A Filha Do Mar escrita por Emm J Ás


Capítulo 14
Medo da morte


Notas iniciais do capítulo

Haha, medo**



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Luke olha para mim e então para Alexander, e depois para mim de novo e depois para Alex. Então Alex ignora completamente o que eu disse e ataca Luke de novo, desferindo um golpe em sua barriga. Graças à Deus ele conseguiu se defender. E a luta começa de novo.
— Ei! — Eu grito. Ninguém reage, continuam lutando. — Não estão me ouvindo?! — Ainda lutando. Fico com raiva.
Tento atacar com minha espada, mas os dois (Quase que em conjunto) jogam minha espada longe. Ela quase se solta de minha mão, me fazendo desiquilibrar e dar dois passos para trás. Parece que ainda não sou uma boa espadachim.
— Você vai libertá-la, ou toda a sua tripulação, inclusive você, vão ser enforcados. — Luke diz enquanto ataca novamente.
Alexander ri, daquele jeito irritante e arrogante de sempre.
— Você não teria coragem de me matar.
— Quer apostar? — Luke ataca novamente. Alex se defende do golpe e o ataca acima do ombro. Luke defende com sua espada. — Solte-a. Em nome dos sete reinos.
Alexander apenas ri e se defende do próximo golpe. Sinto meu rosto aquecer, formigar, a raiva crescendo cada vez mais. Se continuarem com isso, vou fazer cada gota de água do oceano atingi-los. E olha que eu sou capaz.
— Porra! — Grito. Me estressando tanto que falo um palavrão pela primeira vez. — Dá pra parar com esse CARALHO e me escutar droga!!?
Os dois param. Os dois, igualmente surpresos. Os dois não, todo mundo. Até os guardas e piratas que lutam lá em baixo. Me viro para o terceiro convés, aproveitando a atenção que adquiri.
— EU sou a princesa de Alásia! — Grito, para todos ouvirem. — E EU estou mandando vocês pararem de lutar! Vocês entenderam?!
O mar se agita tanto que o barco dá uma guinada para a direita. Me apoio ao parapeito e flexiono as pernas, fincando os pés no chão assim como Alex me ensinou. Só que o próprio professor não seguiu sua lição, e caiu no chão. Bem ao lado de Luke.
Todos, os que caíram e os que não caíram balançam as cabeças freneticamente, dizendo um grande sim para mim. Desesperados diante do meu estresse. Homens são todos iguais. Eu rio diante minha vitória. Então me viro para Luke e Alex, que já se levantaram.
— E você. — Encaro Luke. — Eu não quero ser resgatada, entendeu? Eu não vou voltar para Alásia.
Ele franze o cenho e une as sobrancelhas, com certeza confuso.
— Você quer ficar com esses piratas? — Ele pergunta, passando a frente de Alex que tem a mesma altura que ele.
— Sim. — Respondo. — Agora você vai voltar para o meu reino, e levar todos os guardas ainda vivos.
— Mas... — Ele nem sabe o que dizer.
— Ótimo. — Alex toma a frente e se põe ao meu lado. — Entendeu agora Luke? Ela vai ficar comigo. — Ele pega minha cintura e me aproxima se si.
Tiro sua mão de mim e me afasto.
— Com você não.
Por mais que seja tentador ficar abraçada com Alex, eu me afasto dele. Encaro o olhar estagnado de Luke, completamente atônico com a situação. Posso até imaginar seus pensamentos. Mas o que? Essa garota está maluca?! Nem pensar que vou me casar com ela.
Se for isso mesmo, acho que atingi meu objetivo de não me casar. Dou um sorriso, orgulhosa de mim mesma. Ora vamos, ter orgulho não é pecado. Aí a expressão dele muda, e a impressão de que ele ia desistir de mim desaparece. Ele dá um passo para frente. Pela visão periférica vejo Alex cruzando os braços.
— Por quê? — É tudo que ele diz, com a voz baixa, para apenas eu ouvir.
Não ouço mais o som de espadas batendo, nem gemidos e gritos. Pelo menos eu acabei com a luta lá em baixo. Só espero que Jack esteja bem, Kalyssa deve tê-lo ajudado.
— Descobri algumas coisas. — Respondo também baixo, sentindo o calor de seu corpo próximo ao meu. — Só quero saber mais detalhes.
— O que descobriu? — Ele encara meus olhos. Esses olhos azuis ainda me deixam sem ar. Pensei que depois de todo esse tempo eu já teria defesas para o seu olhar. Mas acho que ainda não tenho forças, não o suficientes.
— Apenas volte para o seu reino. — Abaixo a cabeça. — Diga aos seus pais que a culpa é minha, não foi um truque ou nada disso. Diga para nossos pais não guerrearem por causa disso.
— Você sabe que não vai adiantar, certo? Não vão aceitar que não haja casamento.
Levanto meu olhar ao seu. Fico pensando se meus olhos castanhos têm o mesmo efeito entorpecente nos outros garotos. Chego à conclusão que não. Luke não muda de expressão um segundo sequer.
— Haverá casamento. — Respondo. — Eu juro. Iremos nos casar em uma semana, como combinado.
— Elizabeth. — Luke diz. — Já se passaram dois dias. Faltam apenas cinco para a cerimônia.
É verdade. Caramba, eu não tinha nem pensado nisso. Então vai ser isso mesmo... Faltam apenas cinco dias para o casamento. Não, tem que dar tempo de ir até La Isla de La Muerte e voltar. Vai dar tempo. Olho para Luke determinada, ele entende meu olhar.
— Voltarei a tempo. — Respondo. — Nós vamos nos casar na data prevista, avise aos reinos.
Ele sorri e balança a cabeça, abaixando-a. Parece encarar meu figurino pirateado por um segundo, mas depois desvia o olhar. Se ele já me encarava quando estava apenas com aquela camisola branca simples, imagine com essa roupa de pirata sexy. É, eu sei. Eu estou podendo. Rio.
Ele sai de perto de mim, indo ao parapeito do segundo convés para o terceiro. Olho em volta, procurando algum sinal de Alex, mas não vejo nada. Ele saiu daqui. Quando foi? Eu nem mesmo percebi sua ausência.
— Guardas! — Luke fala com autoridade. Vou até o seu lado, a tempo para ver os guardas que restaram vivos se puserem em formação em frente ao convés. Fico feliz ao perceber que não foram tantas mortes. Mas mesmo assim... — Voltem para o navio e tracem a rota para Alásia novamente.
Os guardas começam a falar, uns com os outros. Um deles, um homem alto e grande, com uma roupa azul e prateada típica de Galatéia, porém com um brasão dourado e vermelho preso ao peito. Reconheço o brasão do meu reino em qualquer lugar.
— Capitão. — O homem se pronuncia dando um passo à frente. Os outros se calam. — Como podemos voltar para o reino sem ter cumprido nosso objetivo? — Sua voz é grossa e rude, mas creio que tenha a intenção de ser educado.
— Mas terão cumprido. — Luke responde, agindo como um verdadeiro rei. — A missão era encontrar a princesa. — Ele olha para mim. — E aqui está ela.
— Mas e esses piratas? — O homem forte olha em volta. Noto que os tripulantes do Andrômeda estão todos com as espadas em volta dos guardas, prontos para atacar novamente se preciso. Já os guardas estão calmos e com as espadas embainhadas. — Mataram vários de nossos homens, merecem ser punidos!
— A pirataria é um crime. — Luke diz. Ele olha para mim, como se esperasse que eu confirmasse o que vai dizer. Assinto. — Mas neste caso será perdoada... Pois... — Ele hesita, respirando fundo. — Pois eles estão ajudando a princesa, estão a mando dela.
Todos os guardas ficam surpresos. Vejo Law e Sony cochicharem algo no ouvido um do outro. Depois eles riem. Quando Sony olha para mim fecha o sorriso imediatamente. Mas aí eu rio, e ele sorri também.
— Mas senhor...?! — O homem avança.
— Basta. — Luke o cala. O homem que é muito mais velho que Luke fica visivelmente irritado, mas se cala. — Voltem para Alásia. E levem o seguinte recado.
Luke passa por mim, andando até a escada, mas ele não a desce. Para ao seu lado.
— A princesa Elizabeth de Alásia estará de volta ao seu reino no tempo de cinco dias, a tempo para o casamento. — Ele diz. — E para garantir sua segurança, eu, o herdeiro do trono de Galatéia, permanecerei junto á ela.
Mas o que?! Luke? Aqui? No Andrômeda?! Indo até La Isla de La Muerte comigo?!
Abro a boca para me pronunciar, mas palavras não saem da minha boca.
— Sim senhor. — O homem se curva, aceitando suas ordens.
Luke se vira para mim com um sorriso fofo no canto da boca.
— Você está maluco?! — Pergunto. — Você não vai viajar comigo!
— Mas é claro que vou. — Seu sorriso aumenta. — Sou seu noivo, se lembra?
Não tenho argumentos contra isso. Minha vontade é de soca-lo inteirinho, mas deixo isso para lá. Ainda há uma parte em mim que teima em deixar de ser princesa.
Depois de algum tempo tentando convencê-lo a não vir comigo, sem sucesso, eu desisto. Então nós dois descemos as escadas até o terceiro convés.
Os guardas reais já recolheram os corpos dos homens que morreram, mas o navio ainda está sujo de sangue. Isso me dá vontade de chorar. Quantos homens será que morreram sem nenhuma causa? Sem motivo? Será que eu sou egoísta por ter preferido ficar e não voltar ao meu reino, por preferir descobrir sobre meu verdadeiro pai e defender esses piratas assassinos? Não sei, mas sinto culpa. Sinto que aqueles homens morreram por minha culpa.
Vejo Sony e Drobt, os dois com seus respectivos esfregões, limpando o convés. Então vejo Carlos correr até mim. É aquele garoto que conversou comigo antes de sairmos do barco, o de cabelos loiros e olhos negros. Ele não parece feliz. Segura minha mão e começa a me puxar com ele. Luke vem atrás.
— O que houve? — Pergunto.
Carlos me trouxe até outro pedaço do convés. O lugar onde estive antes de Emily me dar minha espada de volta, para separar Luke e Alex. O lugar onde Jack se machucou. E ali está ele, deitado no chão ao lado de Emily. Ainda machucado, ainda respirando dificilmente. Onde está Kalyssa, ela não o ajudou?
— O que houve? Não usaram a água de luz? — Pergunto desesperada me sentando ao lado de Jack, no chão. Emily está de olhos fechados, seu rosto está úmido. Tadinha... Lágrimas também descem por minhas bochechas.
— Kalyssa. — Ouço a voz grave de Alex atrás de mim.
Levanto a cabeça e vejo-o olhando para o outro lado do convés. Um tigre branco está caído no chão, dormindo. Dormindo não, há uma poça de sangue a sua volta.
Kalyssa morreu?


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Notas finais do capítulo

Droga, pressa e não entendi ainda essa atualização do Nyah.
Deixa pra outro dia.
E aí?
Haa