Anjos da Noite: O Despertar escrita por Julia


Capítulo 4
Capítulo 2 - O Segredo


Notas iniciais do capítulo

(http://www.youtube.com/watch?v=uolWih0Rh7M)

Olá senhorita Alice,
Em seus olhos de vidro que tipo de sonho estás vendo? Estás admirando?
Mais uma vez meu coração se parte em dois.
Conserte-o, dizem as memórias presas na fenda.
Você ainda não responde...

Olá senhorita Alice,
A verdade sobre você é triste.
Pode contá-la? Pode contá-la?

Agora eu estou cravejando em mim o calor de suas palavras.
Sua canção me toca profundamente, então, cante.

...Ainda assim, você não responde.



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Estava começando a chover lá fora. Seria uma chuva daquelas... William saía aliviado da mansão dos Volturi. Ele sorria com o sucesso da sua conversa com Azor. Mal sabia ele que estava sendo acompanhado de longe por Paul.

Assim que chegou ao jardim da mansão, William foi surpreendido por Paul, que surgiu num piscar de olhos na sua frente, bem como a chuva que piorou drasticamente de repente.

– Boa noite William.

– Pa-paul? - William gaguejou assustado.

– Rs, ficou retardado com o tempo cara? - Paul sorria torto.

– O que faz aqui?

– Eu estava vindo visitar meu velho, quando percebi que ele já havia tido uma visitinha.

– Ah, tá... haha - William soltou uma risada sem graça. Ainda não havia entendido o que estava acontecendo.

– Fiquei chateado. Queria ter aparecido primeiro.

William permaneceu em silêncio. Ele não estava compreendendo bem as coisas, e seu pavor por Paul era algo que o estava consumindo naquele momento.

– Faz no mínimo uma década que não conversamos, que tal um bom uísque?

– Ah, muito obrigado Paul, mas eu acho que já bebi demais por hoje.

–Hum... Ok.

Numa velocidade incrível, William se encontrou numa casa abandonada no meio do nada. Os Volturi eram um dos mais antigos clãs de anjos, mas o único que havia permanecido intacto. Os legítimos descendentes de Lilith. Durante todo o seu legado, poucos não misturaram seu sangue com outras famílias. Esses se tornavam cada vez mais fortes e nobres. Verdadeiros anjos de sangue puro. Os demais deram origem a vampiros normais, que deram origem a mestiços. Por ter sangue puro e nobre, os Volturi adquiriram poderes especiais, além do dom de sugar pescoços por aí. O poder de Paul era a sua agilidade. Paul poderia aparecer e desaparecer em milésimos de segundos. Isso assustava os outros vampiros. Já seu avô, Azor, por exemplo, tinha uma força que parecia ser inabalável, fora o poder de controlar os sentidos.

– O que é isso Paul? Aonde porra você me trouxe?

– Esta é uma surpresinha do Azor pra você Will, então, fique bem à vontade ok?

– O QUÊ?

Quando menos percebeu, William estava sentado no chão velho e com infiltrações da casa, imóvel. Havia mais dois vampiros ao seu lado. Um lhe encarava e o outro tocava levemente seu rosto. Eles também eram Volturi. E eram irmãos de Paul.

– Fique calmo Will, nós só estamos aqui para termos uma looonga conversinha. Disse Ivan, o irmão mais novo dos três.

Will queria correr, queria gritar, queria sumir! Mas não podia mover nem sequer os seus olhos. Parecia que havia se tornado uma estátua de pedra. O poder de Ivan também era temido por muitos. Ele precisava tocar uma vez, apenas uma vez na pessoa para poder imobilizá-la completamente. Quanto a Saito, o irmão do meio, bastava olhar e ele poderia torturar da pior forma possível. Estripar, cortar ou apenas machucar, era tudo uma questão de escolha. No entanto, a pessoa precisava encará-lo. E por isso, Ivan estava ali. Para garantir que Will não desviasse o olhar.

– Eu acho que tinha lhe convidado para uma dose de Uísque... - Paul retomou a conversa, dessa vez, com um copo de uísque na mão.

– O que merda está fazendo Paul? Está pegando a mania do velho de conversar com os traiçoeiros antes de condená-los? Esse cara não pode se mexer! Quer que ele converse com você de que forma? - Disse Ivan impaciente enquanto deitava de qualquer jeito num sofá velho da casa suja. Queria terminar aquilo logo.

– É cara... Vamos levar ele pra mina abandonada logo e pronto. Os capachos lá em baixo dão conta do resto do serviço. - Completou Saito, seriamente, sentado em outro sofá de forma descontraída, não tirando os olhos de Will. Ele também fumava um cigarro.

– Tem razão. Acho que esse estúpido já entendeu que está fodido. - Concluiu Paul.

– E que não se brinca com um Volturi. - Riu-se Ivan.

De repente, os olhos intensos e prateados de William se tornaram negros. Isso mostrava que ele estava fraco e faminto. Por fora, surgiam enormes cortes no seu corpo, como se alguém o estivesse estraçalhando com alguma espécie de lamina afiada. E o estrago não era só por fora, por dentro Saito espremia seus órgãos como se fossem buchas. Era uma dor terrível. Sentia a dor não como um anjo, mas como um ser humano. Anjos também sentiam dor. Mas a diferença é que logo essa dor passaria e isso seria só o começo de toda tortura que ele teria de suportar, até, por pena, o matarem. Do contrário ele enlouqueceria. Suas lágrimas eram a única prova de que ele estava sentindo absolutamente tudo.

– Isso me lembra de como matar a mulher dele foi prazeroso... - Blefa Saito enquanto continuava espremendo os órgãos de Will, o fazendo sangrar cada vez mais pela boca.

Saito adorava o seu poder. Ele adorava saber que poderia matar qualquer um sem fazer o menor esforço. E ele adorava o cheiro do sangue dos outros e o pavor que os anjos tinham de seu poder.

– Cara, você é doente. Eu só faço o trabalho sujo porque ganho coisas em troca. - Disse Ivan com repulsa para Saito.

– E você é um mulherengo Ivan! – Disse Saito com a voz constante, sem desviar seu olhar nenhuma vez sequer. - Só pensa nas servas gostosas que o velho arranja pra você em troca dessa merda aqui. - Responde por fim com desdém enquanto espremia o coração do vampiro aos poucos. William estava sofrendo muito.

– Mulher é um remédio pra a alma, meu caro! - Sorria Ivan.

– Se é que você tem uma...

Os dois pareciam se divertir bastante enquanto assistiam o sofrimento de Will, que implorava em pensamento para morrer.


E era isso o que os Volturi queriam. Que a morte fosse mais desejável que o sofrimento.


Paul, como sempre, deixava os dois discutindo e ficava apenas num canto do cômodo, bebendo seu uísque enquanto observava o céu lá fora. Já havia parado de chover. Paul tinha um rosto muito angelical. O que era típico dos anjos puros ou os nobres. Todos eles, sem exceção, eram belíssimos e jovens (aparentemente). Talvez isso fosse uma espécie de isca. Mas Paul tinha um rosto triste, um olhar profundo. Os olhos dos Clãs mais altos eram prateados. Mas um prateado tão belo que parecia com a luz do luar. Um prateado completamente incomum. Eles eram criaturas magníficas.

– Cuidem desse otário. Eu vou pra casa.

Paul sumiu da casa abandonada.

Ivan e Saito, que parou de se concentrar dando certo alívio a Will, se olharam sem se admirar, pois já estavam acostumados com os sumiços repentinos de Paul.

Ao sair da casa, Paul olhou para o céu, suspirou e abriu suas asas. Eram asas enormes, exageradamente grandes e negras. As asas dos anjos só surgiam quando eles realmente quisessem voar. Muitos preferiam andar de carro ou caminhar. Mas Paul se sentia bem voando. A brisa fria da noite e suave acariciava seu rosto. Ele era um anjo tão belo, que poderia passar por uma verdadeira criação de Deus a primeira vista. Mas as suas asas eram negras, como aquele céu sem estrelas. Ele voava em direção a Hidden Springs que ficava há algumas horas de Bridgeport. Hidden Springs era uma cidadezinha que havia parado no tempo. Parecia mais um vilarejo quase abandonado. A natureza cercava completamente aquele lugar. Poucos humanos e anjos habitavam aquela cidade. Daí vinha o motivo de Paul querer viver ali. Se esconder de tudo e de todos, ficar só. Era o que ele mais gostava de fazer.

*Clique aqui para ouvir a música*

Ao chegar à entrada, ouvia-se suavemente uma canção triste. Era um som que vinha de uma caixinha de música. A casa de Paul aparentemente não combinava com ele, por parecer um cara moderno. Mas na verdade ele era muito antiquado. Sua casa era um lugar tranquilo e feliz para os que olhavam de fora. Tinha um jardim muito bonito e estatuetas. Era um lar bem arborizado e transmitia tranquilidade. Mas aquele lugar guardava os pensamentos amargos e infelizes de Paul. Mas, de fato, ele contemplava a natureza. Paul era realmente solitário.


Até uns meses atrás.


Talvez por isso ele estivesse tão irritado ultimamente.


Irritado consigo mesmo.


Ao passar pela sala, ele caminha para o seu quarto que possuía uma decoração bem sutil e vintage.


Apesar do dia cheio, ele finalmente mostrou o seu sorriso verdadeiro, o que era de se espantar. Paul era belíssimo sério, mas sorrindo ele era incrível. Mas foram poucos os que tiveram a sorte de ver aquele sorriso.


Ele se aproximou de uma cômoda e, percebendo que a música da caixinha pararia, deu corda novamente.

Deitado em sua cama estava um bebê de aparentemente um ano de vida. Era uma linda menina de cabelos suavemente dourados e muito compridos para os de um bebê. Ela parecia um anjo enquanto dormia. Seu rostinho delicado e seu corpinho pequeno eram muito indefesos. Sua pele era clara como porcelana, mas suas bochechas rosadas mostravam que, diferente dos anjos caídos, seres das trevas, sem alma e sem vida, ela estava viva.

Paul deu um suspiro e entristecido sussurrou enquanto encarava aquela pequena criatura.

– Alice...



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Notas finais do capítulo

Música da nota do capítulo chamada Still Doll,
do lindo encerramento de Vampire Knight.
Também coloquei a letra traduzida. *o*
—_______________________________

Quem será esse bebê chamado Alice?
E o que ela significa pra Paul?



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