Sabe aqueles dias em que você não quer ver ninguém, ouvir ninguém, falar com ninguém, nem mesmo lembrar que outras pessoas existem no mundo? Hoje era esse dia. Eu havia acordado cedo demais e mal-humorada demais para conseguir aguentar visitas de pessoas que fingem se importar, mas na verdade estão somente com pena de mim.

Eu precisava realmente me desligar do mundo naquele momento, e tudo que podia fazer era pôr meus fones de ouvido e ouvir todas as músicas das minhas bandas favoritas, tudo isso, claro, enquanto eu lia algum livro.

De súbito, me olhei no espelho, procurando alguma coisa de minha mãe em meu rosto, nunca fui parecida com ela, o detalhe que era mais parecido eram os olhos verdes, porém os de Dona Helena, eram verdes azulados, e os meus verdes brilhantes, tão fortes que contrastavam com a minha pele clara e o meu cabelo tão escuro quanto a noite, ele era comprido e ondulado, totalmente diferentes de mamãe que tinha cabelos loiros, lisos e curtos. Eu nem sabia como as pessoas podiam me reconhecer como filha da sra. Stone sendo tão contrária a aparência dela.

Estava com uma vontade gigante de jogar algum vaso na parede, mas acabaria me sentindo culpada, nem sei ao menos por quê, eu devia ser egoísta e olhar mais para o meu sofrimento ao invés de me importar com uma droga de vaso de cristal. Uma raiva vinda de sei-lá-aonde me fez atingir o vaso com um forte tapa, tudo o que vi depois foi o vidro se espatifar no chão e um caco atingir a minha mão deixando um pequeno corte " desde quando eu tenho tanta força assim?".

Mesmo tendo aulas de feitiço com a minha mãe todos os últimos 4 anos de minha vida, eu não tinha uma varinha própria,("Você só vai poder ter sua própria varinha quando entender para que serve a magia." Ela sempre dizia isso enquanto me fazia treinar com a varinha antiga dela, que por sinal, quase pôs fogo na casa da primeira vez que eu tentei usar, hoje em dia ela só solta algumas faísquinhas) então me enfiei no quarto de hóspedes (Dona Helena jamais havia suspeitado um segundo que eu já tinha descoberto onde ela guardava a minha varinha de treino, só para ela ter certeza de que eu não explodiria a casa.) e retirei o piso de madeira solto aonde se encontrava a minha varinha de estudo, voltei ao meu quarto e encarei os restos do vaso de cristal "Qual era mesmo o feitiço?... Ah , lembrei!" 

- Reparo!

O vaso voltou a sua forma, quase como se eu tivesse apetado o botão voltar de um DVD, satisfeita, fui a sala e continuei a ler o meu livro, estava na melhor parte do livro quando a campainha me interrompeu e tive que atender (Mel nunca atende a porta, não sabemos como seria a reação dos vizinhos se vissem uma elfa mágica abrir a porta [N/A: Para desmaio eminente, aperte 1. Grito histérico, aperte 2. Choque, aperte 3. Desconforto aparente, aperte 4]). Lá estava, um garoto de cabelos tão azuis quanto o céu no dia seguinte a morte da minha mãe, vestindo uma longa capa preta por cima da calça de jeans, da camiseta branca e dos coturnos, um tipo, digamos assim, meio estranho, analisei-o e por fim, finalmente perguntei:

- Quem é você?

- Sou Teddy Remus Luppin, um bruxo.