O Sorriso Psicopata escrita por Wendy


Capítulo 14
O Anjo da Morte tem olhos como o dia e a noite


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas lindas :3
Tem personagem novo hoje!

Boa Leitura! ^^



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O hospital havia se tornado sombrio. Lá estava eu observando uma mulher de cabelos negros e ondulados que lhe caiam sobre os ombros e até cobriam seu crachá. Ela havia acabado de matar um homem doente. Pude observar que os olhos da Doutora não eram comuns: Seu olho direito era azul como o céu de dia e o esquerdo era tão negro quanto o céu durante a noite.

Enquanto ela ameaçava aproximar-se da porta, saí e sentei-me no banco mais próximo. Ela passou por mim, onde pude comprovar que seus olhos eram realmente diferentes e dirigiu-se para o final do longo corredor. Alguns minutos depois, ela estava acompanhada de uma mulher completamente vestida de branco, assim como ela (que agora parecia muito decepcionada), porém, essa parecia ser um pouco mais velha e seus cabelos loiros estavam presos a uma trança. As duas entraram na sala onde o paciente estava sem vida e conversaram por um tempo.

Aproximei-me um pouco mais da porta e pude ouvir vozes muito baixas:

–O coitado não tinha nenhum familiar. Sei que você deve estar muito decepcionada por se tratar de um amigo próximo. Vê-lo aqui todos os dias realmente não foi fácil, não é mesmo? Eu sinto muito, mas agora ele não irá mais sofrer.

–Você tem razão... Obrigada pelo apoio. –Essa parecia ser a voz da Doutora de cabelos pretos, porém, mil vezes mais abalada. –Eu irei me responsabilizar pelo corpo.

–Tudo bem, eu a ajudarei com a permissão. Lembre-se que sempre poderá contar comigo.

–Obrigada mais uma vez... Fico feliz com isso.

–Não há de que, Natasha.

As duas saem do quarto e cada uma segue por uma direção diferente. Penso em seguir a médica provavelmente chamada Natasha, porém, uma voz chama minha atenção.

–Ei Jane, já terminei!

–Como foram os exames? –Perguntei após identificar o dono da voz, mesmo já sabendo de quem se tratava.

–Chatos, porém, mostram que eu ainda estou vivo. Isso até que é bom, não? –Diz Thomas com um sorriso irônico.

Rio de sua ironia e partimos em direção à saída. Porém, o que vi e ouvi naquele local minutos mais cedo ainda passeava pela minha mente.

[Flashback onn]

O clima sombrio reinava pelo local. A noite já estava caindo quando uma mulher de cabelos ondulados e pretos, vestindo um sobre-tudo da mesma cor, caminhava pelas pequenas ruas de um lugar afastado da cidade, com uma bolsa também preta. As pessoas ali presentes a observam, desconfiadas, surpresas, alertas. Ninguém arriscava aproximar-se da misteriosa mulher.

–Opa, vai com calma aí, Madame. –Um homem de meia idade aproximou-se da mulher agarrando seu braço esquerdo. Ela agora escutava o que aquele desconhecido teria a lhe dizer, mesmo sem olhar em sua direção. –Posso saber quem é a senhora? E o que faz por essas bandas? Talvez errado o caminho para o salão de beleza, estou certo? Acredite, o lugar é bem mais pesado que o Shopping Center. –Antes de continuar, o homem fez com que a fumaça de seu cigarro, que a pouco estava em sua boca, percorresse o rosto da mulher, porém, ela não demostrou nenhuma reação.

–O que aquele maluco está fazendo? –Sussurrou alguém que observava a situação para seu companheiro, enquanto tomavam cerveja. –Será que esse idiota não sabe com o que está lidando?

–Como assim? –Perguntou seu parceiro, antes de levar seu copo a boca. – Ela parece uma simples mulher pra mim, talvez esteja procurando alguém.

–Você não está vendo? Preste atenção nos olhos dela! Está ficando escuro, mas sei que eles são de cores diferentes e essa cicatriz no lado direito... Eu tenho certeza... Aquela é Natasha, o anjo da morte!

Ao concluir sua frase, toda a cerveja que estava na boca de seu parceiro foi cuspida para fora:

–Ta de brincadeira? –Exclamou ele, um pouco mais alto do que deveria.

–Do que vocês estão falando? –Perguntou um homem mais jovem que estava próximo a eles, assustado com a expressão do que agora limpava sua roupa suja de cerveja.

–O maluco ali na frente pensa que pode encarar o Anjo da morte. –Disse o outro.

–Anjo da morte?

–Sim. –Aquilo soou como se fosse algo óbvio, porém o jovem não havia compreendido.

–Ah, você deve ser novo por aqui. Aquela mulher com olhos diferentes tem fama por ser uma cientista louca, apesar de trabalhar como médica naquele hospital não muito longe daqui. A verdade é que ela é provavelmente a pessoa mais inteligente que você vai encontrar nessa região, até no estado, eu não duvidaria. Porém, dizem as más línguas que ela só trabalha naquele lugar para poder levar os corpos sabe-se lá para onde! Às vezes ela aparece por aqui para comprar as mais variadas coisas: Ferramentas estranhas, material médico, livros de anatomia que não estão disponíveis para a maioria, drogas desconhecidas por muitos... E ninguém sabe sobre seu passado e como ela conseguiu aquela cicatriz. Quando alguém se interfere, acabam sendo punidos ou em alguns casos levados vivos. É assustador... Porém, ninguém escapa ao enfrentá-la, por isso é conhecida como o Anjo da morte, pois todos que entram em seu caminho o fazem apenas uma vez...

–Então... –O mais jovem que agora estava perplexo, voltou a olhar para o Anjo da morte de cabelos negros.

–Se está procurando por bolsas e roupas caras, recomendo que saia logo daqui, esse lugar não é para senhorinhas e... –O homem com cigarro continuava a falar, contudo, parou imediatamente ao sentir que havia algo estranho (e dolorido) em seu pescoço. –O que você... –Sua voz perdia a força, assim como seu corpo. O lugar estava embaçado e ficava mais escuro e estranho a cada segundo, era como se sua alma estivesse sendo remexida dentro de seu corpo, ansiosa para sair e caminhar, não importa se fosse na Terra, em um universo paralelo, no céu, no inferno. Tudo o que ela queria era sair, porém isso não aconteceu. Ela apenas se aquietou, levando o corpo do homem para o chão.

Natasha guardava sua injeção, agora vazia, de volta a um bolso do sobre-tudo e logo depois, pisou no cigarro que havia sido derrubado.

–Eu odeio cigarros. –Ela encarava o corpo desmaiado do homem ao seu lado. –Eles destroem os pulmões das pessoas e pulmões destruídos não servem para nada.

A médica continuou seguindo seu caminho. Os curiosos que assistiam a cena voltavam ao o que estavam fazendo minutos antes, disfarçadamente. Nenhuma palavra foi dita até que a mulher entrasse em um velho lugar, no final da rua.

–Boa noite S-Senhorita Natasha! –Disse o atendente do local, que parecia uma antiga loja, porém sem produtos. –O que procura hoje?

–Preciso do equipamento médico que te falei.

–Certo, ele chegou hoje mesmo.

–Ótimo, preciso para uma pesquisa de extrema importância.

–Mas, como eu falei ele irá sair muito caro...

A mulher de olhos diferentes retirou de sua bolsa dois potes de vidro e os colocou no balcão do atendente, que olhava feliz, como se aquilo fosse lhe render um bom dinheiro.

–Estão perfeitos. Eu mesma verifiquei, como todo o cuidado, obviamente. –Dra. Natasha esperava uma resposta enquanto o homem examinava o conteúdo dos potes: Dois corações humanos.

–É sempre um prazer fazer negócios com você, Senhorita. Acompanhe-me, vou pedir para que alguns rapazes de confiança ajudem a leva-lo para casa.

***

Alguns minutos mais tarde, Natasha e dois homens, que carregavam uma caixa lacrada cada, foram embora do lugar enquanto todos observavam disfarçadamente.

A doutora pisou no cigarro do homem caído mais uma vez, mas ao invés de seguir seu caminho, abaixou-se e verificou sua pulsação.

–Quer saber? Acho que você pode ser útil... –Ela levantou-se e olhou ao redor, até seu olhar fixar-se em um homem musculoso que jogava com algumas pessoas. –Ei, você! Poderia me ajudar?

Ele a examinou com os olhos e levantou-se.

Logo, todos comentavam qual seria o fim daquele homem desmaiado, que agora, carregado, seguia os passos do Anjo da morte.

[Flashback off]

–Thomas... –Eu estava pensativa.

–Sim? –Respondeu o ruivo.

–Eu estava pensando... Talvez seja melhor eu voltar para o hospital, preciso encontrar um horário para uma consulta de rotina, não tenho me sentido muito bem nesses últimos dias.

–Tudo bem... Mas não é nada sério, é?

–Não, pode ficar tranquilo!

–Vou confiar em você... Melhor não ser mesmo! –Ele sorriu e um pequeno riso, antes de beijar minha bochecha. –Até mais.

Observei-o indo para casa, até que um casal de meia idade ofereceu-lhe ajuda. Eles pareciam ser pessoas bem simpáticas.

Voltei para o hospital, mas minha intenção não era (nem um por cento) marcar uma consulta. Encontrei Dra. Natasha com uma bolsa preta e sem sua roupa branca, como estava mais cedo, seu turno havia acabado.

Esperei até ela sair do hospital e sem pensar muito decidi segui-la. Sabia que eu estaria correndo diversos riscos, porém, eu soube da existência deles durante a minha vida inteira.


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Notas finais do capítulo

Eaí o que acharam da Natasha? Sugestões?

Me falem suas opiniões nos comentários e deixem uma autora feliz!!!