Hold On - Dramione escrita por karistiel


Capítulo 38
Chapter 38: Misunderstanding


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, primeiramente, desejo a todos vocês um feliz natal! Segundamente, tô viva sim haha Vou parar de me desculpar pelos sumiços e apenas postar os capítulos. Tá difícil mas eu sigo firme e forte tentando escrever uns trechinhos toda semana pra continuar isso aqui.
Boas festas, amores. Nos vemos no ano que vem, que já tá logo ali ♥

**Playlist nova e atualizada!
Youtube: https://www.youtube.com/playlist?list=PLKwupk0S9-0dHE3qVub28XF-mMbsoT5nC
Spotify: https://open.spotify.com/user/k_aris/playlist/5NRpzDgfyG2JLq8XPilQdO



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/412993/chapter/38

Hermione entrou na aula de Poções com alguns minutos de atraso, tirando a atenção de todos e a fazendo ficar vermelha de vergonha. Rapidamente fez seu caminho até o lado vago onde Harry e Ron já estavam.

“O que aconteceu?” Perguntou Harry baixinho quando o professor voltou a atenção à aula.

“Perdi a hora.” Respondeu no mesmo tom de voz. Ron bufou ao lado de Harry.

“Claramente.” Murmurou o ruivo para si mesmo, fazendo os outros dois o encararem, Harry com as sobrancelhas erguidas e Hermione surpresa. Ron abaixou a cabeça e suas orelhas vermelhas ficaram à mostra demonstrando que ele não esperava ser ouvido.

“Ron?” Hermione perguntou esperançosa e um pouco irritada. Já faziam semanas que eles mal se falavam por culpa do término. A castanha já estava achando aquilo extremamente desnecessário e pela cara que os amigos faziam sempre, eles também. Tudo bem que Ron era teimoso, mas tudo tinha limite.

O ruivo seguiu firmemente em silêncio, chegando a fingir prestar atenção ao que Slughorn dizia. Agora Hermione estava completamente irritada e decidiu que ficaria em silêncio também. Harry bufou sentado entre os dois amigos.

Slughorn ensinou os alunos a criarem uma poção para desentupir as vias respiratórias em casos de emergência. Era uma poção bastante minuciosa e muito perigosa se preparada incorretamente, podendo levar ao inchaço da garganta e a piora do problema. Hermione seguiu à risca todas as instruções e foi elogiada, junto com alguns outros grifinórios e sonserinos, incluindo Draco, que conseguiram reproduzir a poção perfeitamente.

Ao fim da aula Hermione sentia que seu estômago comeria a si mesmo, mas ao olhar para o olhar sereno que Draco exibia imperceptivelmente, ela sorriu. Ela e o loiro haviam passado o restante da manhã de domingo juntos conversando bobagens e apreciando a companhia um do outro lado a lado na Torre de Astronomia. Ninguém os incomodou até o momento em que o horário de almoço chegou e eles começaram a sentir fome. Ainda relutantes, Draco a abraçou e a beijou com um carinho que era sempre absurdamente inesperado. Hermione havia passado o resto do dia em um humor esplêndido que nem Ron conseguiu estragar com seu silêncio para com ela. Havia dormido tão bem que sequer ouvira seu despertador, motivo pelo qual havia chegado atrasada para a aula.

Hermione, Harry e Ron saíram da sala de aula junto com o restante dos alunos quando o sino tocou. Sem algo para se prestar atenção durante o trajeto até o Salão Principal o silêncio foi crescendo desconfortavelmente até Harry explodir pouco tempo antes de chegarem ao seu destino.

“Ok, acho que isso é o suficiente.” Irritou-se Harry puxando os dois para dentro da primeira sala de aula que encontrou pelo caminho, felizmente vazia. “Eu quero que vocês deixem de ser tão teimosos e parem com essa infantilidade de uma vez por todas. Falo por todos quando digo que não aguentamos mais você, Ron.” Frisou o moreno. “Fazem semanas desde que terminaram, sabe Merlin porquê, e essa tensão paira no ar sempre que estão no mesmo ambiente. É frustrante!” Exaltou-se.

Hermione suspirou e olhou para o ruivo. Sentia-se frustrada também. Havia tentado de várias formas conseguir o perdão de Ron e não havia conseguido sequer perfurar a camada de cima. Toda vez que Hermione tentava uma conversa ele a ignorava ou se distanciava ainda mais; era um sentimento horrível perder seu melhor amigo dessa forma e Hermione odiava cada minuto disso.

“Não estão autorizados a saírem daqui até se resolverem. Assim que fizerem serão muito bem recebidos no almoço.”

Dizendo isso, Harry saiu, batendo a porta atrás de si. O silêncio caiu por alguns segundos antes dos dois se entreolharem e suspirarem alto.

“Ron,” Começou Hermione mas foi interrompida.

“Hermione, me desculpe.” Disse Ron. “Não fui justo com você nas coisas que eu disse.”

“Eu entendo, Ron.” Disse Hermione. “Eu entendo que estava magoado, que te magoei por causa da minha própria confusão. Essa nunca foi minha intenção.”

“E eu, agora, entendo o que disse naquele dia. Foi difícil aceitar que estava te perdendo depois de tudo que passamos juntos, mas agora eu entendo que nunca fomos feitos pra ficarmos juntos, somos muito diferentes.”

“Foi por ter passado todas aquelas coisas horríveis juntos que eu entendi que nunca conseguiríamos estar juntos como eu idealizava. Mesmo assim eu insisti na ideia durante tanto tempo que era tão mais fácil continuar do que enxergar o que estava nítido na minha frente. Peço desculpas por isso, por levar isso adiante.”

Ron assentiu.

“Me desculpe por não estar com você depois do julgamento. Meu orgulho conseguiu ser maior do que a vontade de estar lá com você. Sinto muito por isso, por ser um amigo terrível.”

Sem hesitar, Ron a envolveu num abraço caloroso ao qual Hermione devolveu com igual calor. Era bom estar ali, naquele abraço, de novo, depois de tanto gelo entre os dois.

“Estamos perdendo o almoço.” Hermione murmurou depois de um tempo, rindo em seguida quando Ron rapidamente a soltou e caminhou até a porta da sala.

“Estamos bem?” Perguntou o ruivo quando Hermione juntou-se a ele.

“Estamos bem.” Confirmou Hermione.

Os dois finalmente saíram da sala para o corredor, sob alguns olhares curiosos e cochichos. A castanha mal se importou com isso até ver uma cabeleira familiar subir as escadas após derrubar um aluno da grifinória que estava em seu caminho.

“Você está bem?” Perguntou Hermione ao segundanista que levantava-se.

“Sim, obrigado.” O garoto parecia confuso quando olhou para o caminho que Draco havia sumido.

“Não se preocupe, é o jeito imbecil dele mesmo.” Comentou Ron quando, ainda atordoado, o garoto despediu-se e correu para o salão.

Hermione suspirou e também lançou um olhar para as escadas.

“Ron, eu te encontro no Salão Principal.” Hermione falou. “Preciso de uma coisa que está no meu dormitório.”

“Mas assim você vai perder o almoço.” Comentou o ruivo confuso. Hermione teve que segurar uma risada.

“Não se preocupe com isso, um almoço não fará falta pra mim como faria pra você.” Comentou a castanha, sorrindo. “Acho melhor você ir.” Disse, olhando para o relógio de pulso.

“Tudo bem, mas tome cuidado por aí.”

Hermione assentiu e, sorrindo, sumiu escada acima tentando refazer o caminho pelo qual Draco havia ido momentos antes.

Infelizmente, Hermione procurou por todos os lugares possíveis. Seu primeiro palpite era a Torre de Astronomia, mas ele não estava lá. Correu até o banheiro dos monitores mas estava vazio. Em seguida começou a procurar em salas de aula vazias, mas haviam tantas que perdeu a paciência. Deu uma olhada pela biblioteca ligeiramente vazia e após perguntar Madame Pince se o havia visto, Hermione suspirou de frustração. A esse ponto, ele já deveria estar nas masmorras, ou pior ainda, dentro da Sala Precisa e Hermione nunca poderia alcança-lo lá.

Quando o sino tocou, anunciando o fim do almoço, ela desistiu. Puxando a mochila mais firmemente em seus ombros, fez seu caminho para os jardins, em direção à Estufa nº 5, onde foi a primeira a chegar.

Minutos depois, outros alunos começaram a aparecer e finalmente Ron e Harry juntaram-se a ela.

“O que houve que demorou tanto tempo?” Perguntou Ron.

“Achamos que alguma coisa havia acontecido.” Contou Harry. Parecia aliviado em vê-la.

“Ginny quase nos obrigou a ir procura-la, mas nós prometemos que faríamos isso se você não estivesse aqui.”

“Me desculpem.” Murmurou Hermione, incerta. As vezes era desconcertante o protecionismo deles.

“Tudo bem, Hermione.” Assegurou Harry.

“Só ficamos preocupados.” Continuou Ron, mas havia um brilho curioso em seu olhar. Felizmente, antes que Ron pudesse voltar a questionar onde havia estado, Prof. Sprout entrou na classe.

Xx

A aula de Herbologia havia sido uma tortura. Isso não era uma coisa que Hermione admitia facilmente. Sua cabeça não estava nem um pouco centrada na tarefa em suas mãos e vergonhosamente, teve que lidar com Harry chamando sua atenção baixinho mais de uma vez. O moreno olhava cada mais preocupado para ela e isso a deixava ainda mais desconcentrada. No fim, havia conseguido desmembrar a pétala da flor sem dissolvê-la por completo como a maioria.

Deixou a sala de aula, com os garotos em seu encalço mas ainda estava perdida em pensamentos quando eles a alcançaram.

“Vamos para o jardim?” Perguntou Harry. “Passar um tempo juntos como nos velhos tempos?”

“Essa é uma ótima ideia, Harry.” Comentou Hermione, finalmente saindo de dentro de sua cabeça. Sabia que não conseguiria nada indo procurar por Draco naquele momento. Encontraria ele no jantar de qualquer forma. Além do mais, sentia falta dos amigos.

“Tudo bem, só preciso ir ao banheiro.” Respondeu Ron. “Encontro vocês aqui fora.”

Os outros dois assentiram e começaram a caminhar em direção as árvores na borda da Floresta Proibida. Quando chegaram debaixo de uma macieira já próxima de dar frutos, sentaram-se. Era um dos lugares preferidos do trio quando queriam conversar, assuntos secretos ou não.

“Um galeão por seus pensamentos.” Falou Harry quando se acomodaram. Hermione olhou para o amigo e sorriu de canto. “O que tanto pensa, Hermione?”

“Estou vendo alguém, Harry.” Contou a castanha. Notou com certa curiosidade que o amigo não parecia surpreso. “É um pouco cedo pra dizer quem é.” Suspirou. “Ainda não sabemos se isso vai pra frente.”

“Não me importa quem seja, me importa que esteja te fazendo feliz.”

“Obrigada, Harry.” Agradeceu Hermione. “Ele está, mas é complicado.”

“Não imagino que nada na nossa vida possa ser fácil.” Brincou Harry.

“Isso é totalmente real.” Riu Hermione. “Mas obrigada, Harry, sério.”

“É o mínimo que posso fazer.” O moreno deu de ombros no momento em que Ron se aproximava.

“Desculpem a demora, alguma coisa sobre a Murta chorando no banheiro dos meninos depois de ter sido expulsa do dela. Estava um caos.”

“Sem problemas, Ron.”

“Pois bem, farei uma pergunta muito importante pra vocês dois.” Disse Hermione, séria. Com os semblantes torcidos em confusão, esperaram impacientes. “O quanto vocês já estudaram para os NIEM’s?”

Os dois garotos olharam incrédulos e gemeram em uníssono, fazendo Hermione gargalhar em alto e bom som.

Xx

Meia hora após o início do jantar Draco ainda não havia aparecido. Todos seus amigos estavam presentes; podia ver e ouvir Blaise, Daphne e Theo rindo juntos do outro lado do salão. Ao seu lado, Ginny e Neville riam de alguma coisa também, com o som de Ron mastigando ao fundo.

Quando Harry chamou sua atenção de volta, pela milésima vez naquele dia, a castanha engatou numa conversa sobre o teste prático de Feitiços que seria no dia seguinte. Neville soava preocupado, assim como Ron, mas Ginny e Hermione estavam confiantes.

Isso tirou um pouco sua mente do loiro, mas a preocupação ainda permanecia. Por isso, quando faltando vinte minutos para o fim do horário de jantar, Hermione quase levantou de seu banco quando o viu entrando pela porta do salão. Felizmente, se conteve a tempo de não chamar atenção. Quando o loiro sentou ao lado de Daphne na mesa da Sonserina, seus olhares se cruzaram por uns instantes; mas Draco desviou rapidamente e começou a servir-se rapidamente, assentindo para o grupo que dirigia a atenção à ele.

“O que houve?” Perguntou Ginny, baixinho, sem querer chamar a atenção.

“O que?” Perguntou de volta Hermione. A ruiva apenas apontou com a cabeça a mesa da Sonserina. Hermione suspirou pela vigésima naquele dia.

“Ele me viu saindo de uma sala vazia com Ron.” Contou Hermione no mesmo tom da amiga. “Não posso imaginar que tenha pensado algo bom.”

“Já tentou falar com ele?” Perguntou Ginny.

“Procurei por ele o almoço inteiro.”

“Isso explica seu sumiço.” Assentiu a ruiva. “O que vai fazer?”

“Esclarecer tudo.”

“Ele precisa confiar mais em você.” Comentou Ginny um pouco ressentida.

“Esse é o problema, Ginny, acredito que ele confie em mim. Ele não confia em si mesmo.”

Ginny assentiu, se esforçando para entender.

“Ele é uma pessoa complicada, Ginny. Mas pelo menos está tentando.”

“Vai dar tudo certo, ‘Mione.”

“Mas Ginny, como você sabe de mim e...?”

“Eu observo as coisas ao meu redor.” Contou, dando de ombros. “E entendo porque você ainda não está pronta pra falar sobre isso.”

“Obrigada por isso, Ginny.”

Ao fim do jantar, todos os alunos começaram a fazer seu caminho para fora do salão conversando animados. Hermione aproveitou a oportunidade para se aproximar de Draco. Ela tocou a mão dele com a sua, atraindo a atenção dele para si.

“Masmorras, às onze?” Perguntou. Draco assentiu rapidamente e abriu caminho pelas pessoas, não antes de segurar a mão dela na sua e apertar.

Hermione soltou aliviada a respiração que parecia ter segurado o dia inteiro.

Xx

A cena que Draco havia visto não parava de atormentar seus pensamentos. Lá no fundo sabia que aquilo que pensava não era provável, mas sua cabeça custava a acreditar no que seus olhos haviam visto, e Draco era possuidor de uma imaginação muito boa.

Havia saído dali tão rápido que mal percebera que tinha derrubado um aluno pelo caminho, muito menos que tinha sido visto. Em sua confusão mental, avançou a passos largos pelos grandes corredores, indo contra o fluxo de estudantes que ia para o almoço. Chegou quase sem fôlego no corredor do quinto andar que levava ao banheiro dos monitores, entrou e trancou a porta atrás de si com a varinha. Respirando fundo, encostou-se à porta e tentou acalmar seus pensamentos.

Duas batidas suaves na porta tiraram sua atenção. Manteve-se em completo silêncio, pedindo com todas as forças para que a pessoa fosse embora.

“Draco? Sou eu.” O loiro ouviu a voz de Blaise dizer. “Eu sei que está aí dentro.” Continuou.

Draco bufou, respirou fundo mais uma vez e destrancou a porta.

“O que foi?” Perguntou ríspido ao ver o rosto do amigo. Blaise suspirou e passou por Draco, entrando no banheiro.

“O que foi aquilo?” Retrucou o bruxo moreno.

“O que quer dizer?” Perguntou Draco fechando a porta. Blaise apenas o encarou por alguns momentos antes do loiro se dar por vencido.

“O que quer que eu diga?” Draco deu de ombros. “Você viu o que eu vi.”

“Eu vi o que eu vi, agora o que você viu eu já não estou certo.” Blaise apoiou-se na pia e cruzou os braços. “O que você viu Draco?”

“Granger e o Cenoura... saindo juntos daquela...” Draco apertou as mãos uma nas outras, tentando se acalmar. Sentia raiva, pura e simples. “O que eu deveria pensar?” Exaltou-se.

“Eu não sei, Draco.” Constatou Blaise. “O que eu sei é que a Granger jamais faria o que você está imaginando dela.”

Os dois ouviram passos pelo corredor e fizeram silêncio. A maçaneta da porta girou e Draco puxou Blaise pelo braço para um canto do banheiro, lançando um feitiço de desilusão sobre os dois.

Quando a porta finalmente abriu, Draco prendeu a respiração e implorou com os olhos para que Blaise fizesse o mesmo. O amigo revirou os olhos mas não se moveu.

“Draco?” Veio a voz hesitante de Hermione. “Você está aí?”

A castanha entrou, olhando em volta, caminhou até as cabines e abriu-as. Suspirou em derrota quando viu que estavam vazias. Seu olhar preocupado passou percorreu pelo banheiro mais uma vez antes dela abrir a porta de novo e sair, fechando-a atrás de si.

Finalmente Draco soltou a respiração que estivera prendendo e desfez o feitiço.

“Sério, Draco?” Perguntou Blaise irritado. O loiro apenas deu de ombros. “As vezes você me lembra o Draco Malfoy que chegou aqui em Hogwarts. Completamente idiota.”

Blaise percebeu que Draco não iria fazer nenhum esforço de voltar ao assunto que estavam tendo antes, ele tomou a missão para si.

“Acho que precisa falar com ela.” Falou. “Comunicação, Draco.”

“Certo.” Disse o loiro sem interesse. Revirando os olhos, Blaise saiu, deixando-o sozinho com seus pensamentos.

Quando o sinal do fim do almoço tocou, Draco saiu do banheiro e foi para as masmorras. Não haviam muitas pessoas no corredor, mas dentro do Salão Comunal da Sonserina alguns alunos conversavam preguiçosamente sentados no sofá. Draco passou reto por todos eles e entrou em seu dormitório. Pegou sua vassoura que descansava no pé da sua cama e saiu com ela. Ninguém prestou atenção nele quando passou pelo Salão Comunal e não havia muita gente pelos corredores. Rapidamente chegou aos jardins de Hogwarts e conseguiu avistar o campo de quadribol. Sem hesitar, montou na vassoura, deu impulso e alçou voo.

Subiu o mais rápido que podia, colocando espaço entre ele e o chão. Quanto mais alto subia, menor Hogwarts ficava e menor ainda ficavam seus problemas. O vento bagunçava ferozmente seus cabelos e sacudia suas roupas. E sua mente focava apenas nas manobras que fazia, em manter o equilíbrio, nos giros e rasantes que dava. Não soube quanto tempo ficou ali em cima, mas foi o suficiente para deixa-lo suado e calmo.

Fez seu caminho de volta para as masmorras e dessa vez o Salão Comunal estava vazio. Deixou a vassoura no dormitório a tempo de ouvir o sinal da próxima aula soando. Pegou sua mochila e saiu a passos largos até a Estufa nº 1, do outro lado dos jardins.

Daphne, Blaise, Theo e alguns outros sonserinos já tinham chego e pegado um lugar para sentar. Draco entrou e sentou-se ao lado de Daphne, que conversava animadamente com Theo, que estava sentado de frente para ela.

“Bom voo?” Perguntou Blaise, baixinho, quando o viu sentar à sua frente. “Daphne e Theo viram você passando às pressas pelos jardins com a vassoura mais cedo.”

“Bom o suficiente.” Respondeu o loiro.

“Ótimo.” Assentiu Blaise. “Decidiu o que fazer?” Insistiu.

“Sim.”

“Ótimo.” Repetiu o moreno.

Draco assentiu de volta quando a Prof. Sprout entrou em sala junto com os alunos restantes.

“Boa tarde a todos. Hoje começaremos os estudos das propriedades das rosas azuis. Começaremos com o desmembramento delas, uma das partes mais simples a serem usadas. Alguém saberia me dizer para que?” Introduziu a Prof. Sprout. Um aluno da Sonserina levantou a mão e respondeu.

Draco deixou seus pensamentos vagarem pelo resto da aula. Conseguiu desmembrar as rosas perfeitamente bem e já tinha seu material arrumado quando o fim da aula chegou.

Saiu acompanhado de Blaise e Daphne, em direção ao Salão Principal para jantar. Encontrou Meg pelo caminho e ela juntou-se ao trio. Quando passaram pelo hall de entrada, puderam ver o pequeno tumulto no topo das escadas.

“O dever chamar.” Anunciou Draco antes de se desvencilhar dos amigos e ir em direção à confusão.

“O que está acontecendo aqui?” Exclamou Draco ao se aproximar. Algumas pessoas prontamente saíram do seu caminho mas outras sequer o ouviram. Empurrando uns e jogando de lado outros, Draco chegou ao centro da balbúrdia.

Dois corvinais se socavam rolando de um lado para o outro no chão. Draco sacou a varinha e apontou para os dois, afastando-os para lados opostos do corredor.

“Vou perguntar apenas mais uma vez: o que, em nome de Merlin, está acontecendo aqui?” Exigiu Draco. Os poucos alunos que haviam restado saíram o mais rápido que puderam, desaparecendo escada abaixo, deixando apenas os dois brigões que finalmente se levantavam.

“A culpa é dele.”

“Ele que começou.”

Disseram os dois ao mesmo tempo. Draco fuzilou-os com o olhar.

“Não me interessa quem começou essa selvageria. Menos quinze pontos da Corvinal, de cada um.”

Os dois garotos que haviam se aproximado novamente, puxaram as varinhas, apontando um para o outro, culpando um ao outro.

“Sério?” Irritou-se o loiro. “Expelliarmus” As varinhas dos garotos vieram voando de suas mãos, deixando-os atordoados, agora encarando Draco com raiva. “Vocês não me dão outra escolha.” Olhou em volta e por sorte, viu um aluno da Sonserina passando às pressas pelo hall de entrada. “Ei, você!” Chamou. O garoto olhou para cima, assustado e parou abruptamente. “Diga à Diretora McGonagall que Draco Malfoy precisa dela em sua sala. Agora!” Gritou Draco quando o garoto continuou olhando-o amedrontado.

O loiro virou-se de volta para os infortúnios de sua noite, que o fariam perder boa parte do jantar e praticamente os empurrou em direção à Torre da Gárgula. Alguns minutos depois, Prof. McGonagall apareceu, com seu rosto duro e expressão severa. A gárgula se abriu à presença da bruxa e os quatro subiram até a sala, Prof. McGonagall sentando-se atrás de sua mesa.

“Sr. Malfoy?” Questionou olhando-os por cima de seus óculos.

“Encontrei-os aos socos. Como se não bastasse a visão de dois bruxos se comportando como dois animais, resolveram usar suas varinhas.” Draco mostrou as varinhas que tinha em mãos.

“Sr. Mikkel?” Questionou novamente, dessa vez olhando para um dos corvinais. Quando ele não respondeu, virou-se para o outro. “Sr. Parker?” Os dois garotos continuaram encarando o chão, em silêncio. “Nada a dizer sobre o ocorrido?”

A Diretora assentiu, ainda mais severa.

“Não aprovamos esse tipo de comportamento em Hogwarts. Dessa vez, sairão daqui com apenas uma semana de detenção e um aviso. Se houver uma próxima vez, não serei tolerante. Entendido?” Perguntou ríspida.

“Sim, senhora.” Responderam os dois em uníssono.

“Estejam na Sala de Troféus às 20 horas de amanhã. Sem atrasos. Sr. Filch irá acompanha-los durante toda a detenção. Estão dispensados.”

Os dois corvinais passaram por Draco, que relutante estendeu suas varinhas, e sumiram rapidamente pela entrada da Gárgula. Draco virou-se e começou a fazer o mesmo caminho, quando foi parado pela voz da Diretora.

“Sr. Malfoy?” Chamou a bruxa. Draco voltou-se para ela, expectante. “Bom trabalho.”

O loiro assentiu e tornou a fazer seu caminho de novo.Teve que correr até o Salão Principal pois já tinha perdido quase metade do jantar.

“O que foi aquilo?” Perguntou Meg quando ele sentou-se à mesa.

“Dois corvinais brigando.”

“Duelo?” Perguntou Daphne curiosa. Draco bufou.

“Socos.”

“Será que as pessoas esquecem que somos bruxos e temos esse maravilhoso pedaço de madeira que pode fazer estragos?” Reclamou Theo, entrando na conversa.

“Bem, não vá dando ideias as pessoas, elas podem acabar fazendo.” Retrucou Blaise, brincando.

“Definitivamente não precisamos de outro louco com uma varinha e ideias para fazer estragos.” Disse Draco, fazendo os amigos concordarem aos risos. Draco e Theo trocaram olhares e assentiram um para o outro. A vida era muito curta para ficar para sempre com raiva.

Com esse pensamento, Draco permitiu-se um rápido olhar à mesa da Grifinória. Hermione conversava aos cochichos com a Weasley. Parecia preocupada. Draco suspirou. O sinal do fim do jantar tocou, fazendo todo levantarem de seus lugares e começarem a sair do Salão. Quando estava quase na porta, sentiu a mão dela na sua e a voz suave dela em seu ouvido. Assentiu e abriu caminho pela multidão, voltando a alcançar seu grupo de amigos.

Draco foi direto para seu dormitório quando chegaram no Salão Comunal da Sonserina. Aproveitou que todos se reuniam no andar de baixo e tomou um banho demorado. Não havia tido tempo mais cedo, quando tinha vindo deixar a vassoura.

Quando desceu de novo, havia uma torcida ao redor da mesa de centro. Ao aproximar-se viu Theo e Daphne sentados e absorvidos em um jogo de xadrez bruxo. E pela aparência das coisas, Theo estava próximo de uma derrota espetacular. Logo atrás de Daphne estava Blaise com um recipiente cheio de galeões.

“Apostas?” Perguntou Blaise quando viu Draco. O loiro riu, olhando mais uma vez para o jogo dos amigos.

“Acho que todos sabemos quem vai ganhar.” Draco disse, em tempo de ver o bispo de Daphne capturar o cavalo de Theo.

“Um pouco de fé em mim é apreciado.” Resmungou Theo, ainda preso ao jogo.

Após isso, o jogo durou mais de uma hora. Poucos minutos antes das onze horas, Draco levantou-se, despediu-se dos amigos e saiu.

Parou na entrada das masmorras e esperou. Não muito depois, Hermione apareceu.

“Oi.” Murmurou a castanha.

“Oi.” Devolveu ele. “Vamos?” Perguntou, fazendo gesto de passagem para ela.

Hermione assentiu, hesitante e começou a andar.

Andaram pelos corredores desertos por longos e miseráveis minutos.

“Isso está ficando ridículo.” Murmurou ela, parando, virando-se para Draco e em seguida, depois de uma rápida conferida, empurrá-lo para dentro de uma sala de aula abandonada.

“Foi assim que fez com ele?” Acusou Draco, sem pensar, quando ela fechou a porta atrás de si.

“Não seja um babaca, Malfoy.” Irritou-se Hermione. Draco suspirou, passando a mão pelos cabelos, tentando fazer sua cabeça acompanhar a rápida mudança de cenário. “Como pode pensar isso de mim?” Continuou ela, frustrada.

“O que eu deveria pensar ao ver aquilo?” Ele rebateu. Não estava sendo a conversa que planejara.

“Que eu nunca faria isso!” Ela refutou.

“Eu sei!” Ele exasperou-se, deixando toda sua frustração evidente. “É tão difícil acreditar que você me quer, eu simplesmente não...” Ele interrompeu-se quando ela se aproximou.

“Draco.” Ela chamou, segurando suas mãos e entrelaçando-as. “Olha pra mim.” Ela pediu, ele obedeceu. “Eu quero você.”

A próxima coisa que Hermione sentiu no segundo seguinte à sua declaração foi a pressão dos lábios de Draco no seu. Em um momento estava de pé, seu corpo colado ao dele no meio daquela sala de aula abandonada, no outro momento estava sentada em uma mesa com Draco firmemente pressionado entre suas pernas. O beijo foi de urgente para intenso no espaço de milissegundos e Draco sentiu-se intoxicado pelo gosto, pelo toque, pelo cheiro dela. Através do contato de suas línguas ele tentava tornar os dois um só, tamanho desespero. Estavam ofegantes quando separaram suas bocas uma da outra, com uma distância mínima, os corpos ainda colados; Draco tirou os cabelos dela do caminho e beijou seu pescoço até onde a blusa do uniforme permitia. Hermione soltou um ruído de prazer e entrelaçou seus dedos nos cabelos dele, aproveitando para puxar a boca dele de volta para a sua.

Se beijaram novamente, com ainda mais paixão, as mãos de Draco subindo sorrateiramente pelas coxas de Hermione e alcançando o interior da saia; as mãos dela subindo pelas costas dele, por debaixo da blusa branca.

Um miado do lado de fora da porta os fez despertar do momento bruscamente. Draco afastou-se e Hermione desceu da mesa em um movimento só.

“Droga!” Murmurou Draco. Olhou para Hermione e constatou que não havia possibilidade de convencerem ninguém de que estavam apenas patrulhando os corredores. Tendo uma ideia rápida, puxou a varinha do bolso e, com um feitiço simples de desilusão, fez sumir a maçaneta da porta.

Hermione se aproximou dele e, nervosa, olhou para a porta. Ela estava prestes a se pronunciar quando o barulho de passos do outro lado fez Draco fazer um gesto de silêncio, que ela obedeceu prontamente. Escutaram murmúrios abafados através da porta e, prendendo a respiração, esperaram pelo pior. Poucos segundos se passaram, embora tenham parecido horas, quando ouviram os passos novamente se afastando pelo corredor. Hermione respirou fundo e começou a rir, sendo acompanhada por Draco logo em seguida.

“Isso foi estupido.” Ela constatou.

“Um pouco.” Ele concordou, puxando-a para si e beijando-a suavemente.

“Espero que isso tenha provado meu ponto.” Ela disse. “E Ron e eu estamos tentando ser amigos de novo.”

“Amigos.” Ele repetiu.

“Amigos.” Ela afirmou. “Oh, e Ginny sabe sobre nós.”

“Eu tinha um palpite de que ela soubesse.” Ele comentou pensativo. “Bem, parece que a Weasley-fêmea ficou com toda a inteligência da família.”

“Draco.” Falou Hermione em tom de censura.

“Desculpe.” Ele pediu, mas pelo sorriso que exibia, ela duvidava que ele se sentisse culpado.

“Vamos logo enquanto podemos. Não queremos outro encontro com o Filch, certo?” Hermione disse.

“Certo.” Draco desfez o feitiço e abriu a porta. “Depois de você.” Ele brincou, fazendo uma reverencia ridícula.

Os dois saíram da sala aos risos, Hermione tentando arrumar o cabelo de Draco e fazendo um estrago ainda maior.

Encontraram Filch quase uma hora depois. O zelador perguntou a eles se tinham visto alguém andando por aí, e que uma das portas do primeiro andar parecia estar convenientemente com a maçaneta quebrada. Hermione ficou vermelha em questão de segundos e Draco teve que fingir uma tosse para tentar esconder a risada, mas os dois garantiram que iriam dar uma olhada no local antes de saírem às pressas.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!

*Aos safadinhos de plantão haha ainda não sei essa história vai virar +18, porém é provavel que não, então, ja deixo o recado dado.*