Filha Da Tempestade escrita por LightB


Capítulo 2
Confusa? Isso é pouco pra me descrever...




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–O que você quer?

–Quero o que todos querem- ele falou com uma vós grossa e aterrorizante- vingança contra o Deus que acha que nos tem sob domínio, esperando qualquer erro para nos mandar de volta para o Tártaro.

–E o que eu tenho a ver com isso seu idiota de um olho só? - não sei por que, mas eu estava ficando irritada e quando isso acontece não consigo controlar as palavras.

–Como ousa insultar Arges filho de Gaia e Urano, o mais poderoso dos ciclopes- ele gritou enquanto me atacava, juro que aquele ser imenso de um olho só me atacou, eu, uma adolescente idiota o suficiente para insultar um ser mitológico que provavelmente não existia e era apenas um sonho bizarro, só não me lembrava de estar dormindo, quando eu sonho sempre sei que estou sonhando, mas dessa vez não, parecia que tudo aquilo era realmente real.

Fui tirada dos meus pensamentos quando tive que sair da frente antes que o monstro me atingisse, o que eu realmente gostaria de entender era como ninguém havia vindo ver o que estava acontecendo, daí lembrei que todos já deviam ter ido embora.

A chuva começou a cair lá fora, o céu normalmente claro de Miami estava negro, como no meu sonho. A chuva caia cada vez mais forte e o vento batia contra as janelas, tanto que elas estavam meio que balançando, parecia que iam quebrar a qualquer momento, eu queria que quebrasse, assim talvez desse para fugir.

Não sei dizer ao certo o que aconteceu, foi tudo meio que um borrão, as janelas explodirão em milhões de pedaços e a água entrava na sala juntamente com um vento muito forte. Fiquei parada por uns segundos vendo o monstro cair no chão assustado, mas quando vi que ele estava se recuperando saí da sala o mais rápido que pude, corri pelos corredores em direção a porta, quando olhei para trás procurando pelo monstro trombei com alguém e caí no chão.

–Lara- Mindy estava apavorada e sem a calça, e as pernas dela eram muito peludas, e no lugar de pés havia cascos, como de algum tipo de bode, eu só podia estar ficando louca- você está bem? Se machucou? O conselho vai me matar.

–O que você é? Por que é metade... metade...

–Bode? Eu sou um sátiro- ela sorriu e logo ouviu o rugido do monstro, olhou fixamente para o minha blusa, onde havia uma fina corrente de prata e um pingente de tridente, que eu havia ganhado quando muito nova- o tridente, bata e ele se tornará sua arma.

–O que? Esta maluca? É só um pingente.

–Bata- ela ordenou e eu fiz, do nada surgiu um arco, lindo, de prata e um tipo de material meio dourado, meio bronze, a linha era tão fina que eu não sabia dizer do que era- viu? Eu disse.

Não consegui responder por que o gigante de um olho só nos encontrou e corria em nossa direção, com os braços abertos e gritando em algum tipo de língua antiga, que eu acabei entendendo, não sei dizer como nem por que, ele disse maldita filha da tempestade e alguns palavrões que eu não vou repetir. Eu tinha o arco, faltavam as flechas, droga será que não podia ter mandado flechas? 

Puxe a linha e mire. Uma vós falou n minha cabeça, pronto, agora eu estava oficialmente ficando louca.Mas acabei fazendo isso, assim que puxei apareceu uma flechas com a ponta do mesmo material que eu não reconheci.

Mirei e torci para acertar, o problema é que ele estava mais perto do que eu imaginei, soltei a flecha, mas antes de acerta-lo ele me deu um tapa e me jogou contra a parede.Como eu sou muito sortuda, eu bati na janela com tanta força que ela se quebrou me deixando toda cortada. A última coisa que vi antes de desmaiar foi uma pilha de pó e a Mindy correndo em minha direção gritando desesperada.

Minha cabeça doía, e muito, para ajudar eu conseguia ouvir crianças gritando e pessoas conversando, abri os olhos e fui cegada pela luz, isso acontece quando você está no escuro por muito tempo e alguém acende a luz, tentei me levantar, mas estava zonza, ótimo.

Sentei e esperei até conseguir enxergar direito para saber onde eu estava. Um quarto meio grande, com dois beliches, duas cômodas, uma pintura de um verde água/azul água, não sei dizer exatamente. Também tinha algumas janelas com cortinas transparentes tão finas que qualquer brisa as balançava.

Podia ouvir o som do oceano ao longe, quando me virei para a porta vi que em uma das cômodas estava minha bolsa e no chão duas malas, que eu tinha certeza que eram minhas.

–Que merda é essa? - falei para mim mesma.

–Que bom que acordou- Mindy entrou no quarto, com aquelas pernas estranhas de bode, o que ela disse que era mesmo? A sim, um sátiro- bem vinda ao acampamento meio sangue.

-Acampamento o que?

–Lara não vamos fingir que não se lembra da luta com o ciclope, ou que eu sou um sátiro- ela se sentou ao meu lado no beliche- e também não vamos fingir que você não sabe que o ciclope pertence a mitologia grega.

–Eu estou sonhando, né? Só pode.

–Você não está sonhando, nem ficando louca, os Deuses gregos existem e você é filha de um deles, também sei que já falou com seu pai.

–Eu não tenho pai- falei com mais raiva do que nunca, pai é aquele que está presente em sua vida, não o que engravida a sua mãe, no meu caso eu não tinha pai nenhum.

–Sim tem, você é filha de Poseidon, Deus dos mares, terremotos, tempestades, por isso Arges te chamou de filha da tempestade.

–Tá legal, eu sou uma meio sangue, ótimo- falei mais sarcástica do que seria- mas o que é esse acampamento?

–O único lugar onde vocês estão seguros dos monstros, você teve sorte de ser atacada apenas uma vez, muitos nem conseguem chegar aqui por causa dos monstros.

Eu não sei por qual motivo estava acreditando nela, mas acho que não havia prova melhor do que lutar com um ciclope, ter uma amiga sátiro, e um pingente de tridente que se transforma em um arco mágico, em que aparecem flechas do nada.

–Onde eu estou? Agora?

–No seu chalé, você vai dividir ele com o Percy, seu irmão por parte de pai, ele é meio que o herói do acampamento por ter salvado o olimpo algumas vezes. Então não se preocupe se te chamarem de irmã do Percy.

–Estou precisando de um banho- falei ainda com aquela dor de cabeça terrível- a propósito essas malas são minhas né?

–Sim sua mãe as mandou, todas as suas coisas estão ali, ela também mandou uma carta, já que não é recomendado semideuses usarem celular, mais tarde explicarei direito. Se arrume logo, Quíron quer te ver.

–Quem?

–Se arrume que depois eu te apresento- ela andou até a porta e deu um ultimo sorriso antes de sair.

Abri minha mala, peguei uma roupa e fui para o banheiro tomar um banho e me arrumar. Sempre que tomava banho eu me senti muito melhor, mais tarde Mindy me explicou que isso era por que eu ser filha de Poseidon e ele ser o Deus das águas, sempre que me machucasse, a água ajudaria a me curar.

Me arrumei e saímos para dar uma volta no acampamento e aproveitar para ir a Casa Grande encontrar com Quíron, o centauro que treinava os campistas, semideuses. O lugar não era de tudo ruim, havia muitos chalés, um para cada Deus existente, não perdi tempo contando, mas eu sabia que o meu era o n°3, um dos mais bonitos na minha opinião.

Havia a arena, onde treinavam com espadas, campo de tiro ao alvo, eles usam apenas flechas e espadas de bronze celestial, que matam apenas monstros e semideuses e um estábulo com Pegasos lindos.

Havia um negro, lindo e quando ele me viu ficou muito agitado e escapou da baia, vindo em minha direção. Mindy quase teve um ataque, mas eu sempre amei cavalos, então não me preocupei em sair da frente, quando ele se aproximou eu acariciei seu focinho. E assim que fiz isso ouvi uma vós na minha cabeça.

Muito mais bonita que o chefe. E sabe como tratar bem um Pegaso como eu.

–O que aconteceu? – me assustei por ouvir ele falando- você fala? Como?

Não soube ainda chefa, você pode falar com todos os Pegasos, por ser filha de Poseidon e ele ter nos criado. Ele bufou e abaixou a cabeça para que eu continuasse o carinho. Eu sou Blackjack, mas Percy salvou minha vida, então eu sou o Pegaso dele.

–Vejo que já conheceu Blackjack- um garoto falou atrás de mim, quando me virei e vi seu cabelo escuro e olhos verde mar nem precisei que me dissessem quem ele era- ele é um bajulador.

–Percy- falei vendo que ele me olhava- ele é muito simpático, até já me explicou por que consigo ouvi-lo.

Gostei dela chefe. A garota sabe como falar de um cara legal como eu. Blackjack relinchou e voltou para a baia. Foi um prazer conhecê-la chefa.

Outros Pegasus começaram a relinchar e falar, mas como falavam todos ao mesmo tempo virou uma confusão e minha dor de cabeça voltou, saí praticamente correndo do estábulo e dei de cara com alguém meio cavalo meio homem, um centauro.

–Lara que bom que acordou- ele falou.

–Quíron?

–Sim criança, venha comigo, vou lhe explicar algumas coisas.

Eles me falaram sobre os Deuses gregos, sobre o olimpo, que fica nos EUA, sobre os Titãs, sobre as regras do acampamento e também sobre como minha mãe havia mandado minhas coisas sem nem ao menos vir junto, para se despedir.

Fiquei sabendo sobre como o próprio Poseidon veio no acampamento e avisou que Mindy havia me encontrado e que eu estava chegando, ele veio pessoalmente me assumir como sua filha.

–Grande coisa- falei dando de ombros e olhando pela janela.

–Lara, nenhum Deus se dá ao trabalho de vir pessoalmente reconhecer um filho- Quíron falou- principalmente um dos três grandes, eles são muito ocupados.

–Eu não me importo- falei com raiva, será que ele achava que vir pessoalmente me reconhecer iria compensar os quinze anos em que nem se importo em me dar um único oi, nem mesmo em meus aniversários? - mais alguma coisa que eu preciso saber ou posso sair daqui?

Ele simplesmente olhou para a porta, indicando que eu podia sair, e foi o que fiz, mas ao invés de ir para algum lugar, parei para ouvir o que eles diziam.

–Ela está confusa- Mindy falou- Lara tem raiva do pai por ele nunca ter ido visita-la, agora que ela sabe que ele é um Deus e que via o que ela passava com a mãe, está ainda mais irritada, ela precisa de tempo Quíron.

Não quis mais ouvir e sai correndo, Mindy me conhecia bem, ela sabia o que eu estava sentindo, também sabia como eu queria sair dali. Andar por um lugar que você não conhece é o mesmo que pedir para se perder.

Acabei chegando em um lugar cheio de mesas e completamente vazio, mais para a frente havia um tipo de anfiteatro e um lugar para acender uma fogueira. Fiquei olhando o lugar e acabei sem perceber que não estava mais sozinha.


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