Hold On - Dramione escrita por karistiel


Capítulo 37
Chapter 37: Home


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Hoje é um dia bastante especial para mim e essa fic.
Hoje fazem 4 anos que eu dei início a essa jornada com Hold On (Pelas calcinhas de Morgana, como pode ter passado tanto tempo?). Quatro aninhos dedicados a sempre escrever o melhor para todos vocês. Muito obrigada aos que vieram até aqui comigo desde o comecinho, e aos que vêm junto da metade do caminho para cá. Obrigada a vocês pois sem vocês, essa fic não seria o sucesso que foi e eu não passaria horas e horas escrevendo e produzindo algo que eu amo.

Feliz 4 anos de Hold On! Divirtam-se com o capítulo.

PS: Refiz a playlist dessa fic com músicas novas e que combinem mais. Com o tempo vou terminando de atualizar. Espero que ouçam e gostem das músicas, muitas delas eu descobri ao longo do caminho dessa história.
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Capítulo 37 - Home

Após longas horas corrigindo trabalhos entediantes -e alguns poucos brilhantes que o fez ter um mínimo de respeito por tais alunos- Draco estava mentalmente exausto. Felizmente, seu trabalho e do Prof. Marshall foram interrompidos por uma coruja da torre batendo insistentemente na janela.

Prof. Marshall levantou-se e abriu a janela, deixando a coruja entrar num vôo apressado e soltar um pergaminho firmemente selado em cima da mesa em que trabalhavam. Dando um petisco para a coruja, Prof. Marshall guiou-a de volta para a janela.

Curioso, Draco observou enquanto o professor rompeu cuidadosamente o selo -definitivamente o selo de Hogwarts-, leu calmamente o conteúdo da carta e levantou os olhos para o loiro.

“Está sendo chamado à sala da Prof. Mcgonagall imediatamente.”

“Por quê?” Perguntou com suspeita.

“Continuaremos na segunda-feira, está liberado.” Desconversou o bruxo mais velho.

Sem palavras, Draco assentiu e levantou-se. Rapidamente arrumou os trabalhos que havia corrigido até o momento em uma pilha e colocou a pena de volta em seu lugar anterior.

Calmamente fez seu caminho de volta pela sala, passando pela jarra do chizácaro que parecia ter se escondido dos olhos dos outros, pelas carteiras que havia observado mais cedo e finalmente saindo pela porta, fechando-a atrás de si sem olhar para trás. A primeira coisa que notou quando saiu no corredor foi que o dia estava quase virando noite. Por uma das grandes janelas do corredor deserto viu o sol quase escondido atrás das árvores da Floresta Proibida. Ao longe, podia ouvir o falatório de várias pessoas provavelmente voltando de Hogsmeade pouco antes do horário estabelecido.

Pegando uma das escadas que havia acabado de mudar de rumo no meio do caminho de um lado para o outro, Draco iniciou seu trajeto até o sétimo andar onde ficava a Torre da Gárgula e onde a Prof. McGonagall estava lhe aguardando. Não fazia ideia do motivo de ter sido convocado dessa forma mas sabia que teria algo em relação ao que acontecera no dia anterior. Talvez finalmente perdesse seu cargo de monitor e seja mandado embora de Hogwarts. Seria mais tarde do que o previsto.

Com milhões de questionamentos passando pela sua cabeça, Draco disse a senha e acompanhou a gárgula se abrir para lhe dar passagem. Sem muito ânimo, subiu as escadas e bateu à porta.

“Entre.” Ouviu-se a voz abafada da diretora vinda do lado de dentro.

Draco entrou e a primeira coisa que fez foi avaliar a expressão que tinha no rosto da bruxa mais velha. Embora fosse quase severo, havia uma ligeira simpatia nos olhos. Se Draco não houvesse passado a maioria dos anos de sua vida aprendendo a ler as expressões de seu pai talvez não tivesse percebido esse brilho diferente. Por algum motivo aquilo o fez ficar ainda mais tenso. O único motivo que alguém seria capaz de sentir algum tipo de simpatia por ele seria por algum motivo muito sério. Seu primeiro pensamento foi sua mãe, que no dia anterior havia tido sua casa invadida e sua privacidade violada.

“Sr. Malfoy.” Cumprimentou a bruxa. “Por favor, sente-se.”

Draco queria rebater que não estava cansado, mas aquele brilho de simpatia insistente o fazia com medo do que viria a seguir. Seu coração deu um salto com os pensamentos que agora circulavam em sua mente. Sentou-se e só foi capaz de continuar em silêncio.

“Gostaria de conversar sobre seu comportamento em sala de aula de ontem.” Começou a diretora. “Algo a dizer sobre isso?”

Draco continuou em silêncio e Prof. McGonagall suspirou irritada.

“Sr. Malfoy, seu comportamento foi imaturo, agressivo e descontrolado.” Disse numa voz severa. Combinava agora com seu semblante irritado. “Esse é, dificilmente, o comportamento de um monitor de Hogwarts.” Ralhou. “Tentou agredir um colega de classe e de casa.” Mencionou com um tom de indignação.

Draco suspirou, finalmente demonstrando alguma coisa além da sua conhecida frieza.

“Peço desculpas pelo meu comportamento inapropriado.” Sentia-se mal pela forma como tinha explodido, mas ainda não tinha certeza se arrependia-se de ter explodido com Theo. Talvez sim.

“Apenas garanta que não irá acontecer novamente, pela terceira vez.” Disse a diretora, provavelmente lembrando-se de um episódio parecido no começo do ano letivo com Cormaco McLaggen. “Ou terei que tomar medidas mais severas.”

Draco apenas assentiu e se mexeu desconfortável quando a bruxa mais velha apenas continuou avaliando-o com os olhos astutos.

“Recebi um pedido de sua mãe.” Soltou a diretora um tempo depois.

“Que pedido?” Perguntou Draco, curioso.

“Normalmente, não atenderia a tais pedidos sem um motivo pertinente, mas acredito que todos nos beneficiaríamos.”

Draco bufou irritado com tanto mistério. Esperava tal comportamento de Dumbledore pois era basicamente seu M.O*, mas esperava algo mais direto vindo da mulher à sua frente.

“Sr. Malfoy, estou autorizando sua ida até à Mansão Malfoy a pedido de sua mãe. Espero-o de volta às 8 horas em ponto de amanhã.”

Draco ficou mudo por uns momentos registrando o que tinha acabado de ouvir. Por fim, apenas assentiu e continuou sentado, ainda confuso.

“A conexão da lareira está aberta, Narcisa Malfoy o espera do outro lado.” Insistiu a diretora. Finalmente Draco registrou a informação e levantou-se rapidamente, derrubando a cadeira, que estava sentado, no processo.

“Obrigada.” Agradeceu Draco, sentindo, pela primeira vez desde que entrava naquela sala, um alívio percorrer seu corpo. A diretora apenas assentiu e Draco viu um pequeno sorriso no canto dos lábios.

“Sr. Malfoy?” Chamou-o de volta quando o loiro começou a ir em direção à lareira. “Espero que isso o ajude.” Draco assentiu com firmeza e voltou a ir para lareira.

Pegando um punhado de pó de flu de um recipiente logo ao lado da lareira, Draco jogou-o, fazendo as chamas verdes se levantarem. Sem hesitar, ele entrou nas chamas e falou o mais claramente possível, sem precisar gritar.

“Mansão Malfoy.”

A última coisa que viu antes de ser puxado para dentro da lareira foi o rosto da diretora e o tão insistente brilho de simpatia em seus olhos, mais claros do que nunca.

A primeira coisa que viu quando finalmente colocou os pés firmemente na lareira da sala de estar de sua casa, foi o quanto tudo estava diferente. A segunda coisa que viu fora Narcisa Malfoy vindo em sua direção para um abraço.

Ainda era estranho ter o afeto de sua mãe tão abertamente e espontâneo. Aparentemente a ausência de seu pai havia feito da matriarca Malfoy uma mulher livre para demonstrar o que sentia quando quisesse. Ainda assim, Draco duvidava que ela seria tão a vontade de fazer tal coisa fora das paredes daquele lugar. Aquele era seu ambiente de conforto.

Draco retribuiu o abraço da maneira mais calorosa que podia. Era muito bom saber que sua mãe estava bem e, acima de tudo, viva. Com a situação deles no mundo bruxo, a morte era sempre um pensamento plausível.

“Draco, senti tanto a sua falta, meu filho.” Cochichou Narcisa em seu ouvido. Draco apenas apertou seus braços em volta dela como resposta.

“Como a senhora está?” Perguntou o loiro ao desfazer o abraço.

“Bem.” Respondeu a bruxa. “Não quero que se preocupe com isso.”

Percebendo o que Narcisa estava tentando fazer, Draco se permitiu ser ludibriado por uns momentos a mais. Era bom estar no conforto de casa. Finalmente, Draco olhou ao redor de si. A sala de estar em que estava no momento era completamente diferente quando havia partido para Hogwarts à meses atrás. Lembrava-se bem pois aquele cômodo ainda aparecia vez ou outra em seus pesadelos.

O que antes era um lugar frio e vazio agora parecia mais caloroso. O negro do mármore havia sido trocado pelo branco, o ferro antigo da decoração imponente havia sido restaurado e brilhava como novo, a mesa de jantar que um dia havia abrigado os seguidores mais leais de Voldemort havia sido trocada por uma bela mesa de madeira que poderia ter sido vista na Era Vitoriana, as cortinas pesadas e brutas haviam sido trocadas por cortinas brancas e leves que balançavam com a brisa que entrava pelas janelas. O primeiro pensamento que passou pela sua cabeça foi a de que o salão parecia quase angelical com os últimos raios de sol iluminando o lugar.

As mudanças eram tão drásticas que Draco perdeu a fala por alguns segundos.

“Vejo que esteve ocupada.” Comentou o loiro.

“Espere até ver o que fiz com o resto.” Narcisa sorriu empolgada. “O que acha de eu lhe mostrar?”

“Seria um prazer.” Draco respondeu, oferecendo seu braço para que pudesse acompanha-la.

Narcisa levou-o calmamente, por todos os cômodos que havia reformado. A sala de jantar pela qual havia chegado, o hall de entrada, a sala de piano, a sala de visitas, todos os quartos de hóspede da ala oeste, o quarto principal na ala leste, embora seu quarto aparentemente estivesse intocado -Narcisa queria que a reforma ali fosse vontade dele-, a biblioteca e por fim, a sala de desenho.

Draco não entrava naquele cômodo desde que havia saído dali, naquele fatídico dia em que os Sequestradores conseguiram colocar as mãos no trio de ouro. As lembranças que tinha eram bem vívidas e sombrias, assim como o cômodo sempre lhe parecera. Agora, o candelabro derrubado havia sido substituído por um novo, a lareira havia sido renovada, as paredes haviam sido pintadas de um bege bem sutil, o mármore negro mais uma vez havia sido trocado pelo branco e as janelas estavam abertas, deixando entrar o ar do início de noite. Os retratos de família ainda eram os mesmos, mas pareciam quase deslocados ali naquele cenário. Era incrível como mal conseguia reconhecer o salão de seus pesadelos ali naquele lugar.

Em todos os cômodos reformados, o preto havia sido trocado pelo branco, deixando a Mansão Malfoy tão aberta e receptível como nunca fora antes. Com certeza o Malfoy que havia construído aquele lugar deveria estar amaldiçoado todas suas próximas gerações.

Draco sentia-se mais em casa do que nunca. Pela primeira vez na vida, poderia relacionar sua casa com aconchego e não a frieza característica de sua família. O sentimento era bom.

“A senhora fez um ótimo trabalho.” Elogiou Draco, sorrindo.

“Obrigada, meu filho.” Agradeceu Narcisa, retribuindo o sorriso.

Um leve estalo soou logo ao lado deles, desviando suas atenções. Um elfo que Draco nunca havia visto tinha acabado de aparecer. O loiro notou que o elfo estava limpo e vestido e suas sobrancelhas se ergueram comicamente. Essa era uma visão rara ali dentro da Mansão.

“Sra. Malfoy, Sr. Malfoy, o jantar está servido.” Anunciou o elfo.

“Obrigada, Éden.” Agradeceu a mulher mais velha e o elfo sumiu em outro estalo.

“O que aconteceu com Prince?” Questionou sobre o elfo da família anterior.

“Algo sobre querer ser um elfo livre e seguir a vida como membro do Grupo de Apoio aos Elfos Que Não Querem Ser Domésticos. Francamente!”

“Éden?” Continuou Draco.

“Exigiu salário e boas acomodações. Citou algo sobre alguma lei que está em andamento no Ministério contra o mau cuidado dos elfos ou alguma coisa parecida. Seja lá quem for que esteja colocando caraminholas nas cabecinhas dessas criaturas eu gostaria que parasse. Sabe quão difícil foi achar um elfo? Eles se recusam a fazer o que nasceram para fazer!”

Draco riu com a expressão de desgosto da mãe. Merlin, só poderia imaginar o que deveria ter sido a matriarca da família Malfoy discutindo direitos com elfos domésticos.

“Bem, conheço alguém que ficaria extremamente feliz de ouvir isso.” Comentou Draco, sem pensar.

“E quem seria?” Narcisa perguntou curiosa.

“Hermione Granger.” Draco respondeu dando de ombros de forma claramente forçada.

“Está com fome?” Indagou Narcisa, desviando o assunto e dando ao filho um olhar curioso ao perceber seu desconforto. “Éden conseguiu uma equipe incrível para a cozinha. Ao menos fazem jus ao dinheiro gasto com o salário deles.” Bufou Narcisa, fazendo Draco sorrir divertido mais uma vez.

Xx

“Como vai Hogwarts?” Perguntou Narcisa quando já haviam se servido. Outro ato que Draco achava extremamente estranho, falar durante a refeição, mas que entendia bem o motivo. Narcisa certamente devia ansiar por companhia, estando trancada naquele lugar enorme com apenas alguns elfos domésticos para se distrair. Qualquer momento com alguém deveria ser absurdamente valorizado.

“Entediante e reveladora.” Confessou o loiro.

“Quadribol?” Perguntou duvidosa.

“Não estou no time.” Draco deu de ombros. Já havia superado aquilo.

“Isso é uma pena. Me lembro quão orgulhoso seu pai ficava sempre que lhe dava uma vassoura nova.”

“Lúcio também ficava orgulhoso quando Voldemort me dava uma tarefa nova.” Debochou Draco. Ao ver a expressão de Narcisa, arrependeu-se imediatamente.

“É difícil, Draco...” Começou Narcisa mas Draco a cortou.

“Eu sei, me desculpe.” Desculpou-se. O silêncio se fez por alguns momentos antes de Narcisa quebra-lo.

“E como vai Hermione Granger?” Perguntou, com a curiosidade ainda aflorada. Nunca havia visto o filho mencionar a garota Granger de forma tão calorosa, muito pelo contrário. No passado, sempre que Draco citava aquele nome era sob o pretexto de humilhá-la para Lúcio. O loiro suspirou ao ouvir a pergunta. Certamente esperava que ela viesse no momento em que havia citado Hermione na conversa.

“Espero que bem.” Fez pouco caso.

“Ainda a mais inteligente da escola?”

“Não acho que isso algum dia possa mudar.” Sorriu Draco com carinho.

“Talvez pudesse convidá-la para jantar algum dia.”

“Não acho que seja uma boa ideia, mãe.” Desculpou-se Draco.

“Ela será bem-vinda se algum dia passar a ser.” Prometeu Narcisa.

“Obrigado.” Agradeceu baixinho. Aquilo era uma coisa enorme vindo de sua mãe, que sempre tivera tantos ciúmes de Pansy e muitas outras. Que sabia que Hermione Granger era uma nascida-trouxa. Alguns ideais eram difíceis de serem descontruídos, como Draco bem sabia, mas ficava feliz em ver que sua mãe andava tentando, assim como ele.

“Agora podemos falar sobre o real motivo de eu estar aqui?”

Dessa vez quem suspirou foi Narcisa. Queria poder dizer não, mas Draco poderia ser tão obstinado quanto o pai quando queria saber algo.

“Está tudo bem, Draco.” Reforçou. “Não encontraram nada, como eu disse que não encontrariam. Não somos mais essas pessoas.”

“A denúncia?”

Narcisa balançou a cabeça negativamente.

“Anônima.” Contou. “De qualquer forma, não acredito que o Ministro nos daria o nome.”

Draco bufou indignado.

“Como podemos viver em paz se não nos deixam?”

“Draco, nós abrigamos o Lorde das Trevas de braços abertos em nossa casa. As pessoas ainda não nos perdoaram por isso, talvez nunca perdoem. É esperado que esse tipo de coisa aconteça.” Disse Narcisa. “Quando eles olham para nós lembram-se de tempos sombrios em que quase perderam as esperanças.”

Draco sabia disso, mas era tão difícil. Queria mais do que tudo ser uma pessoa normal novamente, apenas o garoto Malfoy que tem o ego tão grande quanto sua própria linhagem. Mas sabia que aquilo nunca mais seria possível. E estava tentando aprender a lidar com isso.

Ao fim da refeição Éden reapareceu com mais outros três elfos para retirar o jantar. Narcisa levantou-se e Draco a seguiu para fora da sala de jantar e direto para a sala de visitas. Lá, os dois sentaram-se lado a lado em silêncio por alguns minutos.

“Realmente gostei do que fez com a casa, mãe.” Comentou. Sentia-se relaxado sentado nos novos sofás confortáveis com a brisa típica da primavera entrando preguiçosa pelas janelas.

“Eu também gostei, Draco.” Narcisa sorriu segurando as mãos do filho nas suas e suspirando. Draco sentiu que ambos estariam entrando em um assunto que ele não gostaria de falar. “Soube do que aconteceu entre você e Theodore.”

Draco bufou e tentou puxar as suas mãos de volta, sendo impedido pelo aperto forte de sua mãe.

“Draco...” Narcisa o olhou severamente. “Achei que fossem amigos. O que deu em você?”

“Nada.” Respondeu rispidamente.

“Não fale nesse tom comigo.” Censurou Narcisa. Draco franziu o nariz controverso.

“Desculpe.” Desculpou-se insincero mas Narcisa olhou-o ainda mais severamente e ele suspirou derrotado. “Theo e eu não vivemos mais no mesmo mundo.” Confessou Draco. “Eu sou um ex-Comensal da Morte que foi a julgamento, sobrevivendo e tentando se esconder a plena vista de todos. Theo não sabe o que é isso e nem parece interessado em saber.”

“Talvez você devesse dar uma chance a ele, Draco. Talvez essa seja a forma dele de lidar com isso. Somos todos fundamentalmente diferentes.”

Draco assentiu mas não se pronunciou mais, dando o assunto por encerrado.

“Irei me retirar.” Anunciou Narcisa, levantando-se do sofá. “Nos vemos no café da manhã antes que você tenha que ir?”

“Sim, tenha uma boa noite, mãe.”

“Boa noite, querido.”

Narcisa deu um beijo na testa de Draco e sumiu pela porta da sala de visitas. Draco ficou mais alguns minutos sentado no sofá olhando cegamente através das janelas que dava para o jardim muito bem mantido da Mansão.

Depois de um longo tempo Draco levantou-se suspirando. Saindo para o corredor que dava para o hall de entrada ele surpreendeu-se, mesmo tendo visto tudo horas atrás, com a mudança de tudo. Estava tudo tão diferente e pelo que sentia, um diferente bom.

Caminhou calmamente, sozinho, pelos corredores. Sem a presença falante de Narcisa ele podia realmente ver. Com a noite firmemente caída e a maioria dos habitantes da casa em seus aposentos, apenas algumas tochas estavam acesas pelo caminho. Draco, então, se viu na sala de desenho sem realmente perceber. Ao notar onde estava, parou hesitante por alguns segundos diante da porta semi aberta. Puxando o ar ruidosamente, ele empurrou a porta e entrou. A primeira coisa que realmente percebeu foi que a porta não rangia mais. A segunda era que o salão estava as escuras mas antes que pudesse realmente pensar sobre isso, as tochas se acenderam automaticamente. E então Draco realmente olhou para o lugar. Racionalmente, sabia que o lugar estava diferente pois havia visto mais cedo, mas em seu coração ele estaria da mesma forma quando olhasse novamente.

Draco suspirou de alívio olhando em volta e vendo um lugar totalmente diferente de seus pesadelos. Todo pequeno detalhe fazia a diferença em transformar o lugar em uma simples e aconchegante sala de desenho. O piso, as paredes, as mesas, as cortinas e janelas abertas, o candelabro pendendo do teto no centro do salão... Nada fazia lembrar que um dia Hermione havia sangrado naquele chão e que seus gritos haviam reverberado por aquelas paredes. Draco não sabia o que sentir com aquilo; se era alívio por poder ser capaz de estar ali sem sentir seu estômago embrulhar ou se era raiva por tudo parecer ter sido tão fácil de apagar daquele lugar de um jeito que não se podia apagar da mente. No fim, o alívio prevaleceu, tendo vencido por muito pouco. Talvez aquilo pudesse ser apagado também da mente um dia e se tornar apenas uma memória distante.

Ele saiu do lugar, percebendo as tochas apagarem-se atrás de si e voltou a vagar pelos corredores indo em direção ao seu antigo quarto. Todo aquele dia havia-o deixado exausto. Iria aproveitar aquelas poucas horas na paz e privacidade de seu próprio cômodo.

Xx

Na manhã seguinte, levantou cedo e encontrou sua mãe para o café da manhã. A conversa durou pouco e Draco percebeu o quanto a mulher a sua frente parecia perdida em seus próprios pensamentos e tristeza. Ele não imaginava o que deveria ser Narcisa Malfoy; um marido apodrecendo em Azkaban, um filho longe de casa por longos meses e acima de tudo estar trancada dentro daquele lugar, com mudanças ou não, com apenas a própria companhia e a de alguns elfos domésticos. E tudo o que ela havia feito era proteger sua família da única maneira que tinha em mãos no momento. Essa era a única coisa pela qual Draco nunca perdoaria Lúcio; ter arrastado sua mãe para o meio do jogo sujo e coloca-la em situações que a forçaram a fazer coisas horríveis em nome de um sobrenome.

Quando o relógio no canto da sala de jantar bateu 8 horas da manhã, Draco levantou-se e Narcisa fez o mesmo. A tristeza no olhar dela se tornou ainda mais acentuada.

“Preciso ir.” Anunciou Draco e Narcisa assentiu. Os dois se abraçaram apertadamente por longos segundos.

"Aquele convite para jantar ainda está de pé." Falou Narcisa ao vê-lo se afastar em direção a lareira. Draco parou por alguns momentos para olhar de volta para a mulher que lhe deu a vida e sorriu.

Depois, pegou um punhado de pó de flu, jogou na lareira e falou seu destino. Em segundos estava de pé no escritório da Diretora. Essa, aguardava por ele.

"Presumo que tenha tido uma boa estadia." Comentou a bruxa mais velha.

"Sim, obrigado." Devolveu Draco.

Sem delongas, fez seu caminho para fora da sala e em direção ao Salão Comunal da Sonserina. Quase lá, foi interceptado por Blaise e Daphne que pareciam preocupados.

"Onde esteve?" Perguntou Blaise.

"Em casa." Suspirou Draco.

"Em casa como em Mansão Malfoy?" 

"Exatamente." Deu de ombros. "Longa história." Continuou quando viu o amigo fazer menção de perguntar.

Os três ficaram em silêncio por alguns segundos antes de Theo se aproximar. Ele e o loiro se olharam por uns momentos antes de Draco continuar seu caminho para o Salão Comunal.

Depois de tomar um banho e trocar de roupa, Draco foi para a Torre de Astronomia. Ficou um pouco surpreso quando encontrou Hermione ali. Ela parecia aflita enquanto olhava a paisagem lá fora. Ao ouvir passos, virou-se bruscamente.

"Não sabia se estaria aqui ou não." Murmurou a castanha. "Não o vi ontem no jantar, nem hoje no café da manhã. Fiquei preocupada."

Draco tirou alguns segundos para deixar aquelas palavras acalmarem seus pensamentos. Era bom vê-la ali, tentando sorrir em meio a timidez. Ele aproximou-se e colocou uma mecha do cabelo dela atrás da orelha.

"Estive com minha mãe. McGonagall autorizou que eu fosse visitá-la." Sussurrou no espaço entre eles.

"Como ela está?" Hermione devolveu, fechando os olhos para sentir os dedos dele traçando o contorno do seu rosto.

"Tão bem quanto poderia estar, diante das circunstâncias."

"Isso é... bom." Suspirou a castanha.

"Ela esteve ocupada, pelo menos. Mal reconheci a casa em que entrei. Consegue imaginar a Mansão Malfoy toda em mármore branco?" Ele riu baixinho.

"Nada de preto?" Ela cochichou, levando suas mãos para se apoiarem nos braços dele.

"Nada de preto." Confirmou Draco ao finalmente aproximar sua boca da dela.

Os dois ainda sentiam surpresa ao experimentarem tantos sentimentos compartilhando um gesto tão singelo. Os corações batendo forte no peito, a mão suando e aquela sensação de querer continuar aquele beijo para sempre. Como se o mundo em volta não existisse. Quando o encanto foi quebrado, Draco encostou sua testa na de Hermione e sorriu.

"Senti sua falta." Ele murmurou.

Hermione sorriu ainda mais abertamente. Queria viver naquele momento para sempre, mas sabia que não era possível. Contentou-se em ser domingo e não ter obrigações a fazer durante o resto do dia e poder aproveitar, mesmo que por algumas horas, aquele momento.


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Notas finais do capítulo

*M.O (Modus Operandi): modo pelo qual um indivíduo ou uma organização desenvolve suas atividades ou opera.

Me contem o que acharam, ok?



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