Hold On - Dramione escrita por karistiel


Capítulo 34
Chapter 34: Who we are


Notas iniciais do capítulo

E aí pessoinhas! Estou de volta com mais um capítulo pra vocês. Espero que gostem, como sempre.
Achei esse capítulo bem intenso para o nosso casal. A partir de agora, vamos começar o desenvolvimento do "relacionamento" deles. Tudo que vocês queriam =)

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Capítulo 34 - Who we are

Hermione e Meg passaram o restante da manhã conversando sobre coisas banais. Ainda abaladas com tudo que havia acontecido no julgamento faziam de tudo para deixar o clima mais leve. Nenhuma das duas tocou no nome de Draco, embora era nítido que Meg tinha interesse em falar sobre isso.

Quando o sinal do início do almoço soou, as duas finalmente se levantaram do sofá onde haviam se aconchegado e, colocando as xícaras de chá vazias na pia, deixaram o dormitório de Hermione.

“Bom, é aqui que nos separamos.” Falou a loira quando chegaram à entrada do Grande Salão. Hermione assentiu e sorriu. As duas se abraçaram rapidamente sob os olhares curiosos de muitos sonserinos mas Hermione continuou observando Meg seguir seu caminho por uns segundos incertos.

“Meg?” chamou a loira de volta antes que ela pudesse se afastar muito. Havia uma coisa que tinha que fazer. A sonserina voltou e parou de frente para a grifinória. “Eu queria pedir desculpas,” começou. “Sobre o que disse naquele dia em que Mclaggen... sobre suas roupas.” Hermione desviou o olhar por um segundo mas logo em seguida voltou-se para Meg. Achava importante esclarecer aquilo. “Foi errado. Extremamente errado. Nenhuma vítima tem culpa não importa o que esteja vestindo. Não sei o que se passou pela minha cabeça quando disse algo tão horrível.” As duas se encararam por um momento.

“Fico feliz em ouvir isso, Hermione, de verdade.” Meg apertou uma das mãos de Hermione contra as suas e sorriu. “Obrigada e desculpas aceitas.”

“Você é uma boa pessoa, Meg.”

“Você também, Hermione.”

Assentindo, Meg deixou Hermione para trás, entrou no Salão e foi sentar-se à mesa da Sonserina junto com outras meninas.

Suspirando Hermione começou a fazer seu caminho para dentro do Salão; era mais um peso que tirava de dentro do seu coração.

Antes que a castanha pudesse entrar, ouviu seu nome ser chamado. Virando em direção à voz, viu Ginny, Harry, Neville e Parvati quase correndo pelo corredor abarrotado de gente.

“Hermione!” exclamou Ginny abraçando a amiga com força. A castanha sorriu entre os cabelos ruivos. Harry a abraçou em seguida, tão forte quanto a namorada. Neville sorriu brilhante para ela enquanto Parvati demandava que contasse tudo que havia acontecido. A castanha já esperava por aquilo, mais cedo ou mais tarde. Suspirando, escolheu dizer o mínimo possível.

“O que importa é que deu tudo certo. Cormac Mclaggen está preso.” Hermione respirou fundo e sorriu para o grupo; não queria falar sobre aquilo, ao menos não naquele momento. “Estou faminta, vamos?” mudou de assunto.

“Fico feliz que a justiça tenha sido feita.” Comentou Neville quando passou por ela e deu um aperto amigável em seu ombro. Hermione assentiu para o amigo. Gostava de Neville. Não era mais aquele garoto desastrado que era um constante perigo para todos ao seu redor. Havia crescido e se tornado mais confiante. Nos seus olhos conseguia ver o quanto havia amadurecido depois daquela guerra, como tinha acontecido com todos. E havia se tornado um homem incrível. Qualquer pessoa tinha sorte de tê-lo por perto.

Quando seus olhos pousaram em Harry, sozinho, tendo Ginny seguido caminho junto com os outros, Hermione teve que respirar fundo mais uma vez. O vazio que aquilo trazia para dentro de seu peito era bastante doloroso.

“Ron?” perguntou em voz baixa. O amigo soltou um suspiro frustrado e negou com a cabeça.

“Tempo, certo?” ela questionou resignada.

“Tempo.” Ele assentiu e enlaçou seu braço com o dela, seguindo o grupo para dentro do Salão.

Os olhares que recebiam não eram nada discretos e ao chegar na mesa da Grifinória sentiu-se em um interrogatório. Repetiu a mesma coisa que dissera aos amigos minutos atrás e recusou-se a contar mais do que isso. O importante era que, como dissera Neville, a justiça havia sido feita.

A notícia logo se espalhou e em pouco tempo todos sabiam da condenação.

Hermione comeu rapidamente somente por estar, de fato, faminta. Assim que terminou, pediu licença aos amigos. Precisava de um tempo sozinha para absorver tudo que havia acontecido naquela manhã.

Calmamente fez seu caminho pelos corredores vazios até chegar à Torre de Astronomia. A encontrou vazia como na maioria das vezes e sentiu-se grata por isso.

Se apoiando no beiral de ferro da torre, olhou a paisagem em volta. A vista dali era sempre de tirar o fôlego, mas hoje estava particularmente bonita. O inverno já havia quase inteiramente ido embora mas ainda se podia sentir o vento gelado dali daquela altura. O sol brilhava fortemente no topo do céu com seus raios de sol acariciando a copa das árvores da Floresta Proibida como uma mãe que acaricia o filho amado. De longe era possível ver a primavera dando as caras na própria floresta. Hermione sempre se perguntava como um lugar tão bonito e mágico poderia ser tão perigoso. O Lago Negro também trazia seu próprio espetáculo. As águas escuras e calmas do lago faziam um enorme e perfeito espelho que refletia o brilho do sol e o azul do céu. Tudo aquilo transmitia uma serenidade sem igual.

Hermione respirou fundo e se deixou relaxar. Pela primeira vez naquele dia, de verdade,  estava conseguindo estar em paz. Deixou que a paisagem deslumbrante, o ar puro e o vento gelado ajudasse a limpar sua mente. Passou quase uma hora apenas respirando e absorvendo aquela serenidade à sua volta. Quando permitiu, calmamente, que seus pensamentos voltassem, a primeira coisa que lembrou foi de sua mãe. Lembrou-se de todas as vezes, na sua infância, em que tinha medo toda vez em que fazia algo extraordinário, fora do normal. Do quão tinha ficado aterrorizada quando acidentalmente fez seu livro favorito voar através do quarto em um momento de raiva aos dez anos; e de como sua mãe a acalmou, como disse que aquilo significava que ela era especial, embora Hermione não houvesse entendido na época. De como, aos 14 anos, quando havia voltado para casa após a morte de Cedrico completamente abalada, havia ensinado passo a passo, algo que aprendera em uma aula de ioga, para que pudesse esvaziar sua mente sempre que se sentisse sobrecarregada. O truque era respirar e absorver a calma do ambiente à sua volta enquanto desligava, apenas por breves momentos, a própria mente. Era por essas pequenas coisas que Hermione amava a mãe ainda mais.

Sorriu. Após meses de sofrimento, Hermione podia finalmente sorrir ao lembrar-se dela. Ainda sorrindo, sentou-se no chão da torre. O murmúrio do jardim e dos andares abaixo já haviam sumido quando a castanha sentiu a presença de outra pessoa. Olhou em direção à escada onde Malfoy estava encostado observando-a. Quando seus olhos se encontraram, Hermione sorriu novamente. Malfoy sorriu de volta antes de dar as costas à ela e se apoiar no beiral de ferro onde estivera antes.

Puxou do bolso o maço de cigarros amassado e tirou um de dentro. Com a outra mão, tirou do bolso o isqueiro dourado que Hermione havia dado para ele. Acendeu o cigarro com a chama azul e tornou a guardar o isqueiro no bolso.

Os dois ficaram vários minutos apenas sentindo a presença um do outro antes de Hermione levantar e parar ao lado de Malfoy. Ainda fumando calmamente seu cigarro e sem tirar os olhos da paisagem do lado de fora Malfoy falou.

“Meg me contou tudo.” Começou. “Você está bem?” perguntou.

“Sim.” Hermione suspirou.

Os dois permaneceram em silêncio. Hermione passou o braço pelo de Malfoy e encostou sua cabeça no ombro dele.

“Não deveria estar em aula?” retrucou a castanha. O loiro sorriu e beijou sua testa.

“Sim.” Hermione sorriu de volta.

Xx

Quando o sol começou a se esconder atrás das altas árvores da Floresta Proibida e o ar ficou ainda mais frio, Hermione e Draco decidiram se mover para um lugar mais quente.

Os corredores do castelo estavam completamente vazios por ainda ser horário de aula e por isso ficaram gratos por não encontrarem ninguém pelo caminho. Dizendo a senha para o retrato da Medusa, Hermione entrou em seu dormitório ignorando as cantadas sem noção que a mulher no quadro jogava para Draco.

Com um aceno da varinha acendeu a lareira e fechou a janela que havia deixado aberta ainda naquela manhã. Manhã essa que parecia ter acontecido há muito tempo atrás. A prova de que havia sido apenas algumas horas atrás eram as xícaras ainda sujas do chá que tinha tomado com Meg mais cedo.

Retirou mais duas xícaras de dentro do armário acima da pia e pôs a chaleira para ferver. Voltou para a sala para encontrar Malfoy bisbilhotando seus livros e pergaminhos que estavam semi organizados sobre a mesa de centro. Se permitiu apenas observar a imagem daquele homem, que parecia tão fora de lugar, no meio da sua bagunça, mas que ainda assim parecia tão certo.

Hermione tinha tantos sentimentos contraditórios relacionados à Draco Malfoy. Há uns meses atrás, poderia afirmar para qualquer um que perguntasse que odiava aquele homem com todo seu ser. Hoje, não sabia o que sentia, mas ódio obviamente não era; não mais. Algo como compaixão, apenas, mais.

Infelizmente lembrar que o odiava a fazia pensar nos motivos que tinha para odiá-lo. Lembrava com nitidez o inferno que ele havia feito ela e os amigos passarem apenas por serem quem são. O quanto ele sentia prazer em ofendê-los e machucá-los a troco de nada. O quanto era arrogante olhando para as pessoas de cima do seu pedestal imaginário. Lembrava do olhar frio e de nojo que ele tinha sempre que olhava para ela. Do prazer que tinha em chamá-la de sangue-ruim e humilhá-la. Hermione tocou a cicatriz em seu braço, bastante auto-consciente. Apenas o nome de Draco Malfoy podia gerar tantas lembranças ruins em sua mente, sendo a pior delas o episódio da Mansão Malfoy. Quando perguntaram à Malfoy se ele conseguia reconhecer Harry Potter e Hermione vira no seu olhar que ele, de fato, conseguia, pensou que aquele era o fim deles. Mas se surpreendeu com o quão desolado o sonserino parecia e o desespero em seu olhar; teria reconhecido aquele mesmo olhar dele, nela, se tivesse um espelho naquele momento. Aquela fora a primeira vez em que era surpreendida por Draco Malfoy. A segunda vez fora quando ele dissera que não reconhecia. 

Percebendo o humor dela, Malfoy levantou o olhar do pergaminho que estava lendo. Hermione apertou com força o braço da cicatriz inconscientemente e puxou ar pela boca. Irracionalmente, sentiu medo. Quase esperou por um insulto. Mas seus olhos se cruzaram e Hermione teve que puxar mais ar para dentro de seus pulmões. A Guerra havia mudado a todos mas a mudança que havia despertado em Draco Malfoy era estonteante. A aparência e o ar de arrogância eram os mesmos, mas os olhos... Antes frios e calculistas agora eram tão quentes que Hermione teve medo de se queimar. Mesmo sendo tão cinzas quanto uma manhã de um inverno rigoroso Hermione sentia tudo dentro de si esquentando.

Malfoy levantou calmamente e se aproximou dela. Hermione o acompanhou com os olhos até que ele parasse à sua frente. Mas os olhos dele haviam desviado dos seus para a mão que ainda apertava dolorosamente o braço da cicatriz.

Calmamente, ele retirou a mão dela e, finalmente, olhando em seus olhos colocou a mão dela no seu braço esquerdo onde ainda tinha a Marca Negra fracamente impressa em sua pele. A marca de seus pecados. A sua punição.

Quando Hermione entendeu o significado daquele gesto, teve que lutar mais uma vez com a sua respiração. Apertou com força o braço dele.

“Essas marcas não são quem somos.” Ele sussurrou para ela. Parecia um crime falar mais alto do que isso no silêncio entre os dois. “Isso é apenas o que queriam que fôssemos.”

Hermione assentiu e fechou os olhos; Malfoy encostou sua testa na dela.

“E nós somos melhores do que isso.” Hermione sussurrou de volta.

“Ou descobrimos que podemos ser.” Malfoy falou. Tão baixo que Hermione teve certeza de que ele havia falado para si mesmo.

A chaleira apitou fazendo os dois separarem-se assustados. Hermione já estava com a varinha nas mãos em posição de luta.  Malfoy soltou uma risada abafada e abaixou a mão dela que ainda apertava a varinha com força. Suspirando, a castanha voltou para a cozinha e tirou a chaleira do fogo. Colocou a água quente nas duas xícaras que estavam esperando e acrescentou os saquinhos de chá.

Voltando para a sala, ofereceu uma das xícaras a Draco e sentou ao seu lado no sofá. Os dois continuaram em silêncio apreciando suas bebidas por vários minutos até Malfoy falar.

“Isso é estranho.” Comentou o loiro. Hermione sorriu de lado e olhou para ele.

“Muito.” Confirmou.

O que deveriam fazer agora? Como deveriam se comportar? Estavam juntos? Merlin, ela tinha tantas perguntas em sua mente! E não se atrevia a fazer nenhuma delas. Aquele homem sentado ao seu lado ainda era um completo estranho; tudo que havia conhecido dele era apenas o que via e o pouco que contava. Mas ela sabia que também era uma estranha para ele. Os dois passaram do ódio para algo que eles nem faziam ideia do que.

Então Malfoy pôs sua xícara pela metade em cima da mesa de centro e virou-se para ela com um olhar determinado. Quando ele se aproximou, Hermione fez o mesmo com seu chá.

“Posso?” o sonserino perguntou em tom baixo quando os dois estavam sentados frente a frente. Hermione apenas assentiu, curiosa sobre o que ele faria.

Malfoy levantou a mão direita e passou-a delicadamente pela lateral do rosto dela, pela testa, sobre a pele debaixo dos olhos onde ficavam a maioria de suas sardas, pelos seus lábios e de novo pelo lado do seu rosto. Seu toque era tão delicado que pegou Hermione desprevenida; ela esperava algo mais rude, mas o toque era ao mesmo tempo firme e hesitante, como se ele não tivesse certeza de que poderia tocá-la de verdade.

Sua mão esquerda copiou a direita e descansou no outro lado do rosto dela. Hermione soltou a respiração que nem percebeu que havia prendido quando percebeu o que ele realmente pretendia. E a força com a qual ela queria que ele fizesse o que pretendia a assustou.

Com uma serenidade que Hermione nunca havia visto antes naqueles olhos cinzas, Draco aproximou seu rosto do dela calmamente, dando à ela qualquer chance de fugir se mudasse de ideia. Hermione não planejava ir a lugar algum. Então seus lábios se tocaram e Draco soltou um suspiro involuntário. Ele a beijou com uma delicadeza ainda mais surpreendente; uma coisa que nunca estivera presente entre eles. Todas as vezes que haviam se beijado era desesperado e sem realmente pensar. Mas aquele beijo era diferente. Calmo, premeditado e ainda sim inesperado. E intenso. Quando suas línguas se encontraram Hermione teria se preocupado caso estivesse de pé. Tudo que pensava segundos antes havia desaparecido e para ela, o mundo havia se tornado apenas aquele momento. Tão intenso que Draco apertou os olhos com força para tentar parar o turbilhão de emoções e pensamentos que surgiam no seu interior. Sentimentos que nunca havia sentido, que nunca soubera ser capaz de sentir, que não sabia nem nomear; mas que fez seu coração inflar dentro do peito quando Hermione retirou uma das mãos de seu rosto e entrelaçou seus dedos com os dela.

Quando os dois se separaram ofegantes, estavam sorrindo.

“Como chegamos a esse ponto?” perguntou Hermione baixinho enquanto Draco ainda acariciava seu rosto. “Como sou capaz de sentir tantas coisas boas quando estamos juntos se tudo o que fez na vida foi me humilhar?”

Draco recebeu àquela pergunta como um balde de água fria. Finalmente separando-se por inteiro dela, voltou à sua posição inicial no sofá. Hermione apenas observou seus movimentos. O silêncio continuou por uns segundos a mais antes de Draco voltar a olha-la incerto.

“Queria ter essa resposta.” Ele suspirou. “Realmente queria.” Hermione notou que ele parecia cansado; a castanha sentia-se tão cansada quanto.

“Você mudou.”

“Você também, mas eu ainda sou Draco Malfoy.”

Ela teve que sorrir.

“E eu ainda sou Hermione Granger.” Ela deu de ombros. Ele sorriu minimamente de volta.

O sinal do fim da aula tocou fazendo os dois se assustarem mais uma vez. Era tão fácil esquecer que havia um mundo lá fora quando estavam juntos.

“Preciso ir.” Disse ele. “Conversamos depois?”

Hermione assentiu e ele se levantou. Assistiu o momento em que ele parou mais uma vez incerto no meio do caminho entre o sofá e a porta e voltou-se para ela. Deu alguns passos em sua direção, depois balançou a cabeça e voltou a fazer o caminho da saída mas antes que chegasse à porta parou de novo. Compreendendo seu dilema, Hermione levantou do sofá, aproximou-se dele, ficou na ponta dos pés e, colocando as duas mãos uma de cada lado de seu rosto, o beijou. Ao contrário do beijo que tiveram minutos antes, esse era mais parecido como uma promessa. Quando separaram-se apenas segundos depois, Draco colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha dela, olhou-a mais uma vez e virando-se rapidamente saiu pelo buraco do retrato.

*

Hermione havia decidido não ir ao jantar àquela noite. Estava exausta e não tinha fome, sem contar que preferia evitar todas as perguntas e olhares de seus colegas de classe tudo de novo.

Depois de ocupar a cabeça terminando as mil palavras que deveria escrever sobre as consequências do feitiço “Aparecium” quando feito errado, era fácil, nada que Hermione nunca tivesse ouvido antes, havia pego um livro de sua biblioteca e estava concentrada há horas.

Por isso achou estranho quando ouviu batidas suaves na porta. Olhando para seu relógio de pulso, viu que já passavam das 9 horas da noite. Fechou o livro que estava lendo, colocou-o sobre a mesinha de centro e levantou-se do sofá. Já estava em seus pijamas por isso enrolou-se na sua capa que estava pendurada ao lado da lareira e abriu a porta. Hermione sorriu quando viu Ginny, também em seus pijamas e uma sacola de pano aparentemente cheia.

Apressando a amiga para dentro, Hermione desfez-se da capa e se dirigiu para o quarto com Ginny em seu encalço. As duas sentaram-se de pernas cruzadas em cima da cama uma de frente para a outra.

“Espero que não se importe que eu passe a noite aqui com você.”

“De jeito nenhum.” Tranquilizou-a.

“Bem, trouxe sapos de chocolate, feijões de todos os sabores, trouxe sorvete e esse negócio trouxa que me disseram chamar “agodão”, o que é bem esquisito.” A ruiva fez uma cara engraçada e Hermione riu.

“Chama-se algodão doce, Ginny.” Disse Hermione dando ênfase no “AL”.

“Que seja.” 

As duas riram juntas e começaram a desembalar os sapos de chocolate. Quando eram mais jovens, costumavam preocupar-se com qual cartão iriam conseguir ganhar, mas não importava mais tanto assim.

“Decidi seguir minha carreira em Quadribol.” Começou a ruiva. Hermione sentou-se melhor na cama expectante. “Harry e eu decidimos que vale a pena tentar, pelo menos.” A ruiva suspirou, mas tinha um sorriso nos lábios. “Ele disse que vale a pena esperar por mim do mesmo modo que eu esperei por ele todos esses anos.”

“Eu disse que tudo se resolveria se apenas conversasse com Harry.” Comentou Hermione.

“Mas a novidade mesmo é que recebi uma carta me convidando a treinar por alguns meses com as Harpias de Holyhead assim que me formar.”

Hermione arregalou os olhos e logo em seguida jogou os braços ao redor da amiga.

“Merlin, Ginny, isso é incrível!”

Após essas novidades as duas conversaram por mais algumas horas até Ginny levantar para ir ao banheiro e Hermione ir direto para a cozinha preparar o chá favorito da ruiva. Nunca havia tomado tanto chá quanto naquele dia.

Após colocar a chaleira no fogo, voltou para o quarto para encontrar Ginny lendo um dos livros que tinha guardado em sua cabeceira. Quando se aproximou da ruiva pôde distinguir o livro como,  na verdade, o diário de Mary Anne.

“Que língua é essa?” perguntou a ruiva enquanto franzia o cenho para o livro.

“Inglês?” Hermione perguntou duvidosa.

“Hermione, eu tenho certeza absoluta de que isso não é inglês.” Bufou Ginny.

Curiosa, Hermione foi até onde a amiga estava e posicionou-se atrás dela, lendo o diário sobre o ombro de Ginny. Hermione leu e como esperava, era inglês. Depois de alguns segundos uma luz acendeu no cérebro de Hermione.

“Você não consegue ler?” perguntou a castanha. Ginny apenas levantou a sobrancelha como resposta. “Malfoy também não conseguiu ler.” As sobrancelhas de Ginny quase se fundiram com seus cabelos quando ouviu aquilo. Percebendo um pouco tarde o que havia falado, Hermione apenas deu de ombros e murmurou um “depois” antes de tomar o diário das mãos da outra.

“Você consegue ler?” perguntou Ginny depois de um tempo.

“Sim.”

“Por que mais ninguém consegue ler?” perguntou pensativa. “O que é isso afinal?”

“Um diário. De uma garota chamada Mary Anne Giordano.” Hermione puxou de dentro das páginas do diário a foto da menina e entregou a Ginny.

“Giordano? O nome é familiar.” Perguntou curiosa. “E como você conseguiu isso?”

“Giordano é o nome de uma antiga família bruxa puro-sangue da Itália. E eu consegui nas coisas dos meus pais.” Hermione contou e sentiu seu rosto ficar quente de vergonha. Não deveria mexer nas coisas dos pais assim, mas... Respirou fundo para tentar acalmar a repentina tristeza que se instalava em seu coração.

“O que uma coisa dessas faria no meio das coisas dos seus pais?”

“Não faço ideia, Ginny. Isso é o que me deixa curiosa.”

"Por que não pergunta a eles e acaba com esse mistério?" perguntou a ruiva inocentemente. Hermione sorriu triste para a amiga que simplesmente não entendeu.

"Quem sabe quando eu voltar para casa." a castanha respondeu. Ainda observando o semblante da amiga, Ginny decidiu deixar aquilo de lado por enquanto.

“Pois me conte sobre o que leu até agora.” Falou a ruiva mudando de assunto e apontando para a página marcada do diário. “A não ser que queira falar sobre Malfoy.” Ginny falou tão casualmente que Hermione quase não registrou o que a outra dizia.

Felizmente, antes que pudesse responder a chaleira apitou na cozinha. Hermione agradeceria à Merlin, à Morgana, a quem fosse pelo escape que havia conseguido. Hermione correu para a cozinha enquanto ouvia os risos de Ginny e seu rosto esquentar mais uma vez de vergonha.


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Notas finais do capítulo

Esse foi o primeiro beijo em que eles estavam cientes de que era o que queriam. Foi meio que experimental. Inclusive, tava ansiosa pra chegar nessa parte porque é como se fosse a primeira vez em que se beijassem de verdade, com vontade. Sei lá, enfim hahahahahaha

Me deixem saber o que acharam.



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