Capítulo X- Uma lembrança dolorosa.

“Um dia me disseram que o amor com o tempo, traz dor, sofrimento, e com ele surge o ciúmes as brigas, coisas que machucam a gente....”

-Susana, esta é Katherine.- Caspian apresentava-lhes da forma mais natural possível, apesar de estar tenso pela situação.

-Olá!- Katherine cumprimentava alegremente levantando sua mão para um aperto em Susana.

-Prazer .-a Pevensie respondia sem menor emoção ignorando o cumprimento da nova habitante que no mesmo instante percebeu a frieza da mesma e retirou seu braço estirado para o cumprimento que seria feito.- Caspian...- continuou para que o mesmo explicasse o que estava acontecendo.

-Ah sim... Essa é Katherine...

-Isso eu já sei.- Susana interrompeu dando um sorriso amarelo para a garota que estava a sua frente.

-Bom , ela veio para passar uma temporada conosco. Ela é filha de Miraz.- verbalizou fazendo Susana com a ultima frase dita olhar Katherine com surpresa.

-Filha de Miraz?- perguntou incrédula.

-Sim, mas fique tranquila, não quero guerrear contra Nárnia.- Kat brincou tentando fazer com que eles rissem com o trocadilho, mas não funcionou com a garota de olhos verdes que a fuzilava com olhar naquele instante.

-Então... vamos entrar?- Caspian falava devastando o silencio que havia se instalado naquele local.

-Vamos sim. Venha Katherine, eu lhe mostro o castelo.- Susana entrelaçou seu braço com os de Kat para a surpresa de Caspian que as acompanhava e também de Mag e Danielle que assistiam tudo de longe.

-Estou sentindo cheiro de confusão.- Dani falava ainda observando os três que adentraram o Castelo.

-Somos duas.- Mag concordava enquanto puxava Dani consigo indo ao mesmo destino dos outros.

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Pedro debruçava-se num enorme e velho livro que estava escondido na biblioteca, até agora. Seus olhos observavam cuidadosamente todas as páginas com a lupa que estava em mãos. Ele queria descobrir se havia em outro livro, outra foto do ser que vira com Lúcia e Maggie outro dia naquele mesmo lugar. Sua concentração era a máxima possível até um ser fungar em seu pescoço fazendo todos os seus pelos se arrepiarem.

-Droga Ed!- Pedro berrava enquanto o irmão gargalhava já um pouco afastado do mesmo.

-Você precisava ver sua cara !- Edmundo respondia em meio a risos que raramente saiam de seus lábios.- O que está fazendo?- perguntou a Pedro que resmungava baixo voltando-se para o livro.

-Não vê que estou lendo?- Pedro respondeu sem olhar para Edmundo voltando a sua atenção de antes. Antes de Edmundo chegar e desconcentrá-lo.

-O que lê exatamente?- o birrento agora estava sério ,recostado na poltrona que ali se encontrava ,descansando seus pés na velha mesa que estava a sua frente.

-Vai tirar o dia para me interrogar é?- o loiro dizia tirando os pés de Ed da mesa velha que revirou os olhos no mesmo instante.- Você quer mesmo saber?- perguntou percebendo um sorriso escondido no canto da boca de Edmundo.

-O que você acha?- Edmundo levantava-se curioso fitando o livro.- Vamos, diga Pedro.- a voz do garoto ecoou por todo o cômodo.

Assim, Pedro abria uma gaveta num velho armário no canto da sala e tirou o álbum de fotografias o trazendo até Edmundo. Quando abriu Ed soltou um risinho ...Atração por gente velha irmãozinho?- pensou.

-Nossa Pedro , todo esse suspense, por isso?- perguntava apontando para uma foto de um senhor com uma pinta perto do rosto.

-Não....- Pedro negou com a cabeça.- Por causa disso.- continuou a falar enquanto seu dedo deslizava pela página o parando na imagem que intrigara ele e Lúcia.

-Não brinca!- Ed berrava enquanto via a imagem diante de seus olhos.- É...

-É ele sim!- Pedro verbalizava observando Ed estreitar os olhos para averiguar melhor a imagem borrada.

-Então quer dizer... ele já veio a Nárnia! Já foi um de nós!- a felicidade de Edmundo era contagiante ,seu sorriso era o mais largo que já esteve em seu rosto há um bom tempo.- Os outros já sabem?

-Somente a Lúcia e a Maggie.

-Não acho que você deva estar contando essas coisas para essa garota.

-Não começa por favor.- Pedro falava antes de começarem uma briga.

-Ok, ok, meu pombinho apaixonado...- Ed provocava.

-Adeus.- cantarolou empurrando Edmundo para fora da biblioteca.

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Caspian estava sentado num sofá no salão principal do castelo, no andar térreo. Ele estava inquieto, e era pra estar mesmo , aliás , Susana se encarregou de mostrar todas as dependências de Cair Paravel para Katherine. E se ela a empurrasse de algum lugar alto? E se ela a ofendesse? E se elas brigassem? Milhões de pensamentos negativos passavam pela cabeça do Navegador.

Ali ele pensava seriamente se foi uma boa ideia traze-la consigo. Se ela não se precipitou em suas decisões. Ele sabia que já estava sendo difícil e seria muito pior a convivência com Susana com Kat por perto. Seu comportamento no momento em que chegaram não deixou isso escondido, ela fazia questão de mostrar que estava incomodada com a situação.

-E aqui é a sala principal.- a voz de Susana era reconhecível quando decia as escadas com Kat a seguindo. Que olhasse para Caspian podia ver a cara de alívio que o mesmo fez.

-Muito bonito o lugar- Katherine respondia olhando o teto dourado que parecia ser cravejado com pequenas e delicadas pedras de diamante.

Caspian olhava Susana fixamente, e quando a mesma percebeu o olhar retribui-o. O silencio emanado pelo lugar fazendo Kat ficar meio tensa e meio intrigada. Olhar para Caspian era como ter a sensação de estar nas nuvens, cada detalhe do seu rosto era gravado pelos olhos cor de mel da filha de Miraz. Ela tinha Caspian como um amigo, mas talvez o sentimento de disputa que Susana lhe despertava fosse o necessário para que outro sentimento surgisse. Afinal nossos desejos mais insanos são por aquilo que não podemos ter. Ela não queria estar pensando naquilo mas era inevitável. Percebendo que o silencio ainda caia sobre a cena, ela decidiu se retirar para deixa-los a sós , isso estava estancado nos rostos de ambos.

-Com licença. Eu acho melhor arrumar minha coisas nos meus aposentos.- dizia meio sem graça pela situação.

-Tudo bem.- Caspian assentiu com um leve sorriso. Então Katherine subiu as escadas e sumiu em meio ao corredor. Segundos depois a voz de Caspian já se pronunciava. –Você está bem?

-Por que quer saber?- Susie perguntava serena sentando-se numa poltrona acolchoada vermelho escuro que estava posta a frente do sofá que Caspian havia se sentado minutos antes.

-Porque passei todos esses dias longe de você Susie.- ele abaixava-se ficando próximo aos joelhos da mesma.

-Pensei que não se lembrava de mim.- não o encarava ao responde-lo.

-Impossível.- falava levantando-se ,agora apoiando seus braços estirados nos braços da poltrona que Susana ocupava , seus rostos estavam frente a frente.- Impossível não lembrar de você nem sequer um instante.

-Não me parece isso.

-Por que ? Por causa dela?- referia-se a Kat.

-Sim. Porque a trouxe? Caspian me diga a verdade, está interessado nela?

-Ela nunca tinha vindo aqui, sua mãe a prende como se fosse um animal selvagem, enquanto ela só é uma rosa delicada, uma passarinho que só quer aprender a voar.- com a resposta de Caspian Susana levantou-se indo até a janela que dava vista para o pátio do castelo.

-Então está interessada nela...

-Eu não disse que estou.

-Mas também não disse que NÃO está.

-Nossa história está estranha... mas...

-Eu sei disso Caspian. Não concordamos em mais nada, sempre estamos em conflito, algo que acaba nos afastando. –Susie dizia limpando uma lágrima que saia do canto dos olhos.

-Sim, é verdade... mas ... nós podemos resolver isso.

-Com a Katherine aqui? Acho meio impossível.

-Eu não entendo, pensei que já estivesse entendido a estadia dela aqui. Não a levou para conhecer o castelo?

-Sim a levei. Mas a levei para conhecer o território inimigo. Ela não é tão tola como pensa, quando citamos você ela fala de um jeito diferente , os olhos dela brilham.- Susana agora o encarava.

-Isso é apenas admiração.

-Não, não é...eu sei disso. Caspian me diga... O motivo dela estar aqui é somente por causa da mãe ?- Caspian hesitou em falar. Ele sabia que a resposta para aquela pergunta seria um pouco demais para Susana, mas ele não podia mentir.

-Eu descobri que sou seu prometido.- aquelas palavras dilaceraram o coração de Susana que ardia em chamas. Ela não podia acreditar no que ele dissera, imóvel ,foi assim que ela permaneceu.

-Como é que você traz uma prometida sua para minha morada?

-Mas eu não vou me casar com ela Susie. Acredite.

-Como posso acreditar em alguém que traz sua possível noiva para o meu reino?- lágrimas já podiam ser enxergadas escorrendo pelo rosto pálido da Pevensie.

-Susana o que está acontecendo?- Lúcia adentrava o local percebendo o desespero da irmã.

-Está Lúcia. Está sim.- Mentiu enxugando o rosto com sua mãos pálidas , ela ainda olhava Caspian que estava caindo aos pedaços por dentro, ele não suportava ver Susana chorando.

-Não, não está. Caspian o que está acontecendo?- Lúcia perguntava enquanto se aproximava se Susie. Mas antes que Caspian pudesse responder , do nada gritos foram soltos por Susana.

-Aaaaaaaaaaaaaaaah Aaaaaaaaaaaaaaaaaah!- ela segurava a cabeça. Estava queimando por dentro, uma sensação nunca vivida antes por ela. Ela pensava que sua cabeça estava prestes a explodir.

-Susie! Susie você está bem?!- Lúcia perguntava desesperada tentando abraça-la. Mas os gritos continuavam.

-Susana! Susana!- Caspian abaixava-se tentando também abraça-la enquanto ela debatia-se no chão. Susana parecia estar recebendo uma descarga elétrica no seu cérebro. Lágrimas de dor escorriam sobre seu rosto, seu gritos ficavam absurdamente altos, fazendo os outros virem desesperados ao encontro da cena.

-O que está acontecendo?!- Edmundo e Pedro em coro perguntavam nervosos chegando ao local.

-Eu não sei! Ela começou a gritar do nada! – Lúcia respondia desesperada em meio a lágrimas ao ver a irmã naquele estado.

-Edmundo, acho que você poderia ser menos impaciente com ela.

Susie escutava sua própria voz repreendendo Edmundo, a cena se equalizou em sua mente, estavam num Trem.

-Parece sim Susie. E é muito gentil como ele também.

Agora escutava a voz de Lúcia , a cena se equalizou outra vez, estavam na floresta.

-Ed? Estou começando a achar que você não esta nervoso somente por desconfiança dela.

-Claro que sim, o que você quer dizer com isso ?- Edmundo corava.

-Ed cada vez que se fala dela em relação a você , você cora.

-Tá ,ela me deixa com raiva. Você não vê que estamos brigando quase sempre? Nos odiamos.- tentava convencer Susana.

-Está bem. Mas não esqueça, o amor e o ódio andam de mãos dadas.

-Susie vamos parar com essa conversa, está me dando náuseas.

-Olha só pra você, fala como se nunca tivesse se apaixonado.- dizia Susie jogando um pedra no lago como Edmundo fizera.

-Nunca. –dizia convicto.- Já você...- Edmundo realmente não era brincadeira.

-Eu o quê ? – perguntava Susie fazendo-se de desentendida.

-Você e o Caspian. Está na cara, todas as vezes que vocês se veem ficam com cara de idiotas.

-Ed, você é podre.

-Eu sei.- respondia com um sorriso.

-E eu acho que você está caidinho pela Danielle.- provocava.

-Nunca.

-Ed, mais cedo ou mais tarde você vai se apaixonar.

-Dispenso viver esse mito.

-Mito ? Você acha que o amor é um mito ?

Um diálogo seu com Edmundo foi formado. Estavam ainda a floresta, estavam conversando a noite. Isso soou familiar. Como também o momento em que esteve pendurava no parapeito da janela do dia da guerra. Como Caspian amarrado num trenó no dia da invasão em Nárnia. E o rosto de Alec, foi a ultima lembrança que Susana teve naquele momento.

-Ela parou.- a voz de Pedro podia ser escutada por Susana. Meio baixa, mas possível de escutar.

Seus olhos foram abrindo lentamente com uma imagem turva de 7 seres a observando assustados, enquanto estava caída no chão.

-Susie você está bem?- Caspian apoiava a cabeça da mesma em seus joelhos.

-Eu lembrei.

-Lembrou de que?- Maggie perguntava já presunçosa.

-De A Herdeira da Feiticeira Branca.- respondeu olhando friamente para Danielle que ficou congelada com a frase de Susana. – Eu lembrei, nós fomos ao céu.

Todos a observavam pasmos especialmente Edmundo e Danielle que eram os mais perturbados com toda aquela história. Um rugido de Aslam quebrou o silencio e ganhou toda a atenção dos seres que ali se encontravam.

-Aslam porque eu lembrei da forma mais dolorosa?- Susana perguntou sussurrando uma pouco fraca mas já conseguindo sentar-se.

-Porque você negou a verdade que no fundo você sabia que se concretizaria.- o leão respondeu tirando os seus olhos de Susana e pondo-os sobre Edmundo e Danielle que tinham mais haver com aquela história do que qualquer outro ser.