero que gostem e se possível comentem.



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A amiga a olha admirada:

– Mas por que Suz...digo Anne? Você vai denunciar o Daniel Valencia?

– Não, dona Silvia, eu não posso fazer isso, não tenho coragem. Mas a polícia vai querer saber por onde eu andei nestes últimos meses. E quanto antes eu esclarecer os fatos será melhor para mim. - fala Anne com convicção.

– E então o que você vai lhes contar?- quer saber dona Silvia.

– Eu direi a verdade, isto é meia verdade. – fala Anne meio constrangida - Direi que saí de casa com a minha bicicleta, que estava desesperada e chorando muito, que rodei por vários quilômetros e no estado em que estava não vi o carro na avenida e infelizmente fui atropelada por ele. –Anne continua a narrativa - Direi que Daniel, um amigo, passava por ali e muito gentilmente me socorreu e me levou ao hospital. - neste ponto Anne para a narrativa e suspira profundamente, e a seguir continua - Este meu amigo, sabendo que eu havia perdido a memória, ficou penalizado com o meu problema e me hospedou em sua casa.

Quando termina a explanação, Anne se sente desolada por ter que mentir.

– Tem que ser assim dona Silvia. Terei que mentir nesta parte da história. Não quero prejudicar o Daniel. Apesar de ter sido tão injusto comigo, não tenho coragem de me vingar dele. – diz Anne com a voz triste.

Dona Silvia concorda com ela e juntas saem de casa rumo ao distrito policial.

Tudo ocorreu como Anne previa. O delegado ficou muito surpreso com a sua história, mas em nenhum momento duvidou dela. Por que duvidaria? Ela não teria motivos para mentir.

Feita esta parte, ao saírem do distrito policial, as duas decidem almoçar.

Foram a um restaurante em que Anne ia sempre com seu marido Daniel Collacciopo.

Quando ali entrou, todos os que conheciam Anne, ficaram muito felizes em revê-la. Mas educadamente não fizeram muitas perguntas, pois sabiam da recente perda de seu marido.

Anne não estava com muito apetite. As emoções daquele dia tiraram a sua fome.

Dona Silvia insistiu para que ela comesse pelo menos a salada e o bife grelhado.

Para agradar a amiga, Anne comeu um pouco.

Quando terminaram a refeição, dona Silvia fala:

– E agora Anne? Você vai voltar comigo a Bogotá?

Anne balança a cabeça e diz com convicção:

– Não dona Silvia. Eu vou ficar aqui na minha casa, em Soacha.

– Mas e o Daniel Valencia? E se ele perguntar por você? O que eu digo?- pergunta dona Silvia preocupada.

Anne olha para a amiga com lágrimas nos olhos e responde:

– Diga que eu recuperei a memória e que já sei que ele não é realmente o meu marido e que não quero vê-lo nunca mais.

– Mas e se ele quiser saber onde você está? O que eu digo? - pergunta dona Silvia aflita.

– Diga apenas que voltei para o lugar de onde eu jamais deveria ter saído: minha casa, minha verdadeira casa. Por favor, dona Silvia não lhe dê o endereço daqui. Não quero mais vê-lo e nem falar com ele.

Dona Silvia fica triste, apesar de saber que Anne ama Daniel Valencia, sabe também que ela está muito magoada e que no momento não consegue perdoá-lo. Quem sabe com o tempo? O tempo pode mudar muitas coisas.

As duas se despedem com um abraço carinhoso.

Dona Silvia deixa Anne em frente a sua casa e parte de carro para Bogotá.

Tem certeza de que neste momento Anne prefere e precisa ficar sozinha.

“Ela precisa refletir muito no que vai fazer de sua vida de agora em diante. Meu Deus permita que com o tempo ela venha a tomar a atitude correta. Pois mais que ninguém ela merece ser feliz. A coitadinha já sofreu tanto!”- vem pensando dona Silvia enquanto dirige de volta a Bogotá.

Quando por fim Daniel Valencia olha o relógio já são três horas da tarde!

Demorou mas até que enfim conseguiu se concentrar em seu trabalho naquele dia!

Quando terminou de reler alguns relatórios que seu assistente lhe trouxera, deu uma respirada profunda. E olhando o telefone pensa ainda inquieto:

“Vou ligar para casa para saber se Suzana já voltou. Há essas horas já deve estar em casa.”

Disca o número do telefone de seu apartamento, mas foi em vão. O telefone toca várias vezes e ninguém atende.

“Vou dar mais um tempo. Quem sabe Suzana está no banho, ou quem sabe está cansada e resolveu tirar um cochilo?”- pensa tentando se tranqüilizar.

Às cinco horas, resolve ligar novamente, mas de novo o telefone toca, toca e novamente ninguém atende.

Daniel fica apavorado.

“Meu Deus, o que será que aconteceu! Neste horário já era para ela ter voltado! Será que ela está na floricultura, ajudando a dona Silvia?”

Com este pensamento Daniel liga para a floricultura. Quem atende é a própria dona Silvia, que tinha chegado há poucos minutos. Daniel reconhece sua voz.

– Alô dona Silvia? Boa tarde! Aqui é o Daniel Valencia. A Suzana está aí? Poderia falar com ela, por favor?

Dona Silvia estremece. Teria que conversar com ele, mas já tinha decidido que não seria por telefone, teria que ser pessoalmente.

– Boa tarde seu Daniel. Tudo bem com o senhor? Olha no momento a Suzana não está. Mas o senhor poderia vir aqui na minha floricultura assim que sair do seu trabalho? Pois preciso muito conversar com o senhor. A loja fica aberta até as oito horas da noite.

Daniel fica mais apavorado ainda!

“Como ela não está? Onde Suzana teria ido então?”- pensa todo confuso e preocupado.

– Olha dona Silvia, me espere que em meia hora estarei aí. Tudo bem para a senhora?- fala Daniel.

– Tudo bem seu Daniel. Vou ficar esperando. Até logo!- fala dona Silvia.

–Até logo! - Daniel concorda e desliga o telefone.

“Que estranho! Suzana não está lá nem em casa! Onde teria ido?”- pensa preocupado.

Daniel apressadamente arruma toda a papelada em sua mesa, fala com seu assistente, pega as chaves do carro e corre para o estacionamento.

Nem sabe como conseguiu se concentrar no trânsito, enquanto dirigia pensava em Suzana, no seu anjo de olhos azuis turquesa.

“Onde ela estaria? O que dona Silvia teria para conversar comigo? Será que Suzana estava doente? Ou teria sofrido algum acidente?”

Estes pensamentos todos deixavam Daniel cada vez mais aflito.

Em vinte minutos chega à floricultura, estaciona o carro em frente ao estabelecimento e desce rapidamente.

Entra e lembra-se da primeira vez que ali esteve.

Estava com ciúmes de Suzana, pois os dois rapazes na frente dele falavam dela com entusiasmo. Lembra-se ainda que a procurou com os olhos e a viu linda em meio as flores coloridas.

Lembrava-se também de tê-la tomado nos braços e beijado-a com imensa paixão e posse.

Sentiu naquele dia o quanto ela era importante em sua vida. Tinha certeza que jamais poderia viver sem o seu anjo de olhos azuis turquesa.

Meu Deus como a amava! Um amor que jamais imaginou que poderia sentir por alguém!

Nisto escuta a voz de dona Silvia, que vem vindo ao seu encontro, tirando-o de seus devaneios:

– Boa tarde seu Daniel. Como vai o senhor?

Daniel meio sem jeito a cumprimenta:

– Boa tarde dona Silvia. Olha não vou falar que está tudo bem porque não está, estou muito preocupado. Onde está a minha esposa?

Dona Silvia sente que chegou o momento da verdade.

Pede que uma sua funcionária atenda os fregueses e enquanto isso leva Daniel para os fundos da loja. Onde está uma mesinha com duas cadeiras.

A mesma mesinha onde no dia anterior se sentou com Suzana, agora Anne, e juntas conversaram sobre Soacha. E dali surgiu todo aquele movimento que fez sua amiga recuperar a memória.

Daniel senta-se. Está muito tenso. Sente alguma coisa no ar.

Sabe que essa senhora de cabelos grisalhos e olhar bondoso tem algo muito importante a lhe dizer sobre a sua Suzana.

– Bem seu Daniel, o que eu vou lhe contar, é muito difícil para mim. Mas ao mesmo tempo é algo que o senhor precisa saber. Algo que talvez mude sua vida para sempre. – fala dona Silvia tentando manter a voz firme e ao mesmo tempo calma.

Daniel fica mais aflito ainda. Mas se mantém calado. Uma porque quer saber de tudo o que aquela senhora tem a falar sobre a sua esposa e outra porque não consegue emitir nenhum som de seus lábios, tal a tensão em que se encontrava.

Dona Silvia aos poucos vai contando tudo a Daniel. Desde o dia anterior até o dia de hoje, quando ela e Suzana foram a Soacha.

Relata tudo: a visita a cidade, a praça, o teatro, a reação de Suzana ao ver a foto do pianista. O desmaio e por fim a memória que voltou para Suzana, como se acendessem uma luz onde havia uma imensa escuridão.

Daniel vai escutando com muita atenção e a cada palavra de dona Silvia, sente que o chão vai se abrindo e ele vai caindo, caindo, caindo, até chegar ao abismo mais profundo.

Quando termina o seu relato dona Silvia percebe que Daniel tem os olhos cheios de lágrimas.

Sua tristeza é nítida, ela fica com muita pena daquele jovem tão bonito e elegante a sua frente.

Percebe claramente o profundo e grande amor que ele tem pela sua Anne.

Daniel limpa discretamente as lágrimas que teimam em sair de seus olhos. Procura expressar com palavras o que se encontra no mais fundo de sua alma, mas não consegue.

Fica mudo, calado.

Tudo aquilo cai como se fosse uma pedra atingindo o seu coração.

Se sente o último dos homens. O pior deles!

Como pôde fazer tão mal a uma pessoa como Anne, a mulher que mais ama na vida?

Daniel apóia os cotovelos na mesa e abaixa a cabeça segurando-a com as mãos.

As lágrimas agora correm livremente pelo seu rosto e Daniel Valencia não se importa mais.

Não sente vergonha de mostrar os seus sentimentos àquela senhora que para ele é uma estranha.

Quem diria que esse era o mesmo Daniel Valencia de meses atrás tão arrogante e prepotente?

O homem que por ironia do destino atropelou com seu carro aquela jovem e para se ver livre das autoridades policias resolveu mentir e enganá-la tão cruelmente.

Quem diria que aquele homem, que tentando levar vantagem, teria a sua vida mudada para sempre, por causa daquela jovem, daquele anjo?

Um anjo que deu motivação e alegria a sua vida antes tão triste e solitária.

Um anjo por quem se apaixonou perdidamente.

Por que não tinha contado a verdade a ela? Por quê?

Nem ele mesmo podia se desculpar.

Dona Silvia, bondosa como sempre, se comove com o sofrimento e as lágrimas de Daniel. Pega carinhosamente em suas mãos e lhe diz com sua voz meiga e terna:

– Acalme-se seu Daniel. Olha nem tudo está perdido. Tenho certeza que Anne o ama também.

Daniel a escuta, mas não acredita que Suz..., que Anne o ame realmente. Depois de tudo o que ele fez. Depois de tê-la enganado.

– Dona Silvia, sei que foi errado o que eu fiz. Eu deveria ter dito a verdade a ela, mas fui deixando o tempo passar, achando que tudo se resolveria que ela logo recuperaria a memória e iria embora. - Daniel vai falando com a voz embargada pela dor que sentia - Mas com o tempo fui vendo o jeito dela, sua alegria, sua simpatia, sua meiguice tudo nela foi me conquistando e por fim acabei ficando perdidamente apaixonando por ela. A senhora me entende?

– Eu sei meu filho. Mas como se diz: “O tempo é o senhor da razão.” Tudo vai se ajeitar. Tenha paciência. Não perca a esperança. – fala a boa senhora em tom conciliador.

– Mas como dona Silvia! Se ela não quer me ver! Não quer mais conversar comigo! E nem sei o seu endereço! Como eu vou agüentar ficar sem ela?- aflito Daniel vai despejando as palavras.

– Calma seu Daniel, por favor. – fala dona Silvia com pesar - Sinto muito, mas não posso revelar o endereço da Anne, ela me pediu encarecidamente. O senhor tem que entender.

Daniel enxuga as lágrimas, respira profundamente se recompõe e fala:

– Está bem dona Silvia, mas se ela ligar para a senhora, por favor, me avise. Tudo bem?

– Tudo bem seu Daniel. Eu tenho o telefone da sua casa. Pode ficar tranqüilo, se ela ligar eu aviso ao senhor.

Daniel se despede de dona Silvia, agradecendo por tudo o que ela fez pela sua Suzana, isto é, pela sua Anne. Agora nem sabe se será a sua Anne realmente.

Logo que sai da floricultura e entra no carro, não sabe que destino tomar.

Para seu apartamento não tem vontade se ir. Sabe que a falta dela o perseguirá por toda a noite.

De repente um lampejo de esperança se acende em sua mente!

“Irei até a casa do Armando e da Betty! Quem sabe eles me ajudam a resolver este problema! Já tinha mesmo combinado com o Armando de ir até lá esta noite, com a Suzana, para que Betty conversasse com ela.

Mas infelizmente irei sem ela.

Não posso perder o meu anjo! Não vou perdê-la!”- pensa amargurado.

Já passam das oito da noite quando Daniel chega ao apartamento de Armando Mendoza.

Toca a campainha. Quem vem atendê-lo é o próprio Armando.

Armando abre um imenso sorriso e o cumprimenta:

– Boa Noite Daniel! Você demorou pensei que nem viesse mais.

Quando Daniel entra, Armando olha para o corredor como se procurasse alguém e diz admirado:

– E a Suzana? Onde está?

Daniel com a voz triste diz:

– Ela não virá!

– Mas por quê? - fala Armando fechando a porta desapontado e ao mesmo tempo preocupado com a expressão de seu amigo. Ele indica o sofá para que Daniel se sente.

Daniel senta-se, suspira profundamente e lhe diz:

– É uma longa história!


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Notas finais do capítulo

Aguardem os próximos capítulos.