Green & Yellow escrita por DKRF


Capítulo 21
Sincronia




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— Vovô, eu preciso conversar com você.

— Fale.

— A sós.

Makarov fez uma cara de desconfiado. O que Laxus queria falar com ele? Mesmo que suspeitasse, preferiu não tirar conclusões precipitadas. Subiu as escadas para o segundo andar da guilda, e entrou em uma sala revestida com um tipo de madeira escura. Tinha uma janela grande aberta, de onde vinha a única luz do lugar. A luz da manhã e o cheiro de café e madeira da guilda davam uma ótima sensação ao lugar. Laxus entrou na sala, fechando a porta e se recostando na mesma. Cruzou os braços e suspirou.

— Do que você sabe, vovô?

— Como assim? – Makarov sabia do que ele estava falando.

— Tudo o que aconteceu... Tem um motivo especial. Eu nunca entendo dessas coisas. Eu preciso que você me diga. Eu sei que há algo, mas eu só enxergo uma neblina. Nada está claro ainda. – Makarov riu.

— Laxus, você é um imbecil! – Laxus grunhiu. – Sim. Tudo o que aconteceu não poderia ser em vão. Tem um motivo especial, mas me surpreende que você não tenha percebido ainda.

— Eu falei que não entendo dessas coisas! Eu falei que eu não enxergo! Fale de uma vez!

— Mesmo que eu saiba, você tem que descobrir isso sozinho. Eu não posso me intrometer.

— Intrometer no que? O que é que fez Freed sofrer tanto? – Makarov riu mais uma vez. Laxus estava impaciente. Seu tom era suplicante, mas Makarov não cedeu.

— Você sabe que o motivo de todos os problemas que você teve são os sentimentos, não é? – Laxus fez uma careta.

— Sentimentos?

— Mas é claro! Seus sentimentos e os sentimentos de Freed não estavam em sincronia. E vocês acabaram criando uma das maiores confusões que eu já vi nessa guilda. Quando amigos, parentes, ou até mesmo – Makarov pausou estrategicamente - amantes, as pessoas precisam sincronizar os sentimentos, se não confusões como essa acontecem. A relação de vocês tem um desequilíbrio. Descubra o que está faltando, e que lado da balança pesa mais. Assim você poderá recuperar o equilíbrio e você provavelmente saberá o que é que está acontecendo com ele.

— Eu não sei se entendi muito bem, mas... Freed sempre me tratou tão bem. Eu estou tentando tratá-lo da mesma forma, e ele até mesmo percebeu isso.

— Isso é uma ótima forma de equilibrar a balança.

— Mas você falou que quando isso acontecesse, eu iria entender, não ia?

— Sim.

— Então! O que é que está faltando?

Sincronia. Vocês têm que sincronizar seus sentimentos. Talvez o que você esteja fazendo não seja suficiente. Talvez o sentimento que vocês têm um pelo outro seja diferente.

Um longo silêncio seguiu na pequena sala. Alguns pássaros cantaram lá fora. Makarov, então, decidiu retomar a palavra:

— É o que eu tenho a te dizer. Eu sei que você pode não ter entendido direito, mas você tem que descobrir isso sozinho. Desculpe não poder ajudar mais.

Laxus ficou em silêncio. Saiu da porta e sentou-se em uma poltrona do lado da janela. Makarov saiu da porta, parando para encarar Laxus por alguns segundos. Saiu fechando a porta. Laxus ficou ali, pensando.

Talvez o sentimento que vocês têm um pelo outro seja diferente. Freed é meu amigo. Qual o sentimento dele, caramba? Apesar de não ter entendido muito bem o que o vovô disse, eu sei que ele insinuou que Freed sentia algo além da amizade. Mas o que? Eu preciso descobrir o que Freed sente.

Freed estava conversando com Ever, Mirajane e Erza em uma mesa do primeiro andar.

— Agora é hora de cair pra cima! – Ever foi direta.

— Como assim?

— Freed, é quase óbvio que Laxus já sabe que você o ama. Você só precisa fazer ele te amar também!

— Jogue limpo. – Erza mantinha a postura séria.

— Eu... Não sei o que fazer.

— Agarre-o. – Sugeriu Mirajane. Freed ficou escandalizado.

— Como eu vou fazer?

— Faça e pronto.

— E se ele não corresponder.

Depois de um longo silêncio, uma voz nova foi adicionada à conversa:

— Ele vai te corresponder. Seu sentimento é forte demais. Ele pode contagiar qualquer um. – Lucy falou confiante, aproximando-se por trás de Freed.

Freed olhou para baixo, pensativo. O que eu vou fazer? Eu preciso esperar. Eu preciso cativar mais Laxus. Não é à hora. Eu sei que não é a hora. Eu preciso resistir. Seja quanto tempo for. Levantou os olhos e declarou:

— Não é a hora. Mas eu vou tentar mais do que nunca fazê-lo me amar.

As garotas gostaram do tom com que ele falou. Era confiante e decidido. Objetivo. Algum tempo depois Elfman veio, e Evergreen o acompanhou até um canto mais solitário no primeiro andar. Natsu e Gray vieram chamar Erza e Lucy para uma missão logo depois. Freed ficou ao lado de Mirajane, quando ela o alertou.

— Freed, olha pro segundo andar.

Laxus estava no segundo andar, debruçado no mezanino. Freed não disse nada, apenas se levantou e foi para o segundo andar. Se aproximou lentamente de Laxus, que o olhou apenas virando a cabeça. Freed se debruçou na mesma forma que Laxus.

— O que está contemplando ai, sozinho?

— Nada demais. – Laxus voltou a olhar para a guilda. Focou seu olhar em Ever e Elfman juntos.

— É bonito ver o amor desses dois, não é?

Laxus ficou imóvel. Além do coração acelerado, do nervosismo, da angústia, do medo e da confusão, sentiu um arrepio ao pensar o que pensou. Amor. Freed... Freed me ama? Não! Aquela vez na janela do segundo andar, eu perguntei se ele gostava de mim. Ele afirmou com todas as forças que não! Ele não me ama! Eu saberia se ele me amasse. Então, como um sopro, as palavras de Makarov voltaram para sua mente:

Descubra o que está faltando, e que lado da balança pesa mais. Assim você poderá recuperar o equilíbrio e você provavelmente saberá o que é que está acontecendo com ele. Vocês têm que sincronizar seus sentimentos. Talvez o sentimento que vocês têm um pelo outro seja diferente.

Pensou e pensou. Estou demorando para responder. Formulou uma frase rápida:

— Eu não tenho noção do que é lindo. Sabe que eu não sou bom com sentimentos.

­­- Você não se dá bem com isso, não é?

— Não. Sou péssimo para essas coisas.

— Não será porque você... Nunca teve um sentimento verdadeiro.

— Do que você está falando?

— Você nunca amou alguém. É por isso que você não entende.

Eu preciso amar para entender. Esse é o sentimento que eu preciso ter para equilibrar a balança?

­­- Você tem razão. Eu nunca amei ninguém.

Freed sentiu a palavra “ninguém” perfurar seu coração. Laxus não o amava. Laxus nunca amou alguém.

— E você nunca quis saber como é amar?

— Freed... Você ama alguém?

Freed sentiu o coração acelerar. Mentir? Contar a verdade?

­— Sim. Eu amo alguém. Por quê?

— Me diga... Como é amar?

É sentir o coração acelerar quando seu amor está perto. É sentir-se nervoso pelo simples fato de estar ao seu lado. É uma angústia e um prazer ao mesmo tempo. É o desejo inquietante. É a busca incessante. Eu não sei explicar direito. Mas é a melhor coisa do mundo.

Essa descrição... Tudo se encaixa agora. É isso que eu sinto? A balança vai finalmente estar equilibrada? Como isso é possível?

— Freed... Quem você ama?

As palavras ecoaram. Freed não sabia o que dizer. Estava completamente imóvel e estupefato. Suas palavras dançaram em sua cabeça, e desordenadamente formaram a mais organizada frase:

— Eu preciso te dizer... Talvez você fique chocado, ou não. Talvez seja óbvio, ou não. Só espero que nada mude. Realmente espero que nada mude.

Eu amo...

Um homem.

Eu amo...

Um amigo.

As palavras de Freed entraram no ouvido de Laxus. Cortaram seus pensamentos como uma luz revelando a verdade. Ele ama um homem. Ele ama um amigo.

Freed me ama.

E estranhamente eu descobri

Que amo Freed.


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