Capítulo 21 - I do!

Draco bateu a porta do dormitório que dividia com outros sonserinos. Naquele exato momento Draco gostaria de poder ter um quarto só pra ele, assim como Granger.

Granger.

O que ele estava pensando em todas as vezes que a beijou? Sua mente estava em branco agora, e a única coisa que passava por ela era Hermione. Seu rosto, seu sorriso, o calor de seu corpo, o gosto de sua boca, só ela, ela e ela…

Draco chutou o ar enquanto proferia todos os palavrões que conhecia. Ele só podia estar ficando louco! A porta do quarto abriu de repente e Blaise entrou.

"Ei cara, o que tá acontecendo com você?" Blaise perguntou em tom preocupado.

"Nada." suspirou.

"Não parece nada pra mim." insistiu o moreno.

"Blaise, apenas me deixe em paz."

"Tudo bem mas se-

"Saia." Draco gritou impaciente.

Blaise suspirou resignado e finalmente deixou o quarto. Draco se jogou na cama e cobriu o rosto com as mãos. Precisava esfriar a cabeça ou seria capaz de azarar o próximo que entrasse por aquela porta.

Correu para o banheiro, vazio naquele horário, e se trancou. Um banho iria fazer o serviço. Ligou a ducha, se despiu e entrou debaixo da água. Gradualmente seu corpo relaxou, até o momento em que ele recostou na parede por causa dos músculos relaxados.

Quando seus dedos começaram a enrugar, ele desligou o chuveiro e saiu da nuvem de vapor que tomou conta do box. Vestindo-se, deixou o banheiro como um novo homem. A raiva tinha ido embora e ele estava mais tranquilo. Agora, com os pensamentos em ordem, pegou seu material e correu para a última aula do dia.

(…)

Hermione não havia dormido praticamente nada na noite passada e o pouco que dormiu, havia tido os pesadelos de sempre. Após a saída furiosa de Malfoy, Hermione continuou a fazer o trabalho de Estudo dos Trouxas como se nada de importante tivesse acontecido. A hora do jantar havia chegado e como sempre acontecia, Harry e Ron a arrastaram para o Salão Principal. Harry e Ginny estavam ocupados em trocar carícias um com o outro, enquanto Ron remexia inquieto na comida do seu prato. O que era, definitivamente, uma coisa que deveria ser notada.

"Ron, você está bem?" perguntou Hermione preocupada. O que quer que fosse que tinha capacidade de deixa-lo sem fome era importante.

"Sim, é claro, si…" ele se engasgou e lançou um olhar apreensivo para Harry que agora os observava. "Eu tenho- eu preciso- será que…"

"Ron, desembucha!" irritou-se Hermione.

"Eu preciso falar sobre uma coisa com você." ele disse rapidamente, sem ao menos levar tempo para respirar.

"Tudo bem, então. Diga." ela deu de ombros, voltando para sua comida.

"A sós." ele murmurou sem graça.

"Oh." Hermione sentiu o nervosismo chegando. Seja lá o que ele tinha para falar, só faria a sua cabeça doer ainda mais. "Er…tudo bem se fizermos isso amanhã? É que eu estou tão cansada agora e se for algo importante eu quero que você tenha toda a minha atenção."

Ron deu um pequeno sorriso. “Claro.”

"Bom, então eu vou indo, tenham uma boa noite." A castanha levantou-se, deixando praticamente toda a comida intocada no prato. Tinha perdido a fome definitivamente. Hermione sentiu mais do que viu o olhar prateado queimando sua nuca, vindo do outro lado do Salão.

Quando Hermione levantou da cama na manhã seguinte, pensou, pela primeira vez se não poderia mentir sobre estar doente e passar o dia trancada em seu quarto. Porém, a ideia foi embora tão rápido quanto veio, afinal, ela era Hermione Granger e Hermione Granger não fazia essas coisas. Então ela tomou um banho e se vestiu.

Seus amigos já estavam sentados na mesa da Grifinória quando ela decidiu aparecer para o café da manhã. Ron praticamente se iluminou quando a viu.

"Bom dia." ela cumprimentou.

"Bom dia, Mione, então, nossa conversa ainda está de pé?" ele perguntou ansioso.

"Claro, Ron."

"Não vai comer, Hermione?" perguntou Ginny.

"Não estou com fome." a castanha deu de ombros e passou os olhos pelo salão. Pelo canto do olho, viu Ginny discutir aos sussurros com o irmão.

"Então, Mione, nós, hum, podemos ir agora?" perguntou Ron sem jeito.

Ela suspirou baixinho antes de levantar, mas assentiu sorrindo. “Claro.”

Os dois caminharam em silêncio até o quarto do monitor-chefe no quinto andar. Entraram e sentaram no sofá um de frente para o outro.

"Então, você queria me dizer?" ela perguntou nervosa, mexendo impacientemente na barra da saia e olhando para seus sapatos. Depois de longos minutos - extremamente desconfortáveis - em silêncio, Ron respirou fundo e começou a falar.

"Sei que não falamos sobre nós após o fim da guerra e sei que a culpa disso é minha, mas eu não estava pronto pra isso. Eu não sei nem por onde começar, talvez me desculpando pelo acontecido na festa de Halloween e por ser tão imaturo e…" ele fez uma pausa. "Esqueça tudo isso, eu vou ser direto, eu te amo Hermione e quero estar junto com você. E eu preciso saber se você sente o mesmo."

Apesar de já esperar, Hermione estava atordoada demais para falar. Sua boca abriu e fechou algumas vezes mas nada saiu. Ron segurou suas mãos e ela finalmente desistiu de dizer alguma coisa.

"Não precisa me responder nada agora, eu só quero que você seja a Hermione que eu conheço e pense sobre isso. Com carinho." ele sorriu.

"Tudo bem." ela conseguiu dizer fracamente.

"Acho melhor irmos pra aula ou vamos nos atrasar."

(…)

Hermione entrou na sala de Estudo dos Trouxas ainda atordoada com os acontecimentos da manhã. Felizmente, o falatório era alto o suficiente para aplacar seus pensamentos. O silêncio retornou quando a Professora Bright chamou a atenção da turma.

"Bom dia, gostaria de começar a aula com a apresentação de um trabalho designado pela Diretora McGonagall aos alunos Draco Malfoy e Hermione Granger. Por favor senhores, venham até aqui."

Ao som de seu nome, Hermione levantou o olhar e assistiu Draco levantar calmamente até a frente da turma. Logo em seguida, ela o acompanhou.

"Nosso trabalho fala sobre as diferenças e semelhanças de um trouxa e um bruxo." Hermione começou. "Todos sabemos que a grande diferença entre um bruxo e um trouxa é a magia. Embora eles sejam totalmente capazes de viver sem ela, nós não conseguiríamos. Provavelmente levaria anos para que nos adaptássemos à falta de magia…"

Hermione fez uma pausa longa e parecia um pouco perdida. Então, Draco começou a falar.

"Mas, podemos nos considerar semelhantes aos trouxas em alguns aspectos. Nós temos hábitos, assim como eles, apesar de diferentes. Nós temos desejos e necessidades, como todos os trouxas que vivem por aí. Nós temos sentimentos, e eles são iguais pra qualquer pessoa desse planeta. Até mesmo os assassinos têm sentimentos, sentimentos ruins obviamente, mas ainda assim eles sentem. Todos sentimos alguma coisa. Felicidade, gratidão, compaixão, arrependimento, tristeza, dor, solidão… A magia, o sangue ou o dinheiro não nos faz melhor do que qualquer outra pessoa. Os sentimentos, as atitudes, elas fazem." Draco respirou fundo e o zumbido de aplausos invadiu seu ouvido.

O que ele havia dito mesmo? Sua mente estava em branco, sua respiração agitada e seu coração batendo rápido. Ele suspeitava que havia acabado de fazer alguma confissão sobre seu estado de espírito após o fim da guerra pois pôde ouvir o suspiro satisfeito da professora à sua esquerda. Ele tinha sido levado pela emoção. De alguma forma ele sentiu a necessidade de mostrar o seu arrependimento para a única pessoa que importava. A única pessoa que havia ficado em um silêncio pesado ao seu lado.

Ele abriu os olhos, que nem percebeu que havia fechado, e viu que muitas pessoas levantavam e caminhavam em sua direção. Ele se atreveu a olhar para o lado mas Hermione não estava mais lá. Ele respirou fundo e abrindo caminho pelo tumulto, saiu da sala, buscando ar fresco para os seus pulmões.

(…)

Hermione tinha corrido o mais rápido que podia. Estava tremendo da cabeça aos pés e não era de frio. Sua garganta estava seca e os sentimentos que haviam sido despertos há minutos atrás estava fazendo seu estômago embrulhar. A voz de Malfoy ainda estava em seu ouvido e Hermione estava apavorada com sua recente descoberta. De todas as coisas que podiam acontecer, essa era a pior. Ela tinha que acabar com isso e sabia exatamente o que fazer.

Sabia também que ele estaria em aula agora, mas já tinha um plano em mente. Bateu na porta da aula de História da Magia e esperou.

"Sim, srta. Granger?" perguntou o Professor Binns.

"A Diretora está chamando Ronald Weasley em sua sala." falou o mais sem emoção que conseguia naquele momento.

O professor a olhou em dúvida mas por fim assentiu. Quem duvidaria de Hermione Granger? Após um coro de “uh” vindo de dentro da sala, Ron saiu nervoso.

"Hermione?" ele perguntou confuso.

Ela não respondeu, apenas segurou sua mão e o levou para um corredor vazio.

"A diretora Mcgon-

"Eu menti para o Professor Binns." ela respondeu nervosamente.

"Você fez o que?" ele perguntou com os olhos arregalados. Ela ignorou.

"Ron, eu aceito." ela respondeu.

"Aceita o que?" perguntou ligeiramente confuso.

"Eu aceito namorar com você."