A Nossa História de Amor escrita por Manu Pontes


Capítulo 18
Laços


Notas iniciais do capítulo

Amores, desculpem-me a demora..
Como eu já comuniquei, eu estou sem internet em casa e outras situações também aconteceram..
Espero que vocês possa ter paciência comigo..



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Capitulo 16 – Laços.

Sábado. Nove horas da manhã, e o apartamento das Hyuuga estava calmo. As três “irmãs” saboreavam o desjejum na cozinha, enquanto se distraiam com uma pequena e agradável conversa entre pães e torradas e bebericadas de café e achocolatado. Hinata, apesar de ter somente cochilado durante a noite, tendo o sono interrompido por diversas vezes, ainda assim, sua aparência estava mais bem-disposta nessa manhã do que em muitas outras manhãs. Talvez o alívio por ter contado tudo sobre o seu passado à Naruto, ou ter sido acordada, às sete da manhã, com um doce beijo de Yurika. Abrir os olhos e ver aquela pequena menina, fitando-a com um lindo sorriso enquanto lhe desejava um Bom Dia, com certeza já era um ótimo motivo para sorrir.

Durante a conversa das Hyuuga, o som da campanhinha foi emitido, expandindo seu som agudo pelo apartamento. Yurika, que estava inquieta desde que acordara, estando a tomar o seu café-da-manhã com as irmãs enquanto as pernas pequenas e frágeis balançavam para frente e para trás, impacientes. A menina ao ouvir o som pôs-se de pé rapidamente, correndo curiosa até a porta, nem mesmo ouviu Hinata avisar-lhe para que tivesse cuidado de não cair.

- Naruto! – exclamou alegre a menina assim que viu o loiro frente à porta.

- Oi, princesinha. – cumprimentou Naruto, pegando-a no colo.

- Você estava demorando muito, Naruto. – disse Yu com um bico infantil, enquanto se agarrava ao pescoço do loiro em um abraço.

- Me desculpe, Yu. E é sobre isso que quero conversar com você. – pausou já fitando a menina nos olhos. – Err... Não poderemos sair hoje, princesinha. – disse rapidamente. A surpresa visível no rostinho da garota ao ouvi-lo não agradou em nada o loiro, que não queria decepcionar Yu, mas, infelizmente, era preciso.

- Não v-vamos sair? – indagou Yurika ainda surpresa.

- Infelizmente, não, pequena. – confirmou. - Mas amanhã iremos. – prometeu. - E já tenho um lugar ótimo para levá-la, que tal? – disse o Uzumaki tentando animar a Hyuuga, o que funcionou, pois a menina logo voltava a sorrir radiante.

- Sim. – disse abraçando o loiro, que retribuiu. Hinata, que estava no corredor, via a cena encantada, assim como Hanabi ao seu lado. Yurika e Naruto realmente gostavam muito um do outro, a relação que tinham era linda. Naruto tinha um incrível cuidado com a menina, além de demonstrar com clareza o quanto a mesma era uma de suas alegrias. Naruto também fazia muito bem à pequena Hyuuga, que às vezes era envolvida pela saudade de Hiashi.

- Então, amanhã eu passo aqui para sairmos. – sorriu o loiro, que em seguida deu uma piscadela a Yu.

- Mas não se atrase. – disse Yurika, fazendo Naruto e as Hyuuga mais velhas sorrirem

- Yu, não diga isso. – repreendeu-a, Hinata, apesar de usar uma voz calma e doce, além de um sorriso devido às palavras da pequena.

- Não se preocupe, eu não me atrasarei. – disse o loiro enquanto descia Yurika de seu colo. – Oi, Hina. – cumprimentou Hinata, que gelou ao encará-lo enquanto via o mesmo se aproximar.

- O-Oi. – respondeu nervosa, sentindo as lembranças da última noite, invadi-la. Um silêncio se instalou entre os dois, que somente se encaravam, e que ao mesmo tempo eram encarados por uma menina sorridente.

- Como você está? – indagou Naruto, finalizando o silêncio entre eles.

- M-Melhor. – respondeu nervosa. Sentia as mãos levemente trêmulas, fitava o chão, evitando encarar o mar azul dos orbes do loiro, o que fora quase impossível. - E v-você? – indagou, por fim, já o olhando.

- Bem. – respondeu de forma curta, mesmo tendo muito para dizer, porém aquele não era o momento. - Infelizmente, eu tenho que ir agora. – disse o Uzumaki, que estava apressado, mas sorria para a morena, que sentia o coração pulsar rapidamente. – Até mais, princesinha. – despediu-se depositando um beijo na testa da pequena ao seu lado.

Naruto já estava se afastando das Hyuuga, quando ouviu a voz de Yurika.

 -Você não vai dar um beijo de despedida na Hina também, Naruto? – indagou a menina. Hinata sentiu os músculos tensos enquanto seus orbes perolados arregalavam-se diante a surpresa da pergunta de Yurika. Hanabi que estava ainda no corredor, tentou segurar o riso para não constranger ainda mais sua irmã.

- Err... N-Não precisa, querida. N-Naruto está a-atrasado. D-Deixe-o ir. – Hinata tinha certeza que sua face já não estava pálida como na noite passada, mas sim levemente corada. Depois das últimas situações, ainda pôde sentir o coração bater como o de uma adolescente tímida.

- Não se preocupe, a princesinha como sempre está certa. – disse o Uzumaki sorrindo, enquanto voltava a se aproximar de Hinata. Encararam-se. As luas encarando o céu azul. Enquanto as safiras observavam todos os traços delicados da morena. O loiro aproximou-se da face de Hinata, depositando um leve beijo na bochecha corada, perto do canto da boca da Hyuuga. Afastaram-se, e Hinata pode ver um sorriso ainda maior nos lábios do Uzumaki. – Agora, vou indo. Até mais a todas. – disse, em seguida, caminhando até o elevador do corredor do andar da cobertura.

Segundos depois da saída do loiro, Hanabi pôs-se a rir baixinho, enquanto Hinata fitava a pequena Hyuuga, que também a olhava com um sorriso sapeca.

- Mocinha, você sabe que está encrencada, não é? – indagou-a, Hinata, com uma expressão séria, que logo se transformou para uma risonha enquanto começava a distribuir cócegas em Yurika. – E esse é o seu castigo, anjinho. – disse sorrindo, enquanto ouvia as gargalhadas de sua pequena... Filha.

...

Já era quase dezesseis horas. Acabara de estacionar o carro na garagem do edifício, indicado pelo guarda da portaria. O curto salto da sandália originava um som abafado enquanto caminhava subindo as escadas. Com as mãos ocupadas, trazia na esquerda duas bolsas de lojas para recém nascidos, já na mão direita segurava outra mão delicada, porém menor que a sua. Yurika sorria caminhando ao lado de Hinata. A menina trajava um vestido soltinho de cor lilás, com sandálias brancas, algumas pulseiras de pedrinhas brancas no pulso direito. Estava linda.

- Hina, será que o bebê irá gostar? – perguntou a menina com um dedo no queixo, pose que fez Hinata sorrir.

- Aposto que sim, querida. – Yurika sorriu ainda mais com a resposta.

Continuaram a subir os degraus até chegarem ao quarto andar, caminharam pelo corredor, onde pararam frente à terceira porta do lado direito.  Hinata fitou Yurika com um doce sorriso, que foi retribuído pela pequena. Deu toques na porta, e ouviram, em seguida, um sonoro “Já vai”. Em alguns segundos a porta foi aberta.

- Tia Tenten! - exclamou a menina.

- Oi, meu amor. Veio finalmente me visitar, hein? – brincou, a morena de melenas cor de chocolate.

- Eu também estou aqui, sabiam? – disse Hinata com uma careta que fez todas rirem.

- Tadinha da minha amiga. – Tenten a abraçou, sendo logo retribuída por Hinata. – Fico feliz que tenha vindo.

- Eu também. – se afastaram do abraço.

- Então vamos entrar, logo. – convidou-as.

As Hyuuga adentraram o apartamento. O lugar não era muito grande como o apartamento das duas, mas era um ambiente bem confortável e harmonioso, adequado para uma família que começava a se construir. Acomodaram-se na sala de estar, guiadas pela Mitsashi.

- O Neji deve estar chegando hoje de Boston. – disse Tenten com um lindo sorriso.

- Que bom, estou com saudades daquele primo chato. – comentou Hinata divertida.

- O primo Neji não é tão chato, Hina. – explanou. - Ele é bonzinho. – defendeu Yurika. O comentário da pequena causou risos em Hinata e Tenten.

- Concordo, querida. – disse Tenten ainda em risos. Hinata “babava” encantada a inocência da filha. Tão pura, como um anjo.

- Tia Tenten, como está o meu priminho? – indagou Yurika, fitando, curiosa, o ventre da “tia”.

- Oh! Ele ou ela está bem, querida. – sorriu com as próprias palavras. Sua gestação estava sendo o momento mais mágico de sua vida. - Cresce a cada dia mais. Daqui a pouco o bebê nasce. – acariciou o “pequeno”.

- Já? – exclamou a pequena. Tente abafou uma nova risada diante a surpresa da menina.

- Não tão cedo quanto eu gostaria, mas daqui a cinco meses sim. – explicou com um suspiro, também estava ansiosa para poder ver e tocar seu bebê.

- Ah, mais é muito tempo. – reclamou a Hyuuga menor, fazendo uma careta de insatisfação. As mulheres acharam graça da reação de Yurika, ela era muito ansiosa.

- Yu, todos os bebês levam nove meses para nascer. Não dá para simplesmente adiantar esse tempo, querida. – a doce voz de Hinata tentou explicar a Yurika de maneira simples o tempo de gestação de uma mulher grávida.

- Eu também demorei nove meses para nascer, Hina? – indagou curiosa. Hinata arregalou os orbes cinzentos, como pérolas, diante a surpresa que a pergunta inocente da menina ao seu lado lhe fizera. Sua filha. Seu bebê durante toda uma gestação.

- Err... S-Sim, meu a-anjo. – confirmou em meio ao embargo de sua voz. Yurika, raramente fazia alguma pergunta com relação ao seu nascimento. E essa, com certeza, causou um desconforto a Hinata, que definiria o que sentira como medo.

- Que tal uma pizza, hein? – disse Tenten, após perceber o estado da amiga.

Há tempos ela pensava que Hinata deveria contar a verdade a Yurika. “Isso seria o melhor a ser feito”, acreditava. Por algumas noites lagrimara ao pensar o quão doloroso era pôr-se a estar longe de um filho, ou tê-lo perto entre muralhas de ferro grosso, e não poder ouvir a palavra mamãe. Neji, geralmente se encontrava com ela nesses momentos de angústia, era ele que a confortava, e reafirmava que eles estariam sempre ao lado de Hinata, e a apoiariam quando a mesma decidisse dizer à pequena que esta era sua filha.

E que nunca fariam o mesmo com o seu bebê.

- Sim! – comemorou a menina com alguns pulinhos, afinal que criança resistiria a uma boa pizza?

...

Não fazia nem meia hora que Hinata havia chegado do apartamento do primo e da amiga. Estava em pé, recostada à porta do quarto, fitando a pequena Yurika, adormecida sobre o colchão macio de sua cama. Serena, parecia um anjo enquanto dormia.

Observá-la enquanto a mesma dormia já virara um hábito prazeroso e melancólico. A adorável Hyuuga era sua filha. Uma filha que ela um dia renegou. Arrependimento. Seria um sentimento simplório para descrever o que sentia pelo que fez à Yurika. Dor. Era um castigo que deveria ter pelo que fizera. Ódio. Fúria. Tinha medo que aquela doce menina, que se remexia sobre o colchão durante a noite, viesse a ter raiva dela, mesmo concordando que merecia tal rancor.

Seu segundo maior sonho era poder contar a Yurika que ela era seu maior tesouro, a maior felicidade, independente da forma gerada, que um dia ela teve. Mas não tinha coragem de encarar uma criança tão doce. Confessar ao seu anjinho que fora uma covarde. Que não merecia os doces sorrisos dados a ela. Com esses pensamentos rondando sua mente, lembrou-se da conversa que tivera com Neji e Tenten.

Flashback on:

Estavam na cozinha, Neji e Hinata, enquanto Tenten fora guiar uma pequena Hyuuga sonolenta até o quarto. Os Hyuuga se deliciavam com uma torta de chocolate, que a Mitsashi havia preparado naquela manhã. Hinata sorria divertida com a expressão do primo.

- Neji, você está tão... Divertido, com esse sorriso bobo.

- Hunf! Deixe de ser chata, Hina. - resmungou o moreno.

- Oh! – exclamou. – Neji Hyuuga me mostrou a língua. – disse, e logo em seguida os dois se puseram em silêncio, porém não tardou para que a dupla gargalhasse. O riso foi abafado com a volta de Tenten e seu olhar repreendedor.

- Talvez as crianças tenham se esquecido, mas há outra a poucos metros daqui que está tentando dormir. – lembrou-os, enquanto sentava-se na cadeira ao lado do namorado.

- Desculpe-me. – pediram, em uníssono, os dois Hyuuga.

- Certo, e do quê as crianças estavam rindo? – indagou a morena já com um sorriso divertido nos lábios, vendo os Hyuuga envergonhados.

- Do sorriso largo, de pai coruja, que o Neji tem no rosto. – disse Hinata, retribuindo o sorriso da amiga.

- Mas eu não sou tão coruja assim. – as duas mulheres o fitaram com as sobrancelhas arqueadas. – Só um pouquinho.

- Pouquinho? – exclamou a namorada. – Neji, você chegou esses dias com três sacolas de lojas de recém nascido, me avisando que já havia comprado até um berço para o bebê. – “denunciou”, Tenten. A Mitsashi tinha uma olhar acusador, um sorriso divertido e uma mão sobre o ventre.

- Nosso bebê iria precisar de um berço assim que nascesse, eu somente fui mais rápido. – argumentou em defesa.

- Sei. – concordou a morena. Hinata abafava um riso diante da cena, que em sua opinião nunca pensara em presenciar. A notória felicidade de Neji era merecida. O primo sempre fora mais que um bom amigo, considerado um irmão tanto por ela como por Hanabi. O Hyuuga sempre as acolheu, um homem gentil e um irmão superprotetor. Obviamente tal personalidade era camuflada diante aos sócios, pessoas de seu ambiente de trabalho, mantendo sempre a polida educação de um Hyuuga.

A amiga também merecia toda aquela felicidade. Batalhadora e determinada, Tenten conseguiu tudo o que tinha graças ao esforço que sempre teve. A Mitsashi certamente fora a melhor amiga que tivera desde que entrara e se formara na faculdade, junto com a mesma. Torcia de todo o coração para que a família que os seus amigos começavam a formar fosse unida e cheia de alegria junto ao bebê que esperavam.

Uma família. Queria poder também sentir a felicidade de formar uma. Um desejo que nos últimos sete anos parecia cada vez mais distante, mais ilusório. Perdera a conta de quantas noites passara em claro pensando em como seria sua vida se caso não houvesse conhecido Daiki, ou se não houvesse afastado Yurika de seus braços maternos, ou se não houvesse dito não ao amor de Naruto. Isso poderia ser até irônico, pois um dos motivos que a afastou de Naruto foi a resistência em construir uma família ao lado do loiro. Mas não havia como aceitar tal proposta, usufruir de tal felicidade que não lhe era merecida. Sem perceber uma lágrima fina deslizou por sua face, o que chamou a atenção do casal a sua frente.

- Hina, está sentindo-se mal? – indagou uma Mitsashi preocupada. Hinata a fitou com os orbes prateados cintilantes, umedecidos pelas lágrimas que queriam cair.

- N-Não. Não se preocupe, Tenten. – tentou disfarçar o desconforto com um sorriso fraco.

- O que houve, Hina? – insistiu a Mitsashi enquanto o namorado entregava um copo de água para a prima. – Você sabe que pode contar conosco. – incentivou, tentando fazer com que a amiga desabafasse.

- Eu... Me d-desculpem... Eu Es-tou aqui para visitá-los, não p-para causar preocupação. – disse a morena de melenas negras. Sentia-se ainda mais mal em estragar os poucos momentos juntos do casal, pois Neji ainda morava, mesmo em mudança, em Boston por causa de certos negócios da empresa Hyuuga.

- Só queremos ti ajudar. – disse Neji, apoiando a mãe de seu filho ou filha.

- Desde que você chegou, você está um pouco desatenta. – lembrou. - Conte-nos o que aconteceu, para podermos lhe ajudar, Hina. – pediu segurando com delicadeza e firmeza a mão livre da Hyuuga.

- Eu c-contei tudo p-para ele. – disse Hinata num fio de voz, em seguida fitando o chão.

- C-Como? – Tenten não negou sua surpresa, no fundo suspeitava sobre o que a Hyuuga referia-se. Hinata respirou fundo mais uma vez, e voltou a fitar o casal na tentativa de pronunciar o que tanto a inquietava.

- Contei toda a verdade para Naruto. – disse, em seguida baixara a cabeça novamente, a respiração estava ofegante. Por que tinha que passar por tudo aquilo?

- Yurika. – murmurou Tenten confirmando suas próprias suspeitas, posteriormente um sorriso surgiu em seus lábios finos. – O que ele disse? Como reagiu? Detalhes. – disse rapidamente. Tanto Hinata como Neji a fitaram com as sobrancelhas arqueadas, surpresos com a chuva de indagações da mesma.

- Tenten. – repreendeu Neji a namorada, que fez uma careta confusa e engraçada.

- O que foi? – indagou, para logo responder a própria pergunta. – Sei muito bem que Naruto nunca faria nenhum mal para Hinata. Mas ainda assim quero saber como foi.

- Ele não me fez nada. Diferente do que eu p-pensava. – confirmou a Hyuuga em um murmúrio. – Mas ainda não c-conversamos de fato s-sobre i-isso. O conheço muito b-bem, sei que ele virá c-conversar c-comigo, e não sei o que f-fazer. Te-Tenho uma fi-filha e ele, tudo está tão c-confuso. – desabafou.

- Querida, tudo irá dar certo. – disse a Mitsashi enquanto acolhia a amiga em seus braços. – Com relação à Naruto, tenho certeza que ele não lhe julgará, como você sempre pensou que ele faria. Nós conhecemos aquele loiro. – sorriu com a lembrança do mesmo. - Sabemos o quanto ele te ama, o quanto vocês dois se amam. – sorriu com o óbvio, afagando os cabelos da Hyuuga, sempre assim, sempre amigas, uma apoiando a outra. – Em relação à Yu, ela ti ama e a admira muito. Você tem uma filha adorável, e agora você obteve de volta a responsabilidade materna que sempre fora sua. – afastaram-se do abraço para se fitarem. Sorriram levemente. – Você merece tanto ser feliz, Hina, não precisa ter medo disto. Yu nunca a desprezaria. Ela é como a mãe dela, uma menina doce, que neste momento, mais do que nunca, precisa da mãe. Ela precisa de você.

Flashback off.

Acariciava os cabelos negros da pequena Hyuuga adormecida. Analisava cada contorno daquele rostinho. Era tão parecido com o seu. Sorriu com o fato. A face lívida, adornada pelas mechas negro-azuladas. O nariz pequeno e curto. Os lábios finos e rosados, semi-abertos, deixando o ar circular dentre ao seu corpo. As suaves pálpebras escondiam os olhos de sua família, íris acinzentadas, pérolas. Uma menina linda, saudável e doce.

- Minha filha. Meu bebê. – sussurrou sorrindo, enquanto sentia Yurika remexer-se sob o lençol lilás. – Mamãe nunca mais irá ti deixar sozinha. Nunca mais. – disse baixinho, depositando um beijo leve na face da pequena, que sorriu adormecida.

...

Domingo. Dez e vinte cinco da manhã. Os raios de sol brilhantes começavam a aumentar, o calor começava a surgir. Estavam numa praça cheia de árvores e brinquedos, muitas crianças também estavam ali, e brincavam com seus pais. Eles gargalhavam livremente com as brincadeiras do loiro. Naruto contava piadas, brincava, imitava bichos, enquanto a pequena Hyuuga ria diante às cenas cômicas.

- Essa é uma cena que há muito tempo eu não via, mas certamente sempre inesquecível. – disse uma voz próxima à dupla risonha, interrompendo as gostosas risadas da dupla.

- É bom saber que sou um amigo inesquecível, Sakura. – disse o loiro sorrindo ao ver a amiga rosada a sua frente.

- Baka! Você sumiu. – ralhou a Haruno, mostrando-lhe o punho.

- Desculpe. – disse com uma das mãos atrás da nuca, sorrindo amarelo. – É que eu estive muito ocupado ultimamente. – defendeu-se, antes que viesse a apanhar da amiga de cabelos rosados.

- Hunf! – resmungou a rosada, que em seguida fitou Yurika, que estava a lado do Uzumaki e também a fitava. – E quem é essa menina linda? – indagou com um sorriso gentil. Yurika que havia assistido a curta discussão entre os dois adultos fitou rapidamente o loiro para depois voltar a olhar Sakura.

- Ah! Essa é a Yuri... – o loiro não concluiu sua apresentação, pois foi interrompido.

- Yurika Hyuuga, prazer. – disse a menina, que havia gostado do jeito engraçado da rosada.

- Oi, sou Sakura Haruno. – estendeu uma de suas mãos, cumprimentando a pequena. – E o prazer é meu em conhecê-la, Yurika. Seu nome também é lindo como você.

- O-Obrigada. Minha mãe que o escolheu. – disse, lembrando-se do que o pai, Hiashi, lhe contara sobre a origem de seu nome. A menina mantinha um sorriso largo, e os orbes brilhavam alegres.

- Ela tem um bom gosto. – disse Sakura. – Eu queria continuar aqui, mas preciso ir. Sasuke está me esperando no restaurante.

- Diga ao Teme que depois, eu e Yu, iremos lá para tomarmos um Milk Shake.

- Estaremos esperando, Baka. Até logo, Yu. – despediu-se sorrindo para a dupla.

- Até, tia Sakura. – a rosada e o loiro riram ao ouvir o “tia”, Yurika era realmente adorável.

- Princesinha, nós ainda temos que ir a um lugar. – lembrou o loiro.

- Qual? – indagou a menina com os orbes brilhando diante a curiosidade, os lábios repuxados em um sorriso contagiante, assim como o Uzumaki que lhe estendia uma mão.

- Surpresa! – disse, e logo o loiro gargalhou ao ouvir o resmungo da pequena Hyuuga, indignada com a simples e misteriosa resposta dele.

...

O cômodo era iluminado pelos raios de sol que adentravam através do espaço da cortina, de tonalidade azul, aberta. Aquela manhã estava ótima para uma caminhada nos parques da cidade ou para um passeio no shopping. Mas para a Hyuuga aquele domingo estava propício para uma boa leitura, e um bom almoço. Cozinhar era um hobby nos momentos curtos e livres. Adorava sentir o sabor e o aroma dos temperos, de cada prato que preparava.

Devido à carreira de modelo sempre tivera que manter um peso padrão, para ela até que fora fácil se adaptar a tais hábitos alimentares, lembrava-se das colegas de agência, magras, porém muitas delas sofriam para manterem-se assim. A sorte ficava inteiramente para os homens, eles tinham menos problemas com isso. Cuidavam-se, malhavam, mas as “escapulidas”, feitas ao comerem algo fora da dieta, tinham, no fim, conseqüências mais tranquilas que as delas.

Hoje, ainda se cuidava, obviamente não possuía mais os quilinhos de uma modelo, mas possuía um corpo curvilíneo em forma. Sua alimentação era um dos fatores de manter sua forma, alguns dos antigos hábitos ainda caminhavam com ela. As saladas bem coloridas, a procura em evitar bebidas alcoólicas, porém todas as suas regras alimentares acabavam quando o assunto era uma mania alimentar adquirida, não podia faltar em sua casa, precisamente a cozinha, lamén instantâneo.

Isso era até hilário, pegara uma péssima e deliciosa mania de Naruto, lembrava-se que o repreendia muito por ele diariamente comer unicamente lamén, que no fim, acabara fazendo o mesmo que ele. No fundo sentia que isso era uma maneira de estar próxima a algo que ele gostava, mais próxima a ele.

- Tão perto e tão longe. – suspirou, enquanto preparava um lamén de legumes. A água fervia enquanto adicionava o macarrão, que cozinharia, por alguns poucos minutos, somente para ela.

Estava sozinha no apartamento. Yurika, estava em um passeio com Naruto. A menina acordara cedo, falando a todo o momento sobre a surpresa que o Uzumaki prometera a ela. O sorriso contagiante da pequena era um conforto ao seu coração de mãe.

Hanabi estava na casa de Konohamaru, almoçando com os pais do mesmo. Sorria com a lembrança da irmã, logo no inicio da manhã, nervosa, correndo pelo interior do apartamento a procura de brincos perfeitos, e a caçula nem percebera que já estava usando os tais preciosos acessórios nas orelhas. Estava serena, sabia que Hanabi seria muito bem tratada e querida pelos sogros, assim como ela fora quando apresentada aos pais do loiro Uzumaki, após duas semanas de namoro. Nostálgico, porém uma boa e cômica lembrança;

Lamén pronto e já servido em um belo prato de vidro rosado, decidiu-se por fim ir até a sacada do seu quarto, almoçaria ali e aproveitaria a bela vista das ruas nobres, com casas e edifícios detalhados e formosos de New York.

Saborear aquele apetitoso macarrão estava sendo relaxante, e permaneceria assim, em calmaria, livre por alguns momentos das suas indecisões internas, se não ouvisse o som do interfone, no telefone da cozinha.

- Alô, Srta. Hinata? – ouviu uma voz perguntar-lhe assim que atendera.

- Sr. Jaime, sou eu. – confirmou com uma voz gentil, sempre educada.

- Srta, desculpe-me incomodá-la, mas a Sra. Uzumaki está aqui na entrada querendo vê-la. – anunciou.

- Kushina?! – e o porteiro confirmou. – Pode pedir para que ela suba sim, Sr. Jaime, e obrigada.

- Não há o que agradecer, Srta. – desligou.

Hinata alisou a roupa em tentativa de ajeitá-la, em seguida pondo-se a lavar a louça do almoço, enquanto esperava a visita da ex-sogra, e amiga. Perguntava-se que motivo trazia a Uzumaki até ali para vê-la, estava feliz com a visita, desde o último jantar, no qual Naruto e Minato também estavam, não a via, e depois tantas situações que vivera não tivera cabeça para entrar contato com aquela mulher que sempre fora tão gentil com ela.

Ouviu o som da campainha após alguns minutos da ligação do Sr. Jaime. Kushina. A mulher ruiva sorria frente à porta de seu apartamento, elegante com um vestido leve, de tom esverdeado como suas lindas íris. Os longos cabelos avermelhados lisos e soltos, uma aparência saudável e feliz, encantadora, assim Hinata fitava a esposa de um dos maiores advogados de New York.

- Kushina! – cumprimentou, abraçando-a carinhosamente, sendo retribuída da mesma forma pela ruiva.

- Hinata, filha. Estava com saudades. – disse enquanto se afastavam do abraço, e fitava os lindos orbes perolados da ex-nora.

- Eu também, Kushina. – sorriram uma para a outra.

Em seguida, adentraram o apartamento da Hyuuga a convite da mesma. Acomodaram-se na sala de estar, conversando amenidades, com a ruiva contando inicialmente sobre a viagem que fizera ao lado do esposo, Minato, viagem presenteada pelo filho.

- O melhor foi quando conhecemos o Brasil. As pessoas são tão calorosas e espontâneas. É um lugar magnífico. – contava a ruiva com os orbes cintilando como esmeraldas.

- Que bom que se divertiram, Kushina. Você e Minato mereciam.

- Eu não sei se eu merecia, mas garanto que fiquei tentada a continuar naquele navio por longos meses. –  comentou divertida. Hinata sorriu mais uma vez, a alegria de Kushina a contagiava. Era disso que precisava naquele momento. – E Hanabi, como ela está? Queria ver aquela sapeca.

- Está almoçando com o namorado e os pais dele. – explicou sorrindo.

- Ah, sim. Imagino como ela deve estar. – riram. - Lembro quando você fora lá em casa. Estava tão inibida e quieta. Mas como uma bela flor, desabrochou encanto. – Kushina sorria com a lembrança, foi um momento tenso, porém satisfatório em ver que seu menino encontrara uma mulher especial. Tivera certeza que o filho fizera excelente escolha desde então.

- O-Obrigada. – agradeceu um pouco sem jeito, a ex-sogra sempre era tão amável e espontânea em seus elogios, que ainda a fazia surpreender-se. Kushina segurou-lhe as mãos com leveza, e com um semblante mais sereno.

- Hinata, queria lhe pedir desculpas. – Hinata fitou-lhe confusa, sem entender a quê a ruiva se referia. – Sei pelo que passou no último mês, e eu infelizmente não pude estar ao seu lado. Eu somente soube quando cheguei a New York, e tentei vir vê-la o mais rápido que pude.

- Não precisa se preocupar com isso, Kushina. – disse sincera. - Eu sei que Naruto não lhe contou nada antes, pois eu mesma o pedi para que fizesse isto. Sentiria-me pior estragando sua viajem. – disse com a voz levemente embargada, emocionada pelas lembranças dos momentos com o pai, que reapareciam constantemente em sua mente, principalmente quando este assunto era mencionado com ela, além de sentir o carinho que a mulher a sua frente tanto lhe presenteava.

- Amo muito você, Hinata, como uma filha que nunca tive. Você não estragaria nada. – sorriu, igualmente emocionada. – Soube que uma pequena Hyuuga também está morando aqui. – comentou.

- Sim. – confirmou. – Yu, é a m-minha i-irmã. – gaguejou, no fundo não queria mentir para a Uzumaki. Em raras situações já havia comentado sobre a pequena, mas sempre arranjava um jeito de fugir de tal assunto.

- Eu adoraria conhecê-la. – revelou agoniando ainda mais a morena, que intimamente pressentia aquilo não ser uma boa ideia.

- Oh! Infelizmente, Yu não está em casa agora. Ela está passeando com o Naruto. – Kushina surpreendeu-se, mas logo voltara a sorrir com a notícia. O filho permanecia sendo o rapaz companheiro, o filho maravilhoso que criara. – Mas eu tenho uma foto dela aqui. – concluiu Hinata, na tentativa de mudar aquele “pré-assunto” Hyuuga e Uzumaki.

Talvez a decisão apresada não tenha surtido muito efeito, imaginava Hinata, ao ver o modo como Kushina fitava a fotografia de Yurika. Hinata não pôde evitar sentir uma estranha sensação, talvez um frio no ventre, por causa do nervosismo.

- Ela é uma menina linda. – elogiou a ruiva por fim, sem deixar de fitar o lindo sorriso que Yurika mostrava na foto.

- Sim. Ela é a menina mais meiga e sapeca que existe, e com certeza muito esperta. – comentou Hinata sem nenhuma intenção de conter, por nem ao mesmo ter percebido, o largo sorriso que expunha ao falar da menina.  Sorriso que atraiu a atenção da Uzumaki, que após alguns segundos deixou um sorriso doce escapar em companhia.

- Então ela parece ter puxado a mãe. – disse a ruiva, voltando a trazer nervosismo a Hyuuga, que arregalou as lindas pérolas devido ao susto que as palavras de Kushina lhe fizeram. Internamente, os músculos estavam tensos, sentira ar mais pesado em seus pulmões, e com força expirou-o, expelindo de seu organismo.

Talvez estivesse ainda nervosa pela conversa da noite anterior com Naruto, pois até pouquíssimas horas somente sua família e Tenten, a amiga que considera uma irmã sabiam sobre o passado de Yurika. Porém algo em seu interior anunciava um fato que ela tinha medo de acreditar. Talvez Kushina Uzumaki Namikaze também soubesse do seu segredo.

A sala se afundou em silêncio, os orbes perolados detalhavam o carpete da sala. Hinata não conseguia pronunciar nenhuma palavra. Seu pensamento estava absorvido pelo medo, sem chances de tentar encontrar uma desculpa, algo que pudesse novamente encobrir sua mentira.

- Querida, olhe para mim. – a Hyuuga se sentia envergonhada demais para encarar a ruiva. - Hina, por favor. – respirou fundo e lentamente levantou a face para fitar a ex-sogra com os orbes já lacrimejando.

-Kushina. – sibilou baixinho. No momento seguinte fora surpreendida pela ruiva ao sentir-se acolhida, pelos braços da Uzumaki, em um abraço confortante. – Kushina. – retribuiu ao abraço deixando uma fina lágrima rolar sua face, molhado levemente o ombro da Uzumaki.

- Minha querida, eu estou aqui. –tentava confortar a morena, enquanto organizava os próprios pensamentos.

- E-Eu... – soluçou. – N-Naruto lhe c-contou? – indagou, na verdade estava confusa. Guardara aquele segredo por tanto tempo, e de repente as pessoas apareciam sabendo de tudo. Sentia-se acuada, assim como se sentira ao contar a Naruto, ou talvez não sentisse aquela sensação tão intensa como sentira com o loiro.

- Não. Naruto não me contou nada, Hinata. – afirmou. - Mas eu também sou mãe, e de alguma maneira sei reconhecer outra, sem contar que a semelhança entre vocês é enorme. – sorriu docemente para a morena, tentando acalmá-la. No fundo estava surpreendida consigo mesma pela descoberta, mas instintivamente sentia que sempre soubera do segredo da ex-nora.

- Não. Não... Eu não sou... – soluçou. – Eu sou um monstro. Somente um monstro para fazer o que eu fiz. – disse ainda abraçada à ruiva.

- Hinata. – afastou-se levemente para fitar a morena. – Eu não sei o que lhe fez ter uma atitude como essa, mas sei ser justa, mesmo confusa. – pausou dando a Hyuuga um sorriso. – Hinata, eu acabei de lhe ver se derreter a cada palavra sobre esta menina. É notório o quanto você a ama. – Hinata ainda chorava. As doces e simples palavras da ruiva lhe emocionavam, ainda mais sendo tão verdadeiras. Sentia-se transparente aos orbes esverdeados. – Querida, um monstro não é capaz de algo assim. De ter sentimentos que só uma mãe pode realmente sentir. – Hinata a abraçou fortemente.

- Minha pequena. – soluçou. - Kushina,  o que mais desejo é que ela seja feliz. – declarou, nada mais importava, nem ser reconhecida como mãe, um sonho que guardava desde que a tivera, ou mesmo sentira-a em seu ventre.

- Acredito que ela já seja feliz, Hinata. Enquanto ela estiver ao seu lado, vocês duas terão a oportunidade de serem.

...


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.. ^^
Aguardo seus reviews, e mais uma vez espero que tenham paciência comigo..
Ah, o capitulo 17 já está quase todo escrito.. Daqui a pouco partop para o 18..
Também tenho duas One-Shots NaruHina prontas.. ^^
E quinta-feira é meu aniversário.. 18 anos, amores!
E claro, tenho muitas saudades de vocês!