“Yumi-chan...”
Brenda senta novamente em sua mesa e coloca sua bolsa na cadeira.
— O que você está olhando, seu gay nojento? — Brenda pôde ouvir Nina xingando alto assim que sai da sala.
Ela ouve uma batida na porta. Olha na direção. Rikku está parado de frente para a mesma a olhando.
— Rikku-chan... — Diz de forma meiga e chorosa.
Ele entra e senta colado a Brenda, na mesa da mesma.
Como a carteira é pequena, os dois sentam bem juntos, para caberem.
— A idiota da minha irmã estava lhe causando problemas de novo... — Comenta sorrindo de forma triste.
Brenda também força um sorriso.
— Yumi é uma verdadeira idiota... — Rikku começa a falar dando uma empurradinha com o ombro em Brenda, essa que sorri. — Ela fica tentando agradar nosso pai de todas as formas.
— Eu sei... Lembro de antigamente, o quanto ela sempre dizia que amava tanto o pai, e que queria ser um orgulho para ele, sendo a filha perfeita.
— Pois é... Como se meu pai merecesse toda essa dedicação que essa burra da pra ele. — Rikku suspira. — Meu pai é um verdadeiro preconceituoso, machista, se acha o centro do universo, e que todos devem pensar como ele.
— Eu realmente odeio gente assim... — Brenda diz.
— Sim... — Rikku bufa. — Eu também. E a idiota da Yumi também, mas ela... Sempre diz que não tem escolha. Tem que ser perfeita, e mesmo odiando, tem que seguir a linha de pensamento do pai. Eu realmente nunca consegui pensar assim.
— Imagino... Meus avós também são assim, sempre tentam fazer a cabeça de todos da família...
— Meu pai sempre ensinava coisas preconceituosas para a gente desde que éramos criancinhas. Falando que isso era nojento, aquilo era asqueroso. E isso acabou atraindo nossa curiosidade para aquelas coisas que ele dizia ser tão repugnantes.
— O ser humano adora fazer coisas proibidas. — Brenda diz sorrindo. — Imagina as crianças.
— Ehn! Não fala como se eu fosse sujo na infância! — Diz empinando o nariz.
— Haha, ok, desculpe. — Termina com outro sorriso.
— Lembro-me de uma vez que meu pai brigou com a Yumi, por causa de uma amiguinha dela. Só porque as duas estavam sempre juntas... Ele começou a tratar a menina como um monstro que fosse corromper a Yumi... Desde então ela sempre tentou agradar nosso pai como uma idiota sem opinião e vontade própria.
— Não diga isso... Mesmo ela me machucando... Eu consigo entender seus sentimentos...
— Você é uma burra... — Suspira novamente. — Eu não aguento ver aquela idiota usando tantas máscaras por culpa de um pai desse tipo! Ela só consegue ser ela mesma, quando nosso pai está longe. Eu amo muito aquela idiota.
— Haha. Sim — Brenda diz sorrindo. — Você sempre teve complexo de irmã.
Ele da outra empurrada em Brenda. Os dois sorriem.
— Ela sempre esteve comigo, assim como eu sempre estive com ela... Não sei se é porque somos gêmeos, ou se é só por sermos irmãos, mas... — Olha para frente de um jeito doce. — Yumi sempre foi parte de mim. Sempre me ajudando em casa, ainda mais quando acontecia alguma coisa. Colocando a culpa nela mesma, só para nosso pai não brigar comigo... Mas agora... — Aperta o olhar. — Eu já nem sei mais quem é Yumi... Ela mudou tanto desde quando essa vadia da Nina estragou a amizade de — olha para Brenda — vocês duas.
— Sim... A Yumi parece outra pessoa... Nem acredito que ela fica fazendo essas maldades para você aqui na escola... E ainda pegou birra da Lia-chan... — Brenda suspira.
— Sabe... — Ele começa a sorrir novamente. — Eu acho que a verdadeira Yumi ainda existe. Ela várias vezes vem durante a noite, dormir comigo. Começa a chorar como uma boba... Quase nunca diz uma palavra se quer, apenas chora, mas sabe... — Olha para Brenda. — Eu consigo saber tudo que ela está sentindo.
— Você é muito atencioso. — Brenda lembra.
Rikku fica corado.
— N-não é que eu seja atencioso... — Faz bico. — Mas... Eu sei que ela não quer agir assim, mas está presa dentro de tantas máscaras que não consegue achar a saída... E sobre a Lia... Acho que Yumi tem ciúmes, porque você virou amiga da Lia, e porque eu também virei.
— Você acha que Yumi sente ciúmes de nós com a Lia-chan? — Brenda fica espantada.
— Tenho certeza. Mas ela vai ter que achar um caminho por si só. Ela é minha irmã... Eu a amo demais, porém... Eu não vou permitir que ela machuque minha melhor amiga. — Sorri olhando para Brenda, e da um soquinho suave na cabeça da mesma.
— Se a Lia-chan ouvir isso ficará chateada. — Diz corada.
— Aquela burra fica chateada por qualquer motivo. — Se volta a olhar para frente com cara emburrada.
— O que aconteceu entre vocês naquele meio tempo? — Brenda o indaga, agora ela o empurrando com o ombro.
Rikku suspira abaixando a cabeça.
— Eu quase a beijei... Mas dessa vez acho que passei um pouco dos limites... — Coloca a mão na cabeça.
— Eu reparei que ela ficou estranha logo depois da peça, pelo jeito ela não esperava o beijo... — Se vira para Rikku. — E você tinha dito que a beijaria na testa.
— Eu sei, mas... Acabei me deixando levar pelo texto que — se vira com raiva para Brenda — você escreveu. Parece que fez de propósito... Aquele texto mexeu comigo...
Brenda sorri.
— Não é para você sorrir, bobona... Ela ficou com muita raiva... Estava tão estranha... Chorando de novo... Eu realmente não aguento ver aquela idiota chorar... É como se quebrasse algo dentro de mim. Daí acabei quase beijando ela, mas... O Lain apareceu e fiquei baqueado... E claro. Do jeito que ela é, ficou com mais raiva ainda e se trancou no banheiro. Eu pensei em chamá-la, mas achei melhor deixar, e voltei para a sala.
— A Lia-chan chora muito fácil...
— Pois é... Eu não consigo contar meus problemas para ela, afinal, ela está sempre no mundo da lua. Parece estar sempre pensando sozinha que nem idiota. E fora que... Ela já tem tantos problemas com a família dela. Não quero incomodá-la com meus problemas... Parece injusto e maldoso da minha parte. Pois isso que eu disse que você é minha melhor amiga... Eu consigo contar as coisas para você...
— Rikku-chan, você é maldoso. Quer dizer que com a Lia-chan você tem dó de sobrecarregá-la, mas comigo não importa se eu ficar com problemas em dobro. Você é mau. — Diz sorrindo.
— Você me entendeu, boba.
— Eu também tenho dó de encher a Lia-chan com meus problemas, mas... Sei que se ela souber disso ficará super triste. Afinal, eu também ficaria, mas...
— Mas ela sempre tem aquela cara de sofredora. — Bufa alto. — Eu fiquei surpreso pela forma que ela chorou no trem, depois de ver a mãe dela...
— Eu acho que ela queria ter falado com a mãe. — Brenda fala deprimida.
— Eu também acho... Eu fiquei com vontade de ficar abraçado com ela para sempre... — Diz vermelho da cor de um tomate maduro.
— Você está gostando da Lia-chan? — Brenda o olha de forma séria.
Rikku começa a mexer com as mãos, enfiando unha em unha.
— E-eu... Eu não sei, eu... Fico tão confuso perto dela... Eu nunca me importei muito com romances, você sabe... Até que Lain aparece em minha vida... Eu o amei desde o primeiro momento. Eu nunca vou esquecer o beijo que ele me deu... Mas a Lia...
— Rikku-chan, eu acho que você está gostando dela.
— Quando eu to perto da Lia, eu fico com vontade de abraçá-la... E... De beijá-la, mas... Eu não me entendo. Eu amo tanto o Lain! Mas eu, ultimamente só consigo pensar nela... Eu não quero machucar mais aquela idiota. Acho que vou aproveitar que brigamos e começar a evitá-la...
Brenda chocada, o olha.
— Não faça isso Rikku-chan! Ela vai ficar pior se você a evitá-la assim! Ela te considera tanto!
— Eu também a adoro muito, mas... E se a gente continuar a se aproximar demais e acabarmos em uma situação que será ruim para todos? — Ele coloca as das mãos na frente do rosto.
Brenda repara que ele ficou todo vermelho de novo.
— E-eu acho que não vou conseguir ficar perto dela daquela forma novamente... Vou acabar a agarrando e... E eu não vou querer solta-la mais... — Ele para por alguns instantes em silêncio, logo em seguida estremece e aperta as mãos no rosto. — B-Brenda... Eu acho me ferrei! Parando para pensar agora... E-eu acabo de notar... Que estou c-completamente apaixonado por ela...
Brenda nota que ele está tremendo.
— Droga! E-eu não acho que isso seja uma coisa boa... — Ele começa a falar chorando. — Sabe... — Aperta os dentes travando o choro. — Ela já ama o Lain...
Ele aperta mais ainda as mãos no rosto, e se encolhe quase encostando a cabeça nas pernas.
— E-eu não acredito — fala de forma abafada, por conta das mãos tampando a boca —, eu gosto da Lia...!