Anjos da Noite: O Despertar escrita por Julia


Capítulo 3
Capítulo 1 - Quebrando as Regras


Notas iniciais do capítulo

Finalmente o primeiro capítulo, hein? hehe
Boa leitura!

Soundtrack sugerida:

(http://www.youtube.com/watch?v=nc-kumTHN3A)



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17/08/2056, 04:20 p.m., Bridgeport.


Era uma tarde nublada em Bridgeport. Na mansão dos Volturi, Azor esperava ansiosamente por uma "visita" que chegaria em breve. Ele estava sentado por detrás de uma grande mesa de madeira, com detalhes em ouro. O escritório, assim como a mansão, eram bastante antiquados para a época. Móveis da Era Victoriana estavam presentes por toda a parte. Azor era um homem que aparentava ter no máximo trinta e cinco anos. De fato, essa não era a sua idade verdadeira. Azor Volturi era o ser supremo da Sociedade da Lua, o mais temido e, consequentemente, respeitado Anjo Puro. Nenhum anjo ousava desobedecê-lo. Seus cabelos eram curtos, lisos e naturalmente acinzentados. Seu rosto era suave e delicado como o de uma pintura. Nariz, boca e olhos prateados, sorriso angelical. Um dos seres mais belos dentre os vampiros. Era de se lamentar que sua personalidade não condizia nem um pouco com a sua aparência.


Um anjo estava sendo arrastado por outros anjos até o escritório de Azor. Ele parecia um prisioneiro, pois tinha algemas em suas mãos e o seu rosto estava coberto por um capuz. Os guardas próximos à porta grande e dourada do escritório, dois vampiros altos e robustos que ali estavam presentes, podiam ouvi-los se aproximando do outro lado da mansão. Abriram a porta para que os demais guardas e o anjo encapuzado pudessem entrar.


– Ora, ora, quem finalmente resolveu aparecer! Meu caro William! Estava aguardando ansiosamente a sua chegada.


Os guardas finalmente tiraram as algemas e o capuz que cobria o rosto da criatura que estava ali presente. Também tinha aparência jovem e seus cabelos negros como a noite contrastavam com sua pele pálida e seus olhos prateados. Ele pertencia ao Clã Vianatto, considerados primos do Clã Volturi. Apesar de ambos possuírem a mesma origem, os Vianatto estavam abaixo dos Volturi no que diz respeito a poder e soberania.


– Não seja cínico Azor. Sei muito bem o motivo de me arrastar até aqui - William cuspia cada palavra.


– Calma meu caro. Não acha que me deve um pouco mais de respeito? Somos primos, mas ainda assim, há uma hierarquia aqui, não estou correto?


William permaneceu em silêncio e Azor com um sorriso escandaloso, retomou.


– Bem, já que você mesmo mencionou que sabe o motivo da minha intimação, o que acha de recapitularmos os últimos incidentes? - Azor continuava sorrindo. Seu sorriso era belíssimo, mas não condizia nenhum pouco com a situação. - Suzzanah, querida, traga o Liber Defunctorum para mim, por favor?


Suzannah era a esposa de Azor que também fazia parte dos negócios ao lado do marido. Azor tinha fama por ser educado e belíssimo, mas incrivelmente cruel, enganando facilmente aqueles que não o conheciam com tanta destreza. Toda sociedade tem regras e com os a Sociedade da Lua não seria diferente. Encarregado disso estava o Liber Defunctorum. O livro mais antigo da história dos vampiros. Um livro que se igualava a uma constituição e até mesmo uma bíblia para os seres humanos.


– Aqui está querido - Suzannah, mulher loira, de olhos prateados intensos e boca carnuda, usava um batom carmim e um vestido tubinho da mesma cor de seus lábios. Era linda e muito sensual.


– Ótimo! Vejamos... - Azor dizia enquanto folheava o grosso e velho livro de páginas desgastadas. Ele era mesmo imprevisível. Com a sua idade milenar, ele conhecia mais do que qualquer um aquele livro. Inclusive foi o mesmo, com a ajuda de seus falecidos ascendentes, que o criara. Sabia de tudo o que estava escrito ali. Mas seu cinismo era maior que a vontade de demonstrar sua sabedoria. William sabia muito bem de tudo disso.


– Ora Azor, pare com isso e diga logo o que acontecerá comigo.


– Essa sua pressa me irrita muito meu querido. - Azor parou de folhear e o encarou com um olhar ameaçador.


– Desculpe, não o interromperei novamente. - William sabia do que Azor era capaz. Aquele anjo poderia transformá-lo em pó em um simples piscar de olhos.


– Inteligente da sua parte. - Azor finalmente parou de sorrir.


De repente todos os dois estavam mais afastados do sofá e o clima na sala ficou pesado.


- Vejamos. Você extorquiu nosso banco, assassinou três humanos em plena luz do dia, infringindo consequentemente o tratado de paz que eu firmei com a Sociedade do Sol. Teve relações sexuais com a sua serva sem tomar as devidas precauções, fazendo com que esta engravidasse de uma criança mestiça, infringindo outra lei estrita que proibe definitivamente a procriação de anjos com humanos. Após tudo isso, transformou a serva em vampira fugindo com a mesma e o mestiço em seu ventre logo em seguida, assim que soube que eu tomei conhecimento de todas as suas infrações. Ficou foragido por seis meses, quando encontramos a sua serva ainda grávida, prestes a dar a luz.


- É. E você e seu Clã imundo arruinaram a vida dela e do meu filho! - William vociferou interrompendo.


- VOCÊ CONHECE AS LEIS WILLIAM E ELAS SÃO SOBERANAS!


- LEIS ESTÚPIDAS! CRIADAS POR VOCÊ E SEU CLÃ PARA MANTER A ORDEM ATRAVÉS DE UM LEGADO OPRESSOR!


- Ora, ora Will... Nós somos cruéis. Você sabe disso. Além do mais, vocês são a ramificação imunda da nossa raça pura. Uma ramificação que até hoje carrega os pecados por se misturar com seres inferiores. Não se brinca com a comida, sabia Will? 

Você devia ter pensado nisso antes de ir pra cama com a sua serva.



Will se manteve em silêncio.


- Aliás, eu preciso, antes de tudo, entender. Onde estava com a cabeça? Achava que enfrentaria nossas leis e sairia impune desse jeito? - A voz de Azor começou a se alterar.


Suzannah resolve falar em mau momento.


- Calma Rapazes, por favor! Precisam mesmo decidir isso aos berros?


- SUZANNAH, EU LHE DEI ORDENS PARA ME INTERROMPER MULHER ESTÚPIDA? - Azor a segurava pelo braço e a olhava assustadoramente. Seus olhos haviam mudado. Estavam completamente negros, apenas a íris continuava prateada. Um pouco abaixo dos olhos, o rosto parecia estar rachando. Presas enormes e afiadas saíam de sua boca. Era horrível, como um verdadeiro demônio.


- Me Desculpe querido eu só queri...


- CALE ESTA SUA BOCA E SE RETIRE ANTES QUE EU PERCA A PACIÊNCIA! - O braço de Suzzanah seria quebrado logo em seguida se ele continuasse apertando.


- Sim, está certo... - Suzannah tentava manter a voz calma e contínua. Obedecendo as ordens do marido, a bela mulher se retirou da sala às pressas.


Tentando retomar o assunto Azor se recompôs, passou a mão nos cabelos que tinham saído um pouco do lugar e disse em tom esnobe.


- Mulheres... São estúpidas. Só existem para nos servir e procriar.


- Azor, poderia por fav...


- SILÊNCIO! Argumente sua atitude imbecil William, para eu poder lhe matar tendo a consciência tranquila. Você tem trinta segundos para se justificar.


Se Azor dizia que ele só tinha trinta segundos, definitivamente não era brincadeira. Em contrapartida, William falava sem parar.


- Eu extorqui o banco porque precisava de dinheiro. Não havia tempo para negociações. Paula já estava grávida e eu não pude matá-la, eu gostava dela e precisava do dinheiro. 

Eu decidi transformar Paula para que ela se tornasse mais forte e sobrevivesse a gravidez e então matei durante o dia porque não pude esperar até a noite. Paula iria morrer de sede e mataria meu filho... Planejei fugir com ela para um lugar longe do Clã Volturi, mas vocês nos encontraram antes mesmo que eu conseguisse mais dinheiro. Por favor, tenha piedade de mim! Agi por emoção, sem pensar! Por favor!


Uma punição por tamanhas infrações, na Sociedade da Lua, não significava a morte. Para um vampiro, a morte era algo imediato e sem maiores sofrimentos. As punições dos Volturi eram as mais temidas pelos vampiros. Longas torturas, que chegavam a durar de cinco a seis décadas de tão longas.  Algo inimaginável, que apenas os raros vampiros que sobreviviam sãos, conseguiam descrever. E quem mandava nesse trabalho sujo? Paul Volturi, o neto de Azor Volturi. E por isso, por mais que William tivesse consciência da nojeira que os Volturi eram e do quanto estava certo por agir apenas pela mulher que amava, preferia se humilhar e pedir misericórdia para tentar restabelecer a confiança e a amizade de Azor.


- Por essa eu não esperava Will! Você que sempre foi um anjo valente e corajoso, me pedindo perdão? - Azor gargalhava sem parar.


- Por favor! POR FAVOR! POR FAVOR, AZOR, POR TODOS OS ANOS DE IRMANDADE QUE TIVEMOS, NÃO ME DÊ AS COSTAS AGORA!


- CALE-SE IMBECIL. Está bem. Mas eu preciso fazer uma breve ligação, portanto, sente-se e se acalme. Eu obtive o seu pedido de perdão, já tenho o que queria.


William olha para Azor admirado com sua mudança repentina de temperamento. Isso seria um bom sinal?


- Servo! Sirva um pouco de vinho ao meu querido primo agora mesmo. - Um homem baixinho, meio gordo e vestido em trajes formais que o tempo todo estivera presente, se aproximou com uma bandeja com duas taças e um vinho seco que aparentava ser bem antigo.


William olhava para Azor tentando compreendê-lo. Estava tudo resolvido?


O servo serviu quase que imediatamente e se retirou. William tinha a sensação de finalmente ter sido perdoado, então ria contemplando a sua vitória!


Mas no canto do escritório, Azor fazia uma ligação.


Do outro lado da cidade, próximo a um lago, alguém atendeu o telefone.


- Você tem 5 segundos, então desembuche velho maldito.

- E isso são modos de tratar seu avô? - Azor falava em tom de risada - Tenho um serviço pra você.


- Ok velho, fala.


- É mais um daqueles. Eu quero que o torture das piores formas, como você, Ivan, Saito e seus capachos sabem fazer, está me entendendo?


- Ok. Chego aí em um minuto.


- Não! Espere! Você não o pegará aqui. Estou fingindo que o absolvi. Daqui a algumas horas o liberarei, então fique esperto. Você o pegará lá fora. 


- Você é mesmo um velho doente. 


Paul desligou o telefone sem nem sequer dar tchau. Anjos não se cumprimentavam. As regras deles eram bem diferentes das dos humanos.


William não ouviu nada. Azor estava controlando todos os seus sentidos sem que pudesse perceber. Azor poderia matá-lo sozinho, ali mesmo, sem nenhum esforço. Mas dessa forma, perderia toda a diversão. E o que lhe interessava era traumatizar todos aqueles que desobedeciam as suas ordens, para que os demais o temessem. Era assim que a Sociedade da Lua funcionava. Era esse o grande trabalho sujo que Azor encarregava aos membros inferiores do seu clã.


- Ora, ora meu amigo Will, onde estávamos mesmo?


- Na bebida! Aliás, que safra magnífica Azor!


- hahaha gostou? É uma das melhores que possuo...


E assim o papo entre os dois vampiros se tornou como o de velhos amigos que não se viam há um bom tempo. Mas William não fazia ideia do que o aguardava lá fora.

   

As horas passaram e nuvens escuras e pesadas denunciavam que a chuva chegaria em breve.


- Hm, certo Azor foi muito bom conversar com você, mas preciso ir!


- Ah, é mesmo? Mas já? Fique mais um pouco... - Azor sorria com cinismo.


- Não, é sério. Eu preciso muito ir.


- Certo, certo... Então eu aproveitarei a deixa e irei ensinar a minha mulher a não me interromper de maneira inadequada. 


William não concordava nenhum pouco com Azor e sua maneira de tratar a esposa, mas jamais o enfrentaria novamente.


- Foi bom te ver Azor...


- Idem meu querido, vá lá.


William saiu do escritório.


- Idiota. - Azor sorriu euforicamente.







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Notas finais do capítulo

Gente, me perdoem os espaços exagerados nesse capítulo. Já tentei mudar um zilhão de vezes e não consigo T.T (eu sou meio perfeccionista, hehe)
Enfim, espero de verdade que estejam gostando. Vou fazer de tudo pra continuar minha história com cada vez mais qualidade.
Um beijão pra todos e obrigada por acompanhar! ;)