A Nossa História de Amor escrita por Manu Pontes


Capítulo 21
Finalmente ou nem tanto..


Notas iniciais do capítulo

Nem vou comentar sobre a minha demora e os meus motivos.
Só espero que apreciem o capito.
Enfim, boa leitura.
Ah, o capitulo é dedicado a minha amiga Fran!
Flor, só você para me aguentar.. shuashua.. XD
Agradeçam a ela por me ajudar nas pesquisas do capitulo.. ^^
;D



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Capitulo 19 – Finalmente ou nem tanto..

Era inicio de novembro, e havia duas semanas que ela andava de um lado para o outro com duas mulheres grávidas e uma menina por lojas e mais lojas. Oh! Como um casamento poderia ser tão detalhista? Não era para isso que existiam as agências para noivas, para que elas fizessem tudo no lugar da noiva? Não. Com certeza não quando se tem uma loira maluca como Ino que observa com critério, e sem negar um bom gosto, cada mínimo detalhe. Decoração, fotógrafos, convites, lista de presentes, espaço para o evento, e claro, o vestido da noiva, cabeleireiro, maquiagem. Entre outras coisas, que a Hyuuga preferiu esquecer nesse momento. Mesmo sendo ela a maid of honor (ajudante de honra). Sentiu-se honrada com o pedido de Tenten, porém se sentia tão inexperiente quanto ao assunto, que agradecera imensamente a espontaneidade e colaboração de Ino.

Mesmo que a noiva desejasse um casamento simples, delicado, uma confraternização só entre pessoas queridas. Mas quem consegue fazer Ino Yamanaka se contentar com algo “simples”? Oh! Nem Gaara conseguia parar aquela mulher ativa. E se a agitação fosse somente pela correria com o casamento de Tenten e Neji, já seria ótimo e no limite. Mas como sempre, Hinata Hyuuga, tinha que atrair a atenção de todos. Refletiu irônica.

Hinata já estava farta dos comentários, de todos achando e supondo que tinham soluções para os problemas dela. Será que era tão difícil aceitar que ela e Naruto não poderiam voltar? Que relacionar-se novamente com o Uzumaki era um erro? Um dos piores, enfatizava. Por que depois de tudo ele não poderia simplesmente desistir, arrancar aquele sentimento dele, e esquecê-la de uma vez por todas? Um estranho pensaria que ela não dava a mínima para ele, mas era justamente o contrário. Era por não sentir-se digna de um homem como Naruto, que ela se esquivava, sempre alternando lugares diferentes, evitando encontrá-lo ao máximo. Era doloroso saber que ele sofria, óbvio, quem não sofre com uma rejeição? Uma rejeição tão fajuta quanto à dela. Porém seu maior desejo era vê-lo feliz, e mesmo que todos digam o contrário, era longe dela que ele encontraria a felicidade. Porque ela não merecia aquele homem, todo aquele amor vindo dele. Um homem que insistia em estar ao seu lado, que ultrapassou uma mentira, um segredo de um monstro, e ainda assim, dizia que a amava. Como ele poderia amar alguém que fora capaz de ocultar a própria filha, criá-la falsamente para os efeitos da sociedade e da própria menina como sua irmã? Uma mulher que envolveu toda a família numa teia de mentiras. Como ele ainda não desistira? Até quando ela suportaria a sensação de tê-lo e a insegurança de que a qualquer momento pudesse perdê-lo quando o mesmo refletisse de que ela estava longe de ser uma fada?

Chacoalhou a cabeça, enquanto se preparava para dormir. Amanhã seria um dia importante para seu primo e sua melhor amiga. Apesar da vida tumultuada, estava radiante com a alegria de Tenten. A sobrinha, para a enorme alegria de Ino que comemorara ao saber que Tenten teria uma menina, e como ela mesma enfatizava “sua” norinha, crescia e se destacava no ventre da futura senhora Hyuuga.

Lembrou-se de sua pequena também, mais duas semanas e Yu completaria oito anos. O tempo passara tão rápido, apesar de tudo. A menina crescia, via-a, nervosamente, criando uma independência. Sim, ela era uma mãe coruja, e nas últimas semanas estava aproveitando bastante esse lado materno. Agora não precisava mais esconder, e ser acordada quase todas as manhãs por um “Mamãe, mamãe, acorda!” de uma princesinha saltitante, era indiscutivelmente maravilhoso. Mesmo assim Yurika estava impossível ultimamente. Sua filha sempre esperta e cada vez mais ativa, e sem negar, tentava a todo custo juntá-la a Naruto. Hunf. De novo a linha de seu pensamento direcionava-se ao loiro.  Repousou-se sobre o colchão macio e cobriu-se com um lençol marfim, a noite estava fresca. Naruto. Amanhã teriam que estar juntos, afinal eles seriam o casal de padrinhos de Tenten. Um casal. Adormeceu, imaginando como o dia seguinte seria.

...

O som de passos era ouvido a todo o momento, às vezes, alguns gritos ansiosos acompanhavam o som dos saltos ao tocar o forro de madeira. Claro, sem contar os equipamentos que emitiam um som contínuo. Mulheres. Salão. Vestidos e Maquiagens. Um sonho para algumas mulheres, um pesadelo para outras. Hinata observava o lugar ao seu redor, no local estavam Hanabi, acomodada a duas cadeiras depois da sua. A jovem recebia uma massagem nas melenas escuras, enquanto recebia outra massagem nas mãos pela manicure, preparando-as para serem pintadas com um tom de vermelho vivo. Uma cor um tanto chamativa, assim como  modelo de vestido escolhido pela jovem e por Ino. Ela concordara um tanto contrariada com o vestido, mas o que belos olhinhos brilhando intensamente não conseguem, hein? E claro as outras madrinhas, modelos da agência muito queridas por Tenten, também aproveitaram a oportunidade em agregar detalhes aos vestidos. Hinata riu fracamente, enquanto uma pedicura cuidava de seus pés, Hanabi não conseguia ser mais calma, sempre cheia de energia, como Ino.

Ops. Lembrou-se da loira que estava no cômodo ao lado, sentada em um sofá folheando revistas sobre cabelo, apesar da grande energia, ainda estava grávida, em plenos seis meses de gestação, e isso era um fato que volta e meia ela lembrava-se, principalmente quando tinha que parar as compras e “correr” para o banheiro mais próximo. Ino estava escolhendo um penteado, tinha certeza que a loira arrasaria na escolha. Mas a noiva com certeza, estaria ainda mais bela e radiante.

Tenten estava em uma sala de hidromassagem, afinal também era outra grávida, além de noiva, merecia um tratamento duplo, que principalmente a acalmasse. Riu novamente, lembrando-se da fisionomia inquieta da Mitsashi. Tão nervosa, tão ansiosa, tão feliz. Imaginou que naquele momento no apartamento do casal, Neji estivesse da mesma forma, e isso era tão fofo. Se eles estavam assim pelo casamento, ponderou imaginando quando fosse o nascimento da mais nova Hyuuga.

- Achei! Achei! – a voz ativa da Yamanaka, retirou-a dos devaneios. Sorriu para a loira, que chegava feliz próxima a cabeleireira sentada num sofá de couro avermelhado no canto direito de Hinata. Com uma mão na cintura, um gesto típico de gestante, e com a outra segurando e chacoalhando a revista, ela foi entrando. – Querida, vamos arrasar. Meu filho tem de se orgulhar do look da mamili dele. – a loira dizia enquanto sem esperar alguma pronuncia da cabeleireira foi se acomodando na cadeira ao lado de Hinata, à esquerda, e próxima a Hanabi.

A Hyuuga se recostou um pouco mais a cadeira, sentindo as mechas sendo molhadas com água fria, sua escolha. Uma massagem leve, e a fragrância do shampoo foi capturada por seu olfato. Baunilha. “Seus cabelos têm um cheiro tão gostoso.” E ali estava mais uma lembrança de Naruto, do seu jeito carinhoso, perceptivo. Essa lembrança a fizera sorrir docemente, todo aquele clima romântico já estava mexendo com ela, e dessa vez, por alguns minutos, ela se sentira bem. Era uma sensação totalmente diferente da qual tivera ao acordar as quatro e pouca da manhã, depois de ter tido mais um pesadelo. Uma sensação angustiosa tomou-a, e foi observando o sono de Yurika que seus sentimentos se suavizaram, seu anjinho estava ali, deitada, dormindo como um verdadeiro anjo. Longe de qualquer mal, nada e nem ninguém alteraria aquilo.

- Cheguei! – uma voz feminina foi ouvida, mas antes mesmo que todas as mulheres, que não eram poucas, naquele salão pudessem cumprimentá-la ao menos com um aceno, uma loira já falava.

- Eita! É a Testuda, garotas, ela chegou finalmente! – o comentário de Ino atraiu a atenção e risos, não somente das Hyuuga presentes, como de algumas modelos que ali estavam se preparando para o casamento da futura Sra. Hyuuga, tudo pela maneira “carinhosa” que tratava a amiga de melenas rosadas.

- Porca, você está radiante. – Sakura caminhou até as mulheres mais conhecidas, o que se referia as Hyuuga e a porca, quer dizer, a Ino, que sorriu em retribuição ao sentimental elogio. – Olá, Hina. Oi, Hanabi. – a rosada cumprimentou com um sorriso meigo, diferente da “valentona” que encarava o noivo e  melhor amigo desde pequena.

- Oi, Sakura. – cumprimentaram-na. A rosada estava ali, como todas as mulheres, para se aprontar para o casamento, sendo ela também convidada por Tenten para ser uma de suas ajudantes de honra. O convite foi aceito com muita alegria, desde que se conheceram há alguns anos através do casal de sócios majoritários da Agência H&U, criaram um bom convívio uma com a outra, um bom relacionamento com ótimas gargalhadas.

Poucos minutos depois, Sakura já estava acomodada em uma cadeira do champô, lavando as mechas rosadas. Desta maneira as mulheres prosseguiam em conversa, numa competição de vozes versus o zunindo dos secadores.

- Onde está a minha bela sobrinha? – Sakura perguntou com um sorriso simpático em direção a Hinata. Isso vinha ocorrendo desde que contara a verdade para Yurika, todos souberam que ela era mãe da pequena, e com certo receio, todos ficaram muito contentes com a notícia. Conheciam Hinata o suficiente para não a julgarem como ela mesma fizera por tantos anos. Os amigos comemoraram ainda mais quando viram Yu se relacionando fraternalmente com Naruto, o loiro tinha um brilho intenso nos olhos azuis, um sorriso clássico, uma felicidade quase abundante que contagiava a todos. Aquela família estava quase completa, só faltava o casal reatar o complicado relacionamento, mas todos tinham a impressão de que logo, logo isso ocorreria.

- Ela está com Naruto e Neji. – Hinata respondeu um pouco corada. Afinal sua filha estava com o pai, sabia que era assim que todos e ela, mesmo relutante, entendiam.

Deixar sua menininha com dois homens dispostos a fazer tudo o que é possível para agradar Yurika foi uma difícil decisão, mas bem sabia que Yu não merecia toda aquela agitação encontrada em um ambiente com tantas mulheres juntas, afinal a filha puxara essa relutância em horas e mais horas dentro de um só lugar, mesmo sendo uma falta de afinidade contraditória a sua profissão que necessita tanto desse preparo pré-desfile.

- Testuda, não ouse “roubar” minha sobrinha. – Ino exclamara enquanto a cabeleireira puxava uma mecha dourada com uma escova e a secava com o secador no jato quente.

- Porca, porca... Yu também é minha lindinha. – a Haruno retrucou com um sorriso de vitória, duas modelos que estavam no momento no mesmo cômodo riram contidamente, achando graça de como as duas mulheres disputavam até mesmo uma criança.

- Ei?! Não se esqueçam dos meus direitos de tia materna, ok? – Hanabi entrou na “discussão”. Hinata suspirou, embora sorrisse, ela sabia bem o que significava tais direitos de tia que se resume de uma forma geral em estragar a criança com tudo aquilo que os pais controlam, e depois devolvê-las aos mesmos. Hana não tinha nem o mínimo de constrangimento para guardar tais ideias. Ela imaginou aquelas duas mulheres, que pareciam disputar uma boneca, como tias.

- “Yurika, guarde bem o que a mamãe ensina, por favor.” – implorou um de seus pensamentos.

- SOU A NOIVA. – ouviram um grito do outro cômodo. – ESTOU GRÁVIDA! – outra vez a voz soara alta. – ENTÃO SOU A TIA COM MAIS DIREITOS POR AQUI. OUVIRAM BEM?

Um único pensamento abrangeu todas as mulheres daquele salão naquele momento. Tenten estava mega nervosa com o casamento! Riram, aquilo não era mais uma novidade.

...

As duas amigas e agora ambas da mesma família, abraçaram-se com um choro contido, e sorrisos largos, emocionadas. Tenten estava com o emocional vibrante, instável. Mas nada apagava a felicidade em seu coração. Seu relacionamento com Neji teve altos e baixos como qualquer outro relacionamento, e a distância entre eles era mais um adicional. Ainda assim, estava ali cumprimentando os amigos, sentindo um pequeno ser se agitar em seu ventre com toda aquela comemoração contagiante, vendo o homem que amava recebendo abraços e felicitações, recebendo toda aquela felicidade como uma benção, que de fato era.  Estava completa, de uma maneira que nunca pudera imaginar que a intensidade seria tão grande, tão sem palavras para descrever.

As Hyuuga se afastaram, Hinata depositou um rápido beijo no ventre da noiva, a mesma ainda tinha de cumprimentar outros amigos. Ver a felicidade de sua melhor amiga contagiava e emocionava. Desde que conhecera Tenten tornaram-se boas amigas, a mulher de fibra tinha vindo para New York em busca de evoluir com estudos em sua carreira administrativa e com sonhos simples como devolver tudo e proporcionar uma vida confortável aos pais, mostrara valores que ela pensava que o mundo já não possuísse. E aquela mulher tão forte cativara o coração de seu primo, um ato difícil para o jovem homem que não desejava se entregar nem tão cedo ao amor. Não que Neji fosse um homem que queria viver a vida livre, leve e solto, sem compromisso com alguém. Mas um rapaz que tinha receio, e por que não dizer insegurança? O primo tivera uma infância de perdas daqueles que mais amara. Inevitavelmente, amar ganhara um sentido de uma futura e dolorosa perda. E com paciência a Mitsashi, agora Sra. Hyuuga, expusera-lhe que mais do que o medo de perder, ele deveria temer nunca amar, nunca sentir um abraço, chegar a casa após um dia exaustivo e não receber um beijo singelo e acolhedor. Saber que não importa o que viesse a acontecer no futuro deveria lutar por um presente de alegria, que um certamente completava e adicionava ao outro. E o principal, que o amor dela era valioso demais para que ele deixasse que o medo lhes afastasse.

A morena soluçou baixinho, aquele casal tão querido era a prova de que lutar bravamente por quem se ama valia à pena. Que desistir do outro tornava a vida incompleta, deixar que o medo tomasse a frente desencantava o brilho da existência. Pois não haveria ato mais belo do que amar. Não importasse o nível de amor, fossem entre um casal, entre pais e filhos, amigos, e por que não vizinhos?! O amor não escolhe raça, sexo, cor, origem. Simplesmente floresce num jardim de dia ensolarado, com árvores robustas, de flores coloridas e grama verdinha. Ele mora no coração, em cada sentido de vida. Deixar que o medo torne-se liderança traz nuvens carregadas, tempestade e solidão. Uma vida sem vida. Era isso que ela estava fazendo consigo?

- Hina. Hinata. – ela ouvira um chamado fraco que foi se intensificando. Piscou aturdida, afastando-se de seus pensamentos, voltando à física realidade, vendo Hanabi fitá-la com uma expressão confusa. – Hina, estava dormindo acordada?

- Eu só estou um pouco cansada. – a mais velha tentou sorrir, o que aparentemente fez Hanabi relaxar e sorrir.

- Ok, então vamos. – a garota disse puxando-a pela mão. - Tenten já foi com Neji para o salão, então, temos que ir também para tiramos algumas fotos. – agora que sua aparente consciência retornara Hinata observou a calçada larga frente à igreja onde o casamento ocorrera, todos os convidados já se afastavam a fim de irem também para o salão.

A cerimônia religiosa fora muito linda, com mensagens belíssimas, conselhos para aquele casal que se tornava um corpo. O ambiente era pura emoção, o trajeto até o altar estava ornamentado com rosas brancas. O noivo estava nervoso, obviamente, mas não largava o sorriso, os olhos perolados brilhantes e a roupa devidamente a caráter a sua posição. Usando um terno de cor azul marinho, o clássico, calça com pregas e bolso faca, paletó, camisa branca e gravata lisa de tom cinza. No lado esquerdo do paletó,  um pouquinho abaixo do ombro, foi colocado uma tulipa rosa.

Neji caminhara pelo tapete vermelho acompanhado de Kenia, que estava emocionada com o convite. Neji por ter perdido a mãe e a tia muito cedo, fora criado como as Hyuuga com todo carinho por aquela senhora, era uma honra tê-la ali ao seu lado num dia tão especial, e numa posição tão materna. Sorriu para os convidados que estavam nos largos bancos de madeira. Na ponta do tapete, do lado esquerdo, pararam a espera que a noiva entrasse. Em seguida os pais de Tenten entraram caminhando com sorrisos de orgulho, parando no lado esquerdo, oposto ao do noivo, a espera da filha.

Seguindo a tradição a madrinha e o padrinho, Hinata e Naruto, do noivo entraram juntos,  um tanto nervosa, com “irritantes” flashs de lembranças dos últimos acontecimentos, a morena cedera e juntos caminharam pelo tapete vermelho.

Devido a toda aquela agitação com o casamento dos amigos, o loiro mal conversara com Hinata. Somente o trivial relacionado à empresa, e por mais que fosse um pouco cômico, sobre a educação de Yurika, ambos, estavam se relacionando como pais da menina, cuidando e agindo para que o futuro da princesinha fosse o melhor possível, como qualquer pai e mãe que deseja indiscutivelmente a felicidade de um filho. Porém quando algo se tratava diretamente sobre eles, não havia tempo para nem se quer um olhar. Talvez este gesto fosse tão perigoso aos lindos olhos de sua Hyuuga quanto o contato entre os lábios doces e os carnudos. Ele sabia que Hinata estava se aproveitando da organização do casamento para “fugir” dele, o que era angustiante em certos pontos. Algumas vezes pensamentos o invadiam, o mundo possuía diversas mulheres, das mais variadas personalidades, e algumas até mesmo parecidas com Hinata, porém mais decididas. Por que então se envolver com alguém tão complicado?! Simples, o coração não escolhe quem amar, talvez possa escolher quem te atrai fisicamente, mas não a quem a amar. Também havia a confiança de que Hinata estivesse cedendo aos poucos, sem segredos por parte dela, não havia o que os impedisse e em algum momento ela iria entender isso, ela era uma mulher inteligente e forte, seus sentimentos frisavam essas características todos os dias. E o mais importante, ela o amava, sem dúvidas, ela o amava tanto quanto ele.

- Você está incrivelmente linda. – o loiro sussurrou ao pé do ouvido, Hinata podia apostar que ele estava com um sorriso satisfeito ao vê-la momentaneamente tremer com aquele ato, ainda assim um sorriso se esticou em seus lábios e caminharam graciosamente até o altar.

Hinata estava certamente muito bonita, além da beleza natural da Hyuuga, o traje de madrinha era uma demonstração clara de sua elegância, sensualidade e beleza.

O tecido confeccionado em seda alongava-se até um pouco abaixo do calcanhar, quase roçando o chão. Um vestido roxo-lilás, em dois tons, cores favoráveis ao gosto da figura que o vestia, curvado e firme na altura dos seios, valorizando-os. Uma faixa franzida de seda delineava o inicio da cintura, acentuando um quadril levemente mais largo. Um broche prateado, lembrando uma renda sólida num formato de losango, estava pregado ao vestido, segurando a bainha drapeada que subia em direção ao broche, na diagonal direita. Liso e folgado, o vestido se estendia graciosamente num comprimento reto a partir da cintura. As sandálias quase cobertas ainda mostravam sua elegância, um modelo tradicional, com tiras finas e detalhes em pedrarias, muito delicada e romântica, o salto fino (forçadamente excluído dos pés de Ino) acentuava o charme. Seu único destaque era um xale de seda lilás, enquanto o mesmo acessório das outras ajudantes era roxo, isto por ser a maid of honor.

Vestidas igualmente, como a tradição, as bride’s maids seguiram o casal, tão lindas quanto Hinata, acompanhadas por seus respectivos acompanhantes que trajavam conjuntos com blases finos de cor negra e camisa social branca, e inegavelmente atraiam uma atenção singular das mulheres ali presentes. Homens cheirosos, bonitos e bem vestidos, ou seja, era de se imaginar que muitas mulheres cobiçariam um deles como um sonho de consumo.

Após as madrinhas e os padrinhos entrarem, o momento mais aguardado e emocionante ocorreu. Uma música leve, gostosa de ouvir soou ao som de um piano. Com passos leves, trilhando o tapete vermelho com cuidado e incrivelmente nervosa, Tenten caminhou em direção ao altar. Sorrindo, seus olhos fixaram todo o tempo na figura amada. Aquele seria um dos dias mais felizes de sua vida, em breve, ela acariciou instintivamente o ventre volumoso, em breve sua pequenina estaria ali junto, completando aquele, por que não, sonho encantado?

Próxima ao noivo viu-o sorrir. As lindas íris peroladas brilhavam intensamente, ele estava a ponto de deixar finas lágrimas de emoção caírem. Sorriu, estando em igualmente situação. Emocionada. Aquele era o momento certo, o homem certo. Uma felicidade imensa era emitida pelo casal, de tal forma que ninguém se assustaria se a intensidade aumentasse e aquele sentimento contagiante pudesse ter forma física, palpável.

A cerimônia se iniciou, as mensagens foram ouvidas e entendidas. Ali eles estabeleciam uma união muito mais que oficial, e sim sagrada. Não era a ninguém que demonstravam aquele amor, não era aquele um rito casual e sem importância. A partir daquele momento eles eram um só corpo. Amar e respeitar seriam comparativamente ao ar que necessitavam para viver.

Do lado direito do noivo, estavam algumas madrinhas e padrinhos, entre eles Hinata que não parava de soluçar baixinho. Naruto se limitou a sorrir, feliz pelos noivos, e imaginando quanto tempo esperaria para estar ali também, no altar, com a bela Hyuuga, ambos rodeados de amigos  que compartilhariam a imensa alegria do momento. Circundou um dos braços à cintura fina de Hinata, aproximando-a delicadamente. Hinata não se afastou, nem alguma sensação tensa a tomou, simplesmente se permitiu aproveitar daquele calor acolhedor que emanava do Uzumaki. Sim, ela também se pegara imaginando como seriam os dois naquele altar, selando uma união tão íntima e respeitosa. Ela depositou intuitivamente a mão lívida sobre a mão firme e máscula, aquele era um gesto singelo, símbolo de uma união harmônica entre um casal. Amavam-se, e estavam dispostos a uma segunda e definitiva chance.

Após os noivos confirmarem a decisão de unirem-se, a cerimônia teve fim. O beijo delicado selou visivelmente todas as palavras, conselhos ditos naquele ambiente.

Na saída do templo, a chuva de pétalas brancas e felicitações de amigos e família ocorreram. Muitos abraços, desejos de felicidades. Um apoio afável. As paradas tradicionais para as fotos dos noivos e em seguida se dirigiram para o salão de festas, algumas ruas e avenidas dali. No carro do noivo não faltaram às latinhas que ressoavam ao se chocarem no asfalto.

...

- Não, obrigada.

Aquela já era a terceira vez, seguidamente, que ela recusava o vinho. Não que ela nunca tivesse bebido, mas as últimas lembranças dos momentos que aceitara a uma mínima dose obrigaram-na a ter certo controle sobre si. A última, especialmente, terminara a noite aninhada nos braços do Uzumaki. E aí estava um contraste tão cruel, como uma noite tão linda poderia ter se estendido em dias tão tristes pela morte do pai? Chacoalhou levemente a cabeça, piscando repetidamente ao ouvir um comentário da filha ao seu lado, atraindo-a para a realidade.

- Papai, a mamãe está sonhando acordada.

A suposição inocente e divertida fez todos os presentes à mesa sorrirem. Nela estavam presentes, para o conforto e desconforto de Hinata, seus ex-sogros, Minato e Kushina. A ruiva estava linda e elegante em um vestido longo de tom verde escuro que graciosamente salientavam as íris esmeraldas da senhora Uzumaki Namikaze. Ainda estavam à mesa Hanabi e Konohamaru.

- Deve estar sim, querida. E imagino que ela esteja sonhando com um lindo gatinho dourado. – gracejou Naruto sentado do outro lado da menina.

Mais risos foram distribuídos na mesa, refeição anti-rugas grátis... Até a morena que fizera um bico contraída com o comentário riu por fim, aquela estava sendo uma tarde agradável, ainda que certos pensamentos povoassem sua mente. Algo como ter acordado naquela manhã com uma sensação esquisita. Preferiu dar importância a ornamentação do salão. Tudo estava belo. Saindo melhor do que ela imaginara.

Em tons mesclados entre branco e laranja. As cortinas, as mesas, e até as cadeiras tinham detalhes simples e ao mesmo tempo sofisticados. Havia um ambiente superior no salão, lá estava toda a aparelhagem de som e um mini palco. A morena sorrira envergonhada, fitando Naruto. O loiro a encarou e desviou o olhar para o palco novamente, ele entendeu e se levantou da mesa indo até ela. Eles até que estavam lidando bem melhor do que esperavam com tudo aquilo de estarem juntos sem brigas, sem beijos, sem pressão.

- Chegou o momento do nosso show, Hina. – o loiro riu levemente lhe estendo a mão, e Hinata o fitou aceitando a cortesia, mas erguera uma sobrancelha desconfiada tanto pelo modo carinhoso quanto pelo bom humor espontâneo do Uzumaki. Pediram licença a todos, e caminharam às escadas até o ambiente superior.

- Não é possível que duas meias taças de vinho lhe alterem tanto. – ela comentou baixinho lembrando-se do quanto o Uzumaki já teria consumido de álcool até o momento.

- Só estou feliz, Hina. – ele a observou, e a Hyuuga arfou com o sorriso sedutor do loiro desviando as íris acinzentadas para o piso branco do salão.

Subiram, encontrando-se com o DJ da celebração, um homem ruivo de pele clara e olhos castanhos, que trabalhava sons mesclados, ainda assim românticos para a ocasião. Naruto tomou a palavra, e explicara ao Eiko, o nome do rapaz, toda a situação. O mesmo entrega dois microfones ao casal, e conectara os fios de áudio necessários. Agora era a vez de Hinata e Naruto.

- Err, olá a todos. Muitos aqui já nos conhecem, então, vamos pular essa parte das apresentações. Hum... O que dizer sobre esse casal? Qual é a minha melhor lembrança deles? – o loiro sorria fitando os noivos no salão.  – Ambos desde que os conheci se tornaram meus amigos. Ouso a dizer – soltou um riso antes de completar – que a Tenten é como uma mãe para mim.

- Naruto, seu fedelho. – a noiva gritou atraindo sonoras gargalhadas, enquanto o Hyuuga abraçava-a na cintura e ria com o rosto acomodado no ombro de Tenten.

- Mamãe! – o loiro disse parecendo um menino assustado, o salão estava bem alegre. – Já o Neji. Acalme-se homem, você não é o meu pai. – disse apressado. As gargalhadas aumentaram, o Hyuuga nem se importou, ele mesmo estava tão feliz. – Esse cara é o irmão que eu não tive. Muitas lembranças com esses dois, mas é claro que eu nunca me esquecerei de certo jantar aí. Impossível. – Hinata que estava ao lado do loiro não conteve o riso com a mesma lembrança, por mais que o abafasse com a mão. O tal jantar havia sido uma tentativa de unir o Hyuuga e a Mitsashi, porém Neji foram um tanto irredutível na época, o que tirou a paciência de Tenten. – Impossível!

Uma Tenten no centro do salão, ainda agarrada pela cintura, estava com a face vermelhinha. O agora, de fato, marido tinha um sorriso de quem aprontou.

- Chega Naruto. – a voz de Hinata se fez audível. – Estamos aqui para relembrar bons momentos.

- Eu vejo daqui um Neji sorridente, na verdade todos aqui estão muito felizes. – o loiro disse fingindo inocência, ele sabia que no fundo Tenten levaria tudo aquilo na graça. – Ou seja, eu já fiz a minha parte, Hina.

- Homens. Isso é um complô. – a Hyuuga disse fitando todos os convidados, os mesmos achavam graça do pequeno “espetáculo”, sabiam claramente que aquilo era uma mera brincadeira, ainda assim muito cômica.

- Hina, resgate a cor natural da sua amiga! – gritaram Ino e Sakura, iniciando uma campanha feminista. Aquela homenagem tornara-se uma comédia coletiva.

Hinata riu livremente, estava se sentindo tão viva naquele momento.

- Eu não ria assim já faz tempo. – a morena murmurou longe o suficiente do microfone, tentando retornar a sua fala. O loiro ao lado lhe fitou, e com irias tão brilhantes como os raios de sol que tocam o mar pela manhã comentou.

- Que bom. Eu gosto assim.

- Hã? – Hinata não ouvira o que ele disse, mas percebera que ele falava com ela.

- Ver você feliz. Isso me encanta. E acho que você não faz ideia disso. – o Uzumaki voltou a fitar o salão, com uma visão panorâmica do local, agindo como se não tivesse dito nada demais. Hinata piscou aturdida com o comentário, só foi trazida a realidade alguns segundos depois com um “Vai lá, Hinata!”, ou seja, com mais um grito da testa de marquise e da porca, quer dizer, da senhorita Sakura e da senhora Ino.

- Neji, Neji. – a voz da Hyuuga absorveu novamente o tom alegre do momento, deixaria de lado o comentário do loiro. Ainda assim seu coração estava palpitando rapidamente como o de uma adolescente. – Eu sei muito sobre você, hein? – riu de leve vendo o noivo acenar que como se dissesse “sim, me conhece”. – Ok, diminuindo um pouco a brincadeira. O que nós, padrinhos comediantes, queremos de fato expor é o quanto vocês são especiais para nós. Que é uma honra ser a sua amiga, Tenten. A garota determinada que eu conheci no dormitório da faculdade, com quem dividi tantos momentos. A mulher que vi lutar com unhas e dentes, disposta a arranhar e a morder desde que lhe fosse justo, que lhe trouxesse felicidade e tornasse feliz a todos ao seu redor. Você merece tudo isso. E eu sei que  a minha sobrinha vai ter tanto orgulho de ti, quanto eu tenho. Eu te amo, amiga. – Hinata soluçou, não contendo a emoção. Tenten sempre fora uma amiga especial, mais que uma amiga, ela era de fato sua família.

- Eu também te amo, Hina. – disse a mais nova Hyuuga em lágrimas.

- Esse casal aqui gente. – o Uzumaki tomou a palavra vendo que a morena já não precisava dizer mais nada, a emoção já estava exposta, todos sentiam o laço entre as Hyuuga. – É a mais linda prova de que amar vale à pena. Vale muito. Valem sorrisos, lágrimas, cumplicidade, insistência, vale cada momento. Parabéns aos noivos. – aplausos e algumas lágrimas foram se estendendo pelo salão, contagiando a todos, a emoção quase palpável. Agora merecidamente era só comemorar.

...

A festa continuava animada, de volta ao posto, o DJ tomava conta do lugar, animando os convidados. Não eram somente músicas com melodias envolventes, mas muito enriquecidas em suas letras, e isso atraia o interesse, a atenção dos convidados. Alguns casais estavam espalhados pelo centro do salão, como se ali fosse de fato uma pista de dança. Eram passos leves, olhos atentos ao parceiro. A tradicional valsa dos noivos esbanjou encanto, em seguida, os outros ritmos alcançaram seus espaços na festa, e mais casais se divertiam na pista improvisada. Lá estavam Sakura e Sasuke, numa dança tímida. Hanabi e Konohamaru, que demonstrava saber muito bem como conduzir uma bela dama. Eles eram jovens, chacoalhar o corpo era fácil, natural. Crianças, como Yurika, também bailavam numa brincadeira divertida e inocente.

Outros casais que Hinata conhecia pouco ou de um simples aceno dançavam. Entre estes, um casal atraiu sua atenção, uma jovem loira, num chute diria que tinham a mesma idade, cabelos bem lisos e dourados, com pele bem clarinha. Corpo esguio, elegante. A jovem estava acompanhada de um homem alto, cabelos bem negros, e lembrando-se da última vez que o vira, seus cabelos estavam mais curtos, com um corte mais moderno. O olhar daquele homem também adquirira uma tênue mudança, mas ainda assim visível e curiosa. Os ônix exibiam um brilho apaixonado, feliz. Hinata sorriu. Era bom ver que Itachi havia encontrado alguém que retribuísse seus sentimentos. O casal em meio a dança a fitou, ela cumprimentou-os de longe com um pequeno aceno e um sorriso doce, o casal retribuiu e voltaram a dançar cochichando e sorrindo.

- Quer dançar? – o convite a surpreendeu, não que fosse um absurdo, afinal todos estavam ali se divertindo, então, ela também poderia. Porém estava tão absorta observando os outros convidados, e a voz rouca, macia, o hálito quente contra a curva de seu pescoço provocou-lhe uma reação rápida, olhou para o lado encarando um Uzumaki com sorriso brincalhão.

- Naruto, arg. – ela realmente gostaria de sentir-se irritada com o loiro, mas o formigamento no pescoço, a curta distância entre as cadeiras nas quais estavam acomodados, lado a lado, as palpitações rápidas do coração a deixavam agitada. Naruto realmente mexia com ela. E mexia muito.

- Concede-me uma dança, senhorita Hyuuga? – a voz era sedutora, e o convite tentador.  Uma dança. Uma curta duração de tempo onde corpos estariam próximos, olhos observando cada mínima reação. Passos ora lentos ora agitados, contato perigoso. Era só uma dança afinal.

- Fico encantada com o convite, senhor Uzumaki. – a morena sorriu docemente. E Naruto surpreendeu-se de inicio, Hinata estava cedendo, aos poucos, mas estava.

O que ela estava pensando ao aceitar aquele convite aparentemente inocente? Hum... Ela não sabia ao certo. Uma alternativa coerente era de que todo aquele clima amoroso do casamento estava influenciando-a. Também já estava farta de transformar detalhes em grandes problemas. Ela não era mais uma garotinha, ela era uma mulher adulta, uma mãe. Fugir de Naruto como um rato foge do gato, não era um bom exemplo para Yurika. Ela tinha que se acostumar com um contato, e principalmente, ela queria aquele contato, queria estar perto dele, se envolver com aquela luz que ele irradiava com sua alegria. Deixar-se viver por alguns instantes era mais que um intenso prazer de vida, era uma necessidade.

Com as mãos entrelaçadas, o casal seguiu até um dos espaços da pista. O DJ havia acabado de trocar de música, e a que soava agora era calma, leve, romântica. Naruto tomou iniciativa, circundando a cintura fina, aproximando os corpos. Encaram-se, e o loiro não sabia como aquela mulher conseguia estar cada vez mais bela, ela entorpecia seus sentidos. Viu o rosto delicado como de uma bonequinha de porcelana adquirir uma coloração rosada, tímida. A reação simples de morder o lábio em um momento de nervosismo. O cintilar dos orbes perolados. O toque macio da pele de seda em contato com a sua nuca, o enlouquecia. Ele a amava de uma forma absurda, de uma forma única.

Ela o fitou, ele tinha uma expressão tão feliz, e aquele sorriso largo, característico da família Uzumaki.  Os dentes brancos enfileirados, e os lábios vermelhos esticados, mas de um jeito alegre, romântico. Sim, ali estava o garoto pelo qual ela encontrara um amigo, um amor. Sentiu-se uma idiota. Não havia mais segredo, não tinha mais porque evitá-lo, se o que mais queria era estar como naquele momento, próxima, intensamente completa e feliz. Fitou os orbes safiras, eles tinham um brilho tão forte, e carinhoso. Aquele era o homem que ela amava. O único.

- No que tanto está pensando?

- No quanto posso ser idiota. – o loiro abriu a boca para desmenti-la, mesmo confuso com a sua frase, porém ela não permitiu. – Eu me sinto assim. – sorriu fracamente, um pouco envergonhada. – Um mês antes de terminarmos, eu comecei a ter pesadelos todas às noites. Em geral, eram com o Daiki, mas você sempre aparecia neles em algum momento. E quando eu me via desperta, eu acreditava que você nunca me perdoaria.

- Não diga isso.

- Shii... Deixe que eu termine. – ele assentiu. – Quando nós terminamos, eu fui egoísta, imaginei que aquela dor seria mais fácil de suportar. Você teria raiva de mim por pensar que eu não o amava, quando na verdade eu só queria que você fosse feliz, mas que não tivesse repugnância por mim como nos pesadelos. Eu te amava Naruto, mesmo que pareça mentira que uma pessoa que ame tanto outra faça a mesma sofrer. E eu ainda te amo da mesma forma que lhe faço sofrer.

- Eu acho que esse sorriso no meu rosto não é vestígio de sofrimento. – ele brincou, suavizando aquela conversa. Finalmente, ele pensava, Hinata entendera o seu amor por ela. A morena sorriu, um doce sorriso que o fez se esquecer do restante dos convidados, pondo sua atenção somente a morena em seus braços.

- Não restará nada de mim se continuar a me olhar desse jeito. – ela retribuiu o gracejo, rindo levemente. Totalmente entregue ao olhar carinhoso do Uzumaki. Oh, seu coração palpitava rápido, estava em pura adrenalina, mesmo que ninguém desconfiasse. Tomar aquela atitude, na qual optara após muito orgulho e “burrice” em esquecer o passado, disposta a escrever definitivamente ao lado do loiro e de sua menininha um novo futuro.

- Eu só estou admirando a mulher que amo. – o sorriso dela aumentou com a declaração dele, e o Uzumaki calmamente se inclinou, roçando levemente os narizes, com os lábios bem próximos, sentindo a sua morena resfolegar. – Você aceita ser a minha namorada? – ele indagou num sussurro, rindo fraco, um tanto até nervoso como um adolescente. E não era para menos, era a sua a fada a quem pedia. Simplesmente a mulher que lhe presenteava com o melhor dia, até o momento, de sua vida.

- Sim. – ela murmurou, entregando-se aos lábios vorazes do loiro em seguida. Estavam tão envolvidos naquele momento deles, que nem ouviram  um gritinho de comemoração de uma loira. Nem virão os sorrisos dos outros convidados. Aquilo não era o mais importante, ali estava à chance de recomeçar, a chance pela qual Naruto tanto insistira firme de que eles mereciam. Somente se separaram quando sentiram dois braços pequenos tentando abraçá-los ao mesmo tempo.

- Mamãe e Papai! – ela comemorou, fazendo o novo casal rir, transbordando ainda mais alegria. O loiro a pegou no colo, a menina crescia linda e esperta, ele tinha certeza de que teria que cuidar da sua princesinha para que nenhum marmanjo a roubasse de seus olhos paternos. Um incrível pai coruja e protetor. – Papai finalmente conquistou a mamãe. – o loiro gargalhou, e Hinata sorriu envergonhada, vendo o quanto agira como idiota. Sim, ali estava a bela família que sonhara. E que por algum motivo estúpido e medroso, ela demorou a aceitar.

- É filha, o papai conquistou a mamãe. – o loiro brincou jogando uma piscadela para a Hyuuga, que o abraçou emocionada com a filha no colo.

- Amo vocês! – ela exclamou. Yurika fitou o loiro e em seguida a mãe, e com uma mão empalmada na bochecha rosada de Hinata, cantarolou alegre.

- E nós amamos você, mamãe linda.

- Hora da comemoração, Tenten. – gritou Ino, com uma voz inconfundível, fazendo todos no salão que acompanhavam o desenrolar do casal gargalhar, e um eco de risos junto a aplausos foi ouvido. Era hora de comemorar.

...

Quinze para as quatro horas da tarde. Já haviam festejado o suficiente. As crianças que passaram boa parte do tempo no jardim atrás do salão começavam a demonstrar sinais de cansaço. Um dos momentos mais aguardados da festa, o jogar do buquê da noiva, tinha sido um dos momentos mais cômicos para os homens. Num empurra-empurra saudável as mulheres ficaram em expectativa. Aquele jogo tradicional e “torturador” do “eu jogo ou não jogo?” que toda noiva participava fez com que as solteiras se angustiassem ainda mais. Pelo que se notava, casar era realmente algo muito bom e aguardado. Ainda assim algumas mulheres permaneceram sentadas, conversando e apreciando a cena divertida.

Hinata aproveitara a aglomeração hilária e fora sentar-se com Ino, sendo acompanhada pela atual (novamente) sogra. A loira e a Uzumaki eram casadas, e muito bem casadas por sinal, era o que enfatizavam.

- Eu não acredito que você não irá tentar pegá-lo. – Ino era sempre tão inquieta. Sempre falando o que lhe vinha mente, e por que não dizer que falava antes mesmo de pensar? A Hyuuga gostava dela. A Yamanaka no Sabaku era uma mulher verdadeira, isso era notório até pelo olhar reto e doce dos orbes água-marinha.

- Ino. – a morena sorriu constrangida. Antes, pouco mais de quarenta e cinco minutos, o que lhe impediria seria o fato de estar totalmente solteira. Mas agora...

Ainda era um tanto estranho, como as coisas aconteciam em sua vida. A mudança, a reviravolta, mais chacoalhada de realidade e esperança, e lá estava mais uma vez abraçada, presa naqueles braços másculos e reconfortantes.

E estar se relacionando com um belo homem, que sem dúvidas era o homem da sua vida, nada melhor do que estabilizar formalmente uma vida com ele. Pensamento romanceado. Mas pensar nisso era cedo demais. Queria aproveitar aquele momento gostoso de namoro, que com tanta resistência se entregara. No futuro, aí sim, ponderar em um casamento. Eram esses os seus planos, mas bem sabia que o ambiente externo influencia nas decisões e em surpresas.

Após a divertida “briga” de quem pegava o buquê, e o bolo ser servido, muitos convidados começaram a ir embora. Afinal, o casal de noivos também merecia um descanso depois de tantas fotos, e um “vai para lá, vem para cá”.

Como as Hyuuga vieram acompanhadas de Konohamaru, ficou decidida uma redefinição para a volta. Hanabi e o jovem iriam num carro. Hinata e Yu voltariam com Naruto, que fizera questão de levá-las. O jeito gentil e protetor do Uzumaki era um charme a mais à sua personalidade apaixonante. A morena juntamente com a filha e Naruto se despediram dos amigos que ainda estavam no local. Em especial dos noivos que não veriam pela próxima semana. Tenten e Neji viajariam em lua de mel. O destino? Montreal, Canadá. Um lugar rico em beleza e história, muito atrativo aos olhos de Tenten.

Despediram-se dos amigos, e da família Hyuuga, pois Hanabi e Konohamaru ficariam mais um pouco, assim como Sakura e Sasuke a tira colo. Minato e Kushina, que passaram boa parte da festa junto ao casal, se retiraram um pouco antes, claramente contentes com o retorno dos “filhos”. Porém mesmo em um dia de festa, o Namikaze tinha um compromisso com um grupo de clientes. Hinata nunca parara para refletir sobre o assunto, ainda assim sentia-se aliviada por Naruto exercer a função de advocacia centrada em uma área empresarial, de vendas e séricos. Uma sensação novamente estranha a atingiu. Seu rosto se contorceu automaticamente. A Hyuuga até tentou não chamar a atenção da filha que tagarelava sobre algum tipo de brincadeira que tivera ao lado dos amiguinhos feitos na festa.

Atento, o loiro franziu o cenho, confuso, ao ver sua reação. Sorriu fraco. Mas o olhar esperto do Uzumaki, afirmava silenciosamente que a conhecia bem de mais. Ela também queria se conhecer o suficiente para entender o que aquela sensação vazia, que durante todo o dia a alertava.

- Amor. – pronunciou carinhosa, e logo o olhar desconfiado suavizou e, proporcionalmente as palpitações de ambos aumentaram.  Trazendo espaço para a gostosa sensação de amar livremente. – Nós vamos te esperar em frente ao salão. Sim?

- Ok. – sorriu, e fitando a menina ao lado que segurava sua mão, disse - Cuide de sua mãe, princesa.

Certo, papai. – a menina assentiu, como um soldado, rindo. Atraindo a atenção do casal adulto. Após um selinho roubado, Naruto seguiu em direção ao estacionamento, duas quadras dali. Mesmo não sendo longe, era melhor que a futura senhora Uzumaki e sua princesinha ficassem distantes de qualquer perigo. Ele sabia bem disso.

- Meu anjo, está feliz? – caminhavam lentamente, era sugestivo dizer que contavam as pedrinhas que trilhavam o jardim da frente. O lugar era sinonimamente encantado. Com belos bancos ornamentados, em estilo clássico, anos 80, em cores singulares. Ainda ilustrando o cenário quase natural, uma roseira.

- Mamãe, quando a minha priminha nascer, eu vou brincar e cuidar dela. – o desejo da menina fez a Hyuuga rir contidamente. – Você acha que a tia Tenten vai deixar?

- Imagino que sim, meu anjo. Mas antes de cuidar da sua priminha, eu posso cuidar da minha mocinha linda? – o riso foi instantâneo, ainda mais com a morena brincando de um suposto ataque de cócegas.

As coisas estavam caminhando bem, muito bem por sinal. Yurika era realmente um anjo. Uma menina madura e forte para os seus quase oito anos. Poderia alguém aprender tanto sobre a vida com uma criança? Sim. Traços de leveza, uma pureza contínua, facilidade para o perdão, uma inquietude passageira. O amor acima das diferenças. Tudo era questão de aprendizagem, e olhar amplo em relação aos momentos que realmente valiam à pena.

- É sempre bom rever pessoas queridas, ainda mais em momentos tão alegres.

Hinata se virou para a voz levemente conhecida, e o pavor tomou conta de seu olhar ao encarar o homem de curtos cabelos escuros, possuidor de sorriso pretensioso. Arfou.

- Daiki. – murmurou Hinata.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? ^^
Sei que a demora não justifica nada.
E não, eu não tenho prévia de quando voltarei a postar. o.O
Deixem reviews!