Não acredito em como adormeci rápido, só digo que me arrependo de ter fechado os olhos. Eu estava de novo na floresta, sempre no mesmo lugar, o céu sem lua, o som do oceano, os raios cortando o céu, a neve e o frio.

Dessa vez eu não estava sozinha, havia pessoas na minha frente, eu sabia que eram campistas, só não sabia dizer quem eram eles, todos parados me olhando e de armas em mãos, como se esperassem um movimento meu para atacar.

Foi ai que notei que eu estava com o arco em mãos, uma flecha apontada para o único que não estava com a espada levantada, o único que eu conseguia ver o rosto, Percy, meu irmão.

-Percy saia daqui, agora- eu falei sem controlar minha palavras- não quero machucar você.

-Lara o que esta fazendo? - seu olhar parecia perdido, como se ele não soubesse o que fazer- por que tenta invadir o acampamento?

-Eu estou fazendo o que deve ser feito- não era minha vos que saia da minha boca, alguém estava falando por mim, foi ai que percebi que não controlava meu corpo, era como estar assistindo alguém me controlar- estou me vingando.

-Vingando do que? De quem?

-Percy? - recuperei o controle e soltei o arco- Eu não sei o que esta acontecendo, alguém esta tentando me controlar.

Assim que falei tudo se desfez, a floresta, os campistas, o som das ondas, tudo, e então eu estava em uma caverna, ou algo do tipo, não conseguia ouvir nada, nem um som, nenhuma brisa apenas escuridão sob escuridão.

-Tem um alto controle muito bom- a mesma voz falou, e ela vinha de todos os lugares, não tinha como saber de onde- vejo que não será fácil influencia-la.

-Quem é você? - gritei tentando achar quem falava, mas estava muito escuro.

-Logo saberá, mas por enquanto, pare de fugir criança, renda-se a mim, me ajude em minha vingança.

-Nunca.

-Não me preocupo muito com sua resposta, tenho tempo para convencê-la do contrario- a vos foi se desfazendo conforme o sonho ia voltando para o mesmo lugar do inicio- e uma pequena demonstração não fará mal.

A verdade é que quando voltei para o mesmo lugar de antes, as coisas não estavam mais como antes, eu agora estava assistindo, como se fosse um filme, um por um, cada um daqueles campistas foi morto, por monstros e outros semideuses, apenas um sobrou, no meio de toda aquela luta, apenas restava a mim.

Eu estava me vendo ali, a única sobrevivente, a única parada no meio de toda aquela carnificina. Olhei desesperada para todos os lados, mas eu não conseguia encontrar meu irmão, não conseguia acha-lo.

-Ou esta conosco, ou contra nós- alguém falou atrás de mim, e logo em seguida eu vi, Percy caído no chão, com minha espada cravada no peito- ele não escolheu o lado certo.

Acordei gritando de novo, Nico deu um pulo e se recompôs rapidamente, segurando meus ombros tentando me acalmar, mas eu estava apavorada, chorando e quase histérica. Ele falava calmamente, dizendo que era apenas um pesadelo, nada era real, que ficaria tudo bem, mas a imagem do meu irmão com a minha espada cravada no peito, era terrível de mais para esquecer.

Depois de um longo tempo eu consegui me acalmar, consegui contar o sonho e ele ficou com aquela cara que todo mundo me olhou depois que contei os sonhos na casa grande, como se eu fosse causar o fim do mundo, o que era uma possibilidade.

-Tudo bem, Lara, eu conheço você, há pouco tempo, mas sei que jamais iria deixar ser dominada por alguém, muito menos matar o Percy- ele enxugou uma lagrima do meu rosto e sorriu- eu sei que jamais vai fazer alguma coisa que possa machucar alguém inocente.

-Como tem tanta certeza disso?

-Por que eu pude e posso ver em seus olhos o quanto se importa com os campistas, mesmo quase todo mundo sendo um idiota com você e te julgando- os olhos negros dele estavam me examinando cuidadosamente- mesmo alguns não merecendo, você se importa mais com eles do que consigo mesma.

-Obrigada- deitei a cabeça no peito dele e ele me abraçou.

-Lembra quando eu disse sobre a lealdade? Que você não tinha essa característica dos filhos de Poseidon?- ele passou a mão no meu cabelo enquanto falava- eu estava errado.

Eu teria dito outro obrigada, ou sei lá o que diria, mas ouvi um barulho, alguns gritos e então o Nico riu, ambos nos levantamos e ali estava o Erick, parado a alguns metros. Ele havia esquecido que humanos não voam e pousou no meio de algumas pessoas que estavam na praia.

Demorou para ele inventar uma desculpa e acabou manipulando a nevoa, para que esquecessem. Logo conseguimos sair do meio das pessoas que nos encaravam, três adolescentes, na praia, vestido como estávamos e com mochilas, aquela hora da manhã, aposto que logo alguém chamaria a policia.

-Temos que sair daqui- falei vendo que algumas pessoas nos encaravam- rápido.