Eu & Elas escrita por Ana Wayne, Vick Wayne e Mia Oliveira


Capítulo 2
A garota




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– Bom dia sr. Black! – Disse Ernest, o porteiro do prédio onde eu morava.

– Bom dia Ernest! – Respondi.

Eu morava na cobertura de um prédio de 20 andares. Um dos prédios mais luxuosos de Londres, um só apartamento ocupava o andar inteiro. Quando passo por Ernest ele me chama novamente.

– O que houve, Ernest?

– Uma garotinha passou aqui hoje atrás do senhor!

– Uma garota?

– Sim! Ela deveria ter uns 15 ou 16 anos disse que tem algo urgente para falar com o senhor!

– O que uma garota pode querer falar comigo?

– Ela parecia ser uma daquelas ativistas ambientais, se o senhor quer saber! – Disse meio entediado enquanto voltava a se sentar em sua cadeira. – Deve ser uma daqueles lunáticos que tentam impedir o senhor de comprar a Lewis Garden para o novo hotel.

– Nem me lembre desses loucos! – Resmunguei. – Se essa garota voltar, fale que não estou disponível!

– Certo senhor!

E entrei em meu elevador. Uma ativista ambiental. Era tudo o que faltava. Esses lunáticos que sempre queriam que todos preservassem a natureza, mas se esqueciam de que precisávamos trabalhar e ampliar nossos horizontes. E quanto a minha rede de hotéis, sempre foram total e completamente limpos, até usávamos energia limpa e sempre tínhamos uma área pequena reserva nos resorts ou hotéis mais afastados da cidade. Revirei os olhos enquanto abandonava minha maleta no sofá do apartamento.

Meu apartamento, a pesar de muito grande só possuía um quarto. O meu. No primeiro andar havia a sala, a cozinha, a copa, meu escritório, o banheiro e uma sala de jogos. No segundo andar havia o meu quarto que ocupava um terço do tamanho do apartamento, uma área com uma piscina privada e uma varanda gourmet. Eu não recebia muitas visitas e quando recebia as hospedava em meu hotel. E quando Marlenne vinha para meu apartamento, digamos que ela não precisava de um quarto de hospedes.

Me aproximei da janela e observei o mundo até onde eu conseguia ver. Em algum lugar lá fora estava duas pessoas que poderiam estar aqui agora. Suspirei. O que infernos eu estava pensando? Devison, como eu já sabia se encontrava com um namorado, e ela... Ela deveria estar feliz em algum canto por ai. Se eu não tivesse sido tão covarde antes...

Covarde!

-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.

Algumas horas antes:

A garota se aproximava do prédio luxuoso. Era residencial e ela logo podia ver que morar ali deveria custar uma fortuna. Só mesmo aquela região já deveria ser bastante cara. Sentia-se intimidada apenas olhar para aquele prédio, mas tinha que o fazer. Respirando fundo e tentando se acalmar ela entrou no prédio. Havia um homem pálido e gordo sentado na portaria e ela se aproximou dele.

A primeira reação do homem foi olhá-la de cima a baixo. Tão óbvio! Ela não se vestia como as pessoas que passavam por aquela região. E principalmente, ela não se parecia com alguém que morava naquela região. Não usando aquela roupa: uma jeans velha e puída, uma camiseta branca de frente única, um tênis da Nike velho e gasto e uma jaqueta cinza que deveria ser a única coisa nova no seu guarda roupa, que ganhara de uma velha amiga. Suas roupas eram de segunda mão e isso era óbvio para qualquer um.

– Com licença... – Disse com a voz tremula para o porteiro. – Eu gostaria de falar com o sr. Sirius Black.

– O sr. Black não se encontra em casa garotinha! – Disse o porteiro com petulância. Ela mordeu a língua para não responde-lo.

– Sabe que horas ele chega? – Por favor que seja antes das 19h! Por favor! Por favor!

– Apenas as 20h. Tem algum recado! – Sim, eu tenho um recado! Diga a ele que a filha que ele abandonou a 15 anos esteve aqui!

– Não! – Respondeu, calando os pensamentos. – O que tenho a dizer só pode ser dito pessoalmente! – Disse por fim. – Volto outro dia!

_._._._

Olhou para os grandes portões negros a sua frente, que sempre a prenderam ali. Como uma prisão. Em seu topo, com o mesmo metal negro estava escrito o nome daquele lugar: Garden Lodge. Estava nos jardins como sempre ficava quando já não tinha mais nada para fazer. Suspirou, irritada. Atrás de si estavam as outras crianças do orfanato. Enquanto observava a vida que passava do lado de fora não percebera que alguém se sentara ao seu lado. Um garoto alto e magro, de olhos castanhos e pele clara, com cabelos castanhos claros e lisos moldando seu rosto.

– Pela sua cara deveria dizer que não deu muito certo, não? – Ela desviou o olhar para ele, e os olhos pareciam um pouco vermelhos. – Esqueça isso Hermione! Siga em frente!

– Eu vou seguir em frente, Miguel! Mas antes disso eu preciso...

– Você não precisa deles, Mione! Eles te abandonaram! – Disse. Ela o abraçou chorando. E ele retribuiu o abraço. – Eles não merecem essas lagrimas Mione.

– Eu só preciso encontrá-los para reaver algo!

– O que é esse algo?

– A carta de emancipação!

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Aqui é Sirius Black, como não posso atender favor deixar um recado! Obrigada!

Sirius Orion Black! Onde você está? A única droga do momento em que eu consigo ligar para você, você não está em casa! Mas que merda! Bom... De qualquer forma estou avisando que vou voltar na sexta feira daqui a duas semanas! E Sirius Black se eu descobrir qualquer farra sua junto de Remo e James, eu mesma me encarrego de castrá-lo, entendeu? Até daqui a duas semanas meu amor! Estou com saudades! Te amo!

Era a inconfundível voz de Marlenne. Claro que eu tremi um pouco diante de sua ameaça, afinal sabia muito bem que ela era apta para utilizar de instrumentos cirúrgicos. Maldita. Sorri ao saber que em breve ela voltaria para meus braços. O lugar onde ela deveria estar.

Levantei e me preparei para mais um longo dia de trabalho. Comi algo rápido, sem me importar muito com o que era. Peguei minha pasta e alguns envelopes que não couberam na pasta e me encaminhei para a portaria, já era 9h30min, o que significava que eu estava atrasado, muito atrasado. Na portaria fui barrado por Ernest.

– A garota que esteve aqui ontem deixou isso para o senhor! – Disse me entregando um envelope pardo que havia um volume no meio.

– Ela ao menos disse como se chamava?

– Não, senhor! – Respondeu-me.

Irritado peguei o pacote. Meu carro já me aguardava do lado de fora do prédio. O manobrista me entregou a chave e eu basicamente pulei para dentro do carro, jogando tudo para dentro do carro, inclusive o pacote da tal garota. Dirigi com pressa para chegar o mais cedo possível, e agradeci pelo bom transito quando cheguei exatamente na hora da reunião com Howlett e Machinner, dois possíveis sócios – dependendo do que pretendem me oferecer.

Levei apenas minha pasta e mandei com que o manobrista entregasse os envelopes que remanesciam na pasta para a minha secretária, assim não carregaria tantas coisas. Quando cheguei na sala me desculpei pelo meu pequeno atraso e cumprimentei aos dois homens que já se encontravam na sala.

Não se tratava de algo muito difícil. Machinner era o principal acionista da DreamTour, uma agencia de turismo nacional e internacional que era bastante conhecida pelo mundo afora. Já Howlett era o dono da Howlett AirLines, uma empresa de transportes aéreo internacional. Machinner queria me propor fazer parte de seus hotéis de aluguel, ou seja eu disponibilizava quartos para que ele pudesse alugar para os turistas pelo dobro do preço, e para Howlett que vendesse acentos em seus aviões, para que ele pudesse revender para os turistas pelo mesmo preço, mas com uns 7,5% de lucro. E no fim o lucro total seria repartido para as três empresas.

A pesar de não ser algo difícil de se resolver. Não era algo que eu simplesmente assinaria sem questionar antes. Howlett pareceu concordar comigo e por isso Machinner nos deu um mês para pensarmos no que deveríamos fazer. Eu sinceramente pensava que dependeria muito de quais dos meus hotéis ele iria querer, nada mais do que isso, quanto a Howlett teria que pensar mais sobre isso.

A reunião demorou muito e por isso logo fui para meu escritório resolver as questões sobre meus hotéis. Converseis sobre a proposta com meus acionistas, entre eles Remo e James, meus melhores amigos. Remo também possuía uma empresa de turismo e dissera que era melhor não aceitar que esse tipo de técnica só era oferecida quando a empresa estava próxima a falência. O que não me surpreenderia muito sendo que Machinner se encontrava no poder. James também achava que Machinner estava era tentando nos passar para trás.

-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.

Estava digitando rapidamente. Estava fazendo uma pesquisa sobre infecção hospitalar e a limpeza e organizações de hospitais, postos de saúde e clinicas. Enquanto pesquisava mais me irritava. Vi quando uma xícara quente foi colocada ao lado do meu computador. Olhei para cima e vi os olhos azuis esverdeados de Adam me olhando com diversão.

– O que o pobre do teclado fez para você dessa vez, Carly? – Perguntou-me com um riso divertido. Revirei os olhos perante sua pergunta.

– Só estou fazendo uma pesquisa!

– Pesquisa é?

– Sim! Sabe aquela noticia que Joanne cobriu sobre uma mulher que morreu por causa de uma infecção hospitalar. Então me pediram para fazer uma reportagem com esse tema, então eu tenho que... – Parei de falar quando vi ele retirar o notebook da minha frente. – Hey! O que pensa estar fazendo!

– Fazendo você cumprir nosso combinado! – Ele desligou o computador e o colocou em cima da estante. – Lembra, esse final de semana, somos só eu e você!

– Acontece, meu amor, que hoje ainda é Sexta!

– Exatamente, hoje é sexta! Já são 18h, ou seja, já é final de semana! – Nisso ele me pegou no colo e me levou para a cama no meu quarto. Ele começou a me beijar e o clima esquentou.

– Mas e o café?

– Depois!

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Cheguei em casa jogando minhas coisas no chão. Mas algo foi diferente dessa vez. O envelope daquela garota caíra no chão fazendo o barulho de uma caixa. Revirei os olhos e peguei o tal envelope. Talvez fosse melhor acabar com isso de uma vez. Dentro do envelope pardo havia uma carta e uma pequena caixinha de joias. Aquilo sim era muito estranho.


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