Tentei ao maximo ignorar os dois, me concentrei em lembrar por que eu me sentia tão bem, era estranho, depois de alguns minutos um nome veio a minha cabeça, foi ai que lembrei de todo o drama.

Eu havia sonhado com o Marcelo, e eu tinha de agradecer isso, por que ouvir dele que eu não era a culpada por sua morte, isso facilitava muito, já não tinha mais o peso da culpa sobre mim e a sensação era como se tivesse tirado um grande peso de cima de mim.

Me levantei e logo dei de cara com o espelho, e ate que não estava tão ruim, penteei o cabelo e fiz uma trança lateral frouxa. Coloquei um short jeans, uma blusa vermelha e um all star que eu achei, serio quem quer que tenha escolhido aquelas roupas sabia exatamente meu estilo.

Havia tipo uma baia para guardar a faca ao lado da cama, amarrei no meu short e até que ficou legal ali, mais pratico do que ficar guardando no cano da bota.

Sai andando pelos corredores, pensando e segurando o tridente, era um habito meu mexer no pingente enquanto pensava, e automático, na maioria das vezes nem percebo o que estou fazendo.

Havia acontecido tanta coisa nas ultimas semanas. Fui atacada por um ciclope, descobri que minha melhor amiga e uma sátiro, descobri que meu pai é Poseidon, que os deuses gregos existem.

Fui para o acampamento meio sangue, minha mãe deixou claro que eu não precisava voltar, ganhei um irmão, uma cunhada e grande amiga, um namorado, ou quase isso, não sei dizer ao certo o que somos.

Erick traiu não só a minha confiança, mas a de todos, lutei contra vários monstros, fiquei muito boa com o arco e flecha, melhorei bastante na luta com espadas. Quase morri com uma bola de fogo grego, só estou viva por que cai na água e uma sereia me levou ate o reino do meu pai.

Achei uma Pégaso que se tornou uma grande amiga, fui para o submundo, conheci os campos Elíseos, recebi a benção de Hades.

E agora estou no reino do meu pai, escondida, todos pensam que estou morta, já que Hades e Poseidon estão encobrindo isso para minha própria segurança. Annabeth esta ajudando a encobrir o fato de o Percy estar aqui, ele esta usando a desculpa de que esta ajudando Poseidon com algumas coisas, e também que ele não superou o fato de eu ter morrido.

Eu, estou tentando ao máximo não voltar ao acampamento, sei que antes não via a hora de poder sair de lá, me livrar dos olhares campistas, mas agora, eu simplesmente queria poder voltar.

Sinto falta das aulas com o Percy, da praia, do cheiro dos morangos, das conversas com a Annabeth e de estar com o Nico, se bem que nos últimos dias eu andei viajando bastante para o Mundo inferior, aprendi a andar nas sombras, o que é bem útil, mas cansativo.

Depois de um tempo, quando se pega pratica mesmo, nem sente as viagem, pelo menos é assim para filhos de Hades. Percy quase desmaiou quando descobriu que eu tinha a benção de Hades e meu pai simplesmente lançou um olhar um pouco preocupado, como se tivesse medo que eu fosse gostar mais do deus dos mortos do que dele.

Praticamente tudo o que eu fazia tanto no reino de Poseidon quanto de Hades era treinar, eles não me deixavam descansar por muito tempo, o único que na maior parte do tempo me dava uma folga era o Nico e isso por que eu beijava ele, o distraindo.

Percy não poupava suas habilidades, acabava comigo facilmente, até mesmo Tritão, meu meio irmão imortal, deu uma ajuda, mas como ele tem calda ficava complicado entender o que queria dizer.

Mais uma semana havia passado, agora ja fazia duas semanas que eu estava morando no castelo de Poseidon, contando a semana que eu estava apagada. Treinamento todos os dias. Estávamos treinando com as espadas, Percy tentava me mostrar alguns movimentos bem complicados, mas eu não conseguia entender, era como se ele estivesse falando um idioma completamente diferente.

-Olha, por que não usa o movimento comigo? Assim quem sabe eu entendo.

Ele usou, colocou a lamina de sua espada no cabo da minha, com uma precisão e velocidade difícil de acompanhar ele exerceu uma pressão no cabo que se eu não soltasse poderia quebrar o pulso ou alguma coisa do tipo.

-Ai- falei esfregando o pulso, aquilo havia doido- Percy quer me machucar?

-Lara você tem que aprender a lutar bem- ele falou jogando a espada de volta para mim- acha que quando Erick atacar ele vai pegar leve com você?

-Percy eu sei que ele vai fazer de tudo para me matar, ele já provou isso- falei com dificuldade, por que tinha que me defender- mas você não pode me manter em treinamento intensivo, eu preciso de um descanso.

-Não se isso causar sua morte- eu percebi uma brecha e logo ataquei nela, Percy nunca deixa brechas, mas aparentemente ele estava emocionalmente afetado com a conversa, assim eu consegui jogar sua espada longe- muito bom, de novo.

-Você pode ter anos de pratica, tomado um banho no rio Estige, mas eu sou simplesmente uma semideusa, não tenho tantos anos de pratica e treinamento, muito menos a invulnerabilidade que você tem.

-Isso não é desculpa- ele estava quase pegando sua espada, mas eu fui mais rápida e atirei uma flecha nela, jogando-a mais longe- Lara.

-Acabou, por hoje- dei as costas para ele e sai da arena.

Ok, aquilo foi louco, Percy estava ficando maluco tentando me fazer ficar boa o suficiente para não morrer em batalha, mas aquilo havia passado dos limites.E também, eu já estava sentindo a noite chegar, e estava exausta depois de tanto treino.

Mal havia me trocado e deitado na cama já dormi, o que foi o meu pior erro do dia. Depois de muito tempo os sonhos recomeçaram. Eu estava em algum lugar escuro, mal podia ver três palmos a frente, e eu odeio lugares tão escuros assim, me aterroriza, não que eu tenha medo do escuro, mas a sensação que provocava é sem descrição.

Por mais que tentasse descobrir onde estava era impossível, não havia nenhum feixe de luz, nada para iluminar qualquer lugar mínimo, não estava ali a quase nem meio minuto e já estava quase entrando em pânico.

-O escuro é um lugar perigoso, não acha criança? - aquela vos estranha falou, e então foi como se luzes se ascendessem e eu estava em uma sala que reconheci instantaneamente, estava de volta ao lugar que Erick havia nos trazido.

-Por que estou aqui? O que quer? Quem é você? - eu estava tão cheia de perguntas que soltei todas elas de uma vez.

-Tantas perguntas, mas não creio que mereça respostas, achou mesmo que se safaria de atrasar meus planos?

-Que planos?

-Destruir Zeus e os Olimpianos junto com ele- podia distinguir a vos agora, era de uma mulher, mas parecia com o som da terra durante um terremoto, não me pergunte como eu sei disso- concretizar a vingança que planejo a séculos.

-E por que eu?

-Tu és a protegida de dois dos mais poderosos deuses, tem a concentração dos filhos de Atena, a habilidade com arco dos de Apolo, agilidade das caçadoras de Artemis, tens o poder de dominar tempestades melhor do que os filhos de Zeus, a beleza que chama atenção de muitos, assim como as filhas de Afrodite.

-Mas...

-Domina muito bem suas habilidades mesmo que saiam de controle muitas vezes, viaja pelas sombras, e uma viajante, ja passou por muitos lugares, sempre que esta na natureza encontra uma paz que filhos de Demeter e de Perséfone conhecem muito bem, lida muito bem com a tecnologia, característica de filhos de Hefesto, um temperamento explosivo e quando esta irritada luta melhor do que consegue imaginar, assim como filhos de Ares.

-O que quer dizer com isso tudo?

-Tu tens qualidades provenientes de todos os deuses, és uma das semideusas mais poderosas desse século- a vos parecia se aproximar, na verdade estava se fechando sobre mim- e tu serás minha.

-Nunca.

-Pobre criança tola, não tem ideia do que o futuro lhe reserva.

-Prefiro morrer.

-Cuidado com as palavras, elas podem se tornar realidade.

-Sabe que não tenho medo de morrer.

-Sei que não tem medo da morte, muito raro minha querida, mas teme a morte daqueles que estão a sua volta não é? - eu tentei responder mas a vos continuou- que tal experimentar um pouquinho da morte?

Eu não tive nem mesmo tempo de pensar, ao de reagir, simplesmente senti a lamina atravessando meu corpo, e ao olhar para baixo eu podia ver uma gosma verde pingando junto com meu sangue.

A espada estava envenenada, depois disso eu acordei gritando de novo, não sei dizer se o Percy caiu da cama, mas ele apareceu no meu quarto bem rápido, nem precisava dizer que havia sido um sonho.

Dessa vez, ele não pediu para falar sobre o pesadelo, o que eu agradeci, não acho que conseguiria falar sobre aquilo, e o ferimento parecia tão real, a dor era tão real, eu olhei varias vozes para ver se foi realmente apenas um sonho.

Não achei que conseguiria dormir de novo, mas por algum milagre consegui, acho que porque o Percy estava comigo, eu me sentia segura com ele, não apenas por que ele é meu irmão mais velho ou coisa do tipo, mas por que eu confio nele mais do que em qualquer um.

Dessa vez graças aos deuses sem sonhos, acordei melhor depois de algumas horas, meu irmão estava dormindo no chão, a cena era ate engraçada, estava bem feliz por ele ter ficado ao meu lado.