Rivais... Ou Amantes? escrita por HeyLuce


Capítulo 24
Uma horda de escolhas erradas


Notas iniciais do capítulo

Demorei, mas cá está um capítulo saindo do forno, com intrigas e um POV especial...
Praticamente, esse cap é para os Team Rafael! ~existe algum? HAHAH~
Rumo aos 50 leitores o/



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“O principal fica sempre protegido. Entre parênteses ou dentro do peito.”

— Clarissa Côrrea.

Aquela não foi uma simples declaração de amor. Aquela foi a declaração de amor mais linda que eu já ouvi. Nem as dos livros de Nicholas Sparks, John Green e Caio Augusto Leite superavam essa. Não pra mim.

Tinha como eu não beijar esse guri?

— Sorte sua eu amar você. — comento, sorrindo.

Nate balança a cabeça sorrindo e me entrega um capacete. Ele sobe na moto e dessa vez quando eu subo, não ligo por estarmos tão juntos. Na verdade, é bom pra caramba. Mas como de moto não dá pra conversar, logo chegamos em casa.

É aí que a minha ficha caí.

— Nate, nós vamos ter que disfarçar — acaba saindo como uma pergunta.

— Por mim, eu sairia gritando pra todo mundo que estamos juntos, mas é melhor darmos um tempo para todos se acostumarem.

Eu sei que naquele “todos” estão incluídos minha mãe e o pai dele. E tenho que admitir que não me sinto muito bem com isso. Para não pensar mais, abro a porta e entramos na casa. Me jogo no sofá mais próximo.

— Preciso de um banho. — falo.

— Payne? Nathaniel?

Minha mãe entra na sala e me envolve em um abraço apertado. Depois abraça Nate. Olho para ela. Seu rosto está manchado de farinha em algumas partes e ela segura uma forma de biscoitos. Avanço neles, e pego um.

— Payne! — protesta ela, quando eu mordo o biscoito.

Nate vai por trás enquanto minha mãe olha de cara feia para mim, e pega outro biscoito. Minha mãe se vira para ele e antes que possa começar á brigar, eu desato á gargalhar, com Nate e até mesmo minha mãe me acompanhando.

— Já estão tramando contra mim. — diz ela, fingindo estar brava.

— Que é isso, mãe. Nós te amamos. — rebato, e a beijo no rosto ao mesmo tempo em que Nate.

— Ah, hm, onde está meu pai? — pergunta Nate.

— Lá em cima, dormindo. Ele estava muito cansado, então não encham o saco dele. — pede mamãe. — Vou para a cozinha.

Ela some para dentro da cozinha. Eu subo a escada com Nate atrás de mim, e nós paramos na frente dos nossos quartos. Olhamos para o corredor, e então nos beijamos rapidamente. Rimos e corremos para nossos devidos quartos. Fecho a porta e me jogo na cama, abraçando meu travesseiro.

Parece que as coisas estão dando certo ao menos uma vez.

Quem diria, há?

–--**---

— Saudade.

Castiel me abraça e me dá um longo e demorado beijo no rosto.

— Você está me babando! — protesto.

Ele dá uma lambida no rosto. Encaro-o, descrente e boquiaberta. Castiel continua sorridente, mesmo quando eu lhe soco o peito.

— Que nojo! — reclamo. — Castiel, que nojo!

Antes que ele possa responder, sinto dois braços me enlaçando por trás.

— Posso te lamber também? — pergunta Rafael.

Eu lhe dou uma cotovelada de leve e ele me solta, rindo. Castiel praticamente rola de rir. Me encosto á parede da garagem. Depois das aulas, consegui convencer Nate á continuar a deixar nosso relacionamento — será que posso dizer isso? — em segredo.

— Você sumiu o final de semana todinho. — comenta Castiel.

— Hm, eu estive... ocupada.

Não é exatamente uma mentira, mesmo assim cruzo os dedos atrás das costas.

— Mas você mandou bem no baixo. — diz Rafael. — Improvisou e tudo.

— Vocês me forçaram, seus idiotas. — lembro.

E para minha sorte, quando toquei, não me lembrei do meu pai como tinha medo de acontecer. Acho que isso foi graças á música que Nate escreveu para mim.

Que ótimo, eu estava devendo uma para ele.

— Foi mal, Pay. Para você nos desculpar, que tal todos irmos ao cinema? — sugere Rafael.

— Acho uma boa. Que filme? — pergunto.

— De terror? A Aparição tá em estreia. — comenta Castiel.

Alex e Lysandre não estavam, então não podíamos convidá-los. Marcamos para sete horas, e depois Castiel foi me deixar em casa. Entro na casa e me surpreendo de não ver Nate largado no sofá como sempre. Estou quase subindo as escadas quando escuto vozes alteradas vindas do quintal e dou meia volta.

Ok, a curiosidade matou o gato, mas convenhamos que a) não sou um gato, b) foda-se o ditado, tô curiosa.

Começo á identificar melhor as vozes. Melody e Nate.

— ... bem. Mas se eu souber que essa sua escolha tem algo á ver com sua nova irmãzinha que está morando aqui... — Melody começa a ameaçar, mas Nate a interrompe.

— Você não tem direito de fazer nada. Por favor, saia Melody.

Ela respira fundo, e percebo que é minha hora de dar o fora. Mas é tarde demais, porque assim que me viro para subir as escadas, Melody saí pela porta que liga o quintal á cozinha e quando me vê para e me fuzila com o olhar.

— Você me paga. — silva, entre os dentes.

— Dinheiro, cheque ou cartão?

— Lunática. — diz, antes de sair rebolando.

É incrível como as pessoas perdem o namorado, mas não perdem a vontade de sair por aí se exibindo. Seria menos constrangedor se ela escrevesse “faço por dois reais” na testa do que sair por aí rebolando.

— Tudo bem? — questiona Nate.

Me viro para ele e assinto. Ele olha para os lados e me puxa pela mão para a escada. Quando chegamos ao corredor que separa nossos quartos, me solta e me dá um selinho.

— Como foi seu dia? — pergunta ele, acariciando meu cabelo.

— Legal. Eu e os meninos vamos ao cinema ver A Aparição.

Ele franze o cenho, o que não é exatamente bom.

— Você e os meninos? Que meninos? — resmunga.

— Castiel e o Rafa. Nós vamos... — ele me interrompe.

— Rafa? Ah, aquele cara com quem você estava quando mudou o cabelo? Aquele que ficou me encarando como se eu estivesse atrapalhando ou algo assim?

Abro a boca para dizer que Rafael não ficou o encarando, mas pensando bem, eu não tinha ficado olhando para Rafael para saber disso, então me mantive calada e apenas assenti. Abro a porta do meu quarto e escapulo para dentro antes que Nate me detenha, trancando-a com a chave. Ele bate uma. Duas vezes. E então ouço seus passos se distanciando no corredor.

Não sabia que essa coisa toda de ciúmes era chata assim.

Olho no relógio. São 6 e meia. Corro para o banheiro e tomo um banho rápido de ducha. Me enrolo na toalha e abro meu closet. Pego uma saia preta jeans que bate na metade das minhas coxas e uma camisa do Harry Potter escrita “Why so Sirius?”. Calço meu All Star branco e ponho uma jaqueta de couro por cima da camisa.

Destranco a porta e saio do quarto na direção do quarto da minha mãe. Bato na porta e abro. Ela está sentada na cama fazendo chapinha nos fios loiros — que já são meio lisos — enquanto assiste seu clássico Gossip Girl. Learn está trabalhando, então logicamente não está em casa. Boto a cara para dentro do quarto.

— Mãe, vou sair com o Castiel e o Rafa. Vamos ao cinema.

— Certo, só lembre que amanhã é Terça-feira e você tem aula.

— Beleza.

Fecho a porta e saio da casa antes que Nate me encontre. Felizmente, Castiel e Rafael já estão lá na frente, no carro de Castiel. Rafael está no banco do motorista e Castiel no banco de trás, estranhamente. Sento no banco do carona, então. Rafael acelera.

— Você tá linda. — diz ele, olhando para mim e dando um sorriso.

— Valeu. — agradeço, e me viro para Castiel, no banco de trás. — Comprou os ingressos?

— Na verdade, o Rafinha aqui comprou. — fala, dando tapinhas no ombro do Rafael.

— Ah. Tem vale pipoca e refrigerante também? — pergunto, cruzando os dedos.

Rafael e Castiel riem. Ele estaciona em uma vaga do Shopping e descemos. Castiel passa a mão pelos cabelos ruivos, puxa os ingressos do bolso e alerta:

— Vamos logo, a sessão já vai começar.

Dito isso, nos apressamos em correr para dentro do Shopping e vamos para a fila de comprar lanches. Puxo vinte pratas do bolso, mas Rafael segura minha mão e sorri.

— É um vale, sim. — diz.

Abro a boca para falar que ele já fez o suficiente pagando os ingressos e que eu só estava brincando, mas como não é de total verdade, deixo que ele pague. Só a Coca-Cola e a barra de chocolate, porque pegamos uma pipoca gigante para dividirmos, os três.

— Ahn, eu vou pegar mais umas coisas, podem ir, não quero que percam o filme. — diz Castiel.

— Anda logo, então. — digo.

Puxo Rafael pelo braço para o cinema. Sentamos lado a lado, e o filme já tinha começado. Um demônio aparece, e uma garota a minha frente grita. Reviro os olhos. Castiel chega e senta na cadeira vaga ao meu lado, com uma pipoca média e uma Sprite.

— Castiel! — repreendo-o, aos sussurros. — Por que comprou pipoca? Já temos aqui!

— Não me leve a mal, eu prefiro comer sozinho.

— Idiota. — reclamo.

Viro para Rafael e pego um punhado de pipoca. Bebo um gole do refrigerante e volto á olhar para a tela do cinema. A cena mudou para uma garotinha escondida embaixo de uma mesa enquanto seus pais discutiam, por causa da presença do demônio que estava ali. Lembro imediatamente de quando meu pai foi embora e sinto meu coração doer. Aperto forte a cadeira.

— Com medo? — sussurra Rafael, com um sorriso.

— Não sou uma garotinha. — respondo, entre os dentes.

Ele ri baixinho, mas vira para frente e volta a ver o filme. Começo à pensar que deveríamos ter escolhido uma animação qualquer quando a cabeça do pai rola para junto da filha.

POV Rafael:

Acho mesmo que Castiel está sendo um ótimo cupido. Depois de sentar no banco do carona, comprar uma pipoca para si e me deixar com outra pipoca para comer com Payne, ainda fez o favor de me deixar dirigir. Na verdade, achei que escolhendo um filme de terror, Payne poderia ficar com medo, e então eu estaria lá para apertar sua mão, mas ela não fez nenhuma menção de que ia começar à gritar o filme todo, apesar de fazer uma careta em cenas mais bestas, como quando a mãe começou á gritar com sua filha.

Além disso, nós tínhamos esbarrado as mãos quando íamos pegar a pipoca ao mesmo tempo sete vezes. Nisso eu tive sorte.

Saímos da sala de cinema e largamos nosso saco de pipoca vazio e a lata de refrigerante na lixeira. Payne se espreguiça e depois suspira.

— Vou ao banheiro. — diz.

Ela saí e aproveito para falar com Castiel.

— Cara, o que você acha? — pergunto.

— Acho do quê?

— Da Payne, claro.

— Você me socaria se eu dissesse o que acho. — brinca ele, sorrindo.

E eu soco seu braço mesmo. De leve, claro. Payne vem chegando e nós paramos de conversar. Ela trás um copo de Starbucks na mão. Me pergunto como conseguiu ir tão rápido ao banheiro e comprar o café.

— Eu até ofereceria, se não fosse Starbucks. — comenta ela.

— E Starbucks é quase um Cheetos para você. — termina Castiel.

— Quase. — concorda.

Saímos do shopping e Castiel inventa que precisa ir comprar um amplificador para sua guitarra, me deixando á sós com Payne. Ela olha para mim e cruza os braços, e aí pergunta:

— O que quer fazer?

Quer mesmo saber?

— Sei lá. Podemos... Conversar. Que tal no Candy Milks? — sugiro.

— Ótima ideia.

Nos dirigimos ao Candy Milks, e sentamos em uma mesa perto da saída. Peço um Milk shake de ovomaltine, já Payne não pede nada, afinal, ainda está com o seu Starbucks. Meu estômago sobe e desce quando ela me encara com um olhar brincalhão. Tomo coragem para fazer a pergunta que estava evitando.

— Você tá morando com o Nate?

Seu olhar se dissipa. Ela se ajeita na cadeira e não diz nada, mas o seu silêncio me faz entender. Gemo e encosto a cabeça na cadeira.

— Por favor, diga que estão só morando juntos. Diga que são como irmãos. — imploro.

— Rafa, eu era meio estúpida com esse lance de odiar o Nate. Não que eu não o odeie, quer dizer, não odeio. Ou odeio. Mas, bom, se você quer saber se eu fui pra cama com ele, a resposta é não.

Meu queixo quase caí, e meu maxilar oscila. Payne sempre foi linha dura, não gosta de rodeios. E eu sempre apreciei isso nela. Até aquele momento. Para minha sorte, o garçom chega trazendo meu Milk-shake, e salva o clima tenso. Pigarreio.

— Mas você gosta dele?

Ela semicerra os olhos e olha para seu copo de Starbucks.

— Não o odeio mais. — diz, por fim.

Levo isso como uma confirmação terrível, mas ignoro. Pretendia forçar o assunto, mas Payne não parecia disposta á continuar falando disso, então mudo de tática.

— Vai fazer parte da Insônia agora? Os nossos fãs gostaram de você. — digo, sorrindo. Ela sorri também.

— Não vou ser obrigada à isso, então acho que posso considerar a ideia. Se continuarem fazendo músicas como aquela para mim.

— Pode deixar!

Eu observo cada detalhe do seu rosto. E me pergunto como alguém pode ser tão linda. Nem sei como estou conseguindo me controlar a não gritar na sua cara que estou apaixonado por ela. Começo a ponderar essa ideia, e para não arriscar, decido afastá-la da minha mente.

— Quer que eu te deixe em casa? — pergunto. Payne assente.

— É, seria uma boa. Eu preciso chegar antes da minha mãe ter um surto e se arrepender de ter me deixado sair em um dia de aula.

Assinto e pego uma nota de dez pelo milk-shake, jogo em cima da mesa e saio. Lógico que estou levando o milk-shake comigo, além de Payne. Entro no carro do Castiel e mando uma mensagem para ele, avisando para ele pegar um táxi.

— Como o Cast vai voltar? — pergunta Payne, sentando no banco do carona.

— Ele vai pegar um táxi, sem problemas.

No entanto a mensagem que Castiel me manda tem problema sim: filho da mãe, você tá me devendo umas cinco. Quero meu carro sem um arranhão, e não é pra se pegarem no banco de trás.

Estaciono na frente da casa da Payne e ela tira o cinto de segurança e saí antes que eu sequer pense em impedir. Não me resta opção além de sair também. Eu a seguro pelo braço e ela se vira, com as sobrancelhas arqueadas.

— Desculpe, tenho que fazer isso. — digo.

Eu a beijo, segurando firme sua cintura. Payne resiste no inicio, mas então relaxa, mesmo que eu não a sinta retribuindo. E depois de me deixar beijá-la um pouco, ela separa o beijo, os olhos arregalados e a expressão mais confusa do mundo.

Então ela saí correndo para dentro de casa.


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Notas finais do capítulo

Nada aqui :3