Depois de um tempo nos paramos, e a empousa tirou minha venda, mas ainda me deixou amarrada. Quando  me acostumei com a pouca luz do lugar que eu fui tentar identificar onde estávamos.

Uma sala grande e com mármore preto por todos os lados, no piso, no teto e nas colunas, havia um trono no centro, e varias plantas para todos os lugares que olhasse, de frente ao trono uma fonte grande, com estatuas de animais que eu jamais havia visto e espero jamais ver, horrendos, não sei nem como descrever.

Sentado no trono estava o Erick, olhando diretamente para mim, como se esperasse que eu fosse falar alguma coisa, mas eu não tinha o que falar, ainda estava tentando entender o porquê dele fazer isso.

-Sabe eu não tinha certeza se conseguiria destronar os deuses olimpianos, você tem razão Nico- ele andava de um lado para o outro enquanto falava- Luke foi o que chegou mais perto e no final ele destruiu a possibilidade de conseguir. Mas agora eu sei que vou conseguir.

-Como pode ter tanta certeza? - Nico se debateu para tentar desamarrar suas mãos mas não conseguiu e ele parecia frustrado por não poder dar um soco no Erick.

-Por que eu tenho a Filha da Tempestade, admita, ambos sabíamos desde que a vimos pela primeira vez que ela não era qualquer semideusa- ele olhou para os olhos negros do Nico, que por uns segundos desviou o olhar para mim, como se não quisesse que eu ouvisse- foi questão de pouco tempo ate termos certeza. Mas Quiron não nos deixou contar a verdade.

-Que verdade? - gritei chamando a atenção dele.

-Que todos sabiam que você era a garota que Delfos falou a séculos e que uma decisão sua poderá destruir o Olimpo. A parte que Hestia não lhe contou...

-Não, Erick ela não pode saber, não esta na hora...- Nico interrompeu ele e antes que eu pudesse me mexer Erick pegou a espada e bateu com o cabo em sua cabeça, fazendo com que caísse no chão desmaiado.

-Nico- gritei dando dois passos em sua direção mas o problema e que eu estava amarrada e não podia fazer nada- Por que fez isso?

-Ele me atrapalhou- com um olhar sínico ele voltou a falar- o que ela não contou foi que Delfos disse que sua escolha provavelmente seria de destruir o Olimpo, por isso todos olham para você como se fosse matar eles a qualquer momento.

-Delfos esta errado.

-Delfos nunca erra. E os deuses sabem disso, por que acha que Ares mandou os fantasmas? Ele queria se livrar de você antes que pudesse fazer algo errado.

-Não, eu não vou destronar os deuses, eu não vou.

-A você vai- Erick se aproximou do Nico e colocou sua espada no pescoço dele- ou prefere ele morto?

-Deixe-o ir- gritei para o Erick- Nico não tem nada a ver com isso, você quer a mim não é? Deixe-o ir.

-Não posso deixar ele ir- o garoto se levantou, levando a espada do Nico ate seu trono, depois veio e cortou a corda que amarravam minhas mãos- ele vai ser muito mais útil aqui. Levem-no para o calabouço.

-Erick não faça isso- implorei para ele.

-Vai se juntar a mim? - aqueles olhos azuis elétricos não eram mais os mesmo, não havia nem vestígios do Erick que eu conheci.

-Não.

-Então o Di Ângelo vai sofrer as consequências- uma sombra sinistra passou por seus olhos e eles estavam mais frios do que eu jamais havia visto- a menos que mude de ideia.

-Por que eu faria isso? - perguntei tentando desviar ele do assunto de o Nico sofrer as consequências.

-Por que quando vencermos, você poderá governar os reinos de seu pai, quem estará no comando de tudo será você. Os deuses não merecem piedade, o que eles fazem por nos?

-Mas e aqueles que apoiarem os deuses? Os filhos que não odeiam seus pais? O que fará com eles?

-Todos tem a chance de escolher um lado, alguém sempre escolhera o errado, pare de enrolar e responda.

-Não é uma coisa que eu posso responder tão rápido, eu tenho de pensar, pelo menos me de até amanha.

-Certo, mas não tente nada, meu exercito é mais poderoso do que possa sonhar.

-Só posso saber de uma coisa? - falei antes que ele sentasse no trono- quem é Gaia?

-Você definitivamente precisa estudar mitologia grega. Outro dia eu respondo, agora, Sandy mostre a nossa convidada seu quarto.

-Quarto?

-Eu sei que vai se juntar a nos, então já tinha um quarto para você.

-Sim senhor- a empousa ruiva falou e depois me olhou como se quisesse me devorar, o que era bem provável- venha comigo, e não tente nada de estúpido, eu sou uma empousa sênior.

-O que isso significa?

-Que nenhum meio-sangue me derrota a milênios- eu ia dizer algo como, nossa você é velha, mas achei melhor ficar calada, andamos por corredores negros iluminados por tochas, depois de um tempo paramos na frente de uma porta grande e pesada- seu quarto, qualquer coisa peça ao ciclope que ficara aqui.

-Não havia nenhum outro monstro não? – perguntei, mas ela simplesmente fechou a porta e me deixou ali- ótimo.

O quarto tinha apenas uma janela, e era muito, mas muito alto e tudo que eu conseguia ver dali era o oceano no escuro. Completamente iluminado por tochas mágicas, pois o fogo era verde e lançava uma luz estranha pelo quarto.

O lugar era praticamente todo de mármore preto, o que os vilões têm com o preto? Era quase sem decoração nenhuma, havia um banheiro, um armário e uma cama grande, tudo em tons de preto, cinza e branco. Entediante e assustador era a melhor descrição que encontrei para aquele quarto.

Tomei um longo banho, eu estava a uns três ou quatro dias sem tomar um banho descente, aproveitei também para tirar energia da água. Mas uma coisa simplesmente não saia da minha cabeça, Nico.

Onde ele estava? Será que estava bem? E mais importante, por que o Erick estava usando o Nico para me chantagear? Analisando essas perguntas que ficavam rodando na minha cabeça, que eu me lembrei da conversa que tivemos enquanto comprávamos frutas para os Pégasos.

Ele queria saber o que estava acontecendo entre nós dois, não por que estava com ciúmes, ou por que não queria se meter, e sim por que estava planejando usar isso contra mim, queria saber se conseguiria me chantagear usando o Nico, e ele conseguiu.

A se eu estivesse sozinha com aquele traidor, iria matar ele eu mesma, mas agora não podia fazer isso, acho que nem conseguiria ficar sozinha com ele, ou mesmo lutar com o Erick. Eu tinha uma missão mais importante, e que não podia esperar.

Com muita dificuldade eu abri a porta, por que fazer algo tão pesado assim? O ciclope me olhou de um jeito apavorante, como gostaria de acertar uma flecha no coração dele.

-Quero que me leve até onde o Nico esta- falei firmemente com o monstro, ignorando a vontade de puxar o arco ou a faca.

-Não posso- o olho marrom dele se fixou em mim de uma maneira esquisita- a filha da tempestade não deve ver o rei dos fantasmas sem que o senhor autorize...

-Então me leve ao Erick- falei na ultima esperança de conseguir alguma coisa antes de matar aquele ser.

-O senhor não disse se eu podia levar a filha da tempestade até ele- o ciclope falou meio confuso, sem saber o que fazer- não sei se posso.

-Se não quiser virar pó vai me levar até ele- falei pegando o arco e mirando uma flecha no monstro, que arregalou o único olho e começou a andar.