Dama De Copas escrita por Andhromeda


Capítulo 17
Sem a geladeira barulhenta


Notas iniciais do capítulo

Gente!! Voltei!!
É, o problema com a minha net foi resolvido - não foi fácil, acredite.
Para compensar a demora, aqui esta um cap. ENORME...
Obs: A primeira vez que a Vampira e o Gambit lutaram, ela - como boa menina que é - absorveu seus poderes com um beijo - foi mais um selinho! Tenha essa cena em mente quando ler esse cap.
Espero que gostem...



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Vampira abriu os olhos, suas pálpebras estavam pesadas e seus olhos ardiam por causa da claridade excessiva do quarto – uma das recompensar de se ter passado tanto tempo na completa escuridão. Seu corpo estava cansado e seus movimentos lentos, mas preferia 1000 vezes esses efeitos colaterais à imobilidade consciente da cúpula, era mais real.

Estava deitada na cama de uma das salas de recuperação do Instituto, ou pelo menos era o que pensava, pois tinha desmaiado nos braços de Gambit, segundos depois de ter reaparecido.

Não tinham maquinas zumbindo, ou fios presos ao seu corpo, apenas um IV preso a sua mão direita, conectado a uma bolsa de soro, que agora já estava pela metade.

Considerou isso uma coisa boa, pois acreditava na teoria de que: quanto menos coisas presas em você, menor é o risco de morte.

A porta se abriu e uma mulher entrou – na verdade era mais uma adolescente. Vestia um jaleco branco que cobria seu corpo ate pouco abaixo dos joelhos, calça verde característico de um enfermeiro e All Star preto – o que causava um efeito informal a roupa. Deveria ter 1,70cm, sua pele era cor bronze, o cabelo negro azulado estava cordado no estilo Chanel, o rosto era bonito e anguloso, mas o que prendeu a atenção da Vampira foram os olhos verdes, que junto com o todo, a tornavam uma coisa exótica e fascinante.

– Então você acordou. Disse a enfermeira, com um brilhante sorriso de dentes brancos.

– Quan... Começou Vampira, mas se interrompeu quando a sua garganta protestou, estava seca e dolorida por falta de uso.

A adolescente deu a volta em sua cama e pegou um copo com um canudo dentro, que estava na mesa de cabeceira.

– Aqui, beba. Disse oferecendo o canudo a mutante.

Vampira bebeu avidamente, se dando conta que estava com mais sede do que imaginava.

– Calma, se beber muito rápido vai se engasgar. Alertou a enfermeira.

Mas ela não diminuiu o ritmo, quando a água do copo acabou, respirou fundo e voltou a se recostar nos travesseiros.

– Quanto... tempo? Perguntou em uma nova tentativa, sua voz estava baixa e áspera, ate mesmo para seus próprios ouvidos.

– Depois que te encontraram, você apagou por quase 24 horas, mas esteve desaparecida por 34 dias. Respondeu a outra, enquanto verificava o volume da bolsa de soro.

– Onde... estou?

– No Instituto.

– Quem... é... você? Perguntou Vampira, se questionando se essa não deveria ter sido a primeira pergunta que deveria ter feito, porque certo como 1+1 é 2, ela nunca tinha visto a adolescente antes.

– Oh, claro. Disse a enfermeira com um sorriso envergonhada. – Nós não nos conhecemos pessoalmente, já que quando eu cheguei estava acontecendo toda aquela historia do Apocalipse e você já não estava mais no Instituto, meu nome é Malik Tróia.

– Malik? Perguntou Vampira.

– É um nome estranho, eu sei. Deu um sorriso. – É Persa, você se acostuma.

– Malik. Pronunciou pela segunda vez, agora com mais familiaridade. Era verdade, acabaria se acostumando, o nome era diferente, combinava a perfeição uma figura tão... única.

– Eu serei sua enfermeira temporária, já que a Jean esta tendo aulas intensivas com o Professor e não vai poder estar aqui 24 horas. Ela aproximou a mão do pulso da Vampira, mas quando essa rapidamente afastou a mão, Malik levantou as suas em sinal de paz. – Eu sei, nada de tocar, mas eu uso luvas, vê? E realmente usava duas luvas de látex quase transparentes. – Preciso verificar a sua pressão e o curativo do IV, vai ser bem rápido.

Vampira assentiu, mas ficou tensa durante todo o processo.

– Gambit... onde... esta? Essa definitivamente deveria ter sido sua primeira pergunta, decidiu.

– O francês com os olhos estranhos? Perguntou Malik.

Vampira assentiu com a cabeça.

– Eu o expulsei do quarto, junto com o Wolverine, os dois ficavam grunhindo e rosnando um pro outro. Disse exasperada. – Era irritante.

Esse comentário fez Vampira sorrir, poderia imaginar a cena a perfeição, se perguntou o que teria acontecido para unir aqueles dois, eles eram como óleo e azeite.

– Mas antes disso, não saiu do seu lado nem por um minuto, ele ate mesmo dormiu aqui. Apontou para uma cadeira estofada, branca e desconfortável. – Não sei como ele conseguiu, por que aquela coisa é pequena ate pra mim.

Seu coração se encheu de alegria, mas antes que pudesse perguntar mais alguma coisa à porta se abriu novamente e Gambit entrou.

O tempo pareceu parar quando os olhos dos dois de encontraram.

Vampira segurou a respiração e reparou em cada detalhe dele, procurando por alguma mudança.

Não tinha.

Ele estava tão bonito quanto se lembrava, não usava mais o sobretudo, apenas uma camisa de mangas curtas e uma calça de couro preta, seu bastão não estava vista, mas ela tinha certeza de que ainda mantinha todas as suas cartas muito bem guardadas.

Vous acordou. Foi à primeira coisa que ele disse, sua voz estava um pouco mais rouca que o normal, mas ainda era a mesma. Vampira se cercou de suas palavras e se inebriou com aquele sotaque arrastado e sedutor.

– É. Todo o mal estar “pós resgate” foi esquecido, nada mais importada a não ser ele, estar ali com ele. Ela havia desejado tanto esse momento que quase não podia ter certeza de que era real.

– Meu serviço esta terminar por aqui, mas tarde volto pra ver como você esta. Disse Malik, se afastando em direção a porta. – Não a canse muito francês.

– Oui. Respondeu Gambit.

Malik saiu e fechando a porta atrás de si.

Ele foi andando em direção a cama, lutando contra a vontade de sair correndo e tocar em cada centímetro dela para se certificar de que estava tudo realmente bem.

Ela parecia tão frágil, deitada naquela cama de hospital, com a pele pálida e o cabelo desalinhado. Todos os seus instintos super protetores – instintos que nem sabia ser capaz de ter – estavam gritando para ele segura-la é protegê-la de todo mal do mundo. Era loucura.

Grande parte dele havia desenvolvido fortes sentimentos por ela, uma coisa aterradora e fantástica, que não sabia muito bem como nomear, mas que a muito já havia passado do estágio em que poderia recuar e esquecê-la.

Seja lá para onde essa historia os estava levando, eles com certeza iriam ate o fim.

– O que foi isso no seu rosto? Vampira perguntou, quando Gambit se sentou na ponta da sua cama, agora que ele estava mais perto, percebeu a marca dos pequenos hematomas quase curados que iam do olho esquerdo ate o maxilar e que passariam despercebido se não estivesse analisando cada milímetro do seu rosto.

– Isso non é nada. Respondeu passando a mão distraidamente pelo machucado. – Uma pequena discordância de opinião que tive com o Wolverine.

– Como os dois terminaram juntos em uma missão?

– É uma longa historia. Respondeu evasivo, não estava pronto para explicar que por ela, teria movido Céu e Terra se fosse preciso.

– Como me encontraram? Perguntou Vampira, mudando de estratégia, quanto mais falava, mas fácil as palavras deixavam sua garganta dolorida.

– Mesmero te trouxe de volta.

– Por quê? A curiosidade brilhava em seus olhos tempestuosos.

– Queria redimir seus pecados.

– Não acredito. Disse descrente. – Vilões não se arrependem.

– Eu sou um vilão. Gambit não sabia bem que reação esperava dela com esse comentário, talvez quisesse chocá-la, porem a resposta da mutante o chocou na mesma medida que o alegrou, não pelas palavras em si, mas pela simplicidade em que elas foram ditas.

– Não pra mim.

O que esta fazendo comigo menina, pensou ele.

Non deveria ser tão ingênua sobre o caráter das pessoas, ma dame. Alertou o Canjun, com um brilho malicioso no olhar.

– Eu não sou, mas você foi atrás de mim. Levantou a mão para interrompê-lo quando ele abriu a boca para protestar. – Pode não querer admitir, mas foi você quem estava lá pra me pegar, fui sua voz que ouvi na minha cabeça.

Vous precisava de uma ancora, deveria ser um objeto pessoal, mas non foi assim que funcionou, minha carta te trouxe de volta, apesar de ter dado ela pra vous, no plano psitrico permanecia sendo minha. Disse Gambit, debateu por alguns segundos se deveria continuar a explicação, no fim decidiu que não tinha outra opção. – Segundo Mesmero, temos uma ligação forte, por isso minha carta foi capaz de te trazer ate nós e o objeto que tínhamos non.

– Que tipo de ligação? Perguntou Vampira, intrigada.

Non sei, non levo muito a serio as coisas que um bruxo diz, no fim ele podia estar apenas querendo me manipular.

– Você é muito desconfiado.

– Do lugar de onde vim, é preciso ser, ma dame.

– Senti falta desse apelido, nunca imaginei dizer isso um dia. Comentou com um sorriso cansado.

Non sei por que, é um apelido perfeito pra vous. Disse escorregando pela cama, alguns centímetros mais perto dela. – Como era lá?

Não era preciso explicar onde era “lá”, os dois sabiam. Gambit havia debatido com sigo mesmo se faria essa pergunta desde o momento que a tinha pegado em seus braços, metade dele queria protegê-la e fazê-la esquecer de tudo que tinha passado, mas a outra metade – a mais sanguinária – precisava saber todos os detalhes, para sair em vingança por sua mulher, como os antigos bárbaros faziam. Entre tanto, não existia um objeto de vingança, Apocalipse estava preso em uma cúpula em outra dimensão, calmo, sereno e inatingível.

– Era surreal, o tempo não existia, aqui passou 34 dias, mas lá algumas vezes parecia ter passado apenas horas, outras parecia ter passado décadas. Disse com um suspiro, se recostou mais nos travesseiros, como se a sensação de conforto pudesse afastar as lembranças. – Apocalipse estava adormecido, eu mal podia me mexer naquele espaço, aquela cúpula não tinha sido feita com espaço extra pra carona.

– Ele non falou com vous? Perguntou o Canjun, querendo ter certeza de suas palavras antes de poder respirar aliviado.

– Nem por um momento, pode parecer estranho, mas às vezes eu ate desejava que ele falasse. Respondeu ela, levantou a mão para passá-la pelo cabelo, mas quando sentiu o puxão no IV, desistiu e volto a colocá-la ao lado do corpo. – Era tão solitário, era só eu e meus pensamentos, acho que estava ficando meio louca.

– Sentia dor? Perguntou Gambit, sentia medo da resposta, porem tinha que acabar com o aperto que o impedia de respirar toda vez que a imaginava presa, sozinha e imóvel, com o Apocalipse.

– Não, era como se aquela coisa estivesse tirando minha energia, mas ao mesmo tento a tivesse repondo, era estranho, não sei muito bem como explicar.

– Como se sente agora?

– Vazia.

Non entendo.

– Eu não nasci mutante, então me lembro como era antes, a paz. Quando ele continuou a encará-la confuso, Vampira obrigou-se a explica de outra forma. – Eu sinto meus poderes como uma vibração, uma presença.

“é como quando você tem uma geladeira antiga na sua casa, daquelas que faz muito barulho, mas você não percebe porque já esta tão acostumado que acha ser o normal, mas um belo dia ela para de funcionar e você percebe o quanto alto seu barulho era.”

Oui, sua geladeira parou. Disse Gambit em compreensão.

– Sim, acho que essa era a sensação que sentia quando absorvia os poderes do Dorian. Disse ela, levantou a mão e começou a analisá-la como se ali estivesse escrito um grande enigma. – Acho que estou vazia, sem poderes.

– Só tem uma maneira de ter certeza. Disse o Canjun, se arrastando para mais perto dela, ate que seu quadril estivesse encostando levemente em eu braço.

– O que esta fazendo? Perguntou a mutante alarmada, tentando se distanciar dele, mas o IV e o cansaço dificultavam um pouco suas ações.

– Uma experiência, non vai doer nada, é só ficar parada. Gambit levantou a mão e aproximou lentamente do rosto dela.

Viu quando ela fechou os olhos com força e prendeu a respiração. Queria dizer para ela relaxar, mas não podia, pois sentia a mesma tensão em cada célula do seu corpo e falar já não era mais uma opção.

Uma pequena corrente elétrica atravessou seu corpo instantaneamente quando suas peles se tocaram, mas segundos se passaram e mais nada aconteceu.

Vampira abriu os olhos e o encarou com assombro, depois em descrença. Gambit apenas sorriu em resposta, um sorriso que começou pequeno, hesitante, mas que no fim se tornou uma gargalhada, do tipo que um homem da quando descobre que acertou os números da loteria.

Ele a estava tocando.

Vampira fechou os olhos novamente – agora de uma forma lenta, quase em estase – queria sentir a experiência ao máximo. A palma da mão dele era grande, quente e calejada. Mãos de um homem que não se importava em pegar no trabalho pesado e que adorava um bom e velho mamo a mamo.

Fazia tanto tempo que não era tocada que havia esquecido como um simples toque poderia ser tão reconfortante.

Mas a sensação foi embora rápido demais.

Abrindo os olhos para protestar por ele ter interrompido o contato, Vampira se deparou com o rosto dele a apenas alguns centímetros do seu.

– O que esta fazendo? Perguntou em um sussurro, incerta.

– Uma coisa que tive vontade de fazer desde a primeira vez que te vi. A mão que a pouco estava no seu rosto escorregou para a sua nuca e aproximou ainda mais seus rostos. – Irei retribuir o beijo, só que dessa vez será um de verdade.

Quando seus lábios se tocaram ela ficou estática, mas logo depois sentiu uma sensação de calor na barriga, que aos poucos foi se espalhando por todo o seu corpo, ate se tornar quase insuportável. Não sabia o que deveria fazer, afinal, seu primeiro beijo não havia terminado muito bem, mas se deu conta que não deveria se preocupar, pois se ela era inexperiente, ficou bem claro que Gambit com certeza não era e em poucos segundos estava sendo bombardeada por tantas sensações que esqueceu ate mesmo como soletrar seu próprio nome.

A mão que Gambit tinha posta na sua nuca tinha subido e agora estava no seu couro cabeludo, fazendo pequenos movimentos lentos, sedutores, que a acalmava na mesma medida que excitavam. Sua outra mão estava apoiada no travesseiro ao lado da sua cabeça, já que permanecia meio deitada na cama e ele estava um pouco inclinado sobre ela. Com exceção da mão que se movia pelos seus cabelos, o Canjun não havia feito mais nenhum movimento, como se quisesse que Vampira se acostumasse com o contato, antes de aprofundar o beijo.

Ela soltou um pequeno suspiro de contentamento e como se esse fosse o sinal que esperava, Gambit começou realmente a beijá-la.

O beijo dele era terno e calmo, como se tivesse todo o tempo do mundo para explorar cada canto da sua boca. Vampira ouviu um gemido e se deu conta chocada que havia saído dela.

Ele a persuadiu a abrir os lábios e aprofundou o beijo. A mutante pegou-se correspondendo com o mesmo ritmo, como se já tivesse o beijado milhares de vezes. Mas quanto mais profundo o beijava, mas desesperada ficava. Uma fome – que não sabia nomear – tomou conta do seu corpo.

Levantou a mão que não estava presa ao IV e agarrou a cintura dele, passando a mão por debaixo da camisa preta e encontrando a pele quente. Não sabia por que tinha feito isso, e talvez em outro momento tivesse se envergonhado de sua ousadia, mas não ali, ali ela só precisava tocá-lo.

Ouviu-o gemer, um gemido rouco que parecia ter reverberado por todo o seu corpo.

Era para ser um beijo de saudade, Gambit queria prolongar o momento o máximo possível, memorizar cada instante, cada gemido ou suspiro entre cortado que Vampira soltava. Mas os toques e respostas dela, aos poucos estavam minando suas boas intenções.

Em toda a sua vida já havia beijado muitas mulheres, mas nenhum nunca o fez senti como ela fazia. Seu sangue martelava em sua veia, parecia nunca ter provado o bastante de seu gosto. Toda vez que a ouvia gemer tinha que se agarrar ferreamente ao seu autocontrole para não possuí-la e torná-la sua, de todas as formas imagináveis.

Ate aquele momento achava que sabia lidar com o desejo, porem estava errado, nunca o havia sentido tão forte e incontrolável.

– Temos que parar, ma dame. Disse Gambit levantando a cabeça, sua voz estava rouca e o sotaque mais pesado que nunca, tinha que pensar, mas com ela o tocando ficava cada vez mais difícil.

– Talvez depois. Foi à resposta dela, que logo depois o puxou, voltando a beijá-lo, não querendo abrir mão daquele contato, não podia.

Tinha esperado sua vida toda por isso.


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Notas finais do capítulo

Então o que acharam?
A cena do beijo foi muito agressiva?
A minha ideia inicial foi fazer uma coisa romântica, terna e calma, o beijo perfeito para uma adolescente, estava cheia de boas intenções - igual ao Gambit!
Mas acontece que parei p pensar no lado dos personagens e me liguem num seguinte: a Vampira não toca uma pessoa a 5 anos e o Gambit estava esperando por esse beijo a séculos, simplesmente não dava p fazer uma coisa calma, terna e romântica - ate porque, quando terminei de escrever me dei conta que não era capaz de fazer uma cena tão inocente, culpa dos livros q ando lendo!
Quanto a Malik, eu a amo e o futuro dela já esta pre- detrminado, ela é uma peça muito importante, que vai amarrar algumas pontas soltas, então preste atenção nela!