Chegou A Sua Vez Daniel Valencia escrita por Wanda Filocreao


Capítulo 14
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Estou postando o capítulo 14 da fanfic, espero que gostem e se possível comentem.



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Depois que desliga o telefone Suzana ainda preocupada com os acontecimentos daquela tarde, resolve num impulso ligar para dona Silvia da floricultura.

– Olá dona Silvia, sou eu a Suzana. – fala meio insegura.

–Oh! Suzana, você está bem minha amiga?- pergunta ela mostrando preocupação com aquele inesperado telefonema.

– Tudo bem dona Silvia. Desculpa te ligar, mas é que ainda estou meio zonza, tentando digerir o que nós conversamos nesta tarde. As fotos que vi de Soacha e o nome daquele pianista não saem da minha cabeça. Pensando nisso, dona Silvia, tive uma idéia e queria lhe fazer um pedido. - fala meio sem jeito.

– Pode falar querida, estou aqui para te ouvir amiga. - diz dona Silvia preocupada.

–Bem, acontece que estou muito inquieta, tenho certeza que enquanto não desvendar este mistério, não vou conseguir ficar em paz. Por isso gostaria que a senhora me acompanhasse até Soacha. A senhora iria comigo até lá? – pergunta Suzana com a voz angustiada.

Dona Silvia pensa um pouco, não queria ver a sua querida amiga tão aflita, e além do mais também gostaria de ajudá-la a desvendar todo este mistério.

– Claro que sim minha amiga. E quando você quer ir?- pergunta ela.

–O mais breve possível!- diz Suzana determinada.

– Que tal amanhã bem cedo? Peço para o meu marido ficar na floricultura na parte da manhã e poderemos ir. – fala dona Silvia decidida.

Suzana respira fundo e fica satisfeita:

– Tudo bem, dona Silvia, muito obrigada. Olha, eu nem vou comentar nada com o Daniel, não quero que ele se preocupe a toa. Pois eu ainda não tenho certeza de nada. Além do mais, não sei se vou descobrir alguma coisa sobre o meu passado, ou se estas pistas são infundadas. Não é mesmo?- fala Suzana ainda com muitas dúvidas.

– Você tem razão minha cara. Então está bem Suzana, amanhã eu passo na sua casa para te pegar às sete horas da manhã. Está bem pra você amiga?- pergunta dona Silvia.

–Tudo bem. Amanhã as sete em ponto já vou estar esperando-a na portaria do prédio. E dona Silvia, muito obrigada por tudo, viu. - fala Suzana sinceramente agradecida.

Dona Silvia aconselha que ela descanse, despede-se e desliga o telefone.

Mais tranqüila, Suzana vai para o banheiro da suite tomar um banho. Enquanto a água morna escorre pelo seu corpo, ela sente uma sensação de alívio e relaxamento.

Após o banho, vai até a cozinha preparar algo rápido para comer, pois nem almoçou, está faminta.

Abre a geladeira, olha o que tem lá e decide fazer uma omelete. Bate os ovos e vai colocando tudo o que encontra pela frente: mussarela, tomate, queijo ralado, salsinha, cebolinha, cenoura ralada e sal. Coloca tudo numa frigideira aquecida com azeite e em poucos minutos está pronta uma deliciosa fritada de ovos, recheada com os vários ingredientes.

Suzana pega na geladeira uma travessa com uma salada de alface e tomate que já havia deixado pronta, tempera com azeite, vinagre e sal, põe tudo sobre a mesa com um copo de suco de laranja e janta ali mesmo na cozinha.

“Estranho, jantar assim sozinha! – pensa entristecida. - Daniel me faz tanta falta! Gosto tanto de conversar com ele, de saber como foi o seu dia no trabalho.

Às vezes, chego a ficar até embaraçada quando ele me olha daquele jeito, tão profundo e tão... apaixonado. - suspira - Sim, tenho certeza que Dani me ama! E eu também o amo, e muito!”

Enquanto Suzana se encontra absorta nesses pensamentos vai mastigando devagar, saboreando a comida, mas se dá conta que está triste e solitária sente que necessita mais que nunca da presença dele.

Depois que termina a leve refeição, Suzana lava o prato, os talheres, o copo e a frigideira, deixa tudo limpinho e em ordem na cozinha.

“Bem, se o Daniel voltar e ainda não tiver jantado, ele poderá comer, pois sobrou metade da omelete e metade da salada.” – pensa nele com carinho, enquanto se dirige ao quarto.

Pega uma revista sobre bebês - sua leitura favorita de uns tempos para cá- e se põe a ler com muita atenção.

Mas está muito cansada e logo o sono vem, sem perceber, seus olhos vão se fechando.

Neste momento, nem imagina a aflição que se apodera do coração de Daniel, e alheia a tudo dorme como um anjo, com a revista aberta ao seu lado.

Enquanto isso Daniel já chegou ao apartamento de Armando Mendoza. Este o recebe com bastante simpatia.

– Boa Noite Armando!- cumprimenta Daniel.

–Boa Noite Daniel! Sente-se que eu vou pegar uma dose de uísque para nós. - diz Armando já se dirigindo para a mesinha de vidro com garrafas e copos.

–E a Betty, como está?- pergunta Daniel gentil.

– Ah! Ela está bem, obrigado. Neste momento ela está fazendo a Camila dormir. Sabe como é tem todo aquele processo: trocar a fralda, dar a mamadeira, ninar, até que ela pegue no sono. – relata Armando, falando com ternura tanto da filha, quanto de Betty.

–Espero não estar atrapalhando nada. – diz Daniel preocupado.

– Não está Daniel, fica tranqüilo. - diz Armando com gentileza.

Passado uns quinze minutos, Betty aparece.

Ela cumprimenta Daniel educadamente:

– Olá Daniel, boa noite!

– Boa noite, Betty, tudo bem?- fala Daniel.

–Tudo bem, obrigada. Vocês estão com fome?- pergunta ela.

Armando já vai logo dizendo:

– Eu estou sim, meu amor, morrendo de fome!

Betty sorri para o seu doutor, pois sabe que quando fica ansioso ele fica com muita fome.

Daniel sorri intimamente, lembrando-se de Suzana, pois Armando falara do mesmo jeito que ela.

– Se acomodem aqui. – diz Betty, indicando a mesa de jantar - Sente-se Daniel, enquanto eu vou arrumando. – acrescenta ela já tirando o vaso da mesa da sala, depois coloca uma linda toalha de linho branca, em seguida os pratos, copos e talheres. Enquanto isso, Armando vai até a cozinha buscar umas pizzas que havia encomendado, Betty vai atrás pegar uma jarra de suco de amora.

Quando fica tudo arrumado, se sentam também a mesa.

Betty sempre gentil, pergunta a Daniel:

–Você quer que eu te sirva, Daniel, ou você mesmo se serve?

–Pode me servir, por favor. – fala ele meio sem jeito.

Betty coloca no prato dele uma fatia de pizza sabor mussarela e outra portuguesa.

Depois que todos estão servidos, Betty se senta e começam a comer em silêncio.

Pela mente de todos passa um só pensamento:

“Dizer ou não a verdade à Suzana?”

Betty e Armando trocam olhares preocupados.

Quanto a Daniel se mantém de cabeça baixa, quase se enterrando no seu prato de pizza. Não tem muito apetite e fica com o garfo, remexendo uma rodela de tomate.

Quando terminam a refeição, Betty e Armando dão uma arrumação na sala, levando tudo o que usaram para a cozinha: pratos, talheres e copos.

Enquanto isso Daniel permanece pensativo sentado no sofá.

Quando tudo fica arrumado, Betty e Armando se sentam diante de Daniel.

– Daniel - fala Betty com voz ponderada - Armando me colocou a par de toda situação, me contou tudo o que vocês descobriram sobre a vida de Suzana. Fiquei muito surpresa com toda esta situação.

– E então Betty o que acha que devo fazer? Continuar fazendo de conta que nada sei, isto é, continuar enganando a Suzana ou falar toda a verdade e por conseguinte perdê-la para sempre. - Daniel pergunta com ansiedade na voz.

Betty olha para Armando, este pega em suas mãos, lhe faz um movimento com a cabeça, como lhe dizendo que falasse o que sentia.

– Bem Daniel, como você sabe, eu gosto muito da Suzana, tenho-a como uma irmã, a irmã que nunca tive. Pois bem, eu e Armando conversamos sobre a sua situação e chegamos à conclusão que você deve falar a verdade. A verdade acima de tudo Daniel.

Daniel fica surpreso e aflito rebate:

– Mas ela vai me odiar! Eu a enganei por tanto tempo! Ela não vai me perdoar nunca!

Betty e Armando ficam com um nó na garganta! Sentem dó do amigo, mas acreditavam que nesta história toda, Daniel foi o principal culpado, nunca deveria ter enganado a pobre moça e deve, portanto, por mais duro que possa parecer, arcar com as conseqüências de seus erros.

– Vamos fazer uma coisa Daniel. - fala Betty tentando colocar paz no coração de Daniel. – não diga nada ainda à Suzana, não fale nada do que descobriu. Amanhã à noite, traga-a aqui e juntos falaremos com ela, ajudaremos você a contar toda a verdade, Daniel. Tenho certeza que ela nos escutará e entenderá seus motivos.

Daniel fica meio inseguro, mas reflete bem e não vendo outra alternativa responde:

– Tem razão Betty, ela gosta muito de você, e talvez com a sua maneira carinhosa e amiga, Deus queira que ela entenda. Quem sabe para mim ainda haja uma luz no fim do túnel. - fala conformado.

Daniel levanta-se e agradece muito àqueles dois, que agora se tornaram aquilo que ele nunca teve na vida, amigos verdadeiros.

Assim que Daniel sai, Armando abraça a sua Betty e preocupado lhe faz a seguinte pergunta:

– Meu amor, você acha que Suzana vai perdoá-lo?

Betty fica pensativa e correspondendo ao abraço carinhoso de Armando, lhe diz:

– Pode passar um tempo, meu doutor, mas uma mulher apaixonada, que ama de verdade, perdoa tudo. Você não se lembra o que ocorreu conosco?

Armando a beija com ternura e emocionado lhe fala:

– Claro que me lembro, meu amor, eu e você sofremos muito, mas o amor que sempre sentimos um pelo outro foi mais forte e você me perdoou.

–Foi sim, meu doutor eu o perdoei e perdoaria mil vezes se fosse preciso. - fala Betty com voz emocionada.

–Venha cá, minha doutora Pinzón Mendoza, me dê um daqueles beijos que me deixa louco. - diz Armando com voz sedutora.

Sem precisar que ele repita o pedido, Betty o beija com todo o amor que tem no coração. E Armando retribui na mesma medida.

Quando Daniel chega ao seu apartamento já passa das dez horas da noite.

Abre a porta devagar e repara que tudo está no maior silêncio.

Vai até o quarto e vê Suzana dormindo profundamente, parece um anjo, com os cabelos louros e encaracolados esparramados pelo travesseiro.

“Que linda visão! - observa Daniel - parece tão tranqüila, dorme profundamente. Mas o que é isto? - Daniel pega a revista do lado dela e olha o título da reportagem- OS CUIDADOS COM O BEBÊ- PARA OS PAIS DE PRIMEIRA VIAGEM- Daniel sorri -“Ela ainda não tirou da cabeça essa idéia fixa de ser mãe!” - ao mesmo tempo estremece - “Talvez depois que descobrir que a enganei por tanto tempo, queira ir embora e seu sonho que agora é o meu também, talvez nunca se realize.”

Com este triste pensamento, Daniel se troca e deita-se do lado de seu anjo, procurando não acordá-la. Custou a pegar no sono. Pensamentos sombrios lhe vinham à mente enquanto olha o seu querido anjo. Lutaria até o fim para não perdê-la!

No dia seguinte, Suzana se levanta bem cedo, às seis horas.

Se apronta cuidadosamente, procurando não fazer barulho, pois não quer que Daniel acorde e a veja saindo.

Tem o cuidado de deixar um bilhete para Daniel, sobre o criado mudo. Nele estava escrito:

“Dani, meu amor, tive que sair bem cedo e não quis acordá-lo. Fui com dona Silvia ao Mercado Central ajudá-la a comprar flores para a sua floricultura. Não se preocupe volto na parte da tarde. Te amo muito. Beijos Suzana.”

Sentia uma pontada de remorso, por ter que mentir, mas não queria que Daniel se preocupasse.

Vai para a cozinha, tomar um copo de leite, não consegue comer nada, parece que a ansiedade, tirou o seu apetite.

Quando faltam cinco minutos para as sete horas, fecha a porta bem devagar com a cópia da chave que Daniel lhe dera e desce no elevador.

Chegando à portaria, encontra o seu Dito que a cumprimenta todo sorridente:

– Bom dia dona Suzana! Como vai?

– Tudo bem seu Dito! Um bom dia para o senhor também.

Seu Dito ia lhe perguntar onde ia tão cedo, mas assim que pensava em abrir a boca, Suzana vê o carro de dona Silvia e se despede:

– Bem seu Dito até logo!

A pergunta morre em sua garganta e seu Dito fica todo curioso olhando ela entrar no carro de dona Silvia. Só consegue falar:

– Até logo dona Suzana!

E fica observando o carro ir se distanciando e sumir de suas vistas.

– Bom dia Suzana! – fala dona Silvia- Conseguiu dormir?

– Bom dia dona Silvia! Consegui dormir sim. Graças a Deus acordei descansada, pois acredito que o dia hoje vai ser de muitas expectativas, não?- diz Suzana sentindo em seu íntimo, uma certa agitação.

– Bem minha amiga, acredito que sim. Vamos então rumo a Soacha e quem sabe descobrir algo sobre o seu passado. - acrescenta dona Silvia também se sentindo um pouco ansiosa.

Neste horário o movimento está tranqüilo, não há muitos carros nas ruas. Dona Silvia é muito hábil no volante, atravessa algumas avenidas do centro de Bogotá e logo alcança a estrada que as levarão a Soacha.

Suzana recosta a cabeça no banco do passageiro e fica calada pensando no que a espera neste dia.

“Será que já estive mesmo lá? Quem seria aquele pianista, que era tão querido nesta cidade? Por que tudo isso mexe tanto comigo?”

Dona Silvia fica muito atenta ao volante, mas de vez em quando dava umas olhadelas na sua amiga que permanecia tão quieta. No íntimo torce para que tudo se resolva, pois tem um carinho imenso por essa garota, que já ama como se fosse uma filha muito querida!

Suzana vai olhando a estrada e a paisagem vai passando rapidamente pelos seus olhos: árvores, plantações, casinhas muito distantes umas das outras, montanhas ao longe, bois, vacas e cavalos pastando em campos, alguns riozinhos, mais adiante um ou outro posto de gasolina, restaurantes a beira da estrada, enfim uma paisagem comum em estradas, como tantas outras.

Sem perceber, com o sacolejar do carro, Suzana fecha os olhos e cai num sono profundo e tranquilo.

Acorda com a voz de dona Silvia, parando o carro num posto de gasolina. Nem percebe que já se passaram mais de duas horas!

– Chegamos finalmente a Soacha, Suzana! - diz dona Silvia, sem conseguir esconder a expectativa.

O brilho do sol da linda manhã ofusca os olhos de Suzana que então os esfrega procurando abri-los lentamente.

Enquanto isso dona Silvia desce do carro para conversar com o frentista, necessita abastecer com urgência, pois o ponteiro do veículo anuncia que já está na reserva.

Suzana observa tudo: as belas árvores na praça da cidade, as lindas flores e no centro dela o enorme chafariz.

Sem que dona Silvia notasse, desce do carro, atravessa a rua, que está quase sem nenhum movimento e vai até a praça, aproxima-se do pequeno lago com o chafariz e nota vários peixinhos coloridos que nadam rapidamente e se escondem assustados ao notar a sua presença.

Uma leve brisa traz o perfume das flores às suas narinas e sente que naquele lugar tudo transpira a uma imensa paz.

Porém o semblante de Suzana se torna tenso, ela vira-se de repente para onde está dona Silvia e sem saber por que começa a chorar.

A amiga que depois de pagar o frentista notou a ausência de Suzana no carro, procurou-a e com o olhar a encontra parada, olhando para ela. Dona Silvia nota que Suzana parece tensa e ainda que grossas lágrimas escorrem de seus lindos olhos azuis turquesa.


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Notas finais do capítulo

Aguardem os próximos capítulos.