O Sorriso Psicopata escrita por Wendy


Capítulo 15
Encontre-me, se puder


Notas iniciais do capítulo

Feliz ano novo, pessoas ^^


Boa Leitura!



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Dra. Natasha caminhava rapidamente. Usava um sobre-tudo preto e frequentemente checava se não estava sendo seguida. Eu mantive uma boa distância da médica e todo o cuidado para não ser percebida, porém, mesmo com todos os devidos cuidados, quase havia sido pega várias vezes. A maioria dos moradores do bairro estava dentro de suas casas, assim, as ruas ficavam praticamente vazias. Com a ajuda em maior parte das árvores e esquinas, consegui esconder minha presença.

Por um momento, senti uma sensação estranha, do tipo que sentimos quando vamos dormir após assistir um filme de terror e pensamos que alguém ou algo pode estar nos observando. Olhei para trás e para todos os pontos que minha visão alcançava, mas não havia ninguém e tudo o que consegui ouvir foi o sussurro do vento passando pelas pequenas ruas desertas, pelas casas silenciosas e, mesmo que por pouquíssimo tempo, dando vida às folhas, que logo voltam ao seu estado quieto, apenas esperando a próxima brisa pra ganharem vida novamente.

Quando concentrei-me novamente à minha frente, percebi que a mulher já havia virado a esquina logo adiante e apressei-me para não perdê-la de vista, mais uma vez.

As casas do bairro pareciam ter sido construídas há muito tempo, por terem uma aparência antiga, mas ao mesmo tempo, que trazia um ar sofisticado à cidade. No final da rua em que eu estava, havia uma casa também desse tipo, contudo, aparentemente maior que as outras. A doutora abria o portão da casa e escondi-me rapidamente atrás de uma árvore frutífera quando ela deu sua última checada na rua. Para verificar tanto se estava sendo seguida, era certo que escondia algo e não estava disposta á mostrar para o público o que era.

Segui em direção ao portão, estudando-o de longe para descobrir uma boa maneira de entrar no local.

Quando fiquei frente a frente às claras barras de ferro do portão, algo me chamou a atenção: Uma mancha escura e enorme me encarava de dentro do quintal. Possuía pelos eriçados e não demorou a mostrar suas presas e um olhar desconfiado e ameaçador. Suas garras e cicatrizes no rosto não tornavam a situação melhor. Aquilo só poderia ser um cachorro, mas existia uma espécie tão grande para se parecer com o mais feroz dos lobos? Contudo, o animal usava uma coleira preta. Julie sempre estava vendo algo sobre cães e sempre acabava nos mostrando também; Mostrava os maiores, os menores, os mais diferentes, porém, nunca havia encontrado um que se parecesse com o que possuía olhos prateados que me encaravam ameaçadoramente.

Eu cheguei até aqui... – Pensei. – Não posso simplesmente desistir por culpa do lobo mal, afinal, a casa da “vovó” está logo á frente.

Subi o muro com cuidado. O “cãozinho” olhava com atenção cada movimento, mas não emitia nenhum som e permanecia em seu lugar. Parecia ter sido muito bem treinado, mesmo eu acreditando que lobos, principalmente amedrontadores como ele (pois aquilo definitivamente não era um cachorro) poderiam ser treinados e usados como guardas e até bichinhos de estimação.

Peguei minha faca, coisa que eu não conseguia sair sem e caminhei devagar em cima do muro; Mesmo assim, apenas seus olhos me seguiam, sempre atentos. Aproximei-me de onde ele me observava. Com um movimento rápido e bem calculado eu poderia subir numa árvore muito próxima e se tivesse a chance de a sorte estar ao meu lado mais uma vez, chegaria à varanda do segundo andar escalando seus galhos.

Aproximei-me da árvore. Mais um pequeno passo. O lobo parecia tentar ler meus pensamentos, não sabia se ele estava conseguindo. Respirei fundo. Salto à distância nunca havia sido meu esporte favorito e muito menos algo que eu gostasse de praticar. O galho mais próximo estava à minha frente e não querendo que aquilo demorasse, finalmente pulei. Deu tudo certo e consegui cair sobre o galho da enorme árvore. Ou pelo menos era o que eu queria que tivesse acontecido, pois teria evitado dores no corpo ao cair no gramado, que era minha única preocupação até descobrir que o lobo havia mudado de opinião quanto à apenas me encarar.

Antes que eu pudesse fazer algo, uma mancha preta já havia me alcançado e tudo o que consegui for proteger meu pescoço. Tentei chutar seu focinho, porém o animal foi mais rápido e eu senti que minha bochecha, assim como minha mão esquerda, queimavam. Havia uma profunda marca de três garras que começava no rosto e terminava na mão, que tentava proteger minha garganta, lugar onde os animais geralmente atacam sua presa. O “cão” não parecia ser treinado para matar, pois se quisesse, poderia facilmente ter arrancando minha mão e mordido meu pescoço, talvez seu objetivo fosse apenas deixar a vítima inconsciente.

Olhei para a minha mão esquerda, as marcas das unhas do animal doíam, mas então senti algo pulsando na minha mente, aquele estranho “sentimento” havia voltado. Não estava tão poderoso, porém ganhava cada vez mais força e eu sabia o que deveria fazer para que ele não piorasse ainda mais.

Aquela sensação parecia tomar contar de mim. Cada músculo do meu corpo, unidos com a minha mente, parecia determinado a finalizar aquela situação; Todo o meu foco estava no lobo de olhos prateados. Agarrei minha faca com as duas mãos, que pareciam mover-se sozinhas, ignorando a dor que antes havia tomado conta de mim. Levante-me e o animal estava preparado para me derrubar, porém, antes que ele conseguisse tornar esse desejo real, uma faca já havia percorrido seus olhos. Com um grunhido, ele sacudiu sua cabeça sem parar, até o momento em que eu consegui cortar sua garganta, manchando minhas roupas sujas e o gramado.

Os machucados ainda doíam, entretanto, o “sentimento”, já satisfeito, me abandonou. Tudo havia sido muito rápido, mas aquilo poderia resultar em uma bela distração para que a Doutora ficasse fora de sua casa, pelo menos por um tempo. Foi então, que uma ideia iluminou minha mente.

***

Minhas mãos estavam cheias de sangue, precisei sujar ainda mais minhas roupas para limpá-las. Fui em direção aos fundos da casa, arrastando um cobertor que eu havia encontrando na “casinha de cachorro” do labo, onde também havia potes com água e o que parecia ser restos de corpos de algum animal. O cobertor estava dobrado, formando um saco, que estava cheio. Quando a médica abrisse sua porta iria deparar-se com uma pata ensanguentada de seu animalzinho de estimação no jardim e ao lado, uma frase escrita com seu sangue: “Gosta de quebra-cabeças? Encontre-me inteiro, se puder”. Eu esperava que aquilo fosse uma boa distração.

Perto de algumas flores, um coração foi deixado. Dentro de uma árvore, um membro. Ao invés de água dentro de um velho regador de plantas, um intestino. E o “saco-cobertor” ficava cada vez mais leve e vazio. Deixei-o por um minuto e toquei a campainha, mas logo depois segui para os fundos da casa novamente, pois minha intenção não era ser atendida.


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Notas finais do capítulo

E aí, pessoas, o que acharam do capítulo de hoje? Sugestões? Críticas? Elogios? Xingamentos? Comentários?

Até a próxima o/