P.o.v Ally

Não é possível, esse cara está pedindo para morrer, só pode!

Pego minhas chaves na mochila e abro a porta de casa, mas antes dou uma olhada na garagem e vejo que o carro do papai não está lá. Entro em casa e vou direto á cozinha, ponho minha mochila em cima da mesa e deparo-me com um bilhete escrito em letras de forma, que dizia:

"Ally, querida. Partimos esta tarde para Sunset Beach. Desculpa pela ausência do seu pai, mas tivemos que vir cedo. Espero que tenha chegado bem em casa. Voltaremos na segunda, esteja com suas malas prontas! Com amor, mamãe e papai."

E no final havia uma marca de beijo cor-de-rosa. Mamãe adorava fazer isso.

Sorrio com o pequeno bilhete e abro a geladeira, pegando uma garrafinha d'água. Subo as escadas em direção ao meu quarto e entro, pus a garrafinha na cabeceira e me joguei na cama. Dei uma olhada ao meu redor, estava novamente sozinha naquela casa. Sinto uma coisa invadindo-me, um sentimento que eu realmente odeio. Nostalgia.

Sento-me na cama, jogando para o alto minhas botas e cruzo minhas pernas, arrumando meu cabelo (que já havia se desfeito do coque há muito tempo), deixando-o pendido em um só lado do meu pescoço. Observei ao meu redor de novo, eu nunca parei para pensar em como minha vida tinha mudado. Claro, eu continuo a mesma Ally Dawson de sempre, mas, tudo está diferente. Meu quarto não é mais aquele ambiente infantil de antes, com paredes cor-de-rosa claro, com bichinhos de pelúcia espalhados por tudo que é canto, com roupinhas meigas no roupeiro. Agora eu via aquela parede verde escura, com pôsters espalhados por toda ela, livros e mais livros em várias prateleiras, cordas luminosas e alguns piscas-piscas iluminavam o quarto, em vez da luz do Sol. Ás vezes eu sentia falta de ser criança, de não ter problemas como eu tenho hoje, de não ter que me preocupar com pequenos detalhes, até desnecessários. Quando eu era menor eu não me sentia só, não fazia muita questão e nem entendia direito o que era isso. Quando eu era menor eu não tinha um loiro pegando no meu pé o tempo todo, eu não odiava tanto certas pessoas como eu odeio hoje em dia. Só é inevitável, ele é totalmente insuportável! Tipo, ainda estou intrigada com o que ele disse no carro: "Não, só em um belo par de pernas". Mas o que... Estiquei minhas pernas no colchão, reparando que eu realmente estava com uma saia muito curta, e que minhas pernas estavam completamente descobertas.

–Ah, imbecil! - Praguejei, me jogando na cama novamente.

P.o.v Autora ( u.u )

Ally fechou seus olhos, querendo entrar em um sono profundo e esquecer de tudo á sua volta, mas não conseguiu assim tão fácil. Por algum motivo, que a mesma não sabia explicar, ela se perguntou se o loiro havia dito aquilo se referindo a ela. "Mas, quem se importa? Ele é um idiota!" pensou, como sempre. Não se deixava abalar por nenhum outro sentimento ou emoção pelo loiro, a não ser o ódio. Ela o odiava. Ela sabia disso, ele sabia disso, mas, e aquela tal frase que diz que amor e ódio andam juntos? Se encaixaria entre eles? Será?

Enquanto a morena pegava no sono aos poucos, Austin chegava em sua casa, pusera as chaves do carro em cima do balcão que separava a sala de estar da cozinha, e largara sua mochila no sofá.

Ele subiu as escadas até o seu quarto, sabendo que seria inútil chamar pelos pais ou procura-los. Eles nunca o dariam atenção. Entrou em seu quarto e se apressou em tomar um banho relaxante. Após, se jogou em sua cama, com um sorriso bobo no rosto. Não, ele não sabia o motivo, e se recusava em saber, só queria ficar assim, com aquela sensação de prazer lhe invadindo, um prazer um tanto imaginário e invisível. Aquela foi a primeira vez que eles ficaram tão próximos, e ele viu, ele sentiu que ela gostou, tanto quanto ele.

Esfregou seus olhos e bagunçou mais ainda seus cabelos, que agora estavam molhados. Não sabia o que estava pensando. Ela era Ally Dawson! A menina que o odiava, estaria ele sentindo algo por ela novamente? "Não, isso é impossível!" pensou. Mais uma vez, será?

Três dias depois...

– Anda querida, queremos chegar lá antes do pôr do Sol! - Senhor Dawson gritava de dentro do carro, enquanto esperava a sua filha finalmente terminar de se arrumar.

– Já vou pai! - Ela gritou de volta, saindo de casa e trancando a porta da frente.

– Eles já estão á caminho? - Lester comentava com Penny.

– Disseram que pegariam estrada ás três, já são quatro. Eu avisei ao porteiro do condomínio que eles estavam a caminho e dei-lhes a chave da casa para se instalarem logo, e disse-lhes que teríamos que buscar a Ally ainda. Eles já devem estar chegando. - Neste momento Ally entrou no carro.

– Quem deve estar chegando onde? - Perguntou curiosa.

– Ah, nossos convidados, lá na casa. - Penny respondeu.

– Convidados?

– Sim, passaremos o recesso com nossos amigos, Mimi e Mike, não te avisamos?

– Não, nem tocaram no assunto. Mãe, pensei que passaríamos o feriadão em família...

– Eu sei querida, mas será bom para gente ter mais pessoas naquela casa enorme! Além, de que eles tem um filho, e eu tenho certeza de que vocês se darão muito bem, certo?

– Certo, mamãe. - Ally respondeu um pouco desanimada. Ela queria passar esse tempo sozinha com seus pais. Mas como sempre, ela é a última a saber das coisas. Tentou esquecer do assunto, e pôs seus fones de ouvido, colocando alguma música do playlist do Paramore.

E em Sunset Beach, os Moon's já haviam chegado. Austin não estava nem um pouco animado com aquilo, e o pior, achava ele que teria que passar todo esse tempo rodeado de adultos que só falam coisas chatas, ou merda para ser mais específico. Mimi tentou fazer com que o filho gostasse da ideia um pouco, afinal eles estavam indo para uma praia. Comentou também da filha de seus amigos, disse que eles se dariam muito bem e que ela seria uma ótima companhia. "Ah, ótimo! Uma pirralha para atazanar mais o meu recesso!" pensou.

Ao adentrar o condomínio, encaminharam-se para a casa correta. Austin olhava pela janela do carro, as pessoas passeando, algumas crianças brincando no meio-fio da calçada, vovós e vovôs levando seus cachorros para dar uma volta. Sentiu o cheiro da brisa do mar, mas ainda assim não conseguiu se animar. Saíram do carro ao chegar ao destino, retiraram suas malas do bagageiro, e Austin retirou seu violão da parte traseira do carro. Achava que pelo menos ele poderia o distrair do que vinha por aí. Abriram o portão. Austin ficou boquiaberto com a beleza do local. A casa era realmente bonita, em sua frente se estabelecia a piscina, sua água cristalina e um pouco agitada, por conta das brisas que rodopiavam pelos ares. Á esquerda e á direita tinham aqueles ambientes apropriados para o descanso, com diversas almofadas e encostos. A casa era de um tipo rústico, o marrom da madeira dava a casa um ar ecológico e a transparência dos vidros mostravam parte do que se tinha dentro. Eles se aproximaram mais, entrando na casa e a admirando por dentro.

– É realmente muito bonita. - Mimi comentava com o marido.

– Verdade. O Lester disse que a Penny gosta muito de arquitetura e que demorou meses para conseguir decorar a casa como ela queria.

– E valeu a pena. - A loira dos olhos castanhos escuros e penetrantes soltou aquele risinho maravilhado. Virou-se para o seu filho, que estava mais afastado, num canto onde só se tinha estantes com porta retratos. - Filho, Penny disse-nos que a casa infelizmente só tem três quartos, então você terá que dormir no quarto da Ally! - Austin mal ouvia o que a mãe dizia, estava concentrado em um porta retrato com borda branca de bolinhas vermelhas, e que prendia uma foto de uma garota. Aquela não era a única, mas parecia ser a mais recente. A garota aparentava ter seus doze anos, seus cabelos estavam soltos e tinham cachos largos, que pendiam em seus pequenos ombros, com um óculos escuros em cima da cabeça. Ela usava um biquine listrado colorido e sandálias cor-de-rosa. Austin abriu ainda mais seus olhos, estava surpreso com o que via. Ele conhecia muito bem aquele olhar melancólico e aquele sorriso metálico (Aparelhos). Tanto é, que a sua atenção foi despertada assim que a mãe pronunciou o nome "Ally".

– O que? Ally? - Ele virou-se para mãe, ainda com o porta retrato na mão.

– Sim.

– Mãe, qual o sobrenome dos donos dessa casa? - Ele não sabia o que estava acontecendo consigo, mas tava começando a se interessar pela viagem.

– Dawson, por que? - Ela lhe respondeu inocente e confusa.

– Nada não... Então quer dizer que eu vou dormir no quarto dela? - Apontou para a pequena da foto.

– Sim... Austin, está tudo bem? - A mulher se preocupou com a reação do filho. Em um minuto ele estava todo emburrado e no outro ele sorria igual a um maníaco, ou algo parecido.

– Claro mãe, porque não estaria? E, sabe de uma? Eu to começando a gostar de Sunset Beach, até que vai ser legal passar o feriadão aqui. - Respondeu sorrindo. Olhou para foto mais uma vez. - Muito legal...