Tinha acabado de voltar de uma caçada, minhas botas estavam sujas de barro vermelho o que me fez hesitar em entrar no carro com elas. Estava em S.t Louis concluindo um caso de Metamorfo (tomam a forma de uma pessoa, para poder se misturar e arranjar o que comer, claro os próprios humanos). O tempo estava terrível. Dirigi para o motel, para poder pegar minhas coisas, já tinha dois novos casos, e eu não podia descansar.

Quando cheguei, minhas coisas estavam desarrumadas, comecei a juntar tudo que via pela frente e enfiar dentro da mochila de qualquer jeito. Quando percebi que tinha uma mensagem no meu celular era de Luke: ‘’ Preciso de ajuda, 0-4-5-6-7 ‘’ . Luke precisando de ajuda, ele era a última pessoa que pediria ajuda, era um nerd e muito bom caçador, geralmente eram as pessoas que iam até ele pedir ‘’socorro’’. Junto com o pedido, percebi que ele havia me mandado coordenadas. Fui direto ao meu Notebook e digitei os números da mensagem, ele estava em Chicago.

Peguei o resto de minhas coisas, embolei tudo e sai às pressas. Embora eu não tivesse a mínima idéia de onde ele esteja o GPS do celular ajuda, sempre deixamos ligado caso aconteça exatamente isso

* * *

O GPS me levou até um galpão abandonado no interior da cidade, eu tinha de ter um plano para entrar lá, Luke não estaria sozinho algo tinha o pegado. Parei o carro do outro lado da rua, que a mesma dava para um beco sinistro. Já tinha anoitecido desci do carro, no porta-malas tinha um arsenal armas, facas, água benta para (demônios), sal (fantasmas e demônios), falsas identificações e mais armas. Peguei minha pistola e me dirigi para entrada do galpão. Fui a passos largos sorrateiramente.

Quando entrei completamente no lugar, percebi que tinha várias entradas diferentes, entrei na primeira e avistei duas silhuetas. Uma estava sentada em uma cadeira, com braços e pernas amarrados e com uma mordaça na boca, esse era Luke. E a outra estava á sua frente com uma faca, era uma mulher, e eu a conhecia.

Ela fazia perguntas a ele, mais eu tinha de ter certeza que era ela. A cada resposta provavelmente errada ela rasgava sua pele com a ponta da faca. Luke estava horrível, sangue escorria de sua boca e nariz, suas costas estavam cortadas e a camisa também. Deixei a arma levantada, iria pega-la pelas costas. As caixas de madeira me ajudaram no inicio, mas depois tive de sair de trás delas, não arriscaria um tiro de longe como esse, poderia acertar o alvo errado.

Quando já estava perto suficiente para atirar, ela se virou e era quem eu imaginava.

– Olá garotão – Disse ela com a voz sarcástica.

– Meg Masters, a vadia de olhos pretos. – Olhei para ela com desprezo, Meg era nada menos do que um demônio que eu conheci de longo prazo, eu ainda não a matei por que tinha uma questão pendente, ela havia sido minha namorada. Não era justo acabar com aquele corpo com que ela habitava, dentro dele ainda havia a garota dócil que conheci no 2° grau, claro eu poderia ter exorcizado ela a menos que o demônio já tenha acabado com o corpo, ou seja, se a alma poluída ali dentro sair, Meg irá morrer, então eu prefiro que o maldito demônio continue ali.

– Não seja rude, sua menina ainda está aqui dentro, bem lá no fundo ela pede socorro, mas você não vai ceder vai? – Ela estava brincando com a faca na mão, olhando diretamente para mim.

– Primeiro, vai se ferrar, segundo o que você está fazendo com Luke aqui amarrado? – Dei um passo na direção dele, mas ela se postou a minha frente, ficando cara a cara com ela, ela tinha cabelos morenos um rosto bem definido, olhos castanhos estava com uma roupa colada de couro preto, e usava botas. Ela pegou a faca e colocou no meu pescoço.

– Você sabe que essa sua pistolinha não vai nem fazer cócegas, certo?

Infelizmente eu sabia demônios não se feriam tão facilmente, água benta queimava sua pele, mas ali eu não tinha nada disso.

– O que você quer com ele? – A empurrei para o lado, agora me sentindo sujo.

– Não é da sua conta, pequeno grande homem, agora se me dá licença tenho que terminar de torturar meu nerd favorito.

Ela se virou de costas a mim, pegou a faca e enfiou no braço esquerdo de Luke, ele berrou de dor, mas o grito foi abafado pela mordaça. Já não agüentava vê-lo naquele estado, peguei a pistola mesmo que não fizesse efeito, dei dois tiros seguidos em suas costas. Ela se virou novamente e notei raiva em seus olhos que agora estavam preenchidos de preto, ela disse a punhos fechados:

– Isso foi realmente péssimo, sinto muito, mas vou ter que te matar agora.

– Eu não quero te machucar, apenas solte-o, agora! – Ela fez um gesto com as mãos que me fez cair em cima das caixas de madeira, eu tentei levantar, mas ela já estava do meu lado, me puxou pelo braço e me deu dois socos seguidos o que fez sangrar meu nariz, consegui dar um soco nela, mas ela realmente era forte. Os socos foram se intensificando e cada vez fui ficando, mas desnorteado. Só então quando ela parou pude ver a expressão de puro prazer em seu rosto, ela chegou bem perto do meu rosto, encostando o nariz no meu e então disse sinicamente:

– Você está enferrujado cowboy. – Ela deu um leve sorriso de satisfação.

Cuspi no rosto dela, o sangue se misturou com a saliva, ela contraiu o rosto.

– Não seja mal-educado queridinho, agora você vai ser punido por isso.

Ela pegou a faca com que usava para ferir Luke, e passou na minha bochecha abrindo um corte pouco profundo, a faca desceu para meu pescoço ela passava devagar, abrindo pequenos cortes.

– Você foi um bom namorado, mas agora... ­­ – Ela apertava a faca no meu pescoço sem hesitar. Eu não tinha como impedir, mas sim o nerd todo ferrado.

– Bons sonhos, vadia. Ah é aprenda a dar nós decentes, eu fui escoteiro. – Luke tinha passado o facão que estava perto das caixas de madeira, no pescoço de Meg, a fumaça preta saiu pela sua boca, ela iria possuir outro corpo, mas agora a cabeça de que ela pertencia estava caída no chão.

– Cara eu sinto muito. – Disse Luke com pesar na voz, ele havia acabado de matar algo que já fora humana, mas na verdade eu sempre soube que ela estava morta.

– Tudo bem cara, você fez o que tinha de fazer. – Me levantei do chão, para ajudar Luke, o que era irônico por que ambos estávamos ferrados.

* * *

Nós já havíamos saído do galpão, o carro de Luke estava coberto com uma lona preta enquanto ele ia retirando perguntei a ele algo que estava me incomodando.

– Primeiro como você me mandou aquela mensagem, e o que Meg queria?

– Quando ela foi me amarrar, consegui alcançar o bolso dela, não é tão difícil digitar com as mãos presas, depois ela descobriu e quase me matou, porém ela precisava de mim. Ela me perguntava algo sobre outro demônio, Crowley é o nome dele, eu nunca ouvi falar, mas ela insistiu que eu soubesse. Bom agora é esperar ela aparecer de novo.

Assenti com a cabeça, não demoraria muito para ela aparecer, isso era uma certeza.

Despedi-me de Luke, agora rumaria para outra cidade, entrei no carro, destino Arizona. Embora meus pensamentos estivessem conturbados, aquele nome, Crowley não saia da minha cabeça, tinha algo errado ali. Algo que eu deveria descobrir.