O Sorriso Psicopata escrita por Wendy


Capítulo 2
A jovem psicopata


Notas iniciais do capítulo


Boa Leitura



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Já era de manhã quando acordei, a luz do sol batia em meus olhos e só depois de levantar consegui abri-los. Minhas costas estavam doendo, pois dormi no chão.

O relógio marcava 10h30min, Julie estaria fazendo seu dever de casa, mas hoje ela estava deitada na cama, dormindo, parecendo um anjo... e nunca mais iria acordar.

Peguei o diário e fui para a cozinha, onde mamãe estaria ouvindo músicas no rádio e guardando o jornal que papai leria quando chegasse do trabalho, mas hoje todos estavam dormindo, assim como Julie, com seus lençóis manchados de vermelho.

Coloquei o diário na mesa e peguei uma maçã, tudo estava muito quieto, era estranho ter que se acostumar a isso. Mas o silêncio não durou muito.

Alguém estava tentando arrombar a porta da frente, os vizinhos provavelmente notaram que algo estava estranho e iriam descobrir o por que muito em breve.

Só então percebi que se me vissem eu iria para a cadeia. Peguei uma mochila, a enchi de roupas e saí correndo pela porta dos fundos. Pulei o muro e corri o mais rápido que pude para a floresta que fica perto de minha casa. Por sorte ninguém me viu, todos estavam indo em direção a minha casa, provavelmente a polícia também.

Sentei na raiz de uma árvore e tomei ar. Depois de um tempo percebi que havia um rio ali perto e fui até lá. Sentei vi algumas borboletas pretas e laranjas voando em círculos. Peguei o diário e ia começar a Lê-lo, mas a sede foi mais forte e tive que ir até o rio para beber um pouco de água, mas quando me dei conta o diário caído no rio e já estava longe. Fiquei com um pouco de raiva, mas tudo bem, eu lembrava tudo a partir daí.

Sentei no chão novamente e olhei para o céu, não tinha nenhuma nuvem e nem as borboletas estavam mais lá. Era apenas o azul. Comecei a lembrar do que estava escrito no diário.

[Flashback onn]

Não consigo me livrar desse sentimento, ele diminui quando corto meus pulsos, dói, mas me sinto melhor assim.

Rex não para de latir para outros cachorros na rua, quem deixa esses vira-latas soltos por aí?

-Rex, para de latir! –Eu disse, sem sucesso, pois ele continuou latindo e tentando brigar com os outros.

O sentimento voltou dessa vez mais forte e perturbador era como se eu fosse explodir se não fizesse algo

-Rex! Você vai parar de latir por bem ou por mal?

O cachorro latiu.

-Por mal.- Não consegui me controlar e peguei uma faca de carne na cozinha que minha mãe havia escondido no alto do armário, mas não adiantou.

-Finalmente os latidos pararam- Sorri.

Mas não fui a única a perceber isso, pois minha mãe veio para o jardim e o que ela viu não foi muito bonito, pelo menos para ela. Rex estava morto, seu pescoço com um enorme e profundo corte, cheio de sangue e olhos virados para cima; sua língua roxa para fora, os mosquitos já estavam o rodeando. Ao seu lado uma garota com calças Jeans e blusa de frio cor-de-rosa suja de sangue e a faca do mesmo jeito. Seu olhar causava arrepios junto de seu sorriso, eu.

-Jane... -Mamãe não acreditava no que seus olhos estavam enxergando –Não posso acreditar que foi realmente você –Seus olhos estavam cheios de lágrimas que começaram a escorrer pelo seu rosto pálido, pois sua filha era realmente uma psicopata; agora com quatorze anos eu já entendia o significado dessa palavra.

Meus pais não sabiam o que fazer me deixaram de castigo enquanto pensavam. Quando Julie chegou da escola, o corpo do cachorro já estava enterrado e para a pobre garota não ficar chocada, disseram que ele foi atropelado por um carro e o motorista fugiu.

Alguns dias depois disso Bárbara, uma vizinha, apareceu em casa.

Olá! –Disse ela com um belo sorriso. –Quero convidar vocês para a festinha de aniversário do meu filho Billy, que será na minha casa daqui a quinze dias.

-Bem... Nós não... -Eu ia recusar o convite quando mamãe me interrompeu:

-Mas é claro que nós vamos! Agradeço pelo convite!

-Que bom! Estou esperando vocês, até logo.

Bárbara foi embora e eu disse:

-Mãe eu não queria ir!

-Vai sim! Isso vai ser bom pra você se desestressar, quem sabe faz novos amigos?

-Não preciso de amigos... - Falei baixo para mim mesma e fui para meu quarto. O sentimento apareceu novamente, mas fraco, então consegui controlá-lo.

Dois dias se passaram, era segunda, que “ótimo”. Arrumei meus materiais e fui para a escola.

Chegando lá, segui minha rotina normalmente. Fui para a sala de aula e coloquei minha mochila no último lugar, depois fui para a biblioteca antes de o sinal bater.

Andava olhando para meus pés, que estavam com um All Star preto básico, até que senti que havia batido de cara em alguma coisa, e estava certa, olhei para cima e havia tropeçado em Brian, um garoto forte de belos cabelos loiros que iam até sua nuca, ele também estava distraído e quando tropeçamos nossos lábios quase se tocaram.

Ele pediu desculpas envergonhado, mas o pior foi que sua namorada, Zoey, viu aquela cena de longe e pensou que havíamos nos beijado.

-Ei! -Disse ela "se mordendo" de raiva e se aproximando de nós- Quem você pensa que é?! Ele já tem namorada e mesmo que não tivesse não ia querer uma pobre coitada como você!- Ela me empurrou contra a parede.

-Não é isso que você está pensando! Eu não o beijei, nem estou interessada!

-Vou te ensinar a cuidar da sua própria vida!

Os alunos formaram um círculo em volta de nós, todos estavam à espera de uma briga.

-Mas o que está acontecendo aqui?! -Antes que Zoey pudesse fazer algo, a Diretora da escola apareceu e todos os alunos foram para suas salas. Pude ouvir alguns deles reclamando e outros não paravam de nos olhar.

-Não precisa se preocupar Senhora, estávamos apenas conversando não é Jane? A garota abriu um sorriso falso, aquilo me deu nojo, e não senti nojo nem quando vi os olhos de Rex cheios de mosquitos antes do enterro.

Concordei com a cabeça, apesar de estar querendo enforcá-la com seu próprio cinto Pink cheio de lantejoulas.

-Assim espero. Não quero ter que chamá-las para a minha sala. Agora vão para suas aulas e comportem-se!

Antes de ir, Zoey sussurrou em meu ouvido:

-Não pense que escapou, a gente se vê na hora da saída. - Tentou fazer uma voz ameaçadora, mas não funcionou comigo, ao invés disso, senti nojo outra vez.

Respirei fundo e fui para a sala de aula tentando ignorar o sentimento, que apareceu novamente.

Quando todas as aulas acabaram, não vi Zoey, então fui para casa, mas, no caminho encontrei a ciumenta com mais duas garotas, elas eram mais velhas e pareciam estar prontas para a briga.

Coloquei minha mochila no chão e levantei as mangas de meu casaco, estava pensando em esquecer tudo, mas já que ela quer briga, briga ela terá.

Zoey correu para a minha direção e deu um soco em meu queixo, fazendo com que eu caísse no chão. Mas logo me levantei e dei um chute na garota, que puxou meus cabelos. Nós duas estávamos no chão, comecei dar socos com toda minha força no rosto de Zoey que desistiu e pude ver que começou a chorar, aquilo me fez abrir um leve sorriso.

As outras garotas, com raiva, aproximaram-se de mim, que estava com o nariz sangrando. Dei um chute no estômago de uma que caiu no chão de dor. Apesar de estar com dor, ainda tinha bastante força. A outra garota tirou uma pequena faca seu bolso e estava pronta para atacar por trás. Mas percebi e agarrei seus pulsos e a chutei; então peguei a faca e comecei a abrir sua barriga, eu já estava bem cansada então não foi tão forte quanto queria.

Ouvir seus gritos só me fazia querer continuar, era algo novo e bom.

Um homem que estava passando por ali viu e cena e chamou a polícia, então corri o mais rápido que pude, mas antes de fugir, ouvi Zoey dizer "ainda não acabou!". "Essa garota não desiste nunca!" Pensei. Eu estava cansada, com o corpo machucado e sague nas roupas, mas estava sorrindo, aquilo me fez sentir bem e o sentimento havia sumido.

Quando cheguei em casa logo tomei um banho e lavei minhas roupas, mas estava machucada o que chamou a atenção de minha mãe.

-Filha, você está bem?

-Sim, apenas caí lá fora, não precisa se preocupar.

-Então está bem. Não se esqueça de comprar o presente de Billy, o aniversário dele é daqui a poucos dias.

---

Pelo resto da semana o sentimento não apareceu e não vi as meninas na escola nem em outro lugar.

Como era de se esperar, surgiram muitos boatos sobre a briga, alguns absurdos. Diziam que uma das meninas havia ficado cega, que outra entrou em coma e ainda que uma estivesse internada em estado grave. Claro que eram apenas simples boatos.

Fui ao shopping procurar algum presente de aniversário para Billy. Na loja de brinquedos encontrei um carrinho de controle remoto por um bom preço, então decidi comprar. Lembrei-me de quando brincava com minhas bonecas, todas acabavam sem braços ou pernas, mas era bem mais divertido do que as brincadeiras comuns.

Quando voltei para casa, deixei o presente em cima da mesa, fui jantar e depois dormir.

No dia seguinte, acordei e fui tomar café da manhã, mesmo que quisesse continuar dormindo.

-Se arrume filha, daqui à uma hora nós vamos para o aniversário do Billy. -Disse mamãe, que estava muito apressada.

Tomei banho e me vesti. Estava com uma bermuda jeans, uma blusa azul-clara e um All star.

Fui para a sala e todos estavam todos com roupas elegantes, como se estivessem indo para um casamento.

-Você vai assim?!- Disse mamãe.

-Qual é o problema?

-Essa roupa está muito simples. Vá se trocar!

Revirei os olhos e suspirei. Fui para meu quarto e comecei a tirar todas as roupas do armário. Não tinha nenhuma mais formal ou nova, apenas um vestido rosa com detalhes brancos, mas nunca o usei e não seria agora que iria usa. No meio das roupas, encontrei uma camiseta branca e uma calça jeans preta e as vesti. Voltei para a sala e mamãe implicou novamente.

-Você vai assim mesmo?! Por que não coloca aquele vestido rosa lindo? Bom, agora não temos mais tempo, estamos atrasados.

Poucos minutos depois, chegamos à festa e fomos recebidos por Bárbara.

-Olá! Quem bom que vocês vieram! Espero que gostem, sintam-se em casa! -Ela abriu um enorme sorriso.

-Aqui só têm adultos... –Pensei alto, olhando por cima do ombro de Bárbara, e todos estavam vestidos como se estivessem em um casamento.

-As crianças estavam lá no quintal, pode ir lá brincar com eles!

-Vamos! -Disse Julie me puxando.

Quando chegamos lá, os meninos estavam correndo com armas de brinquedo, eles fingiam ser policiais e ladrões. Algumas meninas estavam em um cantinho brincando com bonecos e bichinhos de pelúcia, Julie foi brincar com elas.

Andei um pouco e achei uma mesa com doces e salgadinhos, peguei um pãozinho recheado com carne moída. Alguns minutos depois, Billy me deu uma ‘arminha’ e disse:

-Vem brincar com a gente!

-Não, eu sou muito velha para brincar com vocês.

-Por favor-Billy fez a cara mais fofa que pode e assim, acabei concordando.

-Ok, ok... Mas só um pouco.

Fingi que estava dando tiros e me escondia atrás de árvores para se proteger. Às vezes Julie me chamava para ver como a casa que ela e suas novas amigas fizeram para os bonecos estava bonita.

De repente, tive a sensação de que alguém estava se aproximando, e eu estava certa. Quando olhei para trás vi Zoey e suas amigas pulando o muro, de alguma forma, elas sabiam que eu estaria na festinha.

-Olha só quem encontramos meninas –Disse Zoey com um pequeno sorriso- Não é uma enorme coincidência?

-O que vocês estão fazendo aqui?!

-Achou que a nossa briga já tinha acabado? Você só estava com sorte aquele dia!

-Zoey, eu não quero brigar, principalmente aqui, está cheio de crianças.

-Não quero saber! É hoje que você morre!

Dito isso, ela correu em minha direção e com toda a sua força deu um soco em meu rosto.

Perdi o equilíbrio e por pouco não caí no chão, mas me apoiei em uma árvore. Quando voltei ao normal, chutei barriga de Zoey, a fazendo cair, mas logo se levanta.

Zoey, brava, pega uma pequena faca de seu bolso e da uma facada em meu ombro esquerdo. Não gritei, mas estava doendo muito.

As crianças que estavam assistindo a briga correram para dentro de casa avisar os pais.

As outras garotas vieram por trás e enquanto uma me segurava a outra começou a dar várias facadas seguidas em meu braço e depois me empurrou para dentro de casa e me deu mais um soco, fazendo com que eu quase desmaiasse.

-Já se cansou? Mas estava só no começo, sua fraca! Vamos levante! –Disse ela.

O sentimento voltou, agora ele estava impossível de controlar. Tentei ignorar, mas ele ficava mais forte. Reuni minhas forças e me preparei para atacar.

-Até que enfim Jane! Achei que eu iria ficar um ano te esperando!

Antes que Zoey percebesse, eu já estava ao seu lado. Peguei sua faca e a enfiei em seu pescoço, com um enorme corte que fez Zoey agonizar e morrer. Sorri, aquilo foi melhor do que quando dei facadas na barriga de uma menina na briga alguns dias atrás.

-ZOEY! –Gritaram as meninas- Isso não vai ficar assim!

Elas pegaram armas que estavam escondidas em suas bolsas e tentaram atirar em mim que corri para as escadas.

Umas das meninas conseguiu acertar minha perna, também não gritei com a dor, apenas fechei meus olhos por alguns segundos, eu estava mais forte, talvez fosse por causa do sentimento e nenhum dos outros tiros me acertou.

As garotas subiram as escadas à minha procura, que estava escondida atrás da porta do banheiro, quando uma delas se aproximou peguei sua arma e dei um tiro em sua barriga.

A outra ouviu o barulho e foi para o banheiro, mas eu já estava a esperando.

Agarrei seus braços e fiz sua arma cair no chão, chutei a arma que acabou caindo na sala da casa.

Demos fortes socos, chutes e puxões de cabelo uma na outra, até que a garota jogou um produto de limpeza em meus olhos, aquilo sim causou uma dor horrível era como se eles fossem se desfazer e virar pó. Com toda a força que me sobrou e muita raiva e dor peguei uma faca e a enfiei em seu coração, pude a ouvir cair no chão, já estava morta.

Meus olhos pareciam estar cheios de fogo, que não se apagavam. Tudo estava preto, a única coisa que consegui ouvir, foi os adultos tentando me ajudar. Ainda ouvi policiais, mães e crianças em pânico, sem saber o que fazer, depois disso desmaiei.

[Flashback off]

Já estava quase dormindo, abri meus olhos e me olhei nas águas do rio. Uma garota com olhos completamente negros, não havia nem uma parte em branco ou outra cor.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler !
O que acharam? Mereço Reviews? :3