Duas semanas era o tempo que eu já estava naquele buraco em que chamavam de La push. Duas semanas que eu não falava com a minha mãe (se é que aquela altura ela poderia ser chamada de mãe) duas semanas que Embry vivia no meu encalço, e duas semanas que eu não via Jacob Black.

Ele havia sumido ou estava me evitando não sei. Depois do acontecido na floresta naquele dia eu não o vira mais e também não procurei por noticias. Durante aquele tempo eu me via inquieta, me pegava noites em claro pensando e não era porque eu queria, simplesmente acontecia. Eu me pegava pensando em Jacob Black involuntariamente e o tempo todo.

Edward havia me ligado naquela manhã, e me perguntei mentalmente qual era o motivo da ligação. Meu pai nunca ligava.

-surpresa?- perguntou ele depois que o interroguei sobre o motivo da ligação.

-um pouco. - admiti. –como estão as coisas pai?- perguntei.

Ouvi-o suspirar do outro lado da linha.

-melhores... Consegui uma promoção no trabalho, acho que finalmente as coisas estão se ajeitando. - ele fez uma pausa. -fiquei sabendo do acontecido com a sua mãe. - disse ele por fim. –você esta bem?

Encostei-me no batente da varanda e suspirei.

Era difícil conversar sobre sentimentos com o meu pai, éramos tão parecidos! Éramos reservados, durões. Raramente falávamos sobre sentimentos um com o outro, tanto que quando ele foi embora ele não me dera muitas explicações... Apenas havia dito que bella e ele haviam chegado ao limite e que não havia mais jeito de continuarem juntos. Eu o vira apenas duas vezes antes dele se mudar para o Brasil e nessas duas vezes a coisa mais difícil foi olhá-lo nos olhos e ver a tristeza que ele ainda sentia por ter ido embora, mas aquela altura eu não podia culpá-lo por tal decisão.

-você ainda não me disse o motivo da ligação.- falei mudando de assunto.

-bom...- ele começou. –eu sei o quanto você não gosta de La push e tudo mais, me instalei em São Paulo há pouco tempo às coisas ainda estão um pouco difíceis e como consegui uma promoção há pouco tempo creio que em alguns meses... Se você quiser é claro, você pode vir morar comigo aqui.

-morar com você?- arfei surpresa.

-se você quiser é claro.

-mais é claro que eu quero!- gritei dando pulinhos nos degraus.

Ouvi-o rir.

-o apartamento é pequeno... Mas vamos conseguir acomodar você por aqui. –prometeu ele. –em três meses no máximo você vem pra cá.

Fiz uma careta.

Três meses ainda era muito tempo.

-se quiser eu vou hoje mesmo pai. –falei. –eu vou a pé se você quiser.

Ele riu de novo.

-se quiser chegar aqui sem eles... Eu mando as passagens assim que puder.

Suspirei.

-certo... Bom é melhor você desligar, ouvi falar que ligações do Brasil pra cá são caras.

-uma fortuna. - concordou ele. –eu amo você querida, nunca se esqueça disso.

Sorri um pouco.

-eu também amo você pai.

-até breve. - disse ele.

-até. – eu disse e desliguei o telefone.

Fiquei mais um tempo ali encostada-se ao batente da varanda, na maioria das vezes era ótimo conversar com o meu pai embora as lembranças obscuras da nossa vida viessem junto com a felicidade de poder conversar com ele.

De longe avistei embry vindo pelo pela estrada, aquele garoto agora vivia grudado comigo... Mas eu tinha de admitir que ele fosse bem legal. Era engraçado vê-lo flertar comigo sem sucesso.

-chegou cedo. - observei enquanto ele vinha ao meu encontro.

Ele deu os ombros.

-vim te chamar para irmos à praia... Topa?

Olhei o céu sugestivamente, até que não tinha muitas nuvens no céu eu podia aproveitar a manhã sem que tomasse um banho de chuva em plena praia.

-vou trocar de roupa. - falei enquanto entrava.

-não demora!- gritou ele da varanda. –to louco pra te ver de biquíni. - disse em tom mais baixo.

Revirei os olhos.

PDV Jacob Black.

Chutei um pequeno cascalho enquanto andava até a garagem, eu já estava cansado de ouvir meu pai e suas reclamações. Ele passara a manhã inteira reclamando porque eu havia deixado suas panquecas queimarem, ele dizia para eu sair do mundo da lua e prestar mais atenção na vida... Como se eu não tentasse fazer isso!

Ela estava no meu cérebro, corroendo os meus neurônios e eu já estava a ponto de ficar louco... Desde que eu havia quase a atropelado ela não saia dos meus pensamentos, como se houvesse se alojado em um canto do meu cérebro e havia baixado a lei de que não sairia tão cedo dali.

Mas meu problema maior não era esse... E sim Leah. Ela simplesmente não aceitava minha decisão de terminar nosso namoro, a verdade era que nosso relacionamento não era mais o mesmo há muito tempo.

Tudo começou quando leah foi para a faculdade já namorávamos naquela época e eu ainda estava no colegial, e não me importava em namorar uma garota alguns anos mais velha porque no quesito maturidade leah sempre ficava pra trás. Ela fazia faculdade de medicina em Seattle, e como sempre andava cansada depois de trabalhar o dia inteiro e cursar faculdade à noite não tínhamos muito tempo juntos.

Com o dinheiro da herança do falecido Harry havia comprado um apartamento por lá, e há não muito tempo havia recebido uma proposta de estagio em nova York num super hospital particular e esperava que eu fosse com ela também. Claro, eu havia ficado super orgulhoso dela já que morar em uma cidade grande como nova York era o sonho de leah... Um sonho que não fazia parte dos meus planos.

Nunca me imaginei longe de La push e aquela ideia me assustava, eu não podia simplesmente deixar meu pai na situação em que ele se encontrava, não podia deixar La push... É claro, quando disse a ela que eu não ia a lugar nenhum ela ficara louca.

Eu também tinha os meus planos, meus sonhos... E nenhum deles se encontrava em uma cidade como aquela.

Há muito tempo eu já estava ciente daquilo, eu nunca a enganei... Mas há muito tempo eu sempre me pegava perguntando se a amava e nunca soube me responder. Fato é que o nosso relacionamento não era o mesmo há muito tempo, e com o tempo eu pude perceber que eu não significava muito para ela. Um relacionamento onde não existe mais amor em ambas às partes não tem motivos para continuar. Eu havia sido bem claro com ela, eu não queria enganá-la. Não queria prometer a ela o que eu não podia dar... Ela tinha os sonhos dela e eu os meus.

Senti meu celular vibrar no bolso do short me fazendo sair de meus devaneios, olhei o visor por um instante e suspirei.

-alô?- atendi.

-jake cara... Onde você tá?- era seth.

-em casa Mané... O que você quer?

-o pessoal todo tá aqui na praia... Sai desse buraco ai e vem logo pra cá.

-não to a fim de ir pra praia. - falei.

Ouvi-o grunhir.

-dou dez minutos pra você vir pra cá, caso contrario eu e Embry vamos ai pegar você. - ameaçou ele. Revirei os olhos.

-seth eu não...

-dez minutos!- repetiu ele e desligou.

Fiquei ali por uns minutos fitando o visor apagado do celular.

Até que não era má ideia... Era melhor do que meus planos de ficar em casa. Peguei minha moto e subi logo dando a partida, eu precisava mesmo esfriar a cabeça.

OoO

O dia não era um dos melhores para se for à praia, muito vento e pouco sol naquele lugar... O Maximo de dias ensolarados que La push nos oferecia era no máximo cinco dias de sol ao ano. Assim que dei a volta no paredão de samambaias eu os avistei. A maioria os meus amigos estavam lá, chutando e xingando uma inútil bola de futebol enquanto corriam feito baratas tontas atrás da bola.

-JAKE!- ouvi a voz de seth gritar, ele estava sentado na areia os observando. Caminhei até ele e me sentei na areia. –minha ameaça surtiu efeito não?- ele riu.

Dei os ombros.

-quem esta vencendo?- perguntei.

-o time de Sam esta na frente, Quil está morrendo de raiva.

Ele apontou para quil que mais gritava com a bola do que corria atrás dela.

Olhei em volta por um instante.

-pensei que você tivesse dito que embry estaria aqui. - falei.

-ah é mesmo. Ele foi buscar a nessie lá na casa dela... Sabe, quer saber o que eu acho? Acho que o Em tá amarrado nela cara.

Trinquei os dentes quando ouvi aquilo, embora soubesse daquilo desde o primeiro minuto em que o vi perto dela.

-eu sei. - falei.

Seth virou o rosto me analisando por um instante.

-ainda bolado com a leah?

Suspirei.

-quem dera fosse só isso.

Ele ergueu as sobrancelhas.

-tem mais?

Olhei para os lados por um instante.

-eu vou te contar uma coisa... Mas vê se não surta que nem mulherzinha aqui não ok?- pedi.

Ele assentiu.

-eu e nessie a gente quase... Nos quase...

-AH NÃO JAKE!- explodiu ele arregalando os olhos. –VOCÊS NÃO FIZERAM O QUE EU ESTOU PENSANDO QUE FIZERAM NÉ? VOCÊS USARAM CAMISINHA?

-eu falei pra você não dar chilique! Eu ainda não terminei de falar!- murmurei entredentes e continuei: - não rolou nada disso do que você esta pensando... Quase nos beijamos outro dia. Mas eu não consegui fazer isso.

-você ia trair a minha irmã?- acusou ele.

Dei um tapa na testa dele.

-eu já tinha terminado com ela.

-menos mal... E não rolou por quê? Ela é livre e desimpedida. E você também.

-por isso. - murmurei. Erguendo o queixo para a orla da praia, nessie e embry andando na beirada do mar com os pés na água, qualquer um que os visse assim pensaria que eram um casal de namorados.

-ainda não entendi. - disse ele.

Bufei.

-o embry gosta dela cara... Eu simplesmente não podia fazer isso com ele, por mais que eu quisesse. Embry é o meu melhor amigo.

-isso não é algo que você deva decidir sozinho... E se ela gostar de você também?

O olhei por um instante... Lá vem ele com seus conselhos sem pé nem cabeça.

-Ela parece gostar dele. - murmurei.

-ouviu isso da boca dela por acaso?

-seth o embry gosta muito dela e eu não vou me envolver com ela e ponto final.

Seth levantou os braços como quem se rende.

-tudo bem. - disse por fim.

Olhei para a orla da praia onde eles estavam... Por mais que eu me sentisse completo ao lado daquela garota que eu mal conhecia, seria um erro me envolver com ela daquela maneira. De um jeito ou de outro... Ela era a garota do Embry.