Vampira morava no Instituto Xavier para Jovens Super Dotados – o que era um sinônimo bonitinho para mutante – e nesse momento estava sentada em sua cama lendo – ou tentando ler – um romance que tinha pegado na biblioteca da escola, mas quando teve que ler pela terceira vez o mesmo parágrafo, desistiu e atirou com raiva o livro do outro lado do quarto.

Era domingo e fazia uma noite quente de verão, e a Kit – sua colega de quarto – tinha ido sair com seu namorado Lance para ir ao parque de diversão. Os outros ate tentaram convencê-la a descer e jogar algumas partidas de poker, mas ela não podia, as cartas a lembravam muito o Gambit.

Para falar a verdade, nos últimos dias tudo a lembrava Gambit, do professor de Frances com aquele sotaque idiota ate uma folha caindo da arvore.

O que não deveria esta acontecendo de forma alguma, talvez ela estivesse sofrendo de Síndrome de Estocolmo – o nível mais serio da doença, porque toda vez que pensava nele seu coração começava a martelar, borboletas dançavam no seu estomago, sua mente entrava em estado de hibernação e ela lamentava triplamente por não poder tocar as pessoas.

Irritada se estirou na cama e abriu a gaveta do criado mudo que ficava ao lado da cama e tirou do fundo a carta de baralho que ele havia lha dado, olho-a por um instante e antes que pudesse se arrepender levantou resoluta e jogou a carta na lixeira. Arrependeu-se quase que instantaneamente, meteu a mão no cesto cheio de papeis – e outras coisas que preferia não pensar – e recuperou a sua carta.

– Dama de Copas. Ela sussurrou baixinha para si mesma. Ele disse que era a sua carta favorita. – Sua carta da sorte.

Porque Gambit daria a sua carta da sorte para ela? Talvez ele estivesse me agradecendo, pensou, mas descartou a idéia, afinal ele era um dos caras maus e os caras maus não eram famosos por serem gratos.

– Ele é um ladrão, trapaceiro, que só fez mentir e me colocar em problemas. Isso era verdade, há dois dias atrás Gambit a tinha sequestrado e a manipulado para ajudar a salvar o seu pai de um grupo chamado “Clã dos Assassinos”, depois de ser perseguida e quase morta, teve que agüentar 1hora de interrogatório com o Logan, o que para ela foi o suficiente para não querer repetir a dose.

– Eu não quero ter nada a ver com um ladrão. Tentou se convencer, mas ainda segurava a carta de baralho com todo cuidado e a dama vermelha ali desenhada a observava com deboche.