O Sorriso Psicopata escrita por Wendy


Capítulo 3
A garota de olhos negros


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora!



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Quando deu 12h00min resolvi voltar para casa, já havia pensado no que falar.

Fui até o rio e limpei minha faca, deixando a água vermelha. Coloquei-a no fundo da mochila escondida entre algumas roupas, se alguém a visse com certeza ficaria desconfiado.

Caminhei lentamente até minha casa, observando as pessoas na rua, mas sempre passando longe delas ou com cabeça baixa, pois sempre que olhavam para meu olhos ficavam assustadas e isso era muito desconfortável.

Finalmente cheguei em casa, estava cheia de pessoas assustadas, tristes e com medo. Também estava cheia de policiais.

-Jane! –Disse uma vizinha. - Você não vai acreditar no que aconteceu!

Ela parou por alguns segundos, tomando coragem para falar, até que finalmente disse:

-Toda a sua família... Morreu

Fingi estar surpresa e assustada, era muito difícil disfarçar numa situação dessas, mas eu não tinha outra escolha.

Eu disse que estava dormindo na casa de uma amiga na noite anterior e como as coisas estavam tensas por ali, ninguém se preocupou em saber quem era e onde morava essa amiga.

Os policiais me fizeram algumas perguntas: “O que você estava fazendo na noite anterior?” e “Posso olhar sua mochila?” E felizmente eu já havia tirado a faca de lá.

Eles não falaram muito pelo fato de que eu ainda “estava em choque”, o que foi bom, pois eles poderiam descobrir que a tal amiga não existe.

Não entrei em casa, já havia pessoas demais lá.  Fui para o final da rua e sentei-me embaixo de uma árvore. Alguns passarinhos estavam cantando, olhei para cima e vi o céu. Estava cinza e provavelmente iria começar a chover em pouco tempo. Era um belo dia, pelo menos para mim.

Foi só pensar nisso e uma gota caiu em minha mão. Em alguns instantes já estava chovendo, e a cada segundo a chuva ficava mais forte. Sorte que a árvore me protegia das gotas de água.

Pude ouvir pessoas correndo para suas casas, acompanhei algumas com o olhar, mas queria mesmo observar o céu escuro. Era como se estivesse querendo dizer algo, mas já que não pode, estava chorando, talvez pela morte de minha família.

Eu senti um pequeno aperto no coração ao pensar nisso, então tentei me distrair, mas olhar uma formiga carregando uma folha perto do meu pé não foi a melhor opção.

Comecei a olhar novamente a chuva, estava igual ao dia que acordei no hospital, depois da briga com Zoey. Também estava um belo dia.

[Flashback onn]

Como é bom acordar com o som de chuva. Tentei abrir meus olhos, mas a luz estava muito clara. Lembrei-me de tudo que havia acontecido. “Será que tudo foi um pesadelo?” Pensei.

De repente ouvi uma voz familiar:

-Ela acordou!

Abri meus olhos e vi minha família, também vi que eu estava em uma cama e com soro em meu braço. O quarto era pequeno e havia outra cama do meu lado, mas sem ninguém. Eu estava em um quarto de hospital.

-Nossa! Os olhos dela ficaram estranhos! –Disse Julie, a voz familiar pertencia a ela.

-Sim, o médico disse que eles iriam ficar assim. Mas o que importa é que ela está bem! –Respondeu minha mãe.

-Que bom que você está melhor filha! -Disse papai se aproximando de nós.

-Filha –Disse mamãe para mim- Levante um pouco e se olhe no espelho... Você quase perdeu sua visão, por um milagre isso não aconteceu! Mas seus olhos estão diferentes.

Levantei-me e fui para o banheiro do quarto. Meu corpo estava um pouco dolorido, mas ignorei. Quando me olhei no espelho vi algo que não esperava: Meus olhos estavam completamente negros, até a parte que seria branca. Fiquei observando-os por vários segundos, era como se as trevas tivessem tomado conta de meus olhos, a luz seria refletida nele, mas noite se igualaria.

Senti-me diferente, mas gostei dessa nova pessoa. Uma pessoa que se igualaria à noite, às trevas, mas refletiria luz, pois as outras pessoas não enxergam as trevas quando preferem enxergar a luz.

Comecei a rir, mesmo não tendo tanto motivo para isso.

-Eu adorei! –Disse muito feliz para minha mãe - Essa sou eu! Era o que estava faltando em mim!

Mamãe nunca iria esperar uma reação como essa, apenas abriu um sorriso, provavelmente pela minha felicidade. Eu não parava de rir e correr para o banheiro para me olhar. Ou pelo menos tentar correr, o soro não deixava com que eu andasse tão rápido. Mas Julie me ajudava e papai ria muito, mas no fundo estava preocupado, pois uma enfermeira poderia vir reclamar do barulho que estávamos fazendo.

Um dia depois, recebi alta do hospital e finalmente fui para casa, não estava chovendo, mas estava frio e eu também gosto do frio.

Todos do bairro estavam sabendo o que aconteceu e me olhavam com medo, alguns corriam ou falavam para as crianças não se aproximarem de mim, mas algumas pessoas me tratavam normalmente como se nada tivesse acontecido, ou pelo menos tentavam pensar que nada tinha acontecido.

Às vezes enquanto eu estava caminhando, algumas vizinhas fofocavam e a olhavam com cara de espanto. Eu simplesmente as ignorava quem ficava brava era minha mãe, esse era o único assunto que as pessoas falavam por toda parte.

Como de costume, após o jantar eu e minha irmã fomos assistir TV e depois ela foi dormir. Eu não parava de me olhar no espelho, adorava minha nova aparência.

Era de madrugada quando mamãe acordou. Ela ouviu um barulho no banheiro e foi ver o que era.

Eu estava no banheiro, me cortando de novo, mas com um sorriso no rosto. Estava também com um batom preto, tão preto quanto meus olhos, de onde lágrimas não paravam de cair.

-J-Jane... -Disse mamãe assustada.

-Boa noite mãe, por que está acordada essa hora?

-Não é n-nada...

-Você acha que eu estou bonita?

- Sim filha... Você está linda! – Mamãe correu para o quarto avisar o papai que estava dormindo. Eu pude sentir que ela estava mentindo.

-Acorda! Vamos, acorda! –Ela dizia enquanto chaqualhava seu marido.

- O que foi? –Disse ele acordando.

-É a Jane, ela ficou louca! Venha ver!

Quando ela ia ajudar meu pai a se levantar, olhou para a porta e viu que tinha alguém. Olhou mais atentamente e percebeu que era eu, e estava segurando uma faca. O sentimento estava lá, mas eu não estava ligando para ele, era como se algo estivesse tomando conta de mim, como se fosse meu “outro lado”.

-Você disse que eu estava linda. Você mentiu pra mim! –As palavras saíram de minha boca sem que eu ao menos percebesse.

Antes que ela pudesse dizer ou fazer algo corri em sua direção e enfiei a faca em seu quadril e a puxei para o lado, um pouco de sangue espirrou em minha blusa e quase que sem perceber eu estava dando várias facas, ela tentou fugir mas não conseguiu. Aquilo me trouxe uma sensação boa, menos pelo fato de ser minha própria mãe. Papai estava tentando fugir, mas eu estava perto da porta e antes que ele pudesse pensar em algo, uma faca estava em seu coração. Senti gotas de sangue em meu rosto ao tirar a faca.

As gotas me lembraram da chuva, faziam me sentir melhor.

 Depois disso, fui ao quarto de Julie que estava dormindo tranquilamente, andei sem fazer barulho entre bichinhos de pelúcia que estavam no chão, mas ela acordou e levou um susto ao me ver sorrindo com uma faca em sua direção.

Ela ia gritar, mas minha mão tampou sua boca.

-Shhhhh... Vá dormir irmãzinha.

Após dizer isso, enfiei a faca no peito de Julie, mas a tirei rapidamente, pude ver lágrimas nos olhos da garota.

Agora estava sozinha, apenas eu e minha faca.

[Flashback off]

A chuva estava parando até que finalmente parou. Não sabia como minha vida iria ser daqui pra frente, apenas sabia que estava com fome, então resolvi voltar para casa.


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Notas finais do capítulo

Eaí pessoal...O que acharam?



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