Green & Yellow escrita por DKRF


Capítulo 23
Conclusões




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Após algumas horas caminhando, Laxus tivera que sentar em um bar por perto. Agora o pensamento que antes estava no fundo, veio à tona. O quão ridículo eu pude ser? Lembrou-se dos olhares que a guilda lhe deu ao sair de lá. Todo seu orgulho se dissolveu. Toda sua reputação escorria por seus dedos. Tentou agarrá-la em vão. Sentiu o desespero tomar conta de si. O que eles vão pensar? Agora não havia tempo para negar ou fingir. A verdade estava crua na memória daqueles que viram o beijo entre os dois.

Laxus sentia como se não tivesse pele. Como se sua carne estivesse exposta ao mundo. E que a cada grão de poeira no ar que o tocava, causava uma reação em cadeia eletrizante. Sentia-se completamente exposto e frágil. Mas precisava enfrentar isso. Também se questionava se Freed havia sentido as mesmas coisas. Precisava esclarecer algumas dúvidas. Queria falar com Freed, mas não queria voltar para a guilda. Não queria sentir o que sentiu ao ver os olhares de todos. Nojo, medo, desprezo, irritação.

O que haviam feito de errado para serem tratados assim?

Não sabia dizer.

Andou de volta para a guilda. Tentava não pensar nos olhares. Mas não adiantava. Parecia que aquelas cenas estavam expostas em sua testa, pois cada um que passava o olhava torto. Ou era sua imaginação? O que estes desconhecidos poderiam saber? Por que queriam se meter em sua vida? Aquelas eram suas escolhas, não deles. Mas pensar nisso não mudava nada. E de tanto pensar, quando se deu conta já estava em frente à guilda. Evergreen estava recostada na de do lado da entrada. Ela se aproximou e disse:

Que bom que voltou. Freed precisa falar com você.

Eu também preciso falar com ele. Chame-o aqui.

Ele não está.

O que?

Ele está naquela árvore onde você lutou com Natsu. Lembra do festival que fizeram?

Sim. Eu vou para lá. Obrigado.

Ei, cuidado. Ele não vai suportar ser machucado mais uma vez.

Não se preocupe. Agora sei bem o que fazer.

Saiu e andou em direção à praça que deveria ir. Caminhava rápido. Estava ansioso para ver o garoto novamente. Mas mesmo assim, tinha medo.

Freed estava sentado no chão, recostado sobre a única árvore daquela praça. Olhava o céu por entre as folhas, que balançavam ao vento. Esperava que Laxus viesse, mas não tão cedo. Olhou para o lado. E como se um risco atravessasse seus pensamentos, ele só viu um cabelo loiro. Abaixou o olhar e viu o rosto de Laxus. Estava sério. Andava rápido, e quando parou, Freed tentou falar algo, mas não teve tempo.

O que vai acontecer daqui para frente?

Eu não sei. Eu te disse o que eu sinto. Me diga o que você sente, e a nós vamos saber.

Gosto de você. Mas sabe que eu não acredito no amor verdadeiro. Sabe que acho isso ridículo. Não se sinta magoado, mas é minha opinião.

É quase óbvio que você pensa assim. Mas eu acredito no amor. Eu espero que um dia você também acredite.

E o pessoal da guilda? Laxus mantinha um tom técnico, como se não estivesse falando de algo tão delicado.

Ficaram comentando, claro. Muitos deles não vão aceitar.

Sim. Eu vi os olhares que eles deram para mim. Espero aprender a ignorar isso.

Eu já aprendi. Também, depois de tanto tempo sabendo quem eu era. Você acabou de descobrir.

E eu quero contar com você. Sua fala se encheu de sentimento. Eu espero que você me guie.

Eu não sou tão experiente assim. Eu só entendo o que você está sentindo, pois senti a mesma coisa.

Freed... Eu sei que você pode me ajudar. E eu quero ficar do seu lado para poder aprender a lidar com essas coisas... Eu confio em você.

Freed se levantou. Encarou Laxus, então suspirou. Andou em sua direção, e quando estavam cara a cara, o abraçou. Falou, com o som saindo abafado pelo peito de Laxus.

Eu também confio em você. Eu também quero estar ao seu lado para aprender a lidar com isso. Nós dois estamos no mesmo barco. Nós dois estamos em um barco navegando pela escuridão.

Laxus retribuiu o abraço de Freed. Sentiam o calor um do outro. Mas uma onda de barulho se aproximava, chamando a atenção dos dois. Se separaram e viram um pequeno grupo de trabalhadores trazendo alguns materiais. Intrigado, Freed perguntou a um deles o que estava acontecendo.

Como você não sabe? Estas são alguns materiais para a preparação do festival das flores!

O festival das flores acontece todas as primaveras, quando várias árvores de Magnólia se enchem de flores de cerejeira. É muito parecido com o festival da colheita. Freed então se lembrou de que era a primavera. Teve uma idéia e decidiu comunicar Laxus, que já estava andando pela praça, contemplando os trabalhadores começando a montar algumas barracas.

Laxus, o que você acha de nós irmos avisar Makarov sobre o festival? Assim poderemos ver como o pessoal da guilda vai reagir...

Eu não sei se estou preparado.

Freed ignorou a resposta de Laxus. Agarrou sua mão e o arrastou até a guilda. Pararam em frente ao portão da guilda. Laxus suspirou. Tentou se afastar, mas Freed não deixou. O puxou mais forte e entraram. Freed andava ainda agarrando a mão de Laxus. Em passos pesados atravessou a guilda sem olhar para os lados. Makarov estava no balcão, e notou as mãos dos dois. Quando chegaram perto, Freed parecia ignorar qualquer coisa. Falava eufórico:

Makarov! Você ouviu sobre o festival das flores?

Ah, sim. Eu ouvi, mas não pretendia participar esse ano. Você sabe, o conselho está nos alertando sobre um possível movimento da Tartaros.

Mas eu creio que todos adorariam participar!

Eu não sei. Posso repensar, mas não tenho certeza se vamos realmente participar.

Freed... A voz de Laxus atravessou a conversa de forma calma.

O que foi Laxus?

Já pode soltar minha mão.

Ah, desculpe!

Freed soltou a mão de Laxus. Makarov riu, e então perguntou sem cerimônias, mesmo percebendo alguns poucos curiosos prestando atenção nos dois:

Então vocês estão juntos?

Laxus tentou responder, mas Freed o interrompeu:

Sim, estamos! abriu um largo sorriso.

Diante daquela cena, daquele sorriso, Laxus percebeu que não precisava temer. Que poderia confiar nos atos de Freed, afinal ele sempre foi responsável e dedicado. Decidiu não protestar a fala do garoto. Apenas abaixou a cabeça, encabulado. Após isso, os dois saíram da guilda tentando ignorar os olhares em volta. Quando estavam na frente da guilda, Laxus suspirou. Freed o olhou.

Eu tenho que ir. Preciso ir para casa.

Eu posso ir ju-

Eu vou sozinho.

Laxus apenas se virou e andou. Freed ficou lá, sem entender aquela atitude. Talvez ele só precisasse pensar. Mas se pensasse demais, poderia voltar atrás. Freed decidiu ir para casa. Não queria ficar na guilda. Caminhou lentamente até sua casa. De vez em quando olhava para o céu azul com algumas nuvens. O céu não é mais meu limite.

Já em casa, Laxus estava jogado em uma poltrona. Olhava em volta e via o quão simples ele era. Sua vida se resumia na guilda. Não tinha mais o que fazer. Era um simples mago. Nem tão simples assim... E agora tinha que se preocupar com esses tipos de coisas. O tipo de coisa que ele não estava acostumado a lidar. Enquanto pensava, um questionamento lhe veio à cabeça: valia à pena modificar toda sua vida por causa disso? Não seria melhor continuar na simplicidade de sempre?

Freed estava deitado em sua cama, e dizia para si mesmo: tudo vai dar certo. Não se preocupe. Mas ele não conseguia afastar aquele tipo de pensamento de sua cabeça. Queria sentir o abraço do loiro mais uma vez. Fechou os olhos e sentiu aquela sensação, aquele calor. Imaginou que o loiro estivesse ao seu lado, na sua cama.

Tarde da noite, Laxus caminhava pelas ruas frias e escuras, aproximando-se da casa do garoto.


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