- Essa é a sua nova caverna, infelizmente vamos dormir no mesmo quarto, o meu está em reforma. - ele disse abrindo uma porta branca e revelando um quarto rosa cheio de enfeites totalmente gays - Vou tomar um banho, você pode mexer em tudo, menos na guitarra. - apontou para a guitarra no canto do quarto.

- Mas a guitarra é a única coisa legal e que não me faz ficar enjoada dentro desse quarto.

- Mas é minha, o que já obriga você a ficar quilômetros de distância dela.

Ele realmente achava que eu ia ficar de frente pra uma SG e não iria realizar o sonho que toda guitarra tem de ser tocada por minha pessoa? Coitado.

Após resmungar o quanto sua guitarra é importante, enfim entrou no banheiro e me deixou a sós com a perfeição em guitarra, por mais que eu tivesse uma Gibson, meu sonho sempre foi ter uma SG, e acho que estou realizando.

Abri o armário e avistei o pequeno amplificador na parte de cima, tirei-o de lá e liguei na tomada, conectando na guitarra logo em seguida, comecei a tocar a primeira música que veio em minha cabeça, e estava tão distraída que quase não percebi o ser que estava com uma toalha cobrindo seu corpo da cintura pra baixo, nada mal.

- Eu pensei que tinha falado pra você não tocar na guitarra, - ele disse logo em seguida tomando a guitarra das minhas mãos, me senti como se minha alma tivesse sido levada junto - mas você toca bem.

- Eu sei.

Peguei minha bolsa e algumas roupas e entrei no banheiro, deixando ele com cara de idiota no quarto, mudei a temperatura do chuveiro para fria e me joguei embaixo dele, deixando a água acalmar meus músculos.

Depois de passar duas horas debaixo do chuveiro e ficar com dedos de pessoa velha decidi sair debaixo dele, vesti as roupas e sai do banheiro, caminhei até o quarto procurando os malditos óculos que teimam em desaparecer sempre que preciso deles, quando finalmente encontrei perdi a vontade de ler e resolvi que iria sair com London. Desci as escadas e encontrei Sam jogado em cima do sofá em um estado de preguiça estrema.

- Você viu London? - perguntei para ele que me olhou com uma expressão tão preguiçosa, que qualquer um que visse ficaria com preguiça.

- Com London você quer dizer aquela bola de pelos preta que cagou nos meus sapatos? - sorri ao saber que Cagão estava cumprindo com nosso trato - Tranquei ele no banheiro do quarto que está em reforma, e não sorria assim, você fica parecendo uma maníaca. - Puxei aqueles cabelos pretos e extremamente lisos até que ele precisasse se levantar do sofá e olhar pra mim.

- Ele tem aversão à lugares fechados, nunca mais faça isso, ou caso contrário você quem vai limpar toda a merda que ele fizer nessa casa. - gritei e fui atrás do coelho que já deveria estar morrendo dentro daquele banheiro.

Ao entrar naquele quarto senti uma vontade de sair correndo, parecia que aquilo tudo poderia cair em cima de mim a qualquer momento, atravessei rapidamente ao quarto chegando logo ao banheiro, quando abri a porta senti um cheiro horrível, catei a bola de pelos que estava em cima do vaso e fui até a sala, me sentei ao lado do ser dos infernos e comecei a assistir com ele a maratona de The Walking Dead - e lá se vai a vontade de passear com London.

Eu estava quase dormindo quando recebi uma mensagem do Pedro, um amigo que, assim como eu, tinha viajado pra Londres, era a primeira vez que fico na mesma cidade que ele depois de três anos.

"Hey, fiquei sabendo que você está em Londres, tem um filme legal no cinema do shopping, se você quiser ir comigo está convidada. Dedos do meio pra você. Com amor,

- Pedro."

Passei dez minutos pensando em um jeito de ir ver esse filme, faz três anos que não via Pedro, mas para minha sorte, ouvi um balançar de chaves que chamou minha atenção e vi Sam descendo as escadas com uma jaqueta, ele com certeza ia sair.

- Sam, onde você vai?

- Não é da sua conta.

- Na verdade é, sua mãe ainda não chegou, e tenho certeza que não chegará nem tão cedo, mas também sei que ela não sabe que o filhinho dela está saindo essa hora da noite.

- Ela não sabe, mas o que você quer que eu faça? Fique massageando seus pés até você adormecer? Não, obrigado.

- Só preciso que você me deixe no cinema do shopping.

- Eu sei que não sou a pessoa mais responsável do mundo, mas eu nunca largaria você em um cinema sozinha.

- Não vou sozinha, um amigo vai também.

- Não, eu não vou levar você.

- Ainda bem que eu já tenho número da sua mãe para emergências. - fingi ter o número dela, na verdade a única coisa que eu sabia sobre a mãe dele é que o nome dela é Olívia.

- Ok, eu levo você, mas você não vai dizer nada pra Olívia. - assenti.

Risquei mentalmente chantagem da minha lista de coisas que eu iria fazer com Sam e sorri.