Chegou A Sua Vez Daniel Valencia escrita por Wanda Filocreao


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Estou postando mais um capítulo da fanfic. Espero que gostem e se possível comentem.



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Armando fica tenso e ao mesmo tempo emocionado, lê pausadamente, a manchete escrita em letras garrafais:

MORRE O PIANISTA DANIEL COLLACIOPO

Daniel pego de surpresa, não acredita no que ouve. Rapidamente, se vira, contorna a mesa e chega ansioso até a tela do computador onde está Armando e não sente mais dúvida quando lê com seus próprios olhos o que Armando tinha lido segundos atrás:

MORRE O PIANISTA DANIEL COLLACCIOPO

Daniel e Armando ficam embasbacados!

Como isto é possível? Quando aconteceu? Qual seria a causa da sua morte? Suzana sabia?

Tantas perguntas, perguntas estas que povoam as mentes de Daniel e Armando! E o pior perguntas sem respostas!

Armando consegue controlar sua ansiedade e segurando o mouse com as mãos tremulas vai abaixando na tela do computador e surge um texto maior com mais notícias sobre o pianista:

- Daniel, veja, aqui tem mais informações. Você quer ler ou quer que eu leia?- pergunta ele.

Daniel assente com a cabeça dando a entender que é para Armando ler, pois está muito ansioso e se sente incapaz de fazê-lo. Fica atento ouvindo-o ler a reportagem completa:

“Daniel Collacciopo, italiano, naturalizado colombiano, brilhante e renomado pianista, é encontrado morto em sua ONG –“CRIANÇAS, OS PIANISTAS DO FUTURO”, na cidade de Soacha, Colombia.

ONG esta que ele próprio criou com a ajuda da sua bela e atuante esposa Anne Elizabeth Bertoncini Collacciopo, também pianista, que com seu imenso talento já despontava no meio artístico.

- Ah! Então este é o verdadeiro nome dela. – diz Daniel entristecido. Anne Elizabeth Bertoncini Collacciopo. – repete este nome pausadamente, tentando memorizá-lo.

Armando Mendoza continua lendo agora em voz alta:

“Presume-se que o pianista e bem feitor da ONG tenha morrido de um ataque fulminante do coração.

Ele mudou-se de Cartagena para a cidade de Soacha, há apenas um mês.

Seu sonho era ensinar a sua arte às crianças carentes.

Deixa a esposa sem filhos.”

Movendo o mouse, mais para baixo, Armando encontra outra notícia, só que em uma página policial de um jornal famoso de Soacha, lá está escrito em letras bem menores.

Armando então lê pausada e atentamente:

“A polícia local estranhou o desaparecimento de Anne Elizabeth Bertoncini Collacciopo, esposa do renomado pianista. Fato este que presume ter acontecido logo após ter sido avisada de sua morte, por telefone, pela polícia local.

Os vizinhos do casal, não tinham muito contato com eles, pois o pianista e sua esposa haviam se mudado há poucos dias para aquele bairro.

Mas algumas testemunhas que mora no local, relataram que viram uma jovem loira sair de bicicleta da casa do pianista, no dia provável da sua morte.

Outros ainda dizem que ela chorava muito, enquanto dirigia a bicicleta em alta velocidade.

Desde este dia ela nunca mais foi vista.”

- Minha pobre Suzana! Creio que foi naquele dia em que a atropelei, ela deve ter recebido a notícia da morte do marido. Devia estar tão desesperada que não viu o meu carro. - fala Daniel com pesar.

-Veja Daniel, pela data destas reportagens, já se passaram vários meses da morte do pianista. – alerta Armando, observando com atenção as datas tanto da revista, quanto do jornal.

- É verdade- diz Daniel, também examinando as datas na tela do computador - tudo me leva a crer que o tempo que Suzana está comigo é justamente o tempo em que ela sumiu da casa onde morava. E agora Armando, o que é que eu faço? Conto tudo o que descobrimos a ela? Ou fico calado?

Armando fica por um momento pensativo.

“De qualquer maneira qualquer uma das opções será muito ruim para Daniel. Para tomar a atitude certa, tem-se que pensar muito bem. É uma situação muito delicada.”- refletia Armando consigo mesmo.

Daniel estava desesperado, não sabia o que fazer. Não queria em hipótese alguma pensar em perder a Suzana, ou melhor, Anne. Não para ele seria sempre Suzana! O seu anjo, a sua vida, o amor que conhecera em forma daquela mulher de lindos olhos azuis turquesa.

Armando de súbito teve uma idéia:

- Daniel, o que acha de irmos para o meu apartamento e conversarmos com a Betty? Ela é sempre tão ponderada e tranqüila nas decisões que toma. Além disso, ela e Suzana se tornaram boas amigas. Tenho certeza que poderá ajudá-lo.

Daniel fica um instante pensativo. Lembra-se o quanto fora arrogante, prepotente e por vezes até mal educado com Betty.

Tinha vergonha de suas atitudes do passado, pois agora entendia que todo ser humano deve ser respeitado, independente de suas condições físicas ou sociais.

Devia isso a sua Suzana, que sempre fora um ser humano incrível, amiga de todos.

Mas lembra-se do quanto Suzana gostava de Betty, e como elas haviam se entendido desde o começo, e finalmente aceita a proposta de Armando.

- Está bem meu caro. Hoje após o trabalho, eu irei direto ao seu apartamento, nem passarei em casa, pois não suportaria ver a Suzana, e continuar mentindo, depois de tudo o que descobri.

Os dois combinam então de se encontrarem no apartamento de Armando às 19 horas.

Feito isto Armando se despede de Daniel, não sem antes confortá-lo com um abraço fraterno. Ambos ficam muito emocionados!

Enquanto isso Suzana, não sabendo de nada, resolve ir à floricultura comprar umas flores para enfeitar o apartamento e conversar um pouco com sua amiga Silvia, a dona da floricultura, pois fazia tempo que não a via.

Lá chegando a encontra bastante atarefada, atendendo alguns clientes, fazendo lindos arranjos de flores e ao mesmo tempo cobrando na caixa registradora.

Sem pensar duas vezes, Suzana a cumprimenta com um abraço rápido e já se põe a ajudá-la com os clientes.

Silvia fica muito feliz com a ajuda daquela jovem tão simpática e prestativa.

Quando o movimento fica mais sossegado, Silvia chama Suzana pra tomarem um cafezinho num cantinho da floricultura, onde tem uma mesinha arrumada com uma toalha florida e sobre ela uma garrafa térmica com o café, as xícaras e ainda um bolo de chocolate, que ela mesmo havia preparado.

As duas se sentam por alguns instantes e começam a conversar:

- Como vai dona Silvia? Faz tempo que nós não nos vemos. – fala Suzana enquanto come o delicioso bolo.

- É verdade minha amiga. Eu andei fora por alguns dias, fui visitar meu filho e minha nora que moram em Soacha, uma cidade aqui perto de Bogotá. - responde dona Silvia.

De repente, Suzana para de comer e fica parada, como se lembrasse de algo.

- O que foi Suzana? Aconteceu alguma coisa?- indaga dona Silvia preocupada com a reação da amiga.

- Não sei... Mas parece que este lugar... este nome não é de todo estranho para mim... Parece que eu já ouvi...falar desta cidade...ou já fui a esse lugar, não sei ao certo... - diz ela pensativa.

Dona Silvia já sabendo do problema de falta de memória de Suzana procura deixá-la tranqüila:

- Ah! Este lugar é muito conhecido. Vai ver você ouviu alguém falar, não é mesmo?

- E por falar nisso olha aqui, – diz mostrando o celular a ela - tirei algumas fotos de alguns lugares de Soacha. Esta é a praça principal da cidade – continua Dona Silvia indicando a foto a Suzana, esta olha com curiosidade - veja que lindo é o seu jardim com estas flores variadas, olha o chafariz onde a água jorra no lago de peixinhos multicores e aqui está o teatro municipal, onde se apresentam músicos famosos - quando dona Silvia fala estas palavras, Suzana fica estática, como se algo tivesse lhe atingido em cheio.

Dona Silvia fica preocupada ao ver a reação de Suzana.

- O que foi minha amiga? O que está acontecendo com você?- fala segurando-a pelo braço.

- Não sei dona Silvia, acho que algo está passando em minha mente, uns flashes. Parece que eu já vi este lugar, ou melhor, eu já estive nesta praça, eu já vi este chafariz, e este teatro parece que eu já entrei lá dentro.

Dona Silvia olha atentamente para Suzana e percebe que ela esta falando realmente a verdade, tal a reação e a emoção que sentia quando visualizava as fotos que mostrou.

De repente se lembra de algo:

- Olha Suzana, eu estive neste teatro aí da foto neste sábado, assistindo um concerto musical, acho que ainda tenho até o programa aqui na minha bolsa. – fala dona Silvia pegando a bolsa e mexendo dentro dela até encontrar o que procurava.

- Veja - fala dona Silvia, estendendo o folheto com a programação do concerto para Suzana.

Suzana pela o folheto das mãos de dona Silvia e lê com atenção, em seguida fica branca como cera e cambaleia.

Dona Silvia fica assustada com a reação dela e a segura pelos ombros, fazendo-a sentar-se novamente.

- O que foi minha amiga? O que se passa com você? - pergunta aflita.

- Dona Silvia... este nome... eu ... parece que é conhecido para mim... eu não sei ao certo...- fala Suzana tentando se lembrar e mostrando a ela o nome que lhe provocou tal reação.

Dona Silvia lê com atenção o que ela está lhe indicando:

“Nesta apresentação de hoje, faremos uma homenagem ao brilhante e querido pianista Daniel Collacciopo, falecido há alguns meses atrás.”

- Daniel Collacciopo? De onde você o conhece, Suzana?- pergunta dona Silvia.

Suzana começa a chorar copiosamente:

- Eu não sei... mas eu tenho certeza que eu conheci este pianista...não sei como, mas no meu íntimo algo me diz que ele esteve presente em minha vida.

- Olha Suzana, - fala dona Silvia tentando acalmá-la- você me disse certa vez que também toca piano, quem sabe ele não foi um seu professor, ou alguém que te inspirou. Vamos querida, pare de chorar, eu prometo que vou ajudá-la a descobrir. – continua a amiga abraçando-a com carinho.

Suzana vai se acalmando, ainda tem nas mãos o folheto com a programação do concerto.

- Dona Silvia... posso ficar com isto? – pergunta Suzana mostrando o folheto a amiga.

- Claro que pode meu bem. Fique com ele. - fala dona Silvia procurando acalmá-la - Olha você não está bem, é melhor voltar para casa. Quer que eu vá com você?

- Não, não é preciso, já estou me sentindo melhor. – fala Suzana, já se levantando, abraçando a amiga e quando está saindo da floricultura na porta acrescenta:

-Obrigada por tudo dona Silvia.

E sai meio tristonha e preocupada.

“Será que minha vida vai ser sempre assim? Uma incógnita, uma interrogação? Por que eu não me lembro? O que este pianista tem a ver com minha vida? Quem será ele?”

Estas dúvidas povoam a mente da pobre Suzana.

Envolta em mil pensamentos, chega ao apartamento, assim que coloca a chave na fechadura, o telefone toca. Suzana, abre rapidamente a porta, entra e corre a pegar o telefone.

É Daniel:

- Olá meu anjo? Como foi o dia de hoje?

- Bem...bem...- responde Suzana.

Daniel estranha o jeito dela, triste, parecendo preocupada.

- O que foi meu anjo, você está bem?- Pergunta Daniel ansioso.

- Ah! Tudo bem meu amor. Quando você chegar eu lhe conto. Olha, não é nada para se preocupar. - fala Suzana sem muita convicção.

- Bem, meu anjo eu estou te ligando para avisar que vou chegar mais tarde, pois tenho uma reunião importante aqui no trabalho. Não precisa me esperar para o jantar. Está bem?

-Tudo bem meu amor. Um beijo. - despede-se ela.

- Outro beijo, meu anjo.

Quando desliga Daniel está preocupado, pois achou a voz de Suzana diferente, um pouco triste, talvez até ansiosa.

Mas em todo caso, mais tarde falaria com ela. E dependendo do que resolvesse hoje, talvez até ela não quisesse saber mais dele. Este pensamento fez com que o coração de Daniel se apertasse sentindo uma profunda dor.


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Notas finais do capítulo

Aguardem os próximos capítulos.