Olívia hoje decidiu acordar todo mundo mais cedo, ela supostamente queria ter "uma conversa séria" com nós. Sentamos na mesa logo depois de Olívia, parei para processar o ambiente e percebi que Leah não estava ali. Isso é estranho.

– A sua conversa é só com a gente? - perguntei.

– Sim Anne. Vamos falar sobre isso agora. - ela disse - Eu gostaria de saber por quê vocês não consegue se dar bem. - eu tentei interrompê-la - Não, deixa eu terminar de falar. - disse aumentando o tom da voz - Anne, com suas mil armações e aquele coelho. - como ela sabia de minhas armações era um mistério - E Sam, você ainda age como se essa casa fosse só sua. Vocês dois têm que aprender à se dar bem. E pensando nisso decidi que eu e Leah vamos passar o dia fora enquanto os dois vão limpar o porão. - disse se levantando.

Eu fiquei tão chocada que não tive tempo de reclamar a sua decisão. Olhei para o menino com nome de garota e ele pareia não estar ligando. Joguei um pedacinho de pão nele e o capiroto desviou como se fosse a coisa mais natural do mundo.

– Você pega os baldes! - eu disse.

Cinco minutos depois já estávamos naquele buraco.

Eu não tenho medo de escuro, nem de bichos, nem de lugares abafados, a única coisa que eu tinha medo era de com quem eu estava.

Ele fez questão de ser o primeiro à entrar, segurei a porta enquanto ele entrava e entrei em seguida, nos assustamos com um ruído e Sam voltou imediatamente para ver o que tinha acontecido. Ele checou a porta e deu um soco nela.

– O que foi? - perguntei assustada.

– Você soltou a porta. Estamos presos.

– O quê? - gritei.

Corri para porta e comecei a gritar e dar socos nela.

– Socorro! Socorro eu tô presa! - gritei - Aqui tem um assassino!

– Anne para, não tem ninguém na casa.

– Socorro! - ignorei-o - Socorro! Me ajuda!

– Anne para! - ele gritou e eu me virei para vê-lo - Não tem ninguém em casa. A gente vai arrumar tudo. Olívia vai vim checar o local, e provavelmente não vai demorar muito pra vim.

...

Por que eu fui confiar no idiota com nome de mulher? Por quê?

Já fazia mais de cinco horas que estávamos presos e ninguém percebeu.

– Checa a área do celular. - ele disse pela milésima vez.

– Não tem área Sam! - gritei - Eu já chequei isso oitenta e três vezes!

Ele encostou suas costas na parede e se sentou no chão ao meu lado.

– Eu tô com fome, com frio e com sono. - reclamei.

– Pega meu casaco. - ele me entregou e passou um braço sobre meus ombros, entendi o recado e encostei a cabeça nele - Desculpa, mas quanto à sua fome eu não posso fazer muito.

– Não tem problemas, duas coisas já foram resolvidas. - sorri em agradecimento.

Ele ficou mexendo em meu cabelo, até que cai no sono.

...

Acordei e senti um braço sobre minha cintura. Eu não sei se me assustava por ter ido parar no quarto ou por está tão próxima do garoto. Era perigoso ficar perto de Sam, ele é do tipo de pessoa que ou você se afasta ou nunca mais se afasta.

Acho que estou presa pela segunda opção.