No Other escrita por Pacheca


Capítulo 15
Capítulo 15 - Bad Company


Notas iniciais do capítulo

Então, depois de muita demora...cheguei. Me perdoem, mas com escola complica um pouco, tudo! Música da vez é Bad Company, da banda de mesmo nome :3 http://www.youtube.com/watch?v=ww5GXbk58R0



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Passei a semana ansiosa. Não conseguia me concentrar direito nas aulas, não dormi direito e estava comendo mais que o normal.

– Só você e seu pai, numa casa de lago isolada, por cinco dias? – Lólli fez parecer que eu estava indo para uma sessão de tortura.

– É. Passo na minha antiga casa, visito minha amiga, pego uns livros e uns filmes e me divirto com meu pai. – Voltei a comer meu almoço.

– Ah, Megs...Ninguém da nossa idade se diverte com o pai. – Lorenna acabou seu sanduíche antes de continuar. – Vai ser estranho.

– Estranho? Por quê?

– Vocês não se veem há alguns meses, ele não vai saber o que fazer porque ele acha que você “cresceu e mudou” e agora você namora. – Shaun mal desviou os olhos da própria comida enquanto falava.

– E daí? – Duran e eu falamos ao mesmo tempo, encarando os olhos violetas de Shaun.

– E daí, que se ele já sabe, vai querer “conversar” com você.

Continuei o encarando, sem expressão, sem entender o que ele quisera dizer. O garoto simplesmente suspirou e deu de ombros. Ali riu da minha cara quando percebeu que até ela tinha sido mais rápida que eu. E olha que Ali é bem lerdinha.

– Megs...Sexo. Ele vai querer falar sobre sexo. – Ali pegou meu suco e tomou um gole, ainda rindo.

Aquilo realmente era estranho, ok. Quando minha mãe me falava sobre isso era mais natural...Não que eu realmente prestasse muita atenção. Eu só concordava de tempos em tempos. Duvido muito que seria a mesma coisa com meu pai.

– Eu me viro, ok? – Acabei meu almoço e me levantei. Duran terminou o suco e me acompanhou, se levantando também. Peguei minha mochila e segurei sua mão. – Não vão conseguir me desanimar.

Abracei o braço de Duran e me afastei da mesa. Ele só deu um sorriso fofo e beijou minha testa. Sorri de volta.

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Fechei a porta de casa, olhando a figura no sofá. Um homem, com os cabelos começando a ficar grisalhos, alto, magrelo, com a pele muito clara. Usava um terno, e parecia extremamente formal.

– Zinha. – Olhei para Elijah, debruçada no alto da escada. – Sobe ai.

Olhei o cara mais uma vez antes de subir as escadas, tentando não fazer barulho. Parei ao lado do meu irmão, me inclinando também, observando o cara.

– Quem é aquele? – Elijah o olhou mais uma vez antes de se virar para mim e me responder.

– Potencial padrasto.

– O que? – Franzi o cenho.

– Kyle. É namorado da mamãe.

Sorri. Enfim minha mãe tinha tocado a vida dela para frente. Olhei o cara mais uma vez, junto com Elijah. Não sei dizer se ele gostou ou não do cara, mas continuei sorrindo.

– Acha que é legal? – Perguntei, em voz baixa. Não sei se eu estava perguntando se Kyle era legal ou o namoro deles.

– Não sei, mas a mamãe gostou mesmo dele... – Ele finalmente se afastou da escada, dando de ombros. Sorri pra ele e fui pro meu quarto.

Assim que deixei a mochila no chão, a voz da minha mãe soou pela casa. Ela estava nos chamando. Claro que ela sabia que eu já estava em casa. Sempre sabia.

Kyle estava de pé, sorrindo amigavelmente. Me pareceu natural. Minha mãe parou ao seu lado, eu e Elijah ficamos lado a lado de frente para nosso “potencial padrasto”.

– Prazer. Já encontrei o garoto, quando cheguei, Elijah. Sou Kyle, querida. – Apertei sua mão, sorrindo também.

– O prazer é todo meu, senhor. Sou Megan.

Ele voltou a se sentar. Minha mãe não soltava seu braço, obviamente feliz. Sorri com a cena. Elijah se sentou na poltrona à direita do sofá e me puxou para sentar no braço.

– O senhor trabalha com mamãe? – Perguntei para quebrar o gelo.

– Só Kyle, por favor. – Ele deu uma risada rápida. Concordei com a cabeça. – E não, eu sou um empresário, dono de uma companhia de entretenimento. Faço negócios com a firma da sua mãe.

– Ah, legal.

– Meu bem, está um pouco cedo, mas tem certeza de que não quer ficar para o jantar? – Finalmente minha mãe soltou o braço de Kyle.

– Não, não...Kyu não deve demorar. – O encarei, confusa. – Oh, Kyu é meu motorista. Por enquanto, ao menos. O garoto tem talento.

– Garoto?

– Sim, acabou de fazer 18.

– Ah tá. – A sala caiu naquele silêncio desconfortável. Elijah pediu licença e deixou o cômodo, subindo pro quarto. Minha mãe voltou para a cozinha, pensando no que faria de janta.

– Megan. – A voz do homem me assustou, mas encarei os olhos cor de mel dele de imediato. – Sua mãe é realmente muito importante pra mim.

– Eu acredito. Sei que não vai fazê-la sofrer. – Foi uma frase super cafona, mas saiu sem eu pensar direito. Ele sorriu.

– Sua mãe já passou por muito. Não se preocupe.

– Bem, e estão juntos desde quando?

– Desde que se mudaram. – Fiz as contas mentalmente. Porra, já fazia 4 meses que estávamos ali. – Eu queria ter me apresentado antes, mas ela ficou receosa. Acho que por seu irmão, certo?

– Não se preocupe com Elijah, ele é um babaca. – Dei de ombros. Ele riu. – Bem, quanto a mim, saiba que gostei mesmo de você, Kyle. Fico feliz que esteja com minha mãe.

– Obrigado, Megan. Significa muito. – Uma buzina tocou em frente à porta. – Deve ser Kyu. Vou me despedir da sua mãe.

– Eu atendo. – Me levantei e caminhei até a porta. Quase engasguei quando vi o garoto.

Ele era alto, com o cabelo castanho bagunçado, os olhos meio acinzentados e usando um terno. Lindo era uma palavra muito boa para descrevê-lo. E ele era asiático, por cima de tudo. Eu chutaria coreano.

– Kyle já vem. – Ele concordou, depois de murmurar um cumprimento. – Kyu, certo?

– S-sim... – Ele parecia um tanto sem jeito, parado ali.

– Megan. – Sorri. – Desculpa muito se eu cometer um engano, mas você é coreano, certo?

– Sim, de Seoul. – Ele deu um sorriso fraco, tímido. Meu Deus, que gracinha! – Não é todo mundo que consegue diferenciar.

– É, eu chutei pelo nome. – Dei de ombros, um pouco envergonhada. – E bem, eu meio que peguei as manhas de diferenciar asiáticos por MVs de kpop.

– Você gosta? – Ele perguntou, calmo. Sorri, concordando. – Legal. É meio raro encontrar alguém que goste de kpop por aqui.

– Bem, eu conheço outras duas meninas que gostam. – “E que pirariam se te vissem aqui, parado na minha porta” completei mentalmente.

– Interessante. – Ele olhava ao redor, evitando olhar a sala atrás de mim.

– Nossa, que vergonha. – Ele voltou a me olhar, parecendo confuso. Sorri sem jeito. – Desculpa não te convidar antes. Entra.

Kyu hesitou um pouco antes de passar pelo vão da porta, e por mim. Percebi que ele estava tenso. Observei suas costas enquanto ele passava. Continuava lindo.

Me senti um pouco mal, culpada. Eu tinha um namorado, lindo também, e ficava estudando a bunda de outros caras. Apertei meus lábios, querendo soltar um berro pra aliviar minha frustração.

– Kyu, garoto... – Kyle saiu sorridente da cozinha. – Essa é minha senhora, Kyu, apesar de já tê-la visto.

Minha mãe deu um sorriso brincalhão enquanto cumprimentava Kyu. Aquilo meio que explicava porque minha mãe andava chegando tão tarde em casa. O coreano fez uma mesura pra minha mãe, de um jeito muito fofo.

Tive que apertar meus lábios mais ainda para não gritar um “sua vadia!” no meio da sala. Desviei o olhar de cima deles e passei a pensar no sorriso fofo de Duran.

– Vocês dois parecem tão próximos, meu bem. – E lá estava minha mãe, quase dependurada no braço de Kyle, de novo.

– Nós somos, certo, garoto? – Kyle puxou Kyu pro seu outro lado e passou os braços sobre seus ombros.

– Sim. – Percebi que o jeito fofo de Kyu me lembrava outra pessoa, além de Duran. Ali. Sorri.

– Tem certeza que não quer esperar o jantar, Kyle? – A ideia fervilhava na minha cabeça, me fazendo falar. – Sabe que Kyu é tão bem vindo quanto você, certo?

Dei um sorriso, tateando meu bolso pelo celular. Kyu começou a corar, de um jeito super fofo. Eu precisava mesmo parar de usar as palavras lindo e fofo para descrevê-lo, isso realmente me deixava com aquele peso na consciência.

– Bem, claro que sim. Por que não? – Minha mãe sorria gentilmente para Kyle.

– Pois bem. – Meu “Potencial Padrasto” concordou.

– Fiquem à vontade. – Kyu ainda estava um pouco tenso, mas sorriu para minha mãe. A palavra lindo flutuou na minha mente de novo, me fazendo mastigar minha língua.

Pedi licença e subi as escadas quase correndo, tirando o celular do bolso. Ali me atendeu no primeiro toque.

– Moshi moshi? – Ela sempre atendia assim. Revirei os olhos.

– Ali, vem aqui pra casa, agora!

– Você acabou de me ver, Megs. Não cansa, não? – Ela parecia distraída, provavelmente com algum jogo.

– Ali, tem um coreano SUPERGOSTOSO aqui em casa, aparentemente solteiro. Tem certeza que não quer vir? – Falei de uma vez só, ofegando.

– Como? – Ela finalmente estava prestando total atenção em mim. – E...?

– E o que? – Eu acabo de falar pra menina que um coreano gostoso tá aqui em casa e ela pergunta “e...”?

– Você fez o que? – Ela falou como se fosse óbvio.

– Agarrei ele, Ali! – Revirei os olhos. Menina lerda! – Ali, acorda, porra! O que você acha que eu fiz? Eu te liguei, lesada.

– Pra que? Tira uma foto dele e me manda. – Mastiguei minha língua, de novo.

– Ali, meu bem, vamos com calma, tá? Eu quero que vocês dois se encontrem, troquem uma ideia, eventualmente se peguem, entendeu? Tapada!

– Bocó! To indo, agora. – Ela desligou.

Coloquei o celular na cama, revirando os olhos. Por que Ali tinha que ser tão lerda em momentos como aquele? Decidi ignorar nossos dois convidados lá embaixo pra tomar um banho. Não demoraria tanto.

Assim que tirei a blusa, a campainha tocou. Eu tinha certeza de que não era Ali, então olhei pela janela do banheiro pra rua. Entregador de gás, eu acho.

Não sei quanto tempo fiquei no banho, mas sei que esqueci de levar minha roupa pro banheiro. Sai, enrolada na toalha, penteando meu cabelo.

Minha primeira reação foi gritar. A segunda foi entrar correndo de volta no banheiro, com vontade de chorar. Por que, Deus? Que merda.

Me arrependi de ter gritado, mas foi a única coisa que eu consegui fazer na hora. Agora eu via a verdade no que minha mãe tinha dito: quando você se compromete com alguém, todo tipo de situação estranha acontece.

Kyu provavelmente pensava o mesmo sobre aquela situação ser bem estranha. Coloquei minha cabeça para fora do banheiro, devagar, depois de me certificar de que a toalha não cairia em hipótese alguma.

Ele estava lá, totalmente virado de costas para mim, olhando a quina das paredes do quarto. O jeito como os músculos de suas costas estavam tensos me fez pensar nele completamente corado.

– Des-desculpa! Sua mãe me disse para dar uma volta pela casa, mas eu não devia ter entrado aqui. – Ele parecia um pouco desesperado. – Devia ter esperado sua permissão.

– A porta ficou aberta. Se não fosse você podia ser até pior, podia ser Kyle. A burrice foi minha mesmo.

– Achei melhor simplesmente esperar aqui, para ver se alguém vinha checar o grito. Não vieram. – Ele respirou fundo.

Era tonto de um jeito fofo. Dei um sorriso, me lembrando de Duran. Segurei a toalha e fui até o guarda- roupa.

– Tudo bem, eu só vou me vestir. – Peguei a primeira coisa que consegui, um short azul claro e uma camisa verde. Voltei pro banheiro, Kyu ainda observando a quina da parede.

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Saí do banheiro, vestida dessa vez. Kyu olhava a rua pela janela, parecendo pensativo. Peguei meu celular em cima da cama antes de me aproximar dele.

Ele provavelmente viu meu reflexo no vidro, pois nem se virou para mim. Olhei a calçada, parando ao seu lado, procurando por Ali. Quase meia hora já se passara e ela ainda não tinha chegado. Já deveria estar aqui.

– Realmente, sinto muito. – Ele me olhou, mais relaxado agora.

– Tudo bem, sério mesmo. Pode esquecer esse ocorrido.

– Muito bem, então. – Ele se afastou um pouco da janela, com se tivesse medo. – Vou voltar lá pra baixo, você vem?

– Só um minuto. – Sorri. Ele concordou e saiu do quarto, encostando a porta atrás de si. Peguei o celular e liguei para Ali de novo.

– Que é? – Qualquer outra pessoa teria soado grossa, mas ela só parecia apressada.

– Você se mudou, foi? Antigamente você já estaria aqui há muito tempo.

– Tem um coreano gostoso na sua casa, não vou esculhambada do jeito que eu to.

– Você nunca tá esculhambada, vai se fuder! Anda logo.

– Já to indo, calma. – Desliguei e me joguei na cama. Segundos depois o celular tocou de novo. Duran. Aquela fisgada de culpa pelo episódio com Kyu, mas me forcei a atender.

– Ei. – Continuei pensando que aquilo não era minha culpa.

– Oi. – Ele parecia, sei lá, feliz demais. – Adivinha.

– Hum, vou ganhar um livro super divo que você vai me dar?

– Não, idiota. – Carinhoso. Apesar de que eu realmente gostaria de ganhar livros. – Lembra aquela proposta da qual eu te falei?

– A de emprego? Na empresa de entretenimento?

– Essa mesma. Fui fazer a entrevista hoje.

– E ai? – Me sentei, cruzando as pernas.

– Acho que consigo a vaga. Me falaram que vai demorar, apesar de tudo.

– Que bom! – Comecei a sorrir. – Aonde você tá?

– Casa. Você?

– É, eu também. Conheci o namorado da minha mãe e o motorista dele hoje.

– Motorista?

– É, é um cara coreano. Lembrei de você. – Lembrei mesmo, mas mais por culpa do que por tudo. Apesar de que o jeito fofo de Kyu me lembrava de Duran.

– Lindo?

– Modesto, talvez. – Mostrei a língua, mesmo que ele não visse. A campainha tocou. – Enfim, achei parecido mesmo o jeito de vocês. Tenho que ir.

– Ok. Vê se não me troca, viu? – Ri. – Te amo.

– Também. Beijo.

– Outro. – Desliguei, sorrindo. Duran era tão tapado e tão fofo.

– Aposto que ele também coraria se me visse só de toalha, igual Kyu mesmo. – Falei, olhando a tela de um jeito bobo, sonhador.

– Kyu o que? – Me virei, encontrando uma Ali um pouco irritada. Ela usavashorts e uma camisa estampada com caveirinhas e uma sapatilha. Achei que ela fosse me matar.

– Ali... – Mas ela não esperou. Só desceu as escadas e bateu a porta da frente. Saí correndo atrás dela.

– Ali! Para de show e me escuta, caralho!

– Que é? – Agora ela soou grossa. – Quer me explicar que ia me apresentar um coreano gostoso mas desistiu e decidiu meter um par de chifre no Duran? Ou que decidiu desfilar só de toalha pela casa?

– Não é isso, Ali, é um acidente. Não é como se tivesse rolado qualquer coisa.

– Ele te viu de toalha e corou! Isso, definitivamente, é alguma coisa. – Quis protestar, mas ela já tinha se virado e se afastava pisando forte.

– Ali, volta aqui! Ali! Ali! Alice! – Mas a garota continuou andando, com os fones de ouvido. Eu correria atrás dela, mas minha mãe me xingaria por ser mal educada com minhas visitas.

E afinal, eu não tinha mentido. Não tinha com o que me desculpar. Dei meia volta e voltei para casa. Ali já estava longe quando consegui me mover. Já estava escurecendo.

Minha mãe estava pondo a mesa quando eu abri a porta de novo. Ela ficou me encarando enquanto eu fechava a porta atrás de mim.

– O que foi, meu bem? – Kyu também me olhava, um pouco preocupado. Me forcei a sorrir.

– Nada. Ali, mas não é nada sério. Depois eu ligo pra ela. – Minha mãe deu de ombros, pouco convencida, e voltou pra cozinha. Ela e Kyle tomavam uma garrafa de vinho.

Me sentei no sofá, sem conseguir evitar um suspiro. Kyu estendeu um copo de suco pra mim e deu um sorriso, tentando me confortar. Acho que funcionou.


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Notas finais do capítulo

E então, gostaram? Me desculpem mesmo a demora, prometo tentar agilizar .q Um beijo



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