Cheguei em casa e fui direto para a cozinha comer, já que não tinha comido nada desde que acordei, no almoço tentei comer mas perdi a fome. Fui até a geladeira e peguei um pedaço de bolo de chocolate que tinha lá, me sentei e comecei a comer. Não tinha ninguém em casa, somente eu, fiquei feliz por isso. Não queria minha mãe me olhando com pena, prefiro sofrer sozinha. Escutei a campainha e me levantei para atender, abri a porta e era a Fatinha e a Ju.

Oi amiga !

A Fatinha disse me abraçando e entrando em casa.

Oi amiga.

A Ju também me abraçou e entrou.

Alguém convidou vocês para entrarem ?

Eu perguntei brincando, mas sem sorrir.

Não precisa, nós somos de casa.

A Fatinha disse e elas se jogaram no sofá.

Ah ta, mas o que vocês vieram fazer aqui ?

Perguntei me sentando.

Nossa amiga isso jeito de nos receber ? A gente só veio saber como você está.

A Ju disse fingindo ter se ofendido.

Ta bom, vocês duas saíram das casas de vocês até aqui para saber como eu estava, mesmo tendo visto meu estado lá no colégio.

Disse e elas riram.

Ta, nós viemos te chamar para irmos comprar nossas fantasias para a festa, já é sábado agora.

A Ju disse animada.

Desculpa meninas, to sem cabeça para festa ainda mais sabendo que com certeza o Vitor e a Luana vão estar lá.

Eu disse triste.

Mas amiga, você precisa ir e se divertir um pouco. Nós sabemos que você não fez aquilo com o Vitor, mas agora ele está aí se divertindo, saindo com a Luana e nem ligando para o que aconteceu.

A Ju disse se sentando no sofá me olhando.

Mas meninas vocês não sabem como dói, a pessoa que você ama não acreditar em você, te odiar e ainda mais, namorar com sua inimiga. E ele ainda fica jogando na minha cara que eu sou igual á elas, que eu sou uma vadia que sai com qualquer um.

Disse me segurando para não chorar.

Amiga não fica assim.

Elas vieram me abraçar.

Olha Lia, nós temos que ir pois temos que comprar nossas fantasias mas se mudar de ideia em relação a festa, pode contar com a gente. E para tudo o que você precisar, nós acreditamos em você.

A Fatinha disse me dando mais um abraço assim como a Ju. E elas se foram, fui até a cozinha, terminei de comer o pedaço do bolo e lavei o prato. Fui até meu quarto arrumar a bolsa que levei para a pousada que ainda não havia arrumado. Joguei a bolsa em cima da cama, me sentei e a abri. Comecei a tirar as roupas que tinham lá e embaixo de algumas achei a câmera do Vitor, a peguei e comecei a ver as fotos e vi as minhas fotos com ele e comecei a chorar novamente, tinha uma foto minha com ele e soltei uma pequena risada com uma foto em que ele tirou de surpresa que eu estava com o cabelo todo bagunçado. Desliguei a câmera e resolvi ir devolvê-la ao dono, mas não sabia se tinha forças para isso. Peguei meu notebook e passei todas as fotos para ele, depois voltei a desligá-la e desci. Saí, precisava devolvê-la a ele, era registro da nossa felicidade, e mostrava o quanto fomos felizes. Puxei meu capuz e fui em direção a sua casa, quando cheguei na porta, pensei muito se deveria ou não encontrá-lo.

Dane-se.

Disse para mim mesma e toquei a campainha, alguns minutos depois ele abri a porta com o rosto vermelho, parecia estar chorando.

O que você quer ?

Ele perguntou bravo.

Te devolver sua câmera que ficou em minha bolsa.

Eu disse estendendo a câmera para ele.

Obrigada.

Ele disse pegando a câmera e eu me virei para ir embora, não queria chorar na frente dele.

Lia espera.

Ele disse e eu me virei o olhando.

Por que você fez isso comigo ? Por que você me traiu quando eu te dei todo o amor que nunca dei para nenhuma outra garota ?

Ele disse dessa vez chorando.

Vitor você não sabe como me dói você me dizendo isso, mas sei que não vai adiantar te dizer que não fiz nada, pois você não acredita.

Eu disse e ele correu até mim ficando na minha frente.

É difícil acreditar que você não fez nada, quando te encontrei na cama com outro garoto.

Ele disse triste ainda chorando.

Vitor deixa eu ir embora não quero sofrer ainda mais do que estou sofrendo.

Eu disse me virando mas ele me puxou pela mão e me beijou, foi um beijo de saudade, retribui seu beijo já que parecia ser o ultimo que iríamos ter. Depois te um tempo o empurrei.

Vitor não faz mais isso, você só irá me fazer sofrer ainda mais.

Eu disse entre as lagrimas que caíam.

Lia você não é a única que está sofrendo, eu amo você como nunca amei ninguém, mas agora só em pensar que nunca mais iremos ser felizes como éramos antes, que nunca mais irei sentir seu cheiro, seu beijo e que você fez aquilo comigo me dói muito.

Ele disse me olhando nos olhos ainda chorando.

Vitor isso foi uma escolha sua, e pode apostar que estou sofrendo muito mais que você. Com todo aqueles abraços e beijos seus com a Luana, ela me jogando na cara que conseguiu te pegar de volta e você me odiando achando que fiz algo que não fiz. Então me deixa ir embora, não basta você me ver sofrendo assim ? Quer acabar comigo ? Pois você ta conseguindo.

Eu disse saindo chorando em direção da minha casa, quando cheguei lá fui direto para o meu quarto, me joguei na cama e voltei a chorar. Meu celular tocou e eu fui atendê-lo, era minha mãe.

Oi mãe.

Disse disfarçando a voz, ela notou, mas ignorou.

Oi minha filha, só liguei para avisar que vamos jantar na casa da Dora hoje.

Balancei minha cabeça negativamente, minha mãe é louca.

Mãe não to em clima para jantar, muito menos na casa da Mãe Do Vitor.

Lia, o Vitor não vai estar lá e eu vou chegar um pouquinho tarde então nem vai dar para fazer o jantar, vamos filha por favor, pela sua mãezinha linda.

Ela disse fazendo uma voz fofa e eu dei uma risada fraca, o que eu não faço pela minha mãe.

Ta bom mãe, mas o Vitor não vai estar lá né ?

Não, a Dora me confirmou que ele não ia estar lá.

Ela disse feliz por eu ter aceitado.

Então ás oito eu passo aí e nós vamos lá.

Ela disse me mandando um beijo pelo telefone e eu desliguei. Olhei e já eram seis da tarde, terminei de arrumar a bolsa que eu não tinha terminado. Guardei tudo no lugar e tomei um banho, sequei o cabelo e o deixei solto de qualquer jeito e me vesti. Fiz algumas coisas enquanto esperava minha mãe, ela chegou ás sete e meia e decidimos ir andando já que a casa da Dora não era longe.

Então minha filha, você está melhor ?

Minha mãe perguntou enquanto caminhávamos para a casa da Dora.

Sinceramente, não.

Disse a olhando.

To vendo.

Ela disse analisando minha roupa.

O que foi ?

Perguntei também olhando minha roupa e não parecia ter nada errado.

É que você nunca usou esse seu vestido, sempre disse que não combinava muito com seu estilo.

Mas é que eu nem vi, peguei a primeira roupa que vi na frente, vesti e nem se quer me olhei no espelho.

Eu disse sem animação.

Lia cuidado.

Minha mãe disse mas foi tarde demais e acabei caindo em uma poça de lama e me sujando toda. Minha mãe em vez de me ajudar ficou rindo de mim, me levantei e meu cabelo estava um lixo, assim como meu vestido.

Eu vou voltar para casa.

Eu disse analisando meu vestido.

Não, nós já estamos na casa da Dora.

Minha mãe disse apontando para a casa atrás de nós, olhei e de repente meu coração acelerou por ver aquela casa.

Vem.

Minha mãe puxou minha mão me levando para lá, assim que chegamos na porta ela tocou a campainha e a Dora atendeu.

Oi Raquel.

Ela disse abraçando minha mãe, depois me olhou dos pés a cabeça.

Nossa Lia, o que aconteceu ?

Ela disse nos puxando para dentro da casa.

Eu caí em uma poça de lama.

Eu disse voltando a olhar meu vestido.

Você tinha que ver Dora, ela foi, foi, foi e puf na lama.

Minha mãe disse logo depois soltou uma gargalhada seguida pela Dora.

Obrigada pela ajuda de vocês.

Eu disse olhando para as duas que tentaram parar de rir.

Lia se você quiser você pode tomar um banho, tem uma roupa sua , vai lá tomar um banho, que eu deixo as coisas na cama do Vitor já que você vai ter que usar o banheiro dele.

A Dora disse e eu senti um aperto no coração quando ela disse o nome do Vitor.

Ta né.

Eu disse subindo, hesitei em entrar no quarto dele, mas logo entrei. Ver aquele quarto com seu cheiro, e as coisas dele não ajudou na minha dor, saí caminhando para o banheiro para ver se sofria menos. Tomei meu banho, me enrolei na toalha que também tinha seu cheiro, ignorei esse fato, e sequei meu cabelo. Quando abri a porta do banheiro para sair, encontrei o Vitor parado perto da cama olhando para minhas roupas que estavam estendidas lá. Ele me olhou e ficamos assim nos fitando em silencio por alguns minutos.

Vou me trocar no quarto da Dora.

Eu disse pegando minha roupa em cima da cama.

Não precisa, eu já estou saindo só vim buscar o celular que eu esqueci.

Ele disse seco, pegando o celular em cima da cômoda.

VITOR VAMOS.

Escutei uma buzina e uma voz que parecia ser da Luana.

Então acho melhor ir logo, porque a sua namorada está te esperando.

Eu disse tentado esconder a tristeza mas não deu certo.

É verdade.

Ele disse e saiu. Me sentei na cama desolada, como ele podia me tratar assim? Ele não sabe que está me fazendo tão mal? Me levantei, vesti a roupa e saí daquele quarto o mais rápido possível. O jantar foi calmo, minha mãe e a Dora conversavam e eu apenas mexia na minha comida. Depois do jantar fomos para casa, assim que chegamos lá dei boa noite para minha mãe e subi para meu quarto, deitei na cama e caí no sono logo, logo. Na manhã seguinte minha vontade era não sair da cama, era ficar ali deitada para sempre, mas pena que não podia. Me arrumei e sai andando para a escola, assim que cheguei lá fui para meu armário.

Oi maninha.

O Diego disse me abraçando, retribui o abraço.

Oi irmãozão.

Oi amiga.

A Fatinha e a Ju disseram juntas e me abraçaram.

Oi esposa.

O Fera e o Gui também disseram juntos e me abraçaram.

Oi Lia chata.

O Gil disse e ele e o Bruno me abraçaram.

Nossa, vou cobrar por abraço.

Eu disse brincando e eles riram.

Bom dia Lia.

A Luana disse com um sorriso falso, abraçada com o Vitor.

Só se for para você.

Eu disse fechando meu armário.

Nossa quanta educação.

Ela disse rindo de mim.

Se quiser educação procura uma escola e, aliás, eu não sou educada com qualquer uma.

Eu disse a olhando com raiva.

Você ta me chamando de qualquer uma ?

Ela perguntou um pouco irritada.

Não, porque para mim você não é qualquer uma. Para mim você não é ninguém.

Me virei e comecei a arrumar umas coisas em minha mochila, escutei o pessoal rindo dela.

Vitor fala alguma coisa.

Ela disse irritada com as pessoas rindo dela.

Lia não fala assim com a minha namorada.

O Vitor disse para me provocar.

Eu falo do jeito que eu quiser porque a boca não é sua é minha. E se ela quiser que eu a trate como uma pessoa, que ela procure uma forma de ela nascer de novo, porque do jeito que está ela para mim não é nada.

Eu disse sem se quer olhá-lo e sai dali. Fui para o banheiro, entrei em um dos box e me sentei no vaso sanitário, apoiando meus pés para que ninguém me visse lá, estava sem cabeça para assistir aula, sem cabeça para aguentar a falação da Luana, sem cabeça para nada, minha vontade era sumir daquele lugar. Eu não estava aguentando mais a dor que aquilo tudo me causava, era como se sem ele eu não fosse a mesma, o que era verdade. Pois desde de que ele me deixou eu não dou um sorriso verdadeiro, eu não consigo mais rir de nada, não paro de chorar e isso só piora, pois ele me trata indiferente, fica de papos e risos com a Luana para me irritar e isso me machuca. No intervalo saí do banheiro e fui para o refeitório, peguei meu almoço e fui para uma mesa sozinha.

Não precisa ficar sozinha, só para se fazer de coitada porque eu não acredito, Lia.

Escutei o Vitor falar e o olhei, ele estava sozinho me olhando com um olhar bravo.

Quem aqui ta se fazendo de coitada? Só se for sua namorada que é uma puta desgraçada que aprontou comigo e ta me deixando nesse estado agora.

Eu disse olhando em seus olhos.

Já disse para você deixar de tentar por a culpa do que você fez na Luana.

Ele disse mais irritado, me levantei com meu suco na mão e o olhei bem no fundo de seus olhos.

Um dia você ainda vai descobrir a verdade e se arrepender pelo que está me fazendo passar, e tomara que no dia que isso acontecer eu esteja por perto.

Eu disse jogando meu suco nele e saindo com todos no refeitório me olhando.