A Filha Do Mar escrita por Emm J Ás


Capítulo 35
Quando essa fuga vai terminar?


Notas iniciais do capítulo

Eu enrolo muito não é? Quer dizer, já são quase três capítulos só enquanto eles fogem. Imagine um filme desse livro? Levaria umas sete horas até assistir tudo. Mas enfim, fazer o quê não é? Vocês gostam de ler, agora aguentem. Kkk
Espero que curtam. Luzes, câmera e... Ação!



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Dez, nove, oito, sete, seis... Eu estou ficando nervosa. A grande porta de pedra demora ainda mais para abrir que a porta da frente. Minha respiração está acelerando, estou perdendo o controle. Mas eu não posso fazer isso. Não posso ficar assim. Eu sinto a presença do mar perto de nós, as ondas quebrando, água. Quase consigo sentir o cheiro da água salgada.

Olho para minha cintura e tiro Darklight de minha bainha. É isso Elizabeth, está na hora de lutar de verdade. Está na hora de fugir. Se você não conseguir sair daqui, nunca mais voltará para casa.

— Depois disso eu quero boas férias. Uma semana num resort não seria mal. — Sony fala.

— A gente aproveita e dá um pulinho no D. Legs. Quem sabe não achamos outra tripulante tipo a Emily? — Quem diz agora é Alex.

Emily dá um sorrisinho. Não sei que história é essa, o que é D. Legs? Bem. Acho que foi um comentário que ajudou bastante a aliviar a situação.

Só que quando a porta está completamente aberta nós não achamos nada.

— O quê...? — Ouço Huron falar.

Também não entendo. Eu jurava que Valtor e seus zumbis estariam aqui. Não, essa fuga está muito fácil. Isso não está certo, tem alguma coisa errada.

— Está fácil demais. — Alex diz, tirando as palavras da minha boca.

Vejo o mar daqui. Não está a muitos quilômetros. Talvez um ou dois. O chão é de terra, não tem muitas árvores em volta, acima de nós há apenas rochas que se estendem até a boca do vulcão. Algumas plantas ligeiramente assustadoras e um ar pesado que começa a se encher de neblina. Neblina?

— O que é isso? — Emily fica alerta.

— Preparem-se. — Alex diz.

— Cadê o Drobt quando a gente precisa dele? — Minha voz parece um choramingo.

Eu não devia estar com medo. Aperto o cabo de minha espada com mais força.

A neblina começa a nos cercar pouco a pouco, ficando cada vez mais densa.

— Fiquem juntos. — Huron fala e me empurra para trás.

Bato de costas em Alex. Não enxergo nada, mas sei que é ele. Principalmente pelo gemido meio rosnado que ele dá. Ele segura meu braço com força e me afasta. Machuca, mas eu reprimo qualquer som. À minha direita Emily me segura. Sei disso pois ela tem a mesma altura que eu, só pode ser ela.

— O que vamos fazer? — Emily pergunta.

Pela primeira vez sua voz me parece insegura.

— Olá meus queridos... — A voz dele ecoa de algum lugar.

Os pelos da minha nuca se eriçam como em um gato. Valtor está aqui. Seu riso maligno toma todo o lugar. Não consigo vê-lo através de toda essa neblina.

— Estão tentando fugir? — Ele fala. — Tsc, tsc, tsc.

— Valtor. — Huron fala. Sua voz é imperativa como a de um líder, não tem mais o tom brincalhão que eu conhecia. — Deixe-nos ir, e pensarei em deixa-lo vivo.

Valtor ri. Droga de cosplay do Jack Sparrow, mas que vontade de socar a cara desse pirata ridículo. Algo dentro de mim rosna, algo agressivo e animalesco. Mas essa não parece ser eu.

— Deixe de ser covarde! — Eu mesma grito. — Apareça franguinho!

— Olha só a princesinha... — Alex quase sussurra.

Ele está do meu lado, provavelmente só eu ouvi. Se desse para ver alguma coisa todos me veriam ruborizando.

Não demora muito depois da minha provocação, a névoa logo começa a se dissipar. No início só vemos sombras, várias delas nos cercando. Altas, ombros largos, trapos como roupas. Mas logo as silhuetas começam a adquirir cor e nitidez. Todos, eu repito, todos os mortos-vivos estão aqui. E parecem muito mais do que os que nos atacaram no navio.

E em frente a nós, numa roupa muito mais requintada, está Valtor. Não é a mesma roupa de pirata de antes, é diferente. É a roupa de um rei. Sem quase nenhum resquício de pirataria. Exceto, é claro, pelo chapéu. O chapéu tradicional de pirata.

— Trocou o modelito. — Falo. Minha voz é debochada, o que contraria meu nervosismo. — Ficou ótimo.

Ele sorri.

— Gostou? Me inspirei nos grandes reis. — Ele fala, completamente vaidoso. Arrogante. Metido.

Como se esse pirata banguela tivesse o direito de ser assim.

— Só esqueceu de uma coisa. — Fico na ponta dos pés e empurro seu chapéu para longe.

Ele tem uma careca grande e reluzente. E uma expressão assassina.

— E é claro que umas plásticas, um dentista... Não, esquece. Só nascendo de novo mesmo. — Dou um sorrisinho.

— Ora sua...

Espadas tinindo.

Valtor levantou sua espada para me atacar, mas meu pai o bloqueou. Me afasto de olhos arregalados. Como...?

Todos já estavam lutando. Enquanto eu fazia minha ceninha sarcástica com o Valtor, Alex, Sony e Emily já lutavam com os zumbis. E essa espada nas mãos do meu pai, provavelmente é de algum zumbi morto.

Como eu pude não perceber isso?

— Ah! — Grito.

Levanto minha espada instintivamente e impeço um enorme morto-vivo de me atingir com sua espada. Me cortaria ao meio como um pão se eu não tivesse percebido a tempo. O problema é que ele é muito forte, e com sua espada ele me empurra para baixo. Eu tento resistir colocando toda a minha força nos braços para segurar minha espada no mesmo lugar, mas pouco a pouco minhas pernas vão dobrando. E ele me encara sem olhos, apenas órbitas vazias negras e sem vida. Sua face de caveira coberta com carne podre tem um cheiro insuportável.

— Liz!

É a voz de Alex. Logo depois um rosnado. Nossa, o Alex parece mais um lobo do que um humano. Ele é humano não é?

Não sei. Só sei que ele decapita o morto-vivo bem quando faltava pouco para eu não resistir mais. E quando seu corpo se tornou cinzas e sua cabeça caiu sem expressão no chão, Alex cortou a cabeça em duas com sua espada. Caio no chão de costas, minha espada quase me mata. E em nenhum momento ele olha para mim.

— V-você... — Tento pensar em falar alguma coisa.

— Não precisa agradecer. — Ele se vira para mim, mas mesmo sorrindo ele me assusta.

Me assusta como no primeiro dia que eu o vi. Pensei que fosse me matar daquela vez. Agora não é tão diferente.

— Você me chamou de Liz. — Digo. Sorrio. O sorriso dele desaparece. — Você parou de me chamar de princesinha!

— É nisso que você presta atenção? — Ele fala. — Eu meio que acabei de salvar sua vida.

Sua expressão não demonstra felicidade. Suas sobrancelhas estão unidas numa única linha e na verdade ele parece estar me chamando de retardada em seus pensamentos. Mas eu não ligo para o que ele pensa. Estendo minha mão para que ele me ajude a levantar.

— Não foi nada. — Digo. — Eu poderia ter me virado sozinha.

— Ahã.

Ele cruza os braços. Pigarreio.

— Você não vai me ajudar?

— Se vira princesinha. — Ele diz e sai de perto.

Mas hã? Ótimo. Para de rir idiota, para de rir Elizabeth! Não sei o porquê, mas estou sorrindo. Ótimo.

Me levanto sozinha e olho em volta.

A cena que vejo não é agradável. Meu pai luta bravamente com Valtor, mas em algum momento da luta parece que ele foi atingido na área das costelas, onde ele sangra. Mesmo assim se esquiva e ataca. E eu sei que ele sente dor, mas ainda assim não desiste. Desfere um golpe no ombro de Valtor, mas o pirata recua com uma risada maléfica e ataca novamente.

Emily está voando com suas asas que batem tão rápidas quanto as de um beija-flor. E em volta delas a névoa se dissipa, tornando sua visão nítida. Isso é bom, pois está ajudando a dissipar a neblina em toda a costa. Ela ataca vários zumbis ao mesmo tempo, que pulam frustrados tentando acertá-la, mas sem êxito.

Sony decapita um morto-vivo no momento em que o encontro. Parece ter sido difícil, afinal ele está ofegante. Mesmo assim ele é rápido e corre para atacar outro zumbi. Estamos indo bem, mas não é o suficiente. Um grupo de mortos-vivos está cercando Alex e estou com medo de que ele não consiga lutar. São muitos.

Por que nenhum vem atrás de mim?!

Por que eu estou reclamando? É a hora perfeita. São poucos metros daqui até o mar, tem como eu chegar lá. Renovarei minhas forças e atingirei todos com uma onda gigante. Será que eu tenho força para isso? Ninguém olha para mim, nem os zumbis. Nem tenho como pedir uma opinião, já não sinto mais a presença de Emily em minha mente.

Vá logo garota. Diz a voz que representa minha consciência. Tão viva e independente que já me dá medo. E se Emily estiver certa? Ela disse que não é normal ouvir uma voz em sua cabeça. Ela mais do que ninguém deve saber desses assuntos.

Ok. Então vou logo.

Aperto com força o cabo de Darklight enquanto corro o mais rápido que posso. O problema é que minhas pernas estão cansadas, eu estou cansada. Eu não dormi, eu andei o tempo todo e fiz muito mais exercícios do que estou acostumada. Não me orgulho disso, mas sempre fui uma princesa sedentária e desastrada. Mas mesmo com meus pés e pernas doendo, eu não desisto. Corro com tudo que posso, ignoro a dor e foco na costa que fica cada vez mais perto. Foco no solo, que pouco a pouco deixa de ser terra e passa a ser areia. Foco no frescor que começa a invadir meu corpo quanto mais perto do mar eu fico. E o melhor é que se eu chegar ao mar poderei pedir ajuda ao resto da tripulação. Todos poderão ajudar. Carlos é um demônio negro, será de grande ajuda. E Kalyssa também, embora da última vez que a vi ela tenha estado estranha. Ela não voltou a ser humana, continuou como tigre.

Olho para trás. Já ultrapassei metade do caminho e estou ofegante. O zumbis estão ficando cada vez mais para trás. Sinto vontade de chorar. A luta não está indo bem. São só Alex, Sony, Emily e Valtor contra aquele exército. Estão aguentando bem, mas mesmo daqui vejo que estão perto de desmoronar. E Valtor está sendo um adversário difícil para meu pai. Fecho os olhos e me concentro em continuar a corrida. Meu coração está acelerado, talvez pela corrida ou pela proximidade do mar. Quero mais que tudo mergulhar na água gelada do mar.

O sol já está se pondo. Logo tudo ficará escuro. E é durante a noite que as coisas complicam. Nunca ouvi falar antes do Rei do Mar, nem de La Isla, nunca nem tive muitos conhecimentos sobre os piratas. Mas eu sei que fora dos Três Reinos, os reinos irmãos onde não se admitem qualquer outra espécie que não a humana, fora desses reinos a noite é perigosa. É quando os piores monstros saem. Mas esse não é o foco, o foco são os...

— Zumbis! — Alguém grita.

Olho para trás.

— O-ou...

Como eles podem ser tão rápidos?! Corro mais rápido.

São pelo menos quatro dos mortos-vivos correndo em minha direção. Aumento a velocidade mas não parece ajudar muito, ainda estou cansada. Eles estão me alcançando. Pera aí... Quem foi que gritou “Zumbis”?

Distração.

— AH! — Grito exageradamente.

Eu tropecei numa pedra presa à areia. Caio rolando no chão e faço chover areia na praia. Coitado do meu cabelo, mas não posso me preocupar com ele agora. Os zumbis já estão aqui.

Me defendo de um golpe no instinto, ainda deitada no chão. Darklight agiu como um belo escudo. O zumbi puxa sua espada e se prepara para atacar de novo. Logo outros dois já estão a minha volta. Rodo no chão sendo atingida de raspão por sua espada bem no meio de minha coxa esquerda. A adrenalina extingue a dor antes que ela se pronuncie. Levanto rápido o suficiente para desviar de outro golpe, este do zumbi atrás de mim. Graças às leis da física, muito obrigada Newton, o zumbi acaba se desiquilibrando e caindo no chão por causa do ataque que não me atingiu. Eu riria se não fosse surpreendida por um morto-vivo com um olho só.

— Me deixem em paz! — Digo enquanto defendo novamente e desfiro um golpe em seu braço direito. O ataque não obtém resultado. Acho que zumbis não sentem dor.

— Calma princesa. — Ele diz e decapita o morto-vivo logo depois.

Rio. Não poderia estar mais feliz.

— Drobt! — E arranco pra cima dele, lhe dando o maior dos meus abraços apertados.

Ele ri, mas me afasta para se defender de um zumbi. Esqueci, um morreu, ainda faltam três.

— Também estou feliz em te ver. — Ele diz.

Sua agilidade me impressiona. Os mortos-vivos nem viram o que os atingira, simplesmente vi cabeças voando e corpos virando cinzas. Estou salva.

— Muito, muito, muito, muito, MUITO obrigada. — Dou toda a ênfase na palavra muito.

— De nada. — Ele roda a espada nas mãos e me indica um sorriso. Se eu sorrir mais irei deslocar minha mandíbula.

— E aí, fez o mapa? — Pergunto.

— Aham. — Ele mostra o pedaço de pergaminho amarrado com três nós em sua calça dentro de seu bolso.

— Demorou hein. — Rio.

— Não se apressa um artista. — Ele dá uma piscadela.

Olho para frente e vejo a luta que continua. Não temos tempo para conversar, Alex, Emily e Sony ainda estão lutando contra os zumbis. E daqui já não consigo ver meu pai. Nem Valtor.

— Melhor eu ir ajuda-los. — Ele diz, olhando para o mesmo lugar que eu.

— Vai lá. — Olho para trás. Falta bem pouco para chegar ao mar, mas tenho vontade de despencar no chão e desmaiar. Agora o ferimento em minha perna começa a arder e noto o quão profundo foi. Não foi tão de raspão quanto eu imaginava. — Preciso continuar.

— Se apresse filha do Mar. — Ele já está correndo para ajudar os outros.

— Até logo!

E eu começo a correr também, cada um indo numa direção.

Quando piso na areia molhada pela espuma do mar todo meu cansaço se extingue. É como provar da ambrosia dos deuses. Não me demoro e mergulho o mais fundo possível, deixando a água curar minhas feridas e renovar minhas forças. Ser uma filha do mar deve ser a melhor coisa do mundo. Em algum momento o elástico que prendia meu cabelo se soltou e desapareceu, mas tudo bem ficar com o cabelo solto. Sempre gostei de ficar com o cabelo solto, mesmo que ultimamente tenha optado mais pelo rabo de cavalo.

Eu emerjo quando já estou completamente bem. Não devem ter se passado mais de dez segundos. Mas quando olho para a costa a visão me desespera. Sony está caído no chão. Emily está fora do meu alcance de visão e Valtor e Huron ainda lutam com suas espadas, os dois profundamente machucados. Alex também luta, mas são muitos mortos-vivos. Um fio de sangue cai de sua boca.

Olho para o outro lado. A vontade de chorar é grande, mas preciso me manter forte, não posso cair agora. Quando abro os olhos vejo o Andrômeda. Ancorado em outra costa, não muito longe daqui. Tenho que pedir ajuda. Mergulho e nado o mais rápido que posso. Nunca nadei antes mas é como se eu fosse feita para viver no mar. Meus pulmões não ardem mais quando começo a respirar o H2O. Usando minhas habilidades sobre o mar eu nado tão rápido que chego a me comparar com as sereias. É ser muito metida. Melhor eu continuar me achando razoavelmente rápida antes que eu cometa um erro e compita com alguma sereia. Posso ser uma filha do mar, mas eu não tenho nadadeiras. Quando saio da água quase bato de cara no Andrômeda.

— Gente! — Grito.

Ninguém aparece. Tenho pressa, estou ofegante. Precisamos de ajuda logo. Levanto o braço direito com força e uma onda de cinco metros se levanta e logo cai. Mergulho para não ser muito atingida, mas espero que tenha chamado a atenção deles. Quando emerjo novamente vejo Vinny e Jack no parapeito do navio olhando para o mar completamente molhados. O-ou. Acho que me empolguei demais.

— Precisamos de ajuda, venham logo! — Grito.

Vinny apenas acena e logo desaparece. Jack puxa o cabelo para trás e continua ali. Ouço Vinny gritando alguma coisa dentro do navio, provavelmente mandando puxar a âncora e içar as velas, essas coisas todas que se faz nos navios.

— Como está a Emily? Por que ela não veio nos chamar? — Jack grita lá de cima. Mesmo de longe vejo a preocupação em seus olhos.

Tenho duas opções. Falara ele a verdade, que quando entrei no mar eu não a vi mais. O que pode deixa-lo com pânico e muito preocupado. Ou posso dizer que ela estava muito ocupada lutando e que pediu que eu viesse já que seria mais rápida. Posso mentir.

Mas não consigo fazer nenhum dos dois.

— Apenas me sigam. — Grito.

Sei que não responder a pergunta provavelmente foi pior que dizer que eu não a vi. Mas eu mergulho no mar antes de ouvir sua resposta ou ver sua expressão.

Sinto as águas se deslocando atrás de mim, a massa do Andrômeda me seguindo. Também sinto muitas coisas no mar, cardumes de peixes, corais, e mais uma massa. Mas essa não se move. Do outro lado da costa, mais perto de onde saímos do que o Andrômeda estava. Outro navio, provavelmente vazio. Mas isso não nos interessa.

Enquanto nado eu emerjo de vez em quando, para ter certeza de que está tudo bem no Andrômeda. Depois mergulho novamente. Quando chegamos à costa onde os outros lutam com os zumbis eu simplesmente não consigo abrir os olhos. Fico de pé na areia e torço meu cabelo sem nem olhar para frente, correndo o grave risco de ser morta por um morto-vivo e nem mesmo ter a chance de olhar para a cara dele. O navio para na costa e todos começam a descer e a correr. Então alguém segura meu ombro.

— Você não respondeu.

Viro-me para olhá-lo. O jovem garoto de cabelos negros, olhos azuis e uma voz muito grave para a sua aparência. Jack não tem a expressão brincalhona que sempre teve no Andrômeda. O assunto é sério.

— Eu não sabia o que dizer. — Sinto muito pela Emily.

Não. A Emily não morreu, nem vai morrer. Não mesmo.

— Isto é seu. — Ele pega minha mão e coloca o objeto gelado em minha mão.

Um caco de vidro do tamanho da palma da minha mão. Um espelho refletindo minha imagem.

— Não é não. — Falo.

— A Emy falou para eu te entregar. — Ele me fita nos olhos. — Então agora é seu.

Agora o reconheço. É o espelho mágico, aquele que Kalyssa mostrou quando se revelou ser a traidora que contou a Valtor onde nós estávamos. Disse que foi assim que eles se comunicaram. Um comunicador. Mas por que Emily quer que eu fique com isso?

Jack desvia o olhar de mim e olha por sobre meus ombros. É possível que em sete dias ele possa ter ficado ligeiramente mais alto que eu? Talvez eu tenha encolhido. Guardo o espelho no bolso de trás da minha calça e sigo seu olhar.

Todos estão lutando. E os zumbis não estão sendo páreo. A visão me faz levantar um canto da boca. Não significa que a luta esteja vencida.

— Vamos lá. — Sua voz é fria.

Eu entendo. Também não vejo Emily em lugar nenhum. Nós dois corremos para a luta, ele bem mais rápido que eu. Pego minha espada e me preparo.

Quando essa fuga vai terminar?






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Notas finais do capítulo

Esse ficou grande demais até pra mim. E para os que tiveram paciência pra ler isso tudo, tenho cupcakes fresquinhos que acabei de tirar do forno. Comam, tem de todos os sabores. E até o próximo cap!



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