Hold On - Dramione escrita por karistiel


Capítulo 35
Chapter 35: Anger


Notas iniciais do capítulo

Sweet Morgana, faz quase um ano que não apareço por aqui. Não sei nem como me desculpar com vocês, mas, peço desculpas mesmo assim! Quero dizer que estou viva, sim, e que voltei a escrever com todo o coração essa fic que é o meu maior amor e trabalho mais bem feito e trabalhoso de todos.

Depois de tanto tempo, não vou enrolar mais e deixarei que leiam o capítulo. O próximo está sendo escrito e pretendo continuar no ritmo de ter pelo menos um novo por semana. Vamos ver no que vai dar...

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Capítulo 35 - Anger

Era um belo dia de primavera quando Hermione acordou naquela manhã de sexta-feira. Havia dormido bem, melhor do que qualquer noite dos últimos meses. Não sentia mais um vazio tão grande em seu peito. A castanha suspirou ao lembrar do dia anterior. Tantas coisas haviam acontecido e a mais importante delas era a revelação dos seus sentimentos em relação a Draco Malfoy. Ainda estava confusa mas sentia-se mais segura por saber que ele se sentia da mesma forma.  

Era difícil aceitar tão abertamente que podia sentir-se romanticamente atraída pelo homem que a havia feito infeliz durante tantos anos. Assim como imaginava ser difícil para ele sentir-se romanticamente atraído pela mulher que foi ensinado durante a maior parte da sua vida a odiar. 

Mas quando parava para pensar nos últimos encontros em que tinha com Draco Malfoy, conseguia entender que ele a fazia bem. Que com ele, ela podia respirar normalmente sem se preocupar. Hermione não sabia quais escolhas havia feito para acabar naquele caminho mas ali estava e não sentia a menor vontade de voltar. 

Com esse pensamento positivo, levantou-se da cama e abriu as cortinas, deixando a luz do sol entrar no quarto. Depois seguiu para o banheiro e tomou uma ducha rápida, voltando para o quarto e rapidamente vestindo o uniforme. 

Ainda era cedo para o café da manhã, por isso decidiu ir ao jardim aproveitar um pouco do sol. Gostava do clima desse jeito, dava mais ânimo de seguir a vida. 

A sua surpresa foi encontrar o homem que havia virado seu mundo de cabeça para baixo sentado em um banco de frente ao Lago Negro. Hermione se aproximou lentamente; não sabia se ele gostaria de ser perturbado naquele momento.  

O loiro estava de olhos fechados com a cabeça inclinada em direção ao sol. Seu semblante estava calmo e relaxado e Hermione sorriu levemente. Ainda tinha olheiras escuras sob os olhos e uma aparência cansada, mas parecia melhor do que estava na noite anterior. Aproximou-se bem devagar e sentou no banco ao lado dele.  

Percebendo o movimento, Draco abriu os olhos e olhou diretamente para a castanha. Ao reconhecê-la, abriu um leve sorriso; despreocupado. Nenhum dos dois falou nada, mas depois de alguns minutos, Draco procurou a mão de Hermione e entrelaçou seus dedos com os dela. Não importava que alguém pudesse vê-los daquele jeito. Naquele momento, só estavam felizes com a presença um do outro. 

Quando o Castelo começou a acordar e tornar-se barulhento, os dois se levantaram relutantes. Andaram lado a lado até a entrada do Grande Salão ainda em silêncio; era confortável e além do mais, nenhum dos dois sabia muito o que dizer. Tudo aquilo era tão novo e diferente. Separaram-se e cada um seguiu seu caminho para as mesas de sua casa. 

O humor de Hermione mudou drasticamente ao sentar-se na mesa da Grifinória. Harry e Ron já estavam presentes quando a castanha fez seu caminho até um dos bancos. Harry cumprimentou-a com um bom dia e um sorriso, mas nada veio de Ron. Hermione quis ficar irritada com a imaturidade do ruivo mas no fundo entendia; ele estava magoado e era dessa forma que lidava com isso. 

Ginny chegou vários minutos depois acompanhada de Neville, que estava radiante. O sorriso dele era tão grande que era contagiante. Os dois sentaram-se de frente para Hermione e cumprimentaram todos. 

“Luna me enviou uma coruja!” Contou Neville eufórico. “Disse que estará em Hogsmeade amanhã e quer nos ver.” 

“Sinto tantas saudades dela.” Ginny suspirou tristemente. “Estou feliz que tenha voltado da França e pelo visto para ficar.” A ruiva mostrou a mais recente edição do O Pasquim. Era a primeira edição em mais de um ano.  

Luna e seu pai haviam ido tirar férias na França logo após o fim da guerra. A loira havia recusado o convite da Diretora McGonagall de voltar à escola junto com os outros; haviam muitas lembranças sombrias que a menina gostaria de deixar para trás. Mas agora estava de volta e Hermione podia ver o brilho nos olhos de Neville e o sorriso sincero de Ginny. Estava mais do que feliz pelos amigos. 

“Recebi também uma coruja de Jorge.” A ruiva abanou o pergaminho enrolado em frente ao rosto do irmão que o pegou ansiosamente para ler. “Amanhã será a inauguração da Gemialidades Weasley. Terá uma grande comemoração em homenagem à Fred. Mamãe e papai também estarão lá.” 

“Mal posso esperar.” Comentou Ron excitado. Ginny assentiu a cabeça freneticamente.  

“Amanhã será um grande dia.” Concordou Neville feliz. 

Hermione havia ficado em silêncio apenas assistindo a troca entre os amigos. Havia uma sensação de paz em seu interior que não sentia há tanto tempo que foi quase sufocante num primeiro momento. 

Forçou-se a voltar para seu café da manhã e ignorar os olhares discretos vindos do outro lado do Salão. De qualquer forma, era quase inevitável sorrir sempre que seus olhos castanhos encontravam timidamente os cinzas. 

Quando o café da manhã chegou ao fim, todos estavam excitados e conversando alto. Hermione despediu-se dos amigos e caminhou calmamente até o sexto andar, ficando momentaneamente perdida quando a escada em que estava mudou de rumo. Felizmente, chegou na sala junto com os outros alunos. 

A aula de Runas Antigas era sempre uma de suas preferidas. Por isso, sentou-se feliz na primeira carteira. A aula era sempre calma, vazia e por isso produtiva; e a professora era ótima. 

A Professora Babbling entrou fazendo todos se calarem e darem total atenção à aula. 

“Quero que abram seus livros de Runas na Roma Antiga na página 679.” Pediu a professora calmamente.  

Hermione abriu o pesado livro e se deparou com o título Criação de Magia Através de Runas. A castanha podia sentir o excitamento percorrer todo seu corpo diante daquele assunto novo e intrigante. De todas as coisas que despertavam sua curiosidade, a criação de uma magia era uma das mais empolgantes. O mesmo título do livro apareceu no quadro negro com um aceno da varinha da bruxa mais velha. 

“Pra quem está comigo desde o começo sabe que tenho sempre citado a importância das runas na magia em si. A partir de hoje, começaremos a estudar como elas são utilizadas.” Continuou a professora. Os alunos exclamaram empolgados. 

“Primeiramente gostaria de fazer um breve histórico. As runas foram descobertas por nossos ancestrais bruxos da Roma Antiga; mais ou menos entre os séculos 5 e 6 a.C. Primeiramente foram utilizadas apenas como códigos secretos entre os bruxos, mas, com o uso contínuo, alguns dos bruxos mais inteligentes da época começaram a perceber que elas eram muito mais do que símbolos, eram também magicamente poderosos se combinados corretamente. Assim começaram a surgir pequenos feitiços inéditos; coisas bobas como levitar um talher de prata por alguns segundos, forrar uma mesa sem as mãos. Veja bem, naquela época, pouco se sabia sobre magia; os bruxos antes daquele tempo não haviam deixado qualquer pista sobre o assunto. Por isso o romanos praticamente fizeram todas as descobertas sozinhos.” A bruxa começou a caminhar graciosamente pela sala, entretendo a todos com sua história. “Um em particular, Artorius Victorius, foi o inventor do Wingardium Leviosa. Muitos feitiços que conhecemos hoje foram criados na Roma Antiga e foram apenas aprimorados com o tempo.” 

Professora Babbling voltou à frente da turma e mais uma vez acenou com a varinha em direção ao quadro. “As runas são o que dão base à uma magia. Ela é primordialmente uma runa matemática.” Várias runas que Hermione lembrava vagamente apareceram no quadro. “Ao organizá-las corretamente teremos o que chamamos de centro de poder. A partir desse centro de poder, outras fórmulas surgirão; para sustentação da magia, para tempo de efeito, para potência e assim por diante.” As runas no quadro agitaram-se e começaram rapidamente a se reorganizar. “Cada magia que usamos tem seu próprio centro de poder. Hoje aprenderemos as propriedades de um centro de poder a partir da tradução dessas runas matemáticas.” A professora enviou flutuando uma porção de pergaminhos para cada aluno em classe. “Quero que comecem a traduzir um dos feitiços desses pergaminhos e em seguida, usando seus conhecimentos, me diga qual feitiço acabaram de traduzir.” 

Hermione estava tão concentrada nas runas matemáticas do feitiço de um dos pergaminhos que mal notou que Malfoy sequer havia entrado em sala. 

Xx 

Draco sentia um alívio mental que não sentia há algum tempo. Ainda sentia o peso da mão de Hermione na sua quando sentou ao lado de Theo na mesa da Sonserina. O sonserino o olhou estranho mas resolveu não questionar voltando a sua conversa com uma das garotas do quarto ano. Era incrível como sempre que via Theo o garoto estava conversando com uma garota nova.  

Draco riu baixinho do amigo enquanto via Blaise se aproximar com Daphne ao seu lado. Os dois conversavam distraidamente e em um ponto da conversa ela gargalhou alto, jogando a cabeça para trás extasiada. O loiro viu o sorriso de Blaise, mas era o olhar que chamava a atenção; um olhar admirado e surpreso. Draco entendia aqueles dois sentimentos tão bem ultimamente que sentiu uma vontade histérica de rir. Mas quando os dois sentaram-se de frente para ele sua expressão era a mais indiferente possível. 

O casal cumprimentou os demais mas voltaram a conversar entre si no momento em que todos cumprimentaram de volta. Um só tinha olhos para o outro. Draco nunca imaginaria uma cena daquelas alguns anos atrás envolvendo Blaise mas cá estava o moreno. O loiro olhou em volta e por um momento raro sentiu-se feliz por seus amigos. Com todos a sua volta ocupados, Draco permitiu alguns olhares roubados para a mesa da Grifinória. 

Meg chegou muito depois e se juntou ao grupo. Rapidamente sua atenção se voltou à Draco. 

“Dormiu bem?” perguntou a garota curiosa. Draco respondeu o mais vagamente que podia. 

“Sim.” 

“Já visitou o jardim hoje? Está um ótimo dia lá fora.” Ela comentou divertida vendo os olhos do sonserino cerrarem-se. 

“Não posso dizer que tenha visto.” Respondeu entredentes.  

“Aposto que tinha coisa melhor para se olhar.” A esse ponto, a loira já ria abertamente. Draco recusou-se a responder e voltou a comer seu café da manhã. “Mas se isso te faz sentir melhor, não acredito que mais ninguém tenha visto.”  

Draco suspirou contrariado. Não importava à ele serem vistos, de forma alguma, mas a situação era complicada. Naquele estágio tão instável do seja lá que eles tenham era mesmo bom que não fossem vistos; trariam muitos problemas desnecessários. 

Felizmente, o sinal das aulas havia acabado de tocar evitando que Draco desse qualquer resposta que ele não tinha. Os sonserinos levantaram-se e fizeram seu caminho para fora do Salão junto com todo mundo. No meio da bagunça de pessoas, Draco se despediu dos amigos e rumou para o sexto andar onde teria aula de Runas Antigas. Não queria admitir mas estava ansioso para vê-la novamente.  

Por isso, quando uma coruja branca e imponente entrou voando pela janela obrigando aos alunos no corredor a saírem da frente, Draco ficou atordoado. A coruja passou voando por sua cabeça e deixou cair o pergaminho que estava segurando em sua pata. Ainda perdido, Draco assistiu a coruja voar de volta pelo corredor e sair pela mesma janela que entrou. Passou alguns segundos encarando o pergaminho em sua mão antes de despertar e abri-lo.  

De cara, sabia que a carta só poderia ser de sua mãe mas o que leu o deixou irado em instantes. Em segundos fazia seu caminho à passos largos e pesados, as pessoas à sua volta abrindo caminho assustadas, até a Torre da Gárgula no sétimo andar. 

Dizendo a senha da semana, a Gárgula se abriu revelando a escada; antes mesmo dela abrir por completo, Draco já estava chegando ao topo. Sequer bateu na porta para anunciar sua entrada. A Diretora estava sentada em sua mesa e ao ouvi-lo entrar apenas olhou-o por cima de seus óculos. 

“O que significa isso Sr. Malfoy?” Perguntou severamente a velha bruxa. 

“A senhora sabia disso?” Vociferou mostrando a carta amassada em sua mão. A Diretora finalmente levantou-se pegando o pergaminho das mãos trêmulas do sonserino e ajeitando os óculos para ler o conteúdo. 

“Não, o Senhor Ministro não disse nada sobre isso.” Comentou a bruxa.  

“Pois bem, não importa, precisa me deixar ir até lá!” Disse o loiro dirigindo-se para a lareira. 

“Sinto muito mas isso não será possível.” A Diretora respondeu cordialmente.  

“A senhora não pode estar falando sério.” A cada minuto ali era um minuto a mais para deixá-lo com mais raiva. 

“Mas estou. Volte para a sua aula, já está atrasado.” Decretou a velha bruxa. 

Bufando mas reconhecendo a batalha como perdida, Draco agarrou a carta de cima da mesa e saiu da sala bufando. Com a cabeça quente a única coisa que não queria era comparecer à uma aula idiota, por isso refugiou-se na Torre de Astronomia. Ainda com a carta na mão, acendeu um cigarro. O primeiro trago não fez nenhum efeito especial e Draco duvidava que fizesse. Seu corpo inteiro tremia de raiva reprimida e só piorava cada vez que lia as palavras naquele pergaminho. 

Draco, 

Não queria que soubesse disso pelo Profeta Diário por isso estou lhe escrevendo. O Ministério recebeu uma denúncia de que ainda haviam artefatos das Trevas escondidos na Mansão, por isso enviou meia dúzia de aurores para vasculharem a casa. Não quero deixá-lo preocupado mas somente avisá-lo. No momento estão dentro do antigo porão do seu pai; tenho certeza de que não encontrarão nada pois não há nada. 

Com amor, 

Sua mãe. 

O loiro bufou e largando o cigarro inútil puxou a varinha do bolso e pôs fogo no pergaminho. Tudo o que conseguia imaginar eram os aurores mais uma vez invadindo a privacidade de sua mãe. Como seriam capazes de recomeçar sua vida se todos ficavam lembrando-os do passado a cada momento? Draco tentou respirar fundo e acalmar seus pensamentos e sua fúria; sua mãe era Narcisa Malfoy, ela ficaria bem. A única coisa que fazia sua raiva florescer era a tal denúncia. Quem e por quê alguém faria tal denúncia? Não era difícil de imaginar uma lista de pessoas que seriam capazes de fazê-lo apenas por vingança ou simples desconfiança. Isso era o que mais deixava Draco irado. 

Depois de quase uma hora tentando esfriar a cabeça Draco sentiu-se como se ainda fosse explodir. Ainda sim fez seu caminho para a aula de Defesa Contra as Artes das Trevas. Quando chegou na sala, todos os alunos já estavam sentados e o professor já havia iniciado a aula. Sem pedir licença ou manifestar-se de qualquer forma sentou-se ao lado de Theo. Todos olharam seu trajeto inclusive Hermione que franziu o cenho ao vê-lo tão transtornado; mas o loiro sequer lhe dignou um olhar. 

“O que houve?” Perguntou Theo baixinho quando o professor voltou sua atenção à turma. Draco limitou-se a lançar um olhar desencorajador ao amigo. “Qual foi, cara, você pode conversar comigo.” Insistiu o sonserino. Se Theo se importasse em observar mais as pessoas teria notado que Draco era uma bomba prestes a explodir. 

“Não quero conversar.” Esbravejou Draco chamando a atenção dos outros mais próximos. 

“Tudo bem, não precisa ser um idiota sobre isso.” Resmungou Theo carrancudo. Draco praticamente viu vermelho daquele ponto em diante. Felizmente tudo o que conseguiu fazer antes de sentir seu corpo sendo jogado contra a parede oposta foi empurrar Theo para fora do seu assento. Metade da sala estava de pé ao lado de suas carteiras e a outra metade estava reunida em volta do loiro caído.  

“Silêncio!” Gritou o Professor Marshall quando o ruído dos alunos ficou muito alto. “Voltem todos para seus lugares. Agora!”  

Todos dispersaram rapidamente e sentaram-se mas mantinham as cabeças viradas em direção a confusão. 

“O que acabou de acontecer aqui?” Perguntou o professor severamente, mirando Theo, Draco e Blaise, o autor do feitiço que enviou o loiro voando pela sala. Seu rosto estava tão rígido que os alunos até prenderam a respiração. 

Draco já estava de pé e felizmente dessa vez não havia se machucado. Do outro lado da sala Theo olhava o loiro com olhos mortais; dava para ver de longe o quanto o sonserino estava com raiva. 

“Ninguém?” Perguntou o bruxo mais velho. Os três permaneceram em silêncio e mal davam atenção para o professor. Theo pensava infinitas maneiras de como matar Draco e Blaise apenas parecia perdido, olhando o loiro como se fosse um desconhecido. “Uma semana de detenção para os três e menos cinquenta pontos da Sonserina, de cada um. Sr. Malfoy, está proibido de ir à Hogsmeade no fim de semana.” 

“Sou um monitor.” Constatou Draco ainda com raiva. 

“Um ótimo monitor.” Debochou Theo. Draco apenas sorriu ameaçadoramente. Theo levantou a cabeça recusando-se a demonstrar submissividade mas todos podiam ver o brilho de medo em seus olhos. 

“Tenho certeza de que McGonagall irá entender e apoiar.” Decretou o Professor Marshall.  

Bufando pela milésima vez naquele dia, Draco saiu da sala tão abruptamente quanto chegou.  

Assistindo petrificada a cena, de sua carteira na frente da turma, Hermione mal pensou quando viu-o sair pela porta. Simplesmente levantou-se, juntou suas coisas e seguiu-o. 

Draco estava tão distraído que sequer percebeu que alguém o seguia. Somente quando chegou nas escadas da Torre de Astronomia que sentiu a presença dela atrás de si. Ainda sim não manifestou qualquer reação para indicar que havia percebido. Jogou a mochila de qualquer jeito no chão e acendeu outro cigarro. 

“Draco?” Chamou a castanha cautelosamente. Quando o sonserino continuou a ignorá-la, a grifinória arrancou o cigarro de sua boca e amassou. Finalmente ele virou-se para ela com os olhos gelados e cheios de raiva. Hermione não se intimidou e manteve-se firme.  

“O que é?” Explodiu Draco virando-se bruscamente para ela e invadindo seu espaço. 

“Vai me bater também?” A castanha perguntou calmamente. Draco piscou algumas vezes como se tivesse acordado de um sonho e deu dois passos para trás, distanciando-se dela. O loiro sentia-se como se tivessem jogado um balde de água fria em sua cabeça e podia sentir a raiva escoando de seu corpo. 

“Não.” Respondeu ainda com uma pontada de irritação. Mas não sabia dizer se era consigo mesmo ou com ela. 

“Isso faz mal pra você.” Hermione acusou, mudando de assunto, e mostrando o cigarro amassado em suas mãos. “Não sei onde arruma essas coisas mas sugiro que pare ou vou denunciá-lo.” Ameaçou. 

Draco riu rabugento. “Eu não me importo se irá me matar.”  

“Mas eu sim.”  

Hermione falou isso de uma forma tão simples que conseguiu deixar Draco atordoado pela segunda vez em alguns minutos. 

“Por que?” Ele perguntou e sua voz demonstrou a insegurança que sentia. No momento ele era uma roleta russa de emoções. 

“Ainda não sei exatamente, mas me importo bastante. Lide com isso.”  

Sem ter o que responder, o loiro apenas assentiu fracamente. 

Vendo-o livre de sua raiva, Hermione simplesmente deixou-o sozinho na Torre e foi embora. Ele havia deixado-a irritada e ainda tinha que pensar como se explicaria para seus amigos e para o Professor Marshall. A castanha suspirou quando fez seu caminho até seu dormitório. Não voltaria para a aula àquela altura do campeonato. 

Quando o sinal do almoço tocou Hermione ainda não se sentia preparada para enfrentar as pessoas que conhecia, por isso permaneceu em seu quarto. Infelizmente, não mais que vinte minutos depois, batidas apressadas soaram no quadro.  

Suspirando profundamente, abriu o retrato e deixou os visitantes entrarem. Ron foi o primeiro a entrar tempestivamente no cômodo, seguido de Ginny e Harry.  

“O que foi aquilo, Hermione?” perguntou Ron com raiva.  

“Aquilo o que?” A castanha fingiu-se de desentendida. Não que fosse adiantar alguma coisa. 

“Aquela cena ridícula de você correndo atrás do Malfoy.”  

“Ron...” Começou Ginny em tom de aviso. 

“Ron, vamos sentar e conversar, não é necessário nada disso.” Propôs Harry. 

“E se aquela doninha tivesse feito com você o mesmo que fez com o próprio amigo?” Ralhou Ron. 

“Ele não teria...” Começou Hermione sem pensar. 

“É de Draco Malfoy que estamos falando! Seguidor de Voldemort que deixou outros Comensais da Morte entrarem em Hogwarts e matar Dumbledore!” 

“Isso tudo ficou no passado.” Comentou Harry vendo o olhar derrotado da amiga. 

“Muita coisa mudou, Ron.” Suspirou a castanha. “Nós mudamos, ele também mudou.” 

“Você não pode acreditar nisso!” Gritou Ron, incrédulo. 

“Tudo bem, chega!” Ginny cortou a resposta de Hermione. Não era o momento para esse tipo de discussão. “Sejam quais forem os motivos dela, são somente dela. Deixe-a em paz, Ron, achei que não quisesse falar com ela.” O ruivo fez uma careta, sentou-se no sofá e ficou observando as chamas da lareira. 

Harry suspirou e olhou para Hermione intensamente por uns momentos antes de se juntar a Ron. 

Xx 

Quando Hermione saiu do Salão Comunal da Grifinória deixando seus amigos para trás para fazer sua ronda, não sabia o que a esperaria. Mas quando chegou próximo as escadas, Draco estava lá, esperando por ela. A castanha não imaginava que esperava tanto por isso mas sentiu um alívio enorme ao vê-lo ali. Depois da breve discussão na Torre de Astronomia mal tinham se visto. 

Agora, diferente de mais cedo, o loiro parecia mais tranquilo. Não tinha mais aquela carranca de raiva que deixava sua fisionomia cruel. Sem falar nada, os dois começaram a caminhar lado a lado patrulhando os corredores. 

Depois de alguns minutos Draco começou a falar. 

“Desculpe por...” Ele suspirou. “Pelo que aconteceu mais cedo.” 

Hermione assentiu e suspirou. “O que aconteceu, Draco?” 

O loiro olhou para ela e depois para frente. Hermione viu suas mãos se apertarem em punhos e ele respirar fundo. 

“O Ministro recebeu uma denúncia de que minha mãe ainda mantinha artefatos de Artes da Trevas em casa. Tinham aurores vasculhando minha casa e violando a privacidade da minha mãe sem se importar.” Draco contou. 

“A denúncia deve ter sido de alguém de confiança para que Kingsley levasse à diante dessa forma.” Hermione comentou pensativa. 

“Não muito.” Draco suspirou mais uma vez. “Estamos em provação, Hermione. A desconfiança ainda é grande.” 

“E como está sua mãe?” Perguntou a castanha preocupada. Nunca havia conhecido a mulher, mas sabia que ela não poderia ser tão ruim quanto Bellatriz. Ainda lembrava-se do misto de pavor e culpa em seu rosto enquanto assistia a irmã tortura-la.  

“Minha mãe é uma mulher forte. Sobreviveu uma vida inteira ao lado do meu pai, alguns aurores desconfiados não são nada.” 

Havia tanto orgulho em sua voz que Hermione sorriu involuntariamente. 

“Minha mãe provavelmente gostaria de você.” O loiro comentou sorrindo de lado, pensativo. Hermione riu mas quando respondeu, falava sério. 

“Adoraria conhecê-la um dia.” A castanha sorriu. Draco parou por uns segundos e virou-se para ela, avaliando seu rosto. Devia ter visto o que queria pois inclinou-se e levou seus lábios de encontro aos dela. 

Hermione ficou sem reação por alguns segundos antes de perceber o que estava acontecendo e beijá-lo de volta; seus braços enlaçando o pescoço dele. Draco segurou o rosto dela com um carinho que Hermione ainda não estava acostumada quando vindo dele. Os dois se beijaram por longos momentos antes de separarem para tomar ar com a testa encostada uma na outra. 

“As coisas que você me faz sentir...” Murmurou o loiro. Parecia perdido em seus pensamentos.  

Hermione sorriu e acariciou seus cabelos, fazendo-o suspirar contente. Em seguida, beijou-o novamente. Era arrebatador o sentimento de saber que podia beijá-lo quando quisesse e por isso decidiu que o faria sempre que possível. 

Ela nunca havia dado tanta atenção para beijos, mas isso foi antes de sentir as coisas que sentia sempre que Draco a beijava. Sentia uma paz e ao mesmo tempo um desespero. E o beijo em si era maravilhosamente bom, sempre a fazia sentir-se como se fosse desejada, como se ele tivesse sede dela. 

Quando, pela segunda vez, os dois separaram-se ofegantes, ouviram Madame Norra miando de algum lugar bem próximo. Se afastaram poucos segundos antes de Filch entrar em cena e os olharem com suspeita. Pousando os olhos no broche de monitor, assistiu-os ainda desconfiados enquanto passavam por ele para continuarem pelo corredor. O zelador virou-se e seguiu Madame Norra, perdendo o par entrelaçando as mãos pouco depois. 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e vou tentar não sumir novamente!



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