Eu puxei meu braço da mão do Ethan e ele soltou, já o Vince ficou segurando ainda alguns segundos e me encarou de um jeito diferente, eu não me importei, comecei a andar rápido pelo campus, quando vi as lágrimas já tinham enchido meus olhos e estavam transbordando, antes que eu conseguisse chegar no Lauren Hall, alguém segurou meu braço, eu me virei furiosa enquanto sentia minha cabeça pesar.

– Eu posso explicar. – era o Ethan.

– Eu não quero suas explicações! – eu disse alto, ele me olhou magoado e abaixou os olhos.

– Eu não queria que você soubesse disso Flor, não tem necessidade... Eu... – ele baixou a cabeça.

– VOCÊ MENTIU PRA MIM ETHAN! – eu berrei. – ESSAS COISAS A GENTE FALA NO PRIMEIRO ENCONTRO, OI ME CHAMA ETHAN HALL TENHO DEZENOVE ANOS, TENHO UM IRMÃO, UMA MÃE GOSTOSONA E ETC...! – eu disse alto, ele ficou me encarando e vi seus lábios se repuxarem num sorrisinho, fiquei mais brava ainda. – imbecil! – eu empurrei seu peito e continuei andando, ele segurou minha mão e me puxou, nossos corpos ficaram um de frente para o outro e ele me encarou nos olhos.

– Eu não queria te contar que o Vince era meu irmão, porque você ia se apaixonar por ele também. – sua voz ficou amarga, eu me soltei dele incomodada com a situação.

– Me apaixonar por ele Ethan? – eu disse debochada. – me poupe.

– Ah, qual é Flor! – ele disse alto. – todas as garotas suspiram quando ele passa pelo Lauren Hall, nem mesmo você que é a garota mais bacana que eu conheço ia conseguir ficar longe desse... Chame dele...

Bacana? Ok!

– E mentir é uma opção legal né Ethan? – meus olhos se encheram de lágrimas de novo.

– Somos filhos só por parte de mãe, quase não nos falamos... Ele bem, gosta de competir comigo em tudo. – ele disse baixo.

– O que? – eu disse não conseguindo ouvir suas palavras, ele pigarreou.

– Ele fica competindo comigo sobre tudo! – ele disse um pouco mais alto. – e tá na cara quem ganha em tudo. Eu não queria perder você pra ele também... – meus ombros amoleceram.

– Porque você me perderia pra ele Ethan? Somos melhores amigos... – eu sorri de lado.

A raiva estava se dissipando.

O Ethan sorriu de lado, completamente irritado com aquela conversa e me deu um beijo na testa, saindo dali em seguida.

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POV Ethan.

Eu dei passos rápidos até a cantina do colégio e pude ver todos os meus “colegas” encarando minha mãe, enquanto o Vince cerrava os olhos para a maioria deles, lancei outro olhar reprovativo para os garotos e me aproximei deles.

– Que merda é essa? – ouvi o Vince dizer alto, seus braços estava rígidos.

– Quero falar contigo! – eu disse encarando o Vince, minha mãe me olhou.

– Parem! – ela disse alto, nós a olhamos. – eu tenho um assunto sério para falar com vocês dois. – suspirando em uníssono e a encaramos.

– Fala mamãe. – eu sussurrei.

– A festa da empresa do pai de vocês é esse final de semana...

Pai de vocês, argh.

– E eu trouxe os convites. – ela me entregou dois e dois para o Vince. – me apareçam lá com essas vadias loiras da faculdade e eu corto o pinto de vocês fora. – ela deu um sorriso amável. – agora, por favor, quando eu virar as costas e for embora, não se espanquem até a morte, ok? – ela me deu um beijo na testa e um beijo no rosto do Vince. – mamãe ama vocês docinhos.

E ela saiu caminhando para fora da cantina, os garotos acompanhando minha mãe com o olhar, e eu não conseguia entender como ela conseguia se equilibrar em saltos tão altos.

– TÃO OLHANDO O QUE? – o Vince gritou. – É A MINHA MÃE CARALHO! – os garotos soltaram risinhos frouxos e eu suspirei irritado.

– Agora vamos conversar! – eu disse cerrando os olhos para o Vince.

– O que você quer? – ele disse de mal humor.

– Para de ficar atrás dela! – eu disse apontando o dedo na sua cara.

– Dela quem? – cínico.

– DA FLOR! – eu berrei, meu rosto foi ficando vermelho e ele cerrou os olhos.

– Escuta aqui... – a voz do Vince ficou séria. – eu sei que você já foi falar merda de mim pra ela, falando que eu quebrei o coração da Melissa... Você sabe que não foi assim que aconteceu! – a voz dele ficou mais cautelosa. – para de bancar o bom moço, você sabe o que aconteceu.

Eu balancei a cabeça para espantar a lembrança, antes que meu corpo ficasse cheio de culpa.

– Fica longe da Flor. – eu disse pausadamente.

– Me dá um bom motivo. – ele disse baixo. Eu suspirei irritado. – você gosta dela? – ele perguntou.

– NÃO! – eu gritei.

– Então acabou. – ele virou as costas e eu puxei seu ombro, ele suspirou irritado e o clima ficou tenso, o refeitório ficou em silêncio e nós nos encaramos.

– Fica longe dela. – eu disse baixo.

– Me obrigue. – ele disse mais baixo ainda.

Minha respiração ficou acelerada, quando senti uma mão segurando meu braço e seu perfume doce entrando pelo meu nariz.

– Brigando pela minha melhor amiga, meninos? – era a Mia, sua voz me relaxou, o Vince suspirou e sorriu pra ela.

Era impossível não ficar calmo com a Mia por perto.

– Já está avisado. – eu sussurrei para ele.

– Parem com isso, até parece que a Flor vai querer algum de vocês. – ela disse dando de ombros e passou por nós, seguimos ela instantaneamente.

– O que? – o Vince foi o primeiro a perguntar, provavelmente seu super ego tinha sido afetado.

– O tipo da Flor, é mais... – ela olhou em volta. – Kevyn, Daniels... – ela olhou em volta e depois deu de ombros. – tem mais um bonitinho que fica sentado ali no canto...

– Michael? – eu disse alto, ela sorriu.

– Obrigado Ethan! – ela acariciou meu rosto. – ele mesmo.

– Eu faço o tipo de qualquer uma. – o Vince foi o primeiro a dizer, confuso.

– Qualquer uma não se encaixa no perfil da Florzinha, meu bem. – ela disse piscando e saiu rebolando dali.

Eu sorri, pelo menos meu meio irmão egocêntrico não estava nos planos da garota que eu gostava.

– Quer apostar como ela vai se apaixonar por mim também? – o Vince virou o rosto pra mim.

– A Flor não é assim, ela não é um troféu Vince, você não pode brincar com o coração dela. – minha voz saiu amarga.

Ele deu de ombros e saiu porta a fora, dei a volta no refeitório quando vi a Flor entrando e indo sentar do lado da Mia.

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POV Flor.

Sentei do lado da Mia e suspirei irritada, ela soltou a batatinha na mesa e virou o rosto pra mim.

– O que foi querida? – ela largou o Morro dos Ventos Uivantes e virou rosto pra mim enquanto mastigava a batata frita.

– Estou irritada. – eu disse por fim, ela virou o rosto pra mim e revirou os olhos.

– Mas é claro que você está! – ela disse me encarando e depois aproximou o rosto do meu. – parece que os bonitões estavam brigando por sua causa. – ela disse rindo, eu franzi a sobrancelha.

– Quem? – perguntei.

– Vince e Ethan. – ela disse rindo e depois pegou seu exemplar recém comprado da internet, eu coloquei a mão em cima do livro e virei seu rosto pra mim.

– Brigando por minha causa? – eu disse confusa.

– Ora Flor, é claro. – ela disse rudemente, eu olhei pro meu prato e sussurrei.

– Mas isso é ridículo... Quer dizer, eles deviam brigar por sua causa... – ela suspirou irritada e levantou da mesa abruptamente me puxando para cima, saímos do refeitório até o banheiro e paramos em frente ao espelho no canto esquerdo, e ficamos encarando nossas imagens refletidas, eu podia ver a Mia atrás de mim, com seus cabelos em um tom de loiro que chegava a ofuscar meus olhos, ela parou atrás de mim e segurou minhas mãos.

– Está vendo isso. – ela disse apontando para mim.

– O que? – eu disse suspirando irritada.

– Você! – ela gritou e depois saiu de trás de mim. – VOCÊ É LINDA FIORELA STANLEY! – ela gritou.

– Isso soa até como um elogio perto de você... – eu corei, ela suspirou.

– Flor, você chama a atenção dos garotos onde quer que você vá, para de se achar inferior só porque eu tenho o cabelo loiro e sedoso. – ela sorriu e jogou o cabelo para trás, tomando foco. – você é linda! – a última palavra não entrou na minha cabeça.

Me encarei dos pés a cabeça e vi uma garota completamente diferente daquela que eu via todos os dias.

Ela sorriu pra mim e em seguida vi uma figura mais alta atrás de mim, me virei abruptamente, Vicente estava com os braços cruzados encostado no batente.

De repente a Mia tinha sumido e eu estava sozinha com ele.

– Ela tem razão... – ele sussurrou.

– O que você está fazendo aqui? – eu perguntei baixo o suficiente para que ele me ouvisse.

Tomei cuidado para não encarar seus olhos cinzas para não me perder o fio do pensamento e ele se aproximou de mim lentamente, parando na minha frente.

– Saber se você estava bem depois de saber que seu melhor amigo tem um meio irmão. – a voz dele soava altamente maliciosa e isso me deu vontade de beija-lo.

O QUE?

Parei de pensar nisso.

– Graças a Deus ele não se parece em nada com o irmão. – eu disse com raiva.

– Você sempre faz isso? – ele perguntou mudando completamente o rumo da conversa.

– O que? – eu disse confusa.

– Se esforça para parecer indiferente a mim. – após falar a frase ele deu um sorriso malicioso zombeteiro que fez meu coração acelerar e me dar raiva.

– Eu não estou me esforçando. – eu disse sorrindo do mesmo jeito que ele. – eu estou apenas sendo eu mesma, eu não gosto de você. – eu disse entre dentes, ele sorriu de lado.

– O que você é Flor? – de repente toda aquela mascara de pegador caiu e ele era apenas um garoto na minha frente.

– Como assim? – eu perguntei.

– Eu quero te beijar. – ele disse sem delongas. O ar sumiu dos meus pulmões. – e normalmente não sou eu quem quer beijar as garotas, é elas quem querem me beijar. – sua voz saiu falha no final e ele aproximou o rosto do meu, minha respiração acelerou e minha primeira atitude foi levantar o joelho para acertar um chute nele.

Ele se abaixou e caiu sentado no chão gemendo, eu coloquei as duas mãos na boca e sai do banheiro correndo, a Mia estava do outro lado falando com alguns garotos e correu quando viu minha expressão.

– O que aconteceu? – ela disse curiosa. Eu diria que ela estava até curiosa demais.

– Eu o chutei. – eu disse baixo e olhei para trás.

– O QUE? – ela berrou.

– Ele ia me beijar. – eu me encolhi diante da expressão da minha melhor amiga.

– JUSTAMENTE! – ela gritou, depois sua expressão se suavizou. – o que eu estou falando, ele é destruidor de corações, ainda bem que você o chutou. – ela acariciou meus cabelos e me puxou pela mão para sairmos do refeitório.

Eu não estava contente com aquela situação, eu queria voltar lá e pedir desculpas para o Vince, mas minha coragem tinha toda se esvaído, eu tinha sido uma idiota em chuta-lo porque por mais que eu odiasse aquela ideia, eu gostaria de ter sentindo seus lábios nos meus.