Droga, deixei de novo a cortina aberta... Espera, essa luz não está vindo da janela, a luz está vindo do meu quarto.

- Merda Clove - falei quando ela tirou a coberta de mim - vai fazer alguma coisa de útil.

- Você está atrasada Kat - fala Clo rindo e logo em seguida jogo o meu travesseiro, mas ela desvia e sai correndo do meu quarto. Eu mato aquela baixinha.

Olho para o relógio na maior paz... Mas quando vejo que horas são pulo da cama e vou tomar banho. Já são 6:40 e eu tenho que estar lá na lanchonete ás 7:00 e o trânsito daqui de Manhattan não é nada legal.

Tomo banho em tempo recorde e me troco. Coloco uma saia soltinha preta uns dois dedos a cima do joelho, uma blusa de botão clarinha que a manga vai até o cotovelo e uma sapatilha da mesma cor que a blusa.

Pego minha bolsa e jogo o celular e a carteira. Vou saguindo até a porta:

- Tchau pessoal, até mais tarde.

Desço para a calçada e por sorte consigo um táxi, meu carro está no conserto e a lanchonete é muito longe do apartamento. Durante o percurso passo uma leve maquiagem. Eu sei que pra ir trabalhar não precisa se produzir tanto assim, mas, depois do trabalho eu vou direto pra faculdade.

O carro para enfrente a District 12 e jogo o dinheiro para o motorista. Salto para fora do carro e dou a volta na lanchonete indo diretamente aos fundos. Quando entro vou para a sala dos funcionários e me deparo com o vazio – já estão todos se arrumando – jogo a bolsa no meu armário e pego o meu uniforme, que é só um avental e o meu crachá.

Saio da sala e vou para o salão onde funciona a District 12.

- Katniss, atrasada de novo – diz Cinna meu chefe – você precisa ser mais pontual, já iremos abrir a lanchonete – apesar de ele estar bravo, o Cinna é uma pessoa bacana.

- Me desculpe Cinna, isso não irá acontecer de novo – respondo envergonhada, já é a 3ª vez nessa semana, e olha que ela mal começou, hoje é terça-feira então...

- Tomara que sim – só fala isso e vai para a cozinha.

Eu vou em direção as portas automáticas e as destravo com a chave que Cinna me deu temporariamente. Como ainda não tem ninguém vou conversar um pouco com as minhas colegas de trabalho.

            Algumas horas depois...

Hoje a lanchonete está bem movimentada. É pedido pra cá, refrigerante pra lá, lanche aqui, sujeira acolá. Está um verdadeiro caos hoje. E eu pensando que não iria estar tão cheio assim. Mas o que mais tem aqui são jovens do colegial. Que estão fazendo excursão com o colégio. Eu me lembro da época que fazia parte dessas turminhas. Foi quando realmente as panelinhas começaram.

Eu tinha 15 e Peeta também, foi quando eu fiz o teste de líder de torcida e consegui, com essa “conquista” também passei a fazer parte do grupo dos populares. Mas os meus amigos não quiseram. Foi aí que comecei a mudar o meu comportamento. Fútil.

Comecei a usar só roupas de marca, falar mal das pessoas, humilhá-las e até dava molhe pros garotos do colégio. Mas eu nunca chifrei Peeta, e foi graças ao mesmo que eu nunca o traí, ele sempre me dava broncas, mas nunca me deixava. E até hoje o agradeço por isso.

Podem me chamar de vadia ou qualquer coisa que quiserem mas era a mais pura verdade. Eu até tinha me tornado capitã das líderes de torcida. Mas só no último ano do colegial que a minha ficha caiu.

Eu quase não falava com os meus amigos. A maioria me odiava. E o único em quem eu podia confiar era Peeta. Com a sua ajuda eu consegui ser como era antes. Consegui meus amigos de volta e o meu rótulo de oferecida sumiu e voltou Katniss de antes. A menina normal, sem frescuras, de bem com a vida e com os amigos. O seu antigo rótulo. Que é assim que nós vivemos no colégio, de rótulos. E são esses rótulos que nos definem.

É claro que tive dificuldades para ser aquela menina. E até hoje as vezes tenho um ataque de loucura e torro o meu dinheiro. E nesse tempo que Peeta me ajudou nós fomos nos aproximando mais como namorados e menos como amigos.