Chegou A Sua Vez Daniel Valencia escrita por Wanda Filocreao


Capítulo 16
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

Estou postando o capítulo 16 da fanfic, espero que gostem e se possível comentem.



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O dia não estava sendo nada fácil para Daniel Valencia. Não conseguia se concentrar em seu trabalho. Estava com a cabeça nas nuvens, ou melhor, em certa pessoa de olhos azuis turquesa.

Naquela manhã quando acordou e deu por falta de Suzana na cama, ficou preocupado.

Quando então leu o bilhete que ela lhe havia deixado sobre o criado mudo, ficou mais intrigado ainda.

“Isto tudo está me parecendo muito estranho. Suzana jamais sairia sem falar comigo. Creio que alguma coisa está acontecendo. Sinto algo no ar. Mas o que será meu Deus? Será que ela já recobrou a memória? E então por que não me falou nada?”

Com todas estas indagações, Daniel não conseguia trabalhar em paz.

“Nesta noite talvez o meu destino se resolva para sempre. Tomara que a Betty consiga fazer com que a Suzana entenda e me perdoe. Eu a amo e não consigo mais viver sem ela, sem o seu carinho, sem o seu amor.”- continua Daniel pensando angustiado.

Ligou umas três vezes para casa, durante toda a manhã, para ver se Suzana já havia voltado. Mas o telefone, tocava insistentemente sem ninguém atendê-lo.

Queria notícias de Suzana. Aquilo já estava dando nos nervos!

Finalmente teve uma luz! Procurou na lista telefônica, o telefone da floricultura de dona Silvia, amiga de Suzana. Assim que achou, ligou para lá imediatamente.

– Alô! Por favor, é da Floricultura Jardim das Flores? – pergunta Daniel.

– Sim. Em que posso ajudá-lo?- responde uma voz de homem.

– Por favor, gostaria de falar com a dona Silvia. – fala Daniel.

– No momento ela não está. Quem gostaria de falar com ela? – pergunta o homem educadamente.

– Bem, o meu nome é Daniel Valencia, sou o marido de Suzana, a amiga de dona Silvia. Parece que elas saíram hoje de manhã bem cedo.

–Ah! Muito prazer! Eu sou Alfredo, o marido da Silvia. Ela gosta muito de sua esposa. Ficaram muito amigas, desde que sua esposa veio gentilmente ajudá-la aqui na floricultura. – diz com simpatia.

– Pois então seu Alfredo, eu gostaria de saber se elas vão demorar. - fala Daniel.

– Bem, pelo que sei de Silvia, elas devem voltar na parte da tarde, pois eu só posso ficar aqui a substituindo na parte da manhã. Então com certeza elas voltarão logo após o almoço. - diz Seu Alfredo.

– Ah! Então está bem seu Alfredo. Quando elas voltarem, por favor, diga a Suzana que eu liguei. Muito prazer e muito agradecido pela atenção. - fala Daniel.

– Não há de que. Muito prazer seu Daniel, passe bem. - responde Alfredo.

Daniel desliga o telefone. Está desapontado e inquieto.

“Quem sabe o que se passa com Suzana? Ontem, quando liguei para ela, achei-a muito estranha. Parecia que estava tão distante.”

Daniel segue pensativo.

“Preciso me concentrar no meu trabalho. Tenho que tomar decisões muito importantes aqui, não posso me distrair. Um deslize e os negócios irão por água abaixo.”

Daniel tem esse firme propósito. Mas os lindos olhos azuis turquesa de Suzana, teimam em povoar sua mente, deixando-o ainda mais agoniado.

Enquanto isso em Soacha, Suzana continua sua narrativa.

– Bem dona Silvia, eu e Daniel Collacciopo resolvemos nos casar. Para nós essa era a melhor solução. Tanto ele quanto eu não tínhamos mais ninguém. Um serviria de apoio ao outro.

– Vocês tiveram filhos? – pergunta dona Silvia.

Suzana se entristece.

– Não dona Silvia, Daniel era estéril, portanto não podia ter filhos.

Dona Silvia se entristecesse também.

Suzana continua:

– Como ele sabia que eu adorava crianças, resolveu me incluir no seu projeto que era ensinar música a crianças carentes. Daí surgiu a ONG “Crianças os pianistas do futuro.”

– Esta ONG fica aqui em Soacha, não é Suzana? Já ouvi falar muito dela. - diz dona Silvia.

– Sim, minha amiga fica aqui nesta cidade. Como ela exigia muito de Daniel, ele resolveu que teríamos de nos mudar de Cartagena para cá.

– Ah! Agora entendo, Suzana. O porquê de vocês virem para Soacha. – comenta dona Silvia.

Suzana continua:

– Como as nossas condições financeiras eram boas, não precisamos esperar muito e logo conseguimos comprar esta casa e a decoramos com muito carinho. - fala Suzana enquanto olha a sala com nostalgia.

– É verdade Suzana, é mesmo uma casa muito linda. Vocês moraram aqui por muito tempo? – pergunta Dona Silvia curiosa.

– Não minha cara, não chegamos a ficar aqui nem um mês. - fala entristecida.

– Mas por quê? O que aconteceu?- pergunta curiosa.

– Bem dona Silvia, assim que nos mudamos, fiquei encarregada de organizar as coisas aqui em casa e o Daniel ficou com o trabalho na ONG, pois a poucos dias teria uma apresentação dos alunos no teatro da cidade. Então ficávamos quase o tempo todo separados eu aqui em casa e o Daniel na ONG, só nos víamos no final da tarde, mas estávamos muito felizes, pois era nosso sonho que iria se realizar, o de ver nossas crianças se apresentando no teatro municipal. - Suzana relata os fatos, com se já tivessem passado muitos anos.

– Certo dia estava cuidando do jardim e o telefone tocou. Corri para atender, era um policial me informando que Daniel havia tido um ataque do coração e tinha falecido ali mesmo na ONG. - enquanto fala, lágrimas de tristeza escorrem dos olhos de Suzana.

– Agora eu entendo Suzana, a sua reação ao ver a foto do pianista. Foi mesmo um choque, minha querida recobrar a memória ao olhar aquela foto e se lembrar do triste destino dele.

– Dona Silvia, no dia em que soube da morte de Daniel, fiquei desesperada. Sai de casa do jeito que estava, toda desarrumada. Tranquei as portas, peguei a bicicleta na garagem e sai pedalando e chorando. Nem via por onde estava indo, o importante para mim era sair dali. Ficar o mais longe possível, de tudo e de todos. Pensava que assim a realidade seria apenas um sonho, um sonho onde eu não queria jamais acordar.

Suzana continua o seu relato, como se revivesse novamente cada momento daquele dia fatídico.

– Foi quando, depois de rodar muito, não percebi um carro, escutei somente o barulho dos freios e não vi mais nada. Desde então perdi a memória.

– Mas quem te acudiu Suzana? –pergunta dona Silvia curiosa.

Suzana olha para ela e dona Silvia percebe uma imensa tristeza naqueles lindos olhos azuis turquesa.

A jovem respira fundo e fala pausadamente:

– Foi o Daniel Valencia.

Dona Silvia fica admirada.

– Mas como? Então ele não é seu marido? Mas também não seria possível... pois se você estava fugindo do passado e ele.... - dona Silvia estava ficando cada vez mais confusa.

Suzana pega nas mãos da amiga e a olha bem dentro de seus olhos:

– Dona Silvia o que eu vou lhe contar agora é algo que nem eu mesma sei direito, presumo que os fatos aconteceram assim como vou lhe contar, mas quero que a senhora preste muita atenção e que me ajude a entender os fatos. Isto é, se for mesmo possível entendê-los.

Dona Silvia balança a cabeça em sinal de afirmação e fica toda ouvidos, pois sabe que Suzana deposita nela toda a confiança.

Suzana se endireita no sofá e confessa:

– Dona Silvia, o meu nome não é Suzana, o meu nome verdadeiro é Anne Elizabeth Bertoncini Collacciopo. Esta cidade, a praça, o teatro, a foto do Daniel. Hoje me lembrei de tudo o que se passou comigo, ou melhor, o que eu acho que se passou.

Dona Silvia arregala os olhos, mas continua calada e atenta, não quer atrapalhar a narrativa de Suzana, ou melhor, de Anne.

– Bem dona Silvia, como estava lhe contando, no dia em que fui atropelada, desmaiei e quando acordei estava no hospital e não me lembrava de nada.

Suzana, isto é, Anne esfrega as mãos em sinal de nervosismo e continua o triste relato:

– Quando percebi que não me lembrava de nada, e nem quem eu era, comecei a entrar em desespero, aí uma enfermeira penalizada com a minha reação, tentando me ajudar disse:

– Moça, não fique assim, olha você tem uma aliança no dedo da mão esquerda, então deve ser casada, tire e veja se tem o nome de alguém.

– Foi então que eu tirei a aliança dourada do dedo e li: Daniel.

A enfermeira sorriu aliviada.

– Não fique mais preocupada, este é o nome do seu marido e se não me engano o nome do moço que a trouxe para cá é Daniel. Ele é o seu marido, com certeza. Fique tranqüila.

Suzana segue contando tudo a dona Silvia, só não sabia o porquê de Daniel ter confirmado para a enfermeira que era mesmo o marido dela.

– Dona Silvia eu não entendo isso, por que ele mentiu?Por que me levou para a sua casa? Por que levou esta farsa adiante por vários meses, sem nunca me dizer nada? - pergunta desesperada.

– Não sei Suzana. - fala a amiga, também tentando entender toda aquela situação inusitada. - Você vai precisar conversar com ele. E pedir para que ele esclareça tudo.

– Ele me enganou, falando que eu era a sua esposa, me iludiu, eu acreditei e me apaixonei por ele. – fala Suzana angustiada e deixando o choro correr livremente.

Dona Silvia levanta-se do sofá e abraça a amiga com ternura.

“Nem sei o que dizer, ou o que fazer numa situação como essa. Meu Deus me dê uma luz. Preciso ajudá-la. Suzana sempre foi uma pessoa tão alegre, tão amiga, não merece sofrer assim.” – pensa dona Silvia enquanto a consola.

As duas ficam abraçadas por alguns minutos, por fim dona Silvia rompe o silencio e fala com carinho:

– Suzana, quer dizer, Anne, você tem realmente um grande problema, mas escute amiga, não há nada que não se possa resolver conversando. Você o ama, não é mesmo? _ pergunta olhando-a nos olhos.

– Sim, eu o amo muito. Mas não sei se poderei perdoá-lo depois de tudo o que ele fez, depois de ter sido enganada. Eu acho que ele zombou de mim, deve ter se divertido comigo. - fala Suzana chorando.

– Sinceramente eu não acredito nisto. Eu o vi naquele dia na floricultura a beijando e deu para ver claramente que ele a ama também e muito, minha querida.

Suzana reflete no que dona Silvia diz, mas não entende porque foi enganada.

– Dona Silvia eu não vou fazer nada contra o Daniel, não vou denunciá-lo para a polícia ou coisa do gênero, não quero prejudicá-lo, mas nunca mais vou querer vê-lo. – fala Suzana tristemente.

– Bem, Suzana, primeiro você terá que falar com ele. Esclarecer tudo entre os dois. Depois tomará a decisão que quiser. – diz a amiga.

Anne depois de pensar muito sobre tudo o que descobriu, fala com voz emocionada:

– Dona Silvia, a senhora me acompanharia até o distrito policial?


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Notas finais do capítulo

Aguardem os próximos capítulos.