Green & Yellow escrita por DKRF


Capítulo 22
Balança




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Eu amo...

Um homem.

Eu amo...

Um amigo.

As palavras de Freed entraram no ouvido de Laxus. Cortaram seus pensamentos como uma luz revelando a verdade. Ele ama um homem. Ele ama um amigo

Freed me ama.

E estranhamente eu descobri

Que amo Freed.

O tempo parou em volta de Freed e Laxus. Os dois se olhavam, ainda debruçados em um mezanino branco. Os dois tinham a mente como um turbilhão. Os dois estavam presenciando revelações. Tudo ao mesmo tempo.

Eu finalmente consegui contar para Laxus... Que eu sou homossexual. Eu contei para ele que eu o amo, mesmo que ele não saiba disso. Fale alguma coisa... Reaja! Eu preciso saber o que você acha disso!

Sim. Agora eu tenho certeza de que Freed me ama. E eu descobri que amo Freed. Eu amo um homem. Eu amo um amigo. Nossos sentimentos estão sincronizados. Eu sinto nitidamente a balança equilibrada. Vovô estava certo: agora que a balança se equilibrou, tudo faz sentido.

— Freed... Eu tinha quase certeza. Não me importo com isso. É o que você quer. Eu poderia cuspir na sua cara se fosse antigamente. Mas tudo o que passamos foi...

— Eu estou aliviado. Não queria que isso acontecesse. Se você me aceita assim... Nada vai mudar, não é?

Nada mudou.

— Freed. Chega disso. Quem é que você ama? Qual o nome dele?

Freed ficou paralisado. Conto ou não conto…? O que faria? Eu fui aceito! Eu posso contar! Nada vai mudar! Nada mudou! Nada nunca vai mudar mesmo que eu conte! Eu preciso... Não há momento melhor do que esse! Eu preciso contar!

­­- O homem que eu amo se chama... Laxus Dreyar.

Era diferente do que esperava. Laxus achava que seria fácil, já que agora tinha certeza daquilo. Mas mesmo sabendo, ouvir a voz de Freed falar aquilo era imensamente impactante. Ficou imóvel.

Era diferente do que esperava. Freed achava que seria difícil, que nunca conseguiria tal façanha. Era como ter tirado um peso das costas. Da alma. E foi tão fácil perto do que ele havia imaginado ser.

­— Eu não sei. Eu não sei o que dizer. Eu não sei o que sentir. Freed... Eu sei o que é o amor. Quando você me descreveu como é o amor, eu soube... O homem que eu amo se chama... Freed Justine.

Freed sentiu uma onda de alegria levá-lo aos céus. Uma oscilação tão rápida que achou estar sonhando. Mas não era sonho. Era real. O que ele havia sonhado a vida inteira se tornou real. Era a felicidade pura. Ele amava Laxus. Laxus o amava.

— E-eu não sei o que...

— Não fale nada. Eu preciso saber o que é. Eu preciso saber o que é o amor. Eu preciso sentir.

Seus rostos se aproximaram. Freed sentia a respiração de Laxus. Sentia seu cheiro forte. Se havia algo melhor no mundo, ele duvidaria até a morte. Laxus encostou sua testa na de Freed. Seus olhos abertos se encaravam com curiosidade. Como é? Se perguntavam. Seus olhos se fecharam lentamente, e os rostos se aproximaram mais. A mão direita de Laxus estava na cintura de Freed, enquanto a esquerda segurava seu pescoço levemente. Freed tinha as duas mãos nas costas do loiro, como se o puxasse para si. Mas não puxava, pois não tinha pressa. Queria aproveitar cada segundo. Ao lento fechar dos olhos, os lábios se encostaram. Abriram-se em uma guerra lenta e desejada. Demorou uma eternidade para acabar. A eternidade mais maravilhosa que os dois puderam presenciar.

Aos poucos, os olhares da guilda se voltaram para os dois homens se beijando. Uma reação em cadeia aconteceu em segundos, e todos já estavam de olhos grudados nos dois. Os corpos colados e os rostos vermelhos. Se separaram antes de ficarem completamente sem ar. Os dois sentiram uma sensação incrível que não poderiam explicar.

Não importava o mundo. Não importavam os problemas. Não importavam as dúvidas. Não importava mais nada além dos dois.

Ficarem se olhando. Sabiam ler seus olhares. Os corpos não tinham mais uma conexão além do olhar fixo. Ainda restavam os gostos da boca do outro. Freed sentia o gosto agridoce da boca de Laxus. Laxus sentia o gosto de doce da boca de Freed.

Depois de passada a adrenalina, vieram os questionamentos. Freed foi o primeiro a falar:

— Laxus... Eu não sabia que...

— Eu descobri faz pouco tempo. Depois de que você voltou daqueles três meses. E agora tudo fez sentido. Eu só precisava ter certeza.

— E você tem?

— Eu tenho certeza de que tudo isso é real, mesmo parecendo o contrário.

— Eu digo o mesmo. Laxus – as lágrimas de alegria, ou alívio saíram dos olhos de Freed – você sabe o quanto eu te amei, todo esse tempo? Eu sempre fui seu amigo, e isso começou tão de repente. Eu fiquei tanto tempo esperando que algo assim acontecesse. Eu te amei desde o começo mesmo sem saber. – Jogava as palavras pesadamente sobre os ombros de Laxus.

— Isso é tão repentino. Eu não sei o que pensar. Eu não sei como agir. Eu preciso pensar, eu preciso de tempo. É tão confuso.

— Acha que eu sabia o que pensar? Acha que eu sabia como agir? Acha que eu não fiquei sem tempo? Acha que eu não fiquei confuso? Tudo é normal. Tudo começou assim para mim também, mas...

— Não foi com um beijo. Quando tudo começou, você escondeu. Eu não tenho esse direito. Eu preciso de tempo para processar tudo isso. Eu preciso de…

Laxus se afastou, andando para trás. Passou por Freed, olhando-o nos olhos, confuso. Desceu as escadas. Queria correr; todos o olhavam, surpresos e atordoados. Laxus deixou a guilda, e caminhou depressa. Andou pelas ruas enquanto seus pensamentos se alinhavam.

Ever e Mirajane subiram as escadas correndo. Ever agarrou o braço de Freed, puxando-o para mais ao fundo do segundo andar. Sentaram em uma mesa longe para que ninguém do primeiro andar conseguisse os ver.

— O que foi isso?

A pergunta de Ever era exatamente a mesma pergunta de Freed. Ele desabou em lágrimas. Não sabia se estava feliz ou triste. Seu sonho fora realizado. Mas o que aconteceu? Por que isso aconteceu? E o que aconteceria a partir de agora? As garotas apenas o abraçaram. Não poderiam fazer nada além de esperar. Freed e Laxus não poderiam ser ajudados agora.

Sem rumo e cambaleante, Laxus andava pelas ruas de Magnólia, tentando encontrar a resposta para suas perguntas. Tanta coisa havia acontecido tão de repente. Um pensamento incômodo lhe remanescia no fundo de seus pensamentos. O quão ridículo eu pude ser?

Mas aquilo não era importante agora. Ele não queria pensar naquilo. Tentou confusamente repensar seus atos como um flashback. A balança está equilibrada. Nossos sentimentos estão sincronizados. Nos amamos. Como eu posso amar um homem? E aliás, que merda de amor é esse? Isso é estúpido! Eu nunca acreditei nessas coisas! E não vou começar a acreditar! Mas apesar disso… Eu gosto dele. E depois de tanto tempo... Como eu não percebi antes? Mesmo que eu tente, não tem como recuperar este tempo perdido. Eu talvez só precise... Me entregar. Eu preciso me entregar para Freed, mesmo que eu não entenda o que está acontecendo. Eu preciso apenas sentir. Eu preciso apenas deixar isso fluir pelas minhas veias. Até que meu corpo aja sozinho. Até que nada mais possa me impedir.


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