A Filha Do Mar escrita por Emm J Ás


Capítulo 15
Laços de Sangue


Notas iniciais do capítulo

Hola queridos! E então? Para as tr^s pessoas que acompanham minha history (E sou mais do que grata a vocÊs) aqui está com exclusividade mais um cap. Liga não, ue gosto de fazer sus´pense por nada mermo, haha
Então, espero que curtam. Byee



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Ela ainda respira, dificilmente, mas respira. Não abre os olhos, não move uma pata, mas todos conseguem ouvir sua respiração fraca. Jack ainda está nos braços de Emily, os olhos lutando para ficar abertos. Elizabeth e os outros, exceto Carlos, correram até onde Kalyssa estava, realmente preocupados. Alex principalmente, ele não escondeu sua preocupação. Ao chegarem perto dela, notam a poça de sangue ao lado de sua cintura. Ali os pelos estão sujos de sangue. A antes bela tigresa albina agora não é mais tão bela. Está suja e machucada. Os olhos cor de turquesa como verdadeiras pedras preciosas estão fechados, sem nem mesmo mover-se as pupilas. Para todos os efeitos ela está morta. Mas ainda é possível vê-la respirar.
— Precisamos de água de luz. — Alex diz. — Para os dois.
— Não tem o suficiente. — Law se pronuncia. — Não para os dois.
— Do que estão falando? — Elizabeth pergunta. Por todo esse tempo no navio havia algo em Kalyssa que a deixada na defensiva, preocupada e até mesmo com medo. Ela não gosta de Kalyssa. Mas se preocupa com ela, não a quer morta.
— A água de luz pode curá-los. É mágica. — Law responde. Todos estão ajoelhados em volta de Kalyssa.
— Ainda tem um pouco? — Alex pergunta.
— Kalyssa me deu a última ampola. Mas só vai curar um.
— E se dermos metade a cada um? — Elizabeth diz esperançosa.
Nenhum deles fala por um segundo. Na mente de Alex, tudo podia acontecer, tudo, menos Kalyssa se machucar. Ele simplesmente não consegue imaginar sua vida sem ela, perde-la não faz parte de seus planos. Mesmo depois de tudo que aconteceu, ela ainda tem grande importância em sua vida. Alex ainda a ama, mesmo que nunca mais tenha demonstrado. Enquanto ele se culpa mentalmente pela provável morte de Kalyssa, Law procura uma solução.
— Aí eles não se recuperariam completamente, mas melhorariam. Depois voltariam a piorar. — Ele responde por fim.
— Ótimo. Aí está nossa solução. — Elizabeth responde. Seus olhos brilham quando vê a possibilidade dos dois sobreviverem.
— Como? — Alex diz. — Não duraria muito. Morreriam de qualquer modo.
Elizabeth vê o desespero no rosto de Alexander. Não, ela não queria sentir isso. É ciúmes? Não. É raiva. Alex é, e sempre foi um idiota. Apenas mais um pirata ridículo. Ela não tem nenhum sentimento por ele. Não tenho. Mesmo assim, não deixa de se sentir culpada. Culpada por preferir dar a água de luz para o Jack, ao invés de Kalyssa. Aliás, ninguém sabe como ela se machucou. Depois de certo momento, ninguém se lembra de ter visto o tigre branco lutando no Andrômeda.
— Mas daria tempo para colher mais água de luz. — Elizabeth fala. — Há um jeito de conseguir mais, certo?
— Só a Kaly sabe. — Alex responde.
— Vamos apostar nisso. — Law diz, já tirando a ampola de seu bolso.
Alex se lembra de quando invadiram o castelo de Alásia, para sequestrar a princesa e leva-la até La Isla de La Muerte. Chegou um momento em que um guarda o atacou por trás, provocando um ferimento em seu tórax. Kalyssa matou os guardas e lhe deu a água de luz, a última que ela tinha. Ficou desesperada, ele viu nos olhos dela. Ela o salvou, com o último frasco de água de luz. Ele ficou apenas com uma cicatriz. Mas agora há mais um frasco, que Kalyssa deve ter deixado com Law para uma emergência. Ele não consegue se imaginar não retribuindo o favor.
— E se estiverem errados? — Alex fala. Sua voz grave chega a assustar Elizabeth, que não demonstra isso. — Os dois vão morrer.
— E o que você sugere?! — Emily fala.
Ela acabou de sair de perto de Jack. Seu rosto coberto pelas lágrimas. O mais estranho, é que suas lágrimas tem uma cor avermelhada... Como se chorar a machucasse, como se lhe arrancasse o sangue. Apenas Elizabeth parece ficar chocada com isso, o resto não. Todos agora, é claro, se preocupam com o que ela tem a dizer.
— Prefere dar tudo para a Kalyssa e deixar o Jack morrer?! — Ela soluça enquanto fala, mas suas palavras não perdem o efeito.
Alex balança a cabeça, negando. Mesmo assim, todos sabem o que se passa em sua cabeça. Não é preciso ser uma fada para entender que ele ainda ama Kalyssa. E que por mais que goste de Jack, ele foi o último a entrar na tripulação. Por mais que ele mesmo não queira admitir, ele prefere salvar Kalyssa.
Egoísta. Você realmente considera a possibilidade de mata-lo?!” Emily grita em sua cabeça.
Não. Eu não...
— Tudo bem. — Ele diz. — Ande logo Law, quando ela acordar, perguntamos à ela.
Law assente. O líquido dentro da pequena ampola de vidro é obviamente água. Não parece ter nada diferente da água do mar ou de um rio. O mesmo líquido incolor, inodoro e insípido. Mas quando ele despeja metade da ampola na boca de Kalyssa (Ainda em sua forma de tigre) o líquido se torna azul e fluorescente. A água emite luz. E cria desenhos, parecidos com flores no ar. Elizabeth acharia isto a visão mais linda do mundo, se não estivesse numa situação tão tensa. Quando a luz se apaga, o corpo de Kalyssa começa a mudar lentamente. Os pelos brancos vão se extinguindo, o corpo vai mudando de forma até mostrar uma mulher. Deitada no chão, com cabelos brancos e curtos na altura dos ombros. Ela abre os olhos, e neles ainda repousa um pouco da luz azul da cura. Mas a luz se esvai em menos de um segundo, e os olhos dela ainda são turquesa.
É a vez de Jack. Emily se encarrega de tirar o frasco da mão de Law á força, assim que Kalyssa acorda. Não que ela não se importe com Kalyssa, mesmo que as duas tenham uma relação não muito amigável, mas é do amor da vida dela que se trata. Emily nunca amou alguém como ama Jack. E nunca vai amar, é a sina das fadas.
Ela corre até ele e despeja o resto da água em sua boca de uma vez. Os olhos azuis do menino ainda estão abertos, e no momento em que ele engole a água, a luz azul brilha ali. E no seu ferimento parecem se criar flores azuis. Não. Elizabeth agora consegue ver melhor. Não são flores que a água de luz forma... São espirais. Espirais seguidas de formas humanas, dançando em volta do ferimento. Mas é tão rápido que ela não vê mais detalhes, nem tem certeza do que viu. Jack tosse uma ou duas vezes, e aos poucos seu ferimento se cura.
— O que aconteceu? — Kalyssa pergunta.
Elizabeth olha para trás e a vê. Ela não parece se importar com o fato de estar nua, completamente sem roupa alguma. Depois de voltar de sua forma felina, as roupas não voltam consigo. Vinny e Drobt, é claro, encaram ela. Não que ela não esteja acostumada com olhares a sua volta. Kalyssa é uma garota alta, sua pele é pálida e ela é muito formosa. Um ser belíssimo, como toda tigresa é. Seus seios são grandes e sua cintura é fina. Mas Alex não repara isto. Ele tira seu colete vermelho, aquele que ele mal usa, pois prefere ficar sem camisa. Ele cobre Kalyssa. Mesmo que ainda se possa ver muito dela.
— Jack! — Emily grita quando ele consegue se mover. Ele se levanta e põe a mão nos cabelos, bagunçando os cabelos negros, provavelmente envergonhado.
— Eu estou bem. — Ele diz.
Emily o abraça com força. É como se um míssil o tivesse atingido neste momento. A água de luz...
— Emily? — Ele a afasta de si e a olha nos olhos.
Você está vivo!” Ela comemora em sua mente.
Ele a solta e sai dali, sem dizer uma palavra. Ninguém entende o que aconteceu, nem mesmo Emily. Mas ela tem uma desconfiança. Jack se lembrou de tudo.
¬¬¬
Depois que Alex levou Kalyssa para dentro, para colocar alguma roupa, eu e os outros ficamos no convés. Alex deu a ordem expressa, olhando bem nos meus olhos, como se a culpa daquilo tudo fosse minha. Ele me jogou um esfregão e me mandou limpar o convés. Nem se deu ao trabalho de falar o mesmo para Luke, apenas lhe jogou um esfregão também.
— Vocês até parecem irmãos. — Comento enquanto esfrego o terceiro convés.
Luke me acompanha, mas não parece estar pensando nisso. Parece estar no mundo da lua.
— O que disse? — Ele pergunta.
— Você e o Alex, parecem até dois irmãozinhos brigando. — Digo por fim.
Não deixa de ser verdade. Há até uma certa semelhança entre os dois...
— Não somos irmãos. — É tudo que Luke diz.
Não falamos mais nada. Vinny, Drobt e Sony também limpam o convés, mas não dizem uma palavra. Quando terminamos, Luke sai em disparada do convés. Achei que como não conhece ninguém aqui, ele fosse passar o tempo inteiro comigo e sei lá, talvez rolasse um clima de novo. Mas não, ele desceu as escadas para o complexo embaixo do terceiro convés. Será que foi atrás de Alex?
Não me interessa, só quero voltar para o meu quarto e dormir. Dormir até amanhã. Não quero mais saber de ninguém.
¬¬¬
— Por que você fez isso? — Jack pergunta.
Ele está em seu quarto, junto com Emily. É um lugar bem pequeno, a cama é de solteiro e não tem muito conforto. Mas tem espaço suficiente para Emily ficar sentada na cama limpando suas lágrimas sujas de sangue.
— Eu não queria que você se machucasse. — Ela diz.
— Emily! — Ele segura o braço dela com força e a obriga a olhá-lo. Todo esse tempo ela passou desviando o olhar.
Ela sabe o que aconteceu. Jack está furioso. Ele se lembrou de tudo. A água de luz o curou, curou seu cérebro, trouxe de volta todas as lembranças que Emily já apagou. Trouxe a lembrança de todas as vezes que ele já teve sua memória apagada.
— Quantas vezes foram? — Ele pergunta, encarando-a.
Ela ainda não consegue mentir para esses olhos.
— Oito.
— Oito vezes? Você apagou minha memória oito vezes?!
— Está com raiva. Eu sabia que ficaria. — Ela abaixa a cabeça.
Jack se afasta. Põe a mão na testa e fecha os olhos. Não, você não está entendendo.
— Não é por isso que estou com raiva Emily. — Ele diz, de costas para ela. — Não é por você ter tirado minha memória, oito vezes.
Ela levanta a cabeça. Se levanta da cama e se aproxima dele. É uma garota baixa, e mesmo que ele seja mais novo que ela, ainda é bem mais alto. Ele se vira para ela, e segura seus dois braços com força.
— Você não entende? — Ele começa. — Oito vezes Emy. Oito vezes, e por mais que você tenha tirado minhas memórias, eu sempre voltava a me apaixonar por você. Não vê que não tem como evitar isso? Eu te amo. — Ele puxa seu corpo para mais perto. — E sempre vou te amar.
— Mas eu não quero que você se machuque... — Ela diz.
— Então vai ter medo a vida inteira? Emily, você precisa entender. Não adianta o que você faça, eu sempre vou amar você.
E antes que ela diga alguma coisa, ele a beija. E ela não resiste. Ela põe as mãos nos cabelos dele, enquanto ele segura sua cintura pressionando-a contra si. Neste beijo apaixonado não há como não ver as lembranças. É algo rígido e sutil ao mesmo tempo, que une força e maciez. Os dois se amam, não há como negar. E quando se tocam, os dois compartilham as lembranças.
O garoto é completamente maluco. Quer dizer, quem pensaria em roubar os guardas do rei? Mas agora ele foi pego e sou obrigada a ajudar.
— Soltem ele! — Grito.
O menino tem cabelos negros e olhos azuis. É um pouco mais baixo que eu, é difícil encontrar alguém assim. Sony e Carlos estão ao meu lado, e quando veem que vou me meter na briga, pegam também suas espadas.
— Precisava dar uma de heroína agora Emily? — Sony reclama pegando sua espada.
— Sempre. — Rio para eles.
Lutamos com os guardas. O garoto deveria fugir enquanto isso, devia voltar para a sua casa ou qualquer outra coisa. Mas ao invés disso ele tira uma espada — Do guarda real! — e começa a também lutar. Não matamos ninguém, fugimos.
— Você é doido?! — Pergunto enquanto rimos e corremos.
Fazia muito tempo que eu não fazia isso. Eu também já fui uma ladra de rua, logo quando saí de casa. Agora fui acolhida pela família Andrômeda.
— Não. Eu sou o Jack. — O garoto diz rindo.
— Ah tá... Vai pra casa. — Sony reclama. Eu sempre rio quando ele reclama de me ver falando com outros garotos. Como se esse menininho tivesse chance.
— Não tenho casa. — Ele responde, mostrando o distintivo e o saco de ouro dos guardas que acabou de roubar. Nossa, o garoto tem talento.
Acho que podemos acolhê-lo na família também.
— O que acha de conhecer a nossa? — Digo, enquanto corremos de volta para o navio. — Meu nome é Emily.
— Muito prazer. — Ele diz.
Jack e Emily se soltam. Os dois, realmente assustados com a visão que acabaram de ter. Jack principalmente, pois agora se lembra perfeitamente de como os dois se conheceram.
— E você me privou disso... — Ele diz.
— Eu te amo Jack. Por isso não posso deixa-lo morrer por mim.
— Eu não ligo.
E ele a beija novamente. E mais uma vez, as lembranças vem à tona.
¬¬¬
— Você se acha só porque tem um castelo, não é? — Ele bate com o punho na mesa.
Alex está em eu quarto/escritório/sala do capitão. Ele está com raiva, e não esconde isso em sua voz. Também não haveria motivo para isso, pois não precisa ser sutil com ele. Com a pessoa com quem ele está tão irritado.
— Eu sou um príncipe. — Luke diz. — Eu tenho todo o direito.
— Não. — Alex sai de trás de sua mesa. — Você pode ser um príncipe, mas não tem metade da capacidade que eu!
— Eu sou um general! — Luke grita.
— E eu o capitão!
— E eu sou... Pera aí, porque estamos falando isso?
Elizabeth acabou de entrar na sala. Ela ouviu a discussão de longe, e decidiu saber o que estava acontecendo. Mas não ouviu tudo perfeitamente, apenas as últimas frases. Ela fecha a porta e põe as mãos na cintura, onde sua espada de obsidiana está amarrada. Ela pegou a espada logo depois que Luke saiu correndo, foi para seu quarto e tentou dormir. Não conseguiu. Ela precisava saber o que tinha entre esses dois. Então subiu e agora está aqui.
— O que está fazendo aqui? — Alexander fala com rispidez.
— Vim participar da festa. — Ela ri debochadamente. — Parece muito divertida.
Luke põe a mão na testa e fecha os olhos, depois aperta a ponte do nariz. Não parece nada feliz com a situação.
— Elizabeth... — Luke começa. — Aqui não é lugar para você, saia.
— O quê? — Ela fica indignada.
— Ele está certo, princesinha. — Alex se apoia em sua mesa. — Vá embora Liz.
— A ha Há! — Elizabeth começa a gargalhar. — Vocês acham mesmo que eu vou perder isso? Eu sou a filha do mar. Não tem lugar onde eu não possa estar nesse navio...
— Você é o que? — Luke fica confuso.
—... E vocês vão me explicar tudinho, agora. Lukeon. — Ela se vira para ele. — O que exatamente vocês dois estão falando?
— O pequeno príncipe quer comandar o meu navio. — Alex revira os olhos.
— Você sabe para onde nos levar? — Liz pergunta.
— Que tal de volta para Alásia? — Luke propõe.
Elizabeth não consegue evitar de rir. Alexander também. Ele se joga em sua cadeira e apoia os pés em cima da mesa.
— Eu quero ir para La Isla de La Muerte. — Elizabeth diz.
— Você quer ser sequestrada? — Luke pergunta. — E ir com os piratas?
— Eu quero ir com os piratas. — Liz responde. — E mais, quero ser a capitã.
— O quê? — Os dois dizem em uníssono. Depois, vêm as gargalhadas.
— Acham que eu estou brincando? — Ela fala, então começa a rir. Não que fosse mesmo sua vontade ser a capitã, mas pelo menos ela conseguiu amenizar o clima. Tudo estava muito tenso.
— Tudo bem. — Alex diz. — Muito prazer capitã.
Alexander pega a mão direita de Liz e a beija. Os dois riem.
— Agora acho que devemos ir dormir. — Alex diz. — Não estão com sono?
— Acho que agora finalmente vou conseguir dormir. — Elizabeth ainda ri.
— Onde eu fico? — Luke pergunta.
— Pode ser no meu quarto. — Liz diz.
— Quer dormir com o Lukeon princesinha? — Alex faz a piada, mas não ri dela.
As bochechas de Liz coram. Ela abaixa o olhar para seus próprios pés.
— Tudo bem, eu não ligo de dormir com ela. — Luke replica.
Elizabeth não percebe a tensão que se estabelece ali. Ela levanta a cabeça e afasta uma mecha de cabelo de cima de seus olhos. Ela sorri.
— Vamos logo. — Seus rosto ainda está vermelho.
— Tudo bem. — Alex diz, sua voz grave.
Ele empurra os dois para a porta e bate a porta antes que digam algo. Fecha os olhos e massageia as têmporas.
— Ele tinha que vir junto? — Ele rosna e volta para sua cama/rede de dormir.
¬¬¬
Eu ainda não entendo, realmente o que estava acontecendo lá em cima. Luke é o príncipe de Galatéia, e estava tão à vontade com um pirata. Quer dizer, os dois estavam brigando, mas eram mais como irmãos do que qualquer outra coisa. Levo Luke até meu quarto, e nós entramos lá. Tento trancar a porta, mas não consigo. Lembro-me quando quebrei a tranca, batendo a porta muito forte. Nossa, tão pouco tempo aqui no Andrômeda e parece que vivi minha vida inteira aqui. Eu rio.
— Eu posso dormir no chão. — Luke corta o silêncio.
Eu ainda sinto o rubor em meu rosto. Nossa. Ele está mesmo aqui, parece que não nos vemos há anos.
— O.k. — Falo.
Nós pegamos alguns cobertores no armário e forramos do lado da minha cama, para que ele não durma só na madeira gelada do navio. Acho que ele não vai ter problemas de enjoo no navio, afinal ele é um general. É ele quem guia as tropas de Galatéia, e por algum motivo meus pais permitiram que ele comandasse um navio de Alásia. Tudo bem eu acho. Pelo menos agora eu não estou aqui sozinha. Mesmo assim... É estranho. Acho que eu preferia não ter meu noivo aqui junto comigo.
Nós deitamos e apagamos o abajur. Está escuro e silencioso. Ainda não consigo dormir. Achei que já tivesse resolvido meu problema, mas percebo que não. Deitada, coberta com alguns lençóis e encarando o teto do navio enquanto ouço o som do mar a minha volta. As ondas quebrando. É relaxante. Mesmo assim... Eu ainda não descobri o que há entre Luke e Alex. Parece até que se conhecem...
— Luke. — Chamo, mas sem olhar para o lado. — Está acordado?
— Hnmm... — Ele diz entre um ronco e outro. Parece muito cansado.
— Você não vai me contar?
— O que...? — Ele parece encontrar a consciência aos poucos. Eu rio, pois sua voz enquanto está com sono é engraçada. Não sei por que, mas é engraçado tê-lo aqui.
— Você, e o Alex. — Falo e respiro fundo. — Vocês... se conhecem não é?
Luke fica um tempo em silêncio, como se medisse até onde ele pode me contar. Como se pensasse se pode me contar a verdade.
— Sim. — Ele diz por fim.
Olho para o lado. Luke está olhando para cima. Quando ele vê que me movi passa a olhar para mim. Está escuro demais para entender sua expressão, mas eu fico preocupada. Sei lá... Me sinto insegura perto dele.
— E...? — Incito-o a continuar.
— Quer saber como nos conhecemos?
— Sim.
Luke pigarreia.
— Você não quer contar. — Concluo.
— Não. — Ele diz. — Não quero.
— Mas vai contar. — Exijo.
— Pelo visto, acho que sim.
Balanço a cabeça e volto a me deitar confortavelmente. Eu quero dormir, estou cansada, meus músculos doem. Cada parte do meu corpo dói. Principalmente meus pulmões, desde que caí no mar e respirei em baixo d’água. Por que não consigo dormir?
— Eu e o Alex... Nos conhecemos quando crianças. — Luke começa. Sua voz preenche o quarto inteiro. — Pelos nossos pais.
— Então eram amigos? — Pergunto.
— Sim.
— E o que houve?
— O pai dele era um pirata, e o meu um rei. Só que... Existe a lei.
— Como assim? — Pergunto interessada.
— O descendente mais velho deve ser o herdeiro do trono, e eu sou mais novo que Alex. — Ele diz.
Fico em silêncio um tempo, assimilando a informação. Acho que ele sabe o que vou perguntar, sabe o que estou pensando.
— Então... Vocês, são irmãos? E não sabiam?
— Não. — Ele diz imediatamente. — Somos primos.


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Notas finais do capítulo

E então, parece que depois dessa nova atualização não tem mais como colar direto no word o texto. Enfim, eu coloquei algumas coisas manualmente (Itálico, apenas), mas o resto eu fiquei com preguiça.
E aí? Gostaram?