No Other escrita por Pacheca


Capítulo 14
Capítulo 14 - Friends


Notas iniciais do capítulo

Gentem, desculpem minha demora...minhas aulas voltaram ;-; A música do capítulo é Friends, do Band Of Skulls : http://www.youtube.com/watch?v=O1gzowRnbbU



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Corri atrás de Alice com toda minha energia. A barra de ferro pesava na minha mão, mas eu não a soltei. Não se solta a arma de um crime próximo à cena.

Ali entrou num dos prédios pela porta dos fundos. Ela entrou numa salinha logo ao lado da porta. Era um cômodo abarrotado, escuro e pequeno. O armário do zelador, creio eu.

– Acha que valeu a pena? – Ali pegou a barra de ferro na minha mão e a colocou num canto, junto com a marreta. Me surpreende como ela conseguiu carregar os dois juntos.

Eu ouvia meu próprio coração martelando nos meus ouvidos, minhas mãos suavam e eu piscava descontroladamente. Deuses, como eu amava aquela sensação que a adrenalina causava.

– Sem arrependimentos. – Ela sorriu para mim. Retribuí o sorriso, ofegando. Acho que eu nunca corri tanto, em toda minha vida. – Vamos ter que ir embora, antes que o sinal toque.

– O portão está fechado. – Olhei pela fresta da porta, que ela tinha aberto.

– Claro, Megan Stone, toda e qualquer pessoa sairia pelo portão da frente numa situação dessas. – Ela revirou os olhos. – Vamos sair pelos fundos.

Ela esperou um dos monitores de corredor passar e saiu da sala, correndo de novo. Eu a seguia, apertando a alça da minha mochila, que de alguma forma ainda estava no meu ombro.

Passamos pelas quadras, os ginásios e a piscina correndo, finalmente chegando numa cerca viva. Ali foi até duas árvores mais espaçadas e empurrou os galhos, passando entre eles. Fui atrás.

Estávamos na rua, completamente deserta. Os fundos do colégio. Olhei para ela, ofegante.

– E agora? – Ela me encarou por alguns segundos enquanto pensava na resposta.

– Vamos pra minha casa. Se seu irmão te ver chegando agora em casa vai ser estranho. – Concordei com a cabeça e a segui, mais uma vez.

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Era uma casa de dois andares, não muito longe da escola. Era pouco maior que a minha, com um portãozinho verde na entrada, que poderia ser facilmente pulado.

Foi o que Ali fez. Ela pulou o portão e ficou me esperando, com a chave da porta girando nos dedos. A encarei, séria.

– Não quer mesmo que eu faça isso, né? – Apontei o portão.

– Prefere ficar ai fora? Não tenho a chave do portão, só da porta. – Ela deu de ombros.

– Só não me deixa cair de cara, então. – Joguei a mochila e pulei também.

Bem, foi mais para quase cair no chão do lado de dentro do portão. Eu devo ter ficado parecendo uma retardada, mas Ali não riu. Ótimo.

A porta se abriu assim que Ali virou a chave, deixando um cachorrinho, daqueles salsichas, marrom passar pelas pernas de Ali e vir cheirar meus pés.

– Ei, Didi. – Ela pegou o animal e conversou com ele, como se faz com um bebê.

– Didi?

– De Diana. – Concordei. Então não era o cachorrinho e sim, a cachorrinha. Ela colocou Didi no chão e me chamou. – Entre.

Entrei na casa, pela cozinha. O cômodo era todo branco, a não ser pelo piso preto. Parecia a cozinha da minha casa.

– Vamos lá pro fundo, preciso achar uns band-aids. Acho que consegui uns cortes por causa do para-brisas. – Ela deixou a chave sobre a mesa. – Deixa sua mochila lá no meu quarto.

– Qual deles?

– O do canto da esquerda, no fim da casa. – Ela foi para fora, me deixando sozinha.

Entrei na casa, indo até a sala de estar. O quarto era o perto do banheiro. Deixei minha mochila na cama, olhando a decoração. As imagens de animes e pôsteres de várias bandas e cantoras faziam sentido, mas o desenho de flores e borboletas na parede lilás não pareciam em nada com ela.

– É gay, eu sei. – Ali apareceu na janela, pelo lado de fora. Me assustei um pouco.

– Podia ser pior. – Respondi. Ela deu de ombros. Saí do quarto e fui para os fundos, lá fora.

Um outro cachorro, boxer, estava preso num canil, pulando muito alto. Assim que me viu ele parou de pular, apenas por um instante. Logo em seguida, passou a pular ainda mais alto e a latir.

– Acho que não gostei muito dele. – Mal percebi que tinha dito em voz alta, até Ali me responder.

– Ele é perfeito. Mas ele também não deve gostar de você, é uma estranha. – Ela voltou a colocar o band-aid em um arranhão no braço.

– E ai? O que a gente faz agora? – Me sentei numa cadeira ali perto.

– Eu só vou jogar esses papéis fora e a gente vai lá pro quarto, pro meu computador.

A segui até o quarto depois que ela jogou as embalagens fora. Ela trocou de blusa enquanto o computador ligava.

– Quer uma blusa emprestada?

– Quando que uma blusa sua me serve, Ali? – Perguntei séria.

– Tem do meu pai. Vai querer ou não?

– Pode ser. – Revirei os olhos. – Ele não se importa?

– Não. – Ela saiu do quarto, voltando quase no mesmo instante com uma camiseta vermelha.

– Deve servir. Vou buscar uma cadeira para você. – Antes que eu pudesse protestar, ela saiu de novo. Vesti a blusa que ela me entregou e soltei meu cabelo.

Mandei uma mensagem pelo celular para Elijah, avisando que ia demorar porque “ia” para a casa de Alice. Ele só me respondeu um ok.

– Então, fazer o que na internet? – Alice colocou as mãos sobre o teclado.

Peguei o computador no colo dela e coloquei no omegle. Ali riu, arrumando os cabelos sobre o ombro. Coloquei no chat com vídeo.

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Passei umas 30 conversas sem nem dar um oi. Tudo punheteiro, meu Deus. Entrar no omegle era divertido, mas fazia seus olhos sangrarem.

– Hey. – Acenamos para um cara, comendo num quarto escuro. Ele respondeu pelo texto.

Eu e Ali ficamos conversando com ele por umas 3 horas. Ele pediu licença pela décima vez depois de um tempo, e por alguns instantes só vimos o quarto.

– Eu gostei dele. Achei fofo. – Ali riu de mim depois que terminei de falar.

– Eu sei, Megs. Oh meu Deus. – Olhei o computador de novo. Ele tinha voltado com uma regata. Shisus, como ele era gostoso!

– Ali, minha filha, se recomponha. – Eu também quase morri vendo aquela cena.

– Não dá. Ele é MUITO gostoso! – Ele colocou as mãos atrás da cabeça, sorrindo. A posição marcou ainda mais os músculos dos seus braços.

– Argh, ele é muito gostoso! – Ele abaixou os braços para digitar alguma coisa.

– Pede ele para fazer aquilo de novo que eu vou tirar um print.

– Ok. – Ri. Pedi e ele fez. Ela tirou o print e colocou o nome de “GOSTOSOOOO”. Ficamos rindo, parecendo duas retardadas.

– Tá ficando tarde. Tenho que ir. – Ali me olhou por um momento antes de me puxar de volta, me forçando a me sentar.

– Se despede direito. – Ela apontou para a tela. Nosso novo amigo me olhava, curioso.

– I got to go. Bye.* - Ali se despediu dele também. Ele tinha nos adicionado no Facebook.

Ali desligou o computador e me levou até a porta. Me despedi, coloquei meus fones de ouvido e fui caminhando até minha casa.

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Gastei uns 15 minutos para chegar em casa. Ouvi Rammstein o caminho todo. Meu Deus, como eu amava o Till. Fui direto pro meu quarto, sem ver se Elijah estava em casa.

Deixei minha mochila jogada num canto, coloquei meu computador ligando em cima da minha cama e desci para a cozinha.

Coloquei a camisa do pai da Alice para lavar, tinha me esquecido de trocar de blusa de novo antes de vir embora. Alice também não me lembrou, então o jeito era devolver depois.

Deixei uma lasanha de caixinha assando e fui lavar a camisa. O telefone fixo tocou. Peguei-o na base, deixando a camisa na máquina de lavar.

– Olou? – Isso era mania de Elijah, desde que assistimos Megamente.

– Ei, Chuchu! – Era meu pai. – Como vai?

– Bem, pai. E ai?

– Trabalhando, como sempre. – Alguém falou com ele do outro lado da linha. – Terri te mandou um abraço.

– Um abraço para ela também. – Minha madrasta até conseguia ser legal quando queria.

– Vai fazer alguma coisa esse fim de semana?

– Não, por quê? – Me levantei e peguei um copo de suco na geladeira.

– Bom. Quero levar vocês para a Casa Antiga. Vou pra Minesotta no sábado.

– E você me levaria para Minesotta no sábado e voltaria quando, exatamente?

– Se você puder faltar às aulas, na quarta de manhã.

– Ok. É bom minha mãe me deixar ir, porque agora eu fiquei com vontade de ir. – Voltei para a bancada. – A gente pode passar na Nathaly antes, ou depois, ou durante?

– Casa da Nathaly, a Casa Antiga do lago também. Ok.

A Casa Antiga era a casa do lago da família do meu pai. Desde criança eu adorava ir para lá nos fins de semana. Elijah era o completo oposto, sempre odiou aquele lugar.

– Mamãe não está em casa, a propósito. Vai ter que ligar mais tarde se quiser achá-la.

– Já liguei pro celular dela, ela deixou você ir.

– Ah,ok então. Te vejo no sábado então?

– Claro, meu bem. Até lá, meu anjo. – Ele mandou um beijo pelo telefone. – Beijo, Chuchu.

Eu só tinha apelido feio, puta que pariu. Zinha, Chuchu...O único bom era Megs. Respirei fundo e retribuí o beijo. Desliguei.

Coloquei o telefone de volta na base e voltei para a cozinha, esperando minha lasanha ficar pronta. Mal me sentei, o telefone tocou de novo.

Atendi. Louis. Estranhei, mas não comentei. Ele geralmente me chamava pelo celular, quando precisava de mim.

– Fala, filhote.

– Seu namorado quase pariu um filho aqui, você sumiu!

– Ele tá ai, Lou?

– Lólli não deixou ele ir embora, ela acha ruim deixar alguém nervoso sozinho.

– Passa pra ele, por favor. – Louis suspirou antes de chamar Duran.

– Aonde se meteu?

– Me desculpa. – Ignorei a pergunta e falei, com urgência.

– Você tá bem?

– Sim, só ajudei Ali em uma coisa.

– Megs, você não ajudou aquela louca a detonar aquele carro, ajudou? Me diz que não.

– Então... – Ele riu do outro lado da linha.

– Tapada. Se te pegarem você vai ter muitos problemas.

– Só vão me pegar se você dizer, certo? – Ele riu de novo. – Desculpa, por te dar um perdido hoje. Eu sei que tinha prometido te esperar na saída.

– Não fiquei chateado, ok? Só preocupado. Faz isso mais não, moça!

– Prometo, pelo Estige.

– Ok, não vou esquecer, hein? E ainda mais pelo Estige. – Ri dele. Ele era tonto, mas de um jeito tão fofo. Até pelo telefone. – Te amo. Até amanhã.

– Eu também. Beijo. – Ouvi Louis fazendo um som de nojo, ao fundo. – Também te amo, Lou.

– Se seu namô quiser me beijar no seu lugar não vou achar ruim. – Ele gritou atrás de Duran.

– Não. Ouse. – Não sei se a resposta foi para mim ou para Louis.

– Tchau pra vocês dois. – Desliguei. Aqueles dois me cansavam, mas eu os amava mesmo, fazer o quê?

Peguei minha lasanha depois de desligar e colocar o telefone na base. Coloquei o conteúdo da caixinha no prato e subi pro meu quarto. Que preguiça de viver que eu tinha, só de subir as escadas já pensava em dormir.

Me sentei na cama e peguei o computador. Fui pro Facebook de uma vez. Passei o resto do fim da tarde ali, olhando os posts e o chat.

Elijah voltou para casa umas 6 e meia, 7 da noite, com cheiro de cigarro. Não falei nada, só o cumprimentei.

Minha mãe ainda não tinha chegado quando fui dormir, lá pras 10 da noite. Tinha alguma coisa errada com esse emprego da minha mãe. Muito estranha.


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Notas finais do capítulo

E ai, o que acham? Desculpem mesmo a demora, vou tentar acelerar :s
Um beijo ;*



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