Fraque E Olhos Verdes escrita por Jane Timothy Freeman


Capítulo 12
O diário de David Phillip Smith


Notas iniciais do capítulo

Olá, queridos!

É com grande orgulho (e tristeza) que anuncio o penúltimo (eu disse penúltimo!) capítulo de Fraque E Olhos Verdes!

Eu sei, eu sei! Foi uma história curtinha, mas está exatamente do jeitinho que eu queria: bastante sentimental e histórica, rs.

No próximo capítulo já devo ter o link da nova fanfic que escreverei. Espero que não me abandonem, ok?

Muitíssimo obrigada a todos que acompanharam!

Annie F.



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Max, Sophie e Phillip haviam saído para as caminhadas habituais por St. John, deixando uma Carole inquieta para trás. Lizzie, como sempre, descansava no berço da sala.

Com um suspiro, a moça sentou-se no sofá e correu os dedos pela capa do livro que tinha em mãos: o diário de seu finado marido.

Carole não tinha certeza se queria e deveria ler. A morte dele ainda deixava um sabor ocre em sua boca e conhecer os segredos de David parecia errado, como se desonrasse sua memória ao fazê-lo.

Engolindo em seco, tomou a decisão: abriu as primeiras páginas.

David sempre fora tímido, mas em seu diário as palavras eram desinibidas e Carole pegou-se rindo várias e várias vezes sem perceber.

Finalmente seus olhos chegaram à parte em que David falava sobre quando haviam se conhecido.

"A filha dos Adler é uma dama como jamais conheci. Embora não possua a beleza deslumbrante a que todos os cavalheiros parecem prestar atenção, sua inteligência e seu espírito são notórios."

A moça não pôde deixar de sorrir.

"Percebo que esta mesma inteligência não permite que seu coração apaixone-se e que é veemente contra o casamento. Em benefício dos pais e devido à instabilidade destes tempos, todavia, não perco as esperanças de um dia chamá-la 'minha esposa'".

Outro sorriso tomou seus lábios, desta vez acompanhado de dolorosas lágrimas. Continuou lendo, uma poça de sentimento aquecendo seu coração.

"Posso considerar-me o homem mais feliz deste mundo. Embora o que acha do casamento, Carole Adler aceitou compartilhar sua vida comigo. O casamento acontecerá em dois meses, mas não consigo deixar de ficar inquieto.

Ah, minha bela Carole! Espero poder ganhar seu coração... E pensar que devo toda minha felicidade a meu melhor amigo, Max Ferrars, que me alertou sobre a mais magnífica criatura de todas."

Carole franziu a testa. Lera direito: Max a havia... recomendado a David?

Incerta sobre o que pensar, continuou a ler.

"Hoje tenho a certeza de ser o homem mais feliz do mundo: a mulher que amo deu-me o melhor presente de todos, um lindo menino. Meu filho! Meu Phillip! O herdeiro de tudo o que eu e meus antepassados construímos, das fábricas e de Queen Victoria!

Sei que será um ótimo rapaz quando crescer. Mal posso esperar para ver cada conquista que ele fizer - meu filho! O primeiro passo, a primeira palavra...

Sei que ainda é cedo, mas já desejo outro filho. Meu coração parece muito grande e ansioso e necessito preenchê-lo. Que o Senhor me agracie com uma menina, um lindo bebê como Carole!

De fato, diário, poderei ser mais feliz?"

A moça não pôde mais ler. Deixando o diário de lado, colocou o rosto entre as mãos e chorou copiosamente.

David merecia tanto, tanto dela. Por que o destino tinha de ser tão cruel? Retirar um pai de perto de sua família!

"Oh", Carole deixou um grito estrangulado sair de sua garganta. "E David nem soube que teria uma filha!". Encaminhou-se para o berço e chorou muito.

Lizzie, inconsciente da tristeza que tomava conta de sua mãe, virou-se e continuou a ressonar profundamente.

~'~'~'~'~'

– Mamãe, você está bem?

Carole sorriu fracamente.

– É só uma dor de cabeça, meu querido, vai passar.

Ao cair da noite, ficou claro para todos que aquilo não era verdade. Até mesmo Sophie preocupava-se e Lizzie estava inquieta nos braços da mãe.

Os olhos de Maximilliam não deixaram o rosto de Carole por um segundo sequer.

– Senhora Smith?

Carole sorriu.

– Pode me chamar de Carole, minha querida.

Sophie mordeu o lábio e assentiu.

– Por que a senhora está triste?

A moça até tentou disfarçar, mas seu coração estava pesado demais para fingimentos.

– Não se preocupe, prometo que não é nada grave. - E suspirou.

Obviamente ninguém acreditou, mas todos respeitaram sua vontade.

~'~'~'~'

Maximilliam embalava Lizzie quando Sophie e Phillip foram dormir.

– Boa noite, mamãe. Fique bem!

Carole sorriu e assentiu levemente.

– Boa noite, meus amores.

O homem esperou até que as crianças saíssem para colocar o bebê no berço. Ele respeitara Carole até agora, mas não deixaria que nada a machucasse mais, o que claramente estava acontecendo.

Antes que pudesse dizer algo, todavia, Carole aproximou-se.

– Max. - chamou, colocando uma mão trêmula em seu braço.

– Sim, minha querida? - "Meu amor."

Carole foi até a estante, puxou um livro e voltou, entregando-o ao rapaz.

Ele arriscou um último olhar antes de abrir o volume.

"Este diário pertence a David Phillip Smith."

O coração dele disparou dolorosamente em seu peito.

– Você sabe.

Carole apenas assentiu.

Max tornou a encará-la.

– E o que sente sobre isso? Raiva?

A moça suspirou fundo antes de negar.

– Não, Max. Sinto-me triste.

Maximilliam olhou-a com espanto.

– Tristeza? Não entendo.

Carole fechou os olhos e deixou que lágrimas amargas descessem por seu rosto. O rapaz tentou evitar, mas logo também chorava.

– Max... - A voz de Carole estava trêmula. - David me amava. E de um jeito tão puro e profundo! Deu-me, também, dois presentes inestimáveis. - Um gemido desesperado saiu da garganta dele. Carole fechou os olhos novamente, deixando que os tremores tomassem conta de seu peito. - Nossas ações estão enterrando este amor. - Com uma força sobrenatural, ela abriu os olhos e fitou o rosto molhado de Max. - Não posso manchar a memória dele deste jeito. Não posso traí-lo assim. - Com um sussurro, ela acrescentou. - Acho que Phillip, Lizzie e eu devemos nos mudar para Queen Victoria pela manhã.

Neste momento, Maximilliam rompeu com todas as etiquetas e a apertou em seus braços.

– Não, Carole, por favor! Não tire Phillip e Lizzie de mim. - As palavras tremiam mais e mais. - Não vá embora! Já a perdi uma vez. O que vou fazer? - Ele beijou as faces dela várias vezes, um desespero crescendo no peito. - Eu te amo tanto, tanto, tanto!

O corpo de Carole tremia.

– Não me diga isso, por favor! - Ela o abraçou. - Eu também te amo, Max, mas não posso trair a memória de David assim!

– Ma-mamãe?

Carole e Max desvencilharam-se rapidamente, mas as lágrimas ainda continuavam a cair. Não demorou muito para que os adultos notassem que Sophie e Phillip também choravam.

– Mamãe, não podemos ir.

Carole fechou os olhos.

– Filho, também não podemos ficar. Não seria certo.

Os pequenos deram-se as mãos e caminharam até os dois.

– Carole - disse a menina com voz fraca. - Perdi minha mãe. Mas, depois que você chegou, é como se uma nova chance me fosse dada, sabe? Como se eu pudesse ter uma segunda mãe.

– Mamãe - prosseguiu Phillip. - Ninguém jamais tomará o lugar de papai no meu coração, mas o Sr. Ferrars - Max - também é como um pai para mim e para Lizzie. - Fungou um pouco, seu rostinho infantil cada vez mais molhado. - Não podemos ir.

Carole fechou os olhos e, chorando ainda mais, caiu de joelhos, abrindo os braços para as crianças. Max a seguiu em seguida.

Quando todos conseguiam respirar sem chorar, Max olhou para os três e tomou as mãos de Carole nas suas.

– Meu amor, minha vida, não pode ir embora! E a nossa família? E os nossos filhos? Nossos filhos, Carole! - O rapaz chorou mais antes de completar: - Eu a amo muito, Carole. Por favor, você daria a honra de ser minha esposa?

Com lábios trêmulos, Carole assentiu. Os 4, então, abraçaram-se mais e deixaram que seus corações sossegassem.

Uma família!

Foram interrompidos pelo choro faminto de Lizzie.

Definitivamente uma família!


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Notas finais do capítulo

Eu chorei escrevendo. :(